Panacéia dos Amigos

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segunda-feira

EDMOND ALBIUS

    


    Edmond Albius era apenas um garoto de 12 anos, escravizado e sem educação formal, em 1841. No entanto, ele conseguiu desenvolver uma técnica inovadora para polinizar orquídeas baunilha de forma rápida e lucrativa, resolvendo um enigma que intrigava os principais botânicos da época. Sem sua contribuição, a baunilha não teria alcançado a popularidade que tem hoje.

    Na década de 1820, os colonos franceses trouxeram cápsulas de baunilha para a ilha Reunião, onde Albius nasceu em 1829, próxima a Madagáscar, e para Maurício, vindas do México. Logo ficou claro que nenhum inseto na região poderia polinizar as orquídeas baunilha, ao contrário do que ocorria no México, onde as abelhas selvagens faziam esse trabalho. Na década de 1830, o botânico belga Charles Morten desenvolveu uma técnica manual de polinização, mas era demorada e exigia muita mão de obra.

    Albius, aos 12 anos, usou folhas de erva ou pedaços finos de madeira para levantar a tampa da flor e dobrar a parte masculina, permitindo que o pólen entrasse em contato com a parte feminina. Depois, com seu polegar, pressionava levemente, realizando a polinização de forma eficaz. Embora simples, sua técnica revolucionou a indústria, transformando Reunião em um dos maiores fornecedores mundiais de baunilha.

    As contribuições de Albius para a ciência passaram despercebidas durante sua vida, e ele faleceu na pobreza e no esquecimento. Somente muitos anos após sua morte, seu trabalho foi reconhecido e celebrado como um avanço significativo na história da botânica. Até hoje, em Madagascar, a técnica de Albius é utilizada, e o país se destaca como o maior fornecedor de baunilha do mundo.

sexta-feira

A VERDADEIRA HISTÓRIA DA BRANCA DE NEVE

 


 

    Nascida em 1729 na cidade alemã de Lohr, Maria Sofia não viveu uma vida de conto de fadas. Afetada pela varíola em sua infância, a doença deixou-a parcialmente cega. Aos 12 anos, em 1741, sofre outro golpe emocional: a morte da mãe. Seu pai, o príncipe Philipp Christoph von Erthal, casou-se novamente dois anos depois com Claudia Elisabeth Maria von Venningen, a condessa de Reichenstein, que se tornou sua “madrasta maligna. ”

    Lohr, a cidade onde Maria Sofia foi criada, era famosa pela fabricação de espelhos de qualidade excepcional. Claudia Elisabeth, a madrasta, tinha um espelho especialmente intrigante: um “espelho falante” que produzia um efeito de eco ao falar diante dele. Este elemento ainda está preservado hoje em dia no castelo da família e acredita-se que inspirou o famoso espelho que a Rainha Má do conto de fadas consultava.

    Maria Sofia era adorada pelas pessoas humildes do seu povo, especialmente os trabalhadores das minas próximas. Essas minas, projetadas em terrenos macios e perigosos, exigiam trabalhadores de baixa estatura, incluindo crianças. O vestiário destes mineiros - casacos compridos e chapéus - possivelmente inspirou a aparência dos sete anões que todos conhecemos.

    Ao contrário da história que chegou até nós, Maria Sofia não foi vítima de uma maçã envenenada. Ela faleceu cedo, por volta dos 21 anos, devido a uma doença não especificada que a manteve acamada. Apesar de não ter tido um caixão de cristal, no seu funeral os trabalhadores da cidade cobriram o seu caixão com pequenos fragmentos de cristal como demonstração de afeto.

    Foi a habilidade narrativa dos Irmãos Grimm que transformou a vida de Maria Sofia no conto da Branca de Neve que capturou a imaginação do mundo. No entanto, a base da história esteve sempre presente, na vida e nas experiências de uma jovem princesa alemã que foi amada e lembrada pela sua comunidade.

    A Branca de Neve é mais do que um personagem de ficção; é um legado que captura as complexidades da vida real. Sua história, embora enfeitada pela imaginação dos contadores de histórias, baseia-se em uma realidade que é tanto trágica quanto bela. Assim, a lenda da Branca de Neve se torna um mosaico fascinante onde a história e a mitologia se entrelaçam de forma inesquecível.

