*Foi uma excitação
louca. Seria como a maioridade, a minha independência. Mas
eu já era uma pequena grande moça complicada e, para ser sincero já estava mal
direcionada. Quando nasci me afastaram de meu pais e me deram uns tios
complicados que abusavam de mim, ou me ensinavam alguns maus hábitos. Quando
fiquei independente, mudei de tios, mas a família continuou a mesma, e tinhamos
amigos muito, muito mau intencionados.
Foram décadas de maus tratos.
Eu fui usada, explorada, como sempre, quando pedia justiça apenas riam-se de
mim. Chegou a um ponto que me tiraram da minha “família real” e me entregaram
para uma instituição para ver se conseguiam me colocar na linha, a essa altura
já estava cheia de “revoltas” da idade. A instituição chamada “República”
deveria ser minha tutora e cuidar para que eu crescesse melhor, saudável..
Que desilusão! Em meio
a tanta fartura eu vivia na base do “café com leite” sem direito de exigir nada
de diferente. Então radicalizei, já não tinha idade para ficar sendo tão mal
tratada! Foi um tipo de revolução, abandonei a república queria fazer do meu
jeito, mas nada de revolta acaba bem, minha vida virou uma tragédia grega.
Eu fiquei louca, minha
vida era uma baderna mesmo então desbundei geral. Queria mudar, queria
radicalizar queria enlouquecer e por um tempinho fiquei bem doida até que deu
ruim: fui presa! E presa fiquei transtornada, oprimida, sem graça e
enfim,carrancuda. Resolvi entrar para as forças armadas! Quem sabe não era o
que eu precisava? Ordem no caos.
Mas não me encaixei. Eu
conseguia ser ruim em qualquer situação e também arrumava confusão sempre que
queria e exageravam no corretivo: fui abusada de novo, várias vezes. As coisas
mudavam e ficavam iguais. No fim, toda fudida, me deram baixa e me expulsaram.
Sem saída, voltei para a instituição pior do que nunca: Fudida, gorda, burra,
sem um tostão no bolso.
O desespero bateu
forte! Eu precisava de grana, muita grana! Tinha emprestado de muito agiota e
estava com a faca no pescoço! Entrei para o mundo das drogas. Tinha um plano
atrás do outro para melhorar minha vida. Mas dava no mesmo: era tudo sempre uma
droga diferente! Fiquei insana..fui drogada de tudo quanto é jeito. Sempre uma
ilusão eufórica para levar uma desilusão trágica. Tipo um “cruzado” na cara,
entendeu?
Então parei geral.
Fixei em um remédio (que era droga também, claro), mas parei de misturar alhos
com bugalhos. E até melhorei um pouco de saúde. Emagreci, fiquei aceitável. Mas,
como eu já sabia, se levanta-se um pouco a cabeça viriam para cima de mim e não
deu outra! Muitos caras vieram me prometendo dinheiro, segurança e que eu ia progredir
na vida se vendesse meus “encantos” então me entreguei a um monte de “cafetões”
da instituição e me prostituí.
As drogas não pararam,
a prostituição virou rotina e cafetão, você já sabe, rouba muito mais não dá
nada. Não vejo a cor do dinheiro e os caras viajando por aí em lugares caros,
ou abusando de mim mesma, sem dó, nem piedade. Perdi minha saúde, não tenho
emprego, sou assaltada toda hora, mal sobrevivo, e esta é a minha vida desde
que nasci.
Agora, estão prendendo
meus cafetões e estão limpando a carteira dos cuzões. Estou presa, logo eu a
vítima. Mais miserável do que nunca!!! Não acredito em justiça. Prendem meus cafetões,
mas quem julga são os meus clientes que também querem continuar com a orgia em
cima de mim! Que esperança posso ter?..
*Refere-se a primeira frase de
CHRISTIANE F. 13 ANOS, DROGADA, PROSTITUÍDA.
P.H. de Moraes
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