    

AGNODICE, A MÉDICA, A MULHER



O escritor  Caio Júlio Higino  (64 a.C – 17 d.C)  nascido em Valência dos Edetanos, na Espanha, escreveu a história da grega de Atenas Agnódice (ou Agnodike), nascida no ano IV a.C, como sendo a primeira mulher no mundo a exercer a profissão na medicina.

Na Grécia antiga, as mulheres eram proibidas de estudar medicina por vários anos até que alguém infringisse a lei. Nascida em 300 a.C., Agnodice cortou seu cabelo e entrou na faculdade de medicina de Alexandria vestida de homem. 

Enquanto andava pelas ruas de Atenas depois de completar sua formação médica, ela ouviu os gritos de uma mulher em trabalho de parto. No entanto, a mulher não queria que Agnodice a tocasse, embora ela estivesse com muitas dores, porque pensava que Agnodice era um homem. Agnodice provou que era uma mulher ao tirar suas roupas sem que ninguém a visse e ajudou a mulher a dar à luz seu bebê.

A história logo se espalharia entre as mulheres e todas as mulheres que estavam doentes começaram a ir para Agnodice. Os médicos homens ficaram invejosos e acusaram Agnodice, que eles pensavam ser homem, de seduzir pacientes do sexo feminino. Em seu julgamento, Agnodice, apresentou-se diante do tribunal e provou que era mulher, mas desta vez foi condenada à morte por estudar medicina e praticar medicina como mulher.

As mulheres se revoltaram com a sentença, especialmente as esposas dos juízes que haviam dado a pena de morte. Algumas disseram que se Agnodice fosse morta, elas iriam para a morte com ela. Incapazes de resistir às pressões de suas esposas e de outras mulheres, os juízes levantaram a sentença de Agnodice e, a partir de então, foi permitido às mulheres praticarem medicina, desde que elas só cuidassem das mulheres.

Assim, Agnodice deixou sua marca na história como a primeira médica e ginecologista grega. Esta placa que representa Agnodice no trabalho foi escavada em Ostia, Itália.

Por:  Dr. Lauro Arruda Câmara Filho


segunda-feira

PADRE HIMALAIA



Inventou engenhos extraordinários. Quis resolver problemas energéticos, ecológicos e agrícolas. O Padre Himalaya foi um pioneiro português cuja memória tem sido reabilitada nas últimas décadas. Em Arcos de Valdevez, estão agora a nascer as Oficinas de Criatividade Himalaya.

Em 10 de Novembro de 1906, a revista Occidente rejubilava: “O Padre Himalaya é hoje uma glória portuguesa e por isso tudo o que a seu respeito se possa dizer terá para o público a curiosidade que despertam os homens privilegiados por seus talentos e obras extraordinárias.” Não era caso para menos.

Manuel António Gomes, o inventor de batina nascido em Cendufe (Arcos de Valdevez), tinha então 38 anos e acumulava já 17 de experiências em Portugal e no estrangeiro com estranhos engenhos para captação da energia solar, entre outros inventos que o público nem sequer sonhava. Ganhara dois anos antes o Grande-Prémio da Exposição Mundial de Saint Louis (EUA), com uma máquina que a propaganda da época assegurava atingir o “grau supremo de calor”, o máximo possível de temperatura medida. Espantara sábios e capitalistas nos Estados Unidos, vencendo a sátira inicial e conduzindo sucessivas experiências para fundir metais. Mais: ao contrário de inventores do “primeiro mundo”, apresentara-se em Saint Louis quase sem apoios, sem mecenas, sem máquina de propaganda. “O país ficou conhecido em toda a América e em todo o mundo como um país onde há mais do que vinho do Porto, cortiça e pescadores”, assegurava o artigo.

Para Himalaya, o padre que desde o seminário ganhara essa alcunha bem-disposta em virtude da sua estatura pouco comum para a época, o céu parecia o limite para a sua capacidade inventiva. Pareciam definitivamente para trás as agruras de um jovem que dependera do mecenato para prosseguir os estudos (primeiro de Madame Emília dos Santos, uma benemérita brasileira que financiara as primeiras experiências, e depois da Condessa da Penha Longa, que custeara boa parte do projecto solar). Parecia também esquecido o seu grande fiasco: em Abril de 1902, prometera mostrar ao rei Dom Carlos, na Tapada da Ajuda, a potencialidade da máquina solar que desenvolvia desde o final do século passado em França. “A experiência correu mal”, conta Jacinto Rodrigues, o seu biógrafo e principal responsável pela reabilitação da figura do Padre Himalaya nas últimas quatro décadas. “A máquina desengonçou-se e a energia captada acabou por destruir as próprias pernas da máquina solar. Foi um fiasco, mas o Padre Himalaya era resiliente.”

Uma vida aquém do génio. Carismático, mas também ingénuo, o padre Himalaya captou a atenção de todos, mas aceitou, depois da Exposição, um convite para visitar os Estados Unidos. Quando regressou, o seu engenho tinha sido vandalizado. Fonte: Jacinto Rodrigues ("A Conspiração Solar do Padre Himalaya") e Município de Arcos de Valdevez.

Em 1906, com um punhado de invenções bem sucedidas e o pioneirismo já reconhecido numa exposição mundial e por várias patentes registadas, o Padre Himalaya poderia ombrear com os grandes inventores do início do século XX. Mas o seu destino seria diferente. Da mesma forma que a sua invenção fora pilhada no final da feira de Saint Louis em 1904, despojada dos 6.117 espelhos côncavos de cristal que lhe permitiam operar, apagando-se para sempre, também a memória do feito do Padre Himalaya foi sendo coberta de nuvens. A história política do país, na antecâmara de uma mudança revolucionária de regime, a que se seguiriam anos turbulentos de golpes e revoluções, não criou condições para a consolidação do inventor. Em 1933, quando morreu, os ecos dos seus triunfos já se esfumavam nas brumas da história e assim permaneceriam durante quatro décadas, com uma curta excepção em 1968, ano em que se celebrou o centenário do seu nascimento e foi publicada uma pequena obra de exaltação.

Entrou então em cena o segundo investigador extraordinário desta história.

DO EXÍLIO PARA A ACADEMIA

Jacinto Rodrigues exilara-se em França na década de 1960, fugindo à ditadura portuguesa. Ali leccionara disciplinas de Sociologia Urbana e Organização do Território, apaixonando-se pelas questões relacionadas com a energia e a ecologia. Regressou a Portugal após a revolução de 1974 e, por feliz acaso, esbarrou num alfarrabista com uma revista de 1905 exaltando o pioneiro que acabara de espantar os norte-americanos em Saint Louis. Como um arqueólogo do conhecimento, fez primeiro uma sondagem do terreno, descobrindo, com espanto, que pouco ou nada se sabia do Padre Himalaya.

“Não era totalmente desconhecido na academia”, gosta de lembrar. “Existiam alguns trabalhos fragmentados sobre as suas experiências, mas a sua biografia era quase desconhecida.” Em Arcos de Valdevez, o investigador (hoje catedrático aposentado da Universidade do Porto) iniciou a dura tarefa de recomposição das peças do puzzle de uma vida. Recuperou a pista de dois sobrinhos-netos do padre, que dispunham ainda de algumas memórias dos anos finais do inventor. E lançou-se nos arquivos.

Como todas as quimeras, a busca de informação sobre o Padre Himalaya teve momentos de desespero (uma gaveta com cartas e outros documentos inéditos tinha sido queimada) e momentos de revelações formidáveis. Jacinto Rodrigues percebeu que a busca não se poderia limitar ao território português. Himalaya fora um verdadeiro trota-mundos, viajando pelas colónias portuguesas em África como missionário (onde aliás contraiu malária), por Espanha, por França, pela Alemanha, pelos Estados Unidos e pela Grã-Bretanha. As migalhas de informação foram-se juntando. Em Sorède, uma pequena aldeia de montanha nos Pirenéus Orientais, o investigador encontrou vestígios de uma máquina solar que o inventor ali agregara, com peças encomendadas de Paris. “Havia até memórias de um padre que conduzira experiências exóticas na região, com calor extremo”, lembra.

Forno Solar de Sorede.

Também nos Estados Unidos foi possível reconstituir as visitas de Himalaya a centros de conhecimento e de indústria, validando a autoridade que o inventor português granjeara e intuindo também a dispersão dos seus interesses. “Essa tem sido a verdadeira revelação sobre o Padre Himalaya: ele foi mais do que o inventor de máquinas solares. Acumulou mais de duas dezenas de patentes e, sobretudo, foi precursor da ecologia e do pensamento sistémico sobre a natureza no nosso país. E essa parte da história estava totalmente por escrever.”

O forno solar do padre Himalaya. Em 1904, na exposição Universal de Saint-Louis, um inventor português arrecadou o grande-prémio, duas medalhas de ouro e uma de prata e espantou cientistas, curiosos e até o presidente norte-americano Theodore Roosevelt. Fonte: Jacinto Rodrigues ("A Conspiração Solar do Padre Himalaya") e Município de Arcos de Valdevez.

RENOVÁVEIS AVANT LA LETTRE

Entre 1891 e 1892, o Padre Himalaya teve um problema grave na sua carreira eclesiástica. “Aparentemente, a paixoneta de uma senhora casada conduziu-o a uma reflexão sobre o seu vínculo à igreja. Era um homem muito sério, com uma postura muito interessante. Pediu para ser reduzido ao estado laical (pedido esse que seria recusado), mas essa documentação tem também o mérito de nos mostrar a sua obsessão com a ciência. Ele argumenta que, embora se mantivesse cristão, queria prosseguir as suas experiencias científicas, intensificar contactos e aprofundar o conhecimento.”

Na transição para o século XX, a Igreja católica está então em plena efervescência com debates teológicos sobre a infalibilidade do papa e a doutrina social exposta por Leão XIII. Em Portugal, o clero é uma força vinculada à monarquia, à medida que crescem, nas hostes republicanas, os movimentos jacobinos de contestação radical. Assolado por fogo de duas baterias, o padre Himalaya distancia-se do trabalho pastoral e do debate ideológico, concentrando a sua energia na ciência. Destacado para o Colégio da Visitação no Porto, aprofunda o seu conhecimento das ciências naturais, ao mesmo tempo que se maravilha com as potencialidades da construção do ferro, da metalomecânica e dos processos de fundição. Todos esses átomos de conhecimento juntar-se-ão nas suas prodigiosas experiências.

“Um dos aspectos mais curiosos da investigação deste homem é a permanente obsessão com a fertilização dos solos”, conta Jacinto Rodrigues que, além de artigos, publicou “A Conspiração Solar do Padre Himalaya” em 1999 e uma antologia de textos inéditos em 2013. “Esse é o motor que o alimenta. Ele pretende desenvolver melhores processos para adubagem dos solos, e a invenção da himalaíte, um explosivo que passa à posteridade com o nome do seu inventor, resulta dessa busca de soluções para tornar produtivos solos rochosos e pouco férteis.”

Gradualmente, o Padre Himalaya evolui de uma perspectiva micro para uma noção macro dos problemas que pretende resolver. “É uma evolução epistemológica”, explica o seu biógrafo que, nos últimos anos da sua carreira docente, leccionou precisamente Ecologia Urbana. “Trabalhando em questões de energia, de solos, de biodiversidade, ele começa a relacionar esses campos com a própria biosfera. Concebe o planeta como um ser vivo. O contributo do Padre Himalaya não é apenas um triunfo tecnológico. É a sua visão sistémica da natureza e do planeta, que antecipa o movimento ecologista em várias décadas. É a intuição de que os sistemas da Terra estão interligados e que a manipulação de uma das variáveis tem repercussões em tudo o resto.”

Esta tese tem sido substanciada pelas duas últimas décadas de pesquisa documental de Jacinto Rodrigues sobre as cartas que o Padre Himalaya escreveu e as conferências que proferiu na Academia das Ciências de Portugal. “São ecos de um homem multifacetado, que tanto se interessa pela fundamentação do cristianismo, face aos ventos evolucionistas que põem em causa alguns dogmas sobre a Criação, como pelas questões do desenvolvimento sustentável”, diz Jacinto Rodrigues. Numa das intervenções, o Padre Himalaya chega a articular a conclusão de que a pobreza proverbial do país não será necessariamente um calvário eterno – tudo depende do modelo de desenvolvimento a escolher. “E faz ali a apologia das energias renováveis avant la lettre”.

OFICINAS DE CRIATIVIDADE

De alguma forma, a invenção mais sonante do Padre Himalaya, a máquina para aproveitamento da energia termo solar, foi condicionada pela evolução da indústria que adoptou o paradigma dos motores de combustão alimentados a combustíveis fósseis. No grande duelo tecnológico do início do século XX, quando duas imensas avenidas se abriram para exploração das sociedades industriais, a aposta no carvão e no petróleo (mais fáceis de obter e mais baratos) teve repercussões esmagadoras sobre o Ambiente. O Padre Himalaya, que chegou a propor veículos alimentados a energia eléctrica, permaneceu no pólo dos vencidos da história e talvez essa seja a principal causa para o progressivo esquecimento do seu contributo.

Uma vida aquém do génio. Carismático, mas também ingénuo, o padre Himalaya captou a atenção de todos, mas aceitou, depois da Exposição, um convite para visitar os Estados Unidos. Quando regressou, o seu engenho tinha sido vandalizado. Fonte: Jacinto Rodrigues ("A Conspiração Solar do Padre Himalaya") e Município de Arcos de Valdevez.

Em Arcos de Valdevez, porém, à medida que se aproxima o centenário da morte do pioneiro da vila, há esforços árduos para reabilitar a figura de Himalaya e o seu contributo para a ciência. À frente da locomotiva que está a movimentar as Oficinas de Criatividade Himalaya, está o matemático João Manuel Esteves, especializado em ciências da computação e apaixonado por ciência. É presidente da autarquia local e, em 2015, comandou a candidatura do projecto a apoios comunitários.

 


“Se quiser que lhe expresse a nossa ideia numa equação simples, dir-lhe-ei que, em Arcos de Valdevez, n + h = ds, que é como quem diz, a natureza somada ao homem produz desenvolvimento sustentável”, diz, com uma gargalhada. Num concelho que acumula figuras de protecção ambiental (ainda no interior do Parque Nacional da Peneda-Gerês, com vários sítios da Rede Natura, uma reserva da biosfera e a Paisagem Cultural do Sistelo), é natural que as teses do Padre Himalaya tenham ainda utilidade pedagógica. “Foi um pioneiro do desenvolvimento sustentável e da ecologia”, lembra o autarca. “Fizemos-lhe justiça, aplicando princípios da economia circular ao projecto, na medida em que o instalámos no antigo liceu desactivado e procurámos que as Oficinas de Criatividade tivessem uma pegada ecológica mínima”, acrescenta.

Pronto a inaugurar no início de 2021 (a pandemia forçou o adiamento da inauguração, que esteve prevista para 9 de Dezembro, a data de nascimento do Padre Himalaya), o projecto pedagógico tem a filosofia de um centro interpretativo, juntando-lhe uma dimensão de promoção da ciência, do conhecimento e da eco-cidadania. O visitante é ali chamado a maravilhar-se com duas réplicas das máquinas solares de Himalaya: a de Saint Louis tem quase a escala real e foi naturalmente despojada das condições que lhe permitiriam obter as temperaturas extraordinárias que Himalaya atingiu na Exposição Mundial; a dos Pirenéus, implantada no topo de um dos edifícios, é já o ícone do equipamento e recorda que, em ciência, os pequenos avanços são tão necessários como os grandes saltos.

No interior, há jogos de ciência e laboratórios. Um holograma do Padre Himalaya interpela os visitantes e fornece informação. Numa bicicleta, pode pedalar-se até produzir força motriz suficiente para acender uma lâmpada. Os laboratórios permitem colocar a mão na massa, com experiências reais. E, se tiver estômago para isso, o labirinto só lhe permite progredir com as peças armazenadas na mochila de cada visitante e com as respostas certas sobre a vida e obra do pioneiro de Cendufe. Resta-lhe, no final, entrar para o interior de uma bolha de sabão ou ainda assistir a conteúdos em alta definição projectados num hemisfério/dome de 360 graus.



Mais de cem anos depois do grande êxito da carreira inventiva do Padre Himalaya, ainda há zonas sombrias na biografia deste homem? Jacinto Rodrigues continua a maravilhar-se com as conferências proferidas pelo seu biografado sobre agricultura, represamento de rios, construções de betão armado e até uma participação ainda mal esclarecida no esforço de guerra português, durante a Primeira Grande Guerra, desenvolvendo técnicas de detecção de submarinos. Há igualmente ecos de um livro de memórias escrito mas perdido por Himalaya no final da vida.

Como a cordilheira que lhe deu nome, o Padre Himalaya viu mais alto do que a maioria dos seus contemporâneos. A partir do próximo ano, as Oficinas de Criatividade Himalaya, em Arcos de Valdevez, chamam por si para compreender melhor o legado de um homem extraordinário.

Texto: Gonçalo Pereira Rosa

Fotografias: Município Arcos Valdevez e Revista Occidente

Ilustrações: Anyforms


A TRAJETÓRIA ACADÊMICA DE BRIAN MAY, O GUITARRISTA DO QUEEN


Brian May graduou-se bacharel em física pelo Imperial College London, com honras de ser o segunda classe. Entre 1970 e 1974, cursou doutorado no Imperial College London. 

Quando o Queen começou a ter sucesso internacional em 1974, ele abandonou seus estudos de doutorado, mas foi co-autor de duas pesquisa publicadas em periódicos científicos de grande respeito, a Nature e Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.[

Em outubro de 2006, May tornou a se matricular no Imperial College London para concluir o doutorado. Apresentou sua tese em agosto de 2007 (um ano antes do que ele estimava que levaria para concluir). Além de redigir o trabalho anterior que ele havia feito, May teve que revisar o trabalho sobre a poeira zodiacal nos últimos 33 anos. 

A tese revisada (intitulada "A Survey of Radial Velocities in the Zodiacal Dust Cloud") foi aprovada em setembro de 2007, cerca de 37 anos depois de ter sido iniciada. Seu doutorado investigou a velocidade radial através de espectroscopia de absorção e espectroscopia doppler de luz zodiacal por meio de interferômetro Fabry-Pérot. As observações foram realizadas no Observatório Teide, em Tenerife. Ele se formou em cerimônia no Imperial College London, realizada no Royal Albert Hall em 14 de maio de 2008.

Ele continua publicando, bem como atuou como pesquisador colaborador da NASA.

quinta-feira

Rosalind Franklin: "mãe do DNA", pioneira molecular nasceu há 93 anos




    A vida da biofísica britânica Rosalind Franklin foi repleta de controvérsias. Ela foi responsável por parte das pesquisas e descobertas que levaram à compreensão da estrutura do ácido desoxirribonucleico (DNA, na sigla em inglês). Essa história, porém, é um conto de competição e intriga, descrito de uma maneira por James Watson e Francis Crick - que elaboraram o modelo da dupla hélice para a molécula de DNA - e outra por quem defende Franklin como pioneira injustiçada na biologia molecular. James Watson, Francis Crick e Maurice Wilkins receberam um prêmio Nobel por seus estudos em 1962: quatro anos após a morte de Rosalind Franklin, aos 37 anos, vítima de câncer de ovário. Sua contribuição não foi reconhecida na época.

    Nascida em 25 de julho de 1920, Franklin se destacou nas aulas de ciência desde criança, e estudou em uma das poucas escolas para garotas em Londres que ensinavam física e química naquela época. Aos 15 anos, ela decidiu se tornar cientista. Seu pai era contra o ensino superior para mulheres, e queria que Rosalind prestasse serviço social. Ele, no entanto, cedeu, e em 1938 a jovem se matriculou no Newnham College, uma faculdade só para mulheres da Universidade de Cambridge, onde se formou em 1941. 

    No ano seguinte, passou a trabalhar com pesquisa no Reino Unido, e promoveu pesquisas importantes sobre o Depois de sair de Cambridge, Rosalind Franklin passou três anos em Paris, onde pesquisou sobre técnicas de difração de raios-x. Em 1951, voltou à Inglaterra como pesquisadora no laboratório do físico John Randall no King's College de Londres. Foi lá que encontrou Maurice Wilkins. 

    Eles lideravam por grupos de pesquisa e mantinham projetos paralelos, ambos sobre o DNA. Quando Randall passou a Rosalind a responsabilidade por seu projeto, ninguém trabalhava naquela pesquisa havia meses. Wilkins estava fora do laboratório naquela época, e quando voltou pensava que ela era apenas uma assistente técnica, não uma colega - e principal pesquisadora do assunto no laboratório.As mulheres ainda era desvalorizadas na academia nos anos 1950. 

    Apenas homens tinham permissão de utilizar os restaurantes da universidade, e havia diversos estabelecimentos voltados apenas para um sexo. Nesse contexto, o comportamento dos cientistas a respeito de Franklin não era surpreendente. Mesmo assim, chama atenção o desprezo apresentado por seus colegas de laboratório em cartas reveladas recentemente. Em correspondência com seus colegas em Cambridge (Crick e Watson), Wilkins chamava a jovem cientista de "bruxa".

    Mesmo menosprezada, Rosalind persistiu em seu projeto de DNA. Entre 1951 e 1953, ela chegou muito perto de descobrir a estrutura do DNA. Crick e Watson, porém, publicaram a solução antes. Em 2010, foi comprovado que o pioneirismo dos cientistas foi, na verdade, baseado nos estudos de Franklin, a "mãe do DNA". A britânica fez os melhores registros da estrutura até então, usando técnicas de raios-x. Ela permaneceu nove meses com o material, porém não identificou as hélices que, hoje se sabe, formam a estrutura helicoidal do DNA: o modelo da dupla hélice, proposto por James Watson e Francis Crick em 1953. O trabalho de Rosalind jamais foi mencionado pelos autores do artigo, publicado na revista Nature. Rosalind Franklin morreu no anonimato.

Fonte:  http://noticias.terra.com.br/

Joelmir Beting




Em idos de novecentos e noventa e um, adolescente e estudante de ginásio fui encarregado com outros dois colegas para cuidarmos de um artigo do jornal que estava sendo criado pela classe, o lendário “V8, a Voz da Juventude” (que ainda guardo um exemplar comigo!). Mas, eu não podia acreditar na má sorte que se fazia minha. Foi nos legado um artigo sobre Economia. Economia! Como trataríamos disso? Os outros redigiram um texto que era simplesmente muito chato, insuportável e aí me entregaram para colaborar nele.

Fiquei lendo aquilo e achando terrível. O que eu poderia fazer? Eu não gostava de economia, aliás tudo o que envolve números me causa dificuldades, o pouco de economia que era capaz de entender era quando Joelmir Beting explicava algo pela TV. Era isso. Não preciso dizer que a maneira simples, direta e ao mesmo tempo tão bem informada de Joelmir Beting serviu de astrolábio para seguir em uma direção segura neste impulso jornalístico juvenil amador. O resultado? Peguei o texto dos meus colegas e joguei no lixo e escrevi um texto simples, bem humorado falando de economia. Quando leram aquilo quiseram me trucidar, mas em classe após ler todos os artigos, a professora chamou a atenção da classe questionando quem havia feito o texto de economia, achamos que era o fim, mas com a confirmação, ela não só parabenizou o texto como o estabeleceu como referência para todos os outros.

Lembrei-me desta história ao saber da passagem do genial jornalista Joelmir Beting e deixo aqui minha homenagem a alguém capaz de simplificar o complexo em prol da população que não era obrigada a fazer faculdade de economia para entender o assunto tão primordial a suas vidas.

Como dizia Joelmir ao final do seus artigos televisivos nas altas madrugadas “E para pensar na cama”:

"Que fala de mim na minha ausência,
é porque respeita a minha presença..."
Bob Marley

Joelmir José Beting (Tambaú, 21 de dezembro de 1936 — São Paulo, 29 de novembro de 2012) foi um jornalista e sociólogo brasileiro.. Profissional de grande contribuição para o jornalismo, a economia e a comunicação, foi pioneiro na tradução dos difíceis termos técnicos da economia para a vida cotidiana.Nascido em Tambaú, interior de São Paulo, começou a trabalhar nas plantações da propriedade de sua família aos sete anos. "A minha origem é, de certa forma, de boia-fria", lembraria o jornalista em entrevista à revista Imprensa em julho de 2012.Depois de ser coroinha na igreja da cidade, o padre Donizetti Tavares de Lima arrumou-lhe o primeiro emprego, na rádio de Tambaú, aos quinze anos.

Aos dezenove anos de idade, Beting foi para São Paulo onde estudou Sociologia na Universidade de São Paulo, na mesma turma de nomes como Ruth Cardoso e Francisco Weffort.Em 1957, durante o período universitário, iniciava sua carreira jornalística, como repórter esportivo nos jornais O Esporte e Diário Popular. Deixou a área esportiva dois anos depois, quando deixou sua paixão pelo Palmeiras falar mais alto na transmissão de um Derby Paulista pela Rádio Panamericana e quase foi agredido pela torcida corintiana.Foi contratado em 1966 pela Folha de S. Paulo para lançar a editoria de Automóveis, fruto da repercussão de sua tese do curso de Sociologia ("Adaptação da mão de obra nordestina na indústria automobilística de São Paulo"), que fora publicada pelo Diário Popular na íntegra. Dois anos depois lançou a editoria de Economia do mesmo jornal, lançando uma coluna diária a partir de 1970.[2] A coluna tornou-se célebre por desmistificar a economia numa época de inflação astronômica e reiteradas medidas desastradas do governo. É de lá que nasceram alguns dos "bordões" de Joelmir, como "Quem não deve não tem" e "Na prática, a teoria é outra".

Paralelamente à coluna na Folha (que transferiu para O Estado de S. Paulo em 1991), Joelmir passou, ainda em 1970, a participar de programas de rádio, na Jovem Pan, e de televisão, na Record, onde se tornaria conhecido do grande público, com suas participações nos telejornais da Rede Globo, onde permaneceu entre agosto de 1985 e julho de 2003. O início na TV foi em 1970, com o programa Multiplicação do Dinheiro, que funcionava como uma mesa-redonda sobre assuntos econômicos, com participação dos economistas Eduardo Suplicy e Miguel Colassuono. Em 1974 foi contratado pela Rede Bandeirantes, onde ficaria até a sua estreia na Globo. Na Band, ancorou o Jornal Bandeirantes, ao lado de Ferreira Martins, além de fazer comentários de economia e reportagens especiais.O mesmo aconteceu na Rádio Bandeirantes, onde fazia um comentário diário no programa O Trabuco, de Vicente Leporace. Com a morte deste, em abril de 1978, juntou-se a José Paulo de Andrade e Salomão Ésper para apresentar o Jornal Gente, criado no dia seguinte ao acontecido. O trio voltaria a reunir-se em 2003, quando Joelmir foi novamente contratado pela Bandeirantes. Entre os anos 1980 e 1990 foi também comentarista das rádios Excelsior e CBN. No início do canal por assinatura Globonews, em 1996, foi um dos apresentadores do programa Espaço Aberto.

Alguns de seus mais célebres trabalhos na TV são o primeiro debate entre candidatos a eleições, na Band, e a entrevista com os membros da equipe econômica de Fernando Collor em março de 1990, quando Zélia Cardoso de Mello e Ibrahim Eris, entre outros, foram surpreendidos por Joelmir, Lilian Witte Fibe e Paulo Henrique Amorim, então especialistas em economia da emissora. Quando Amorim detalhou uma das principais medidas do Plano Collor, o confisco, Joelmir teve uma curiosa reação, como descrita pela revista Imprensa: "Encarando a câmera, [ele] arregalou os olhos e escancarou a boca, como se informasse, bem didaticamente, a reação apropriada para a medida: espanto." A imagem seria usada pelo Jornal do Brasil no dia seguinte, sob a manchete "A cara da nação".É atribuída a Joelmir a ideia de premiar Pelé com uma placa comemorativa em homenagem a um de seus mais belos gols, feito no Maracanã contra o Fluminense. Desse fato surgiu a expressão "Gol de Placa", sempre dita pelos profissionais de futebol do país quando descrevem um gol de rara beleza e muito difícil de ser feito.Joelmir morreu em 29 de novembro de 2012 em São Paulo, em decorrência de um AVC Hemorrágico, no Hospital Albert Einstein, após passar mais de um mês internado para tratar de doença autoimune. Tinha dois filhos, Gianfranco, publicitário e especialista em aviação, e Mauro, jornalista e comentarista esportivo da Rede Bandeirantes. Sua morte foi anunciada aos ouvintes da Rádio Bandeirantes pelo filho Mauro, durante a cobertura pós-jogo da partida entre São Paulo e Universidad Católica, pela Copa Sul-Americana.

Quando morreu, exercia a função de editor e comentarista econômico do Jornal da Band, apresentado por Ricardo Boechat, participava do Jornal Gente e do Jornal Três Tempos, da Rádio Bandeirantes, além do programa esportivo Beting&Beting, com seu filho Mauro e seu sobrinho Erich, no canal fechado BandSports. Fazia também comentários para o Primeiro Jornal e o Jornal da Noite, na Band, e para o canal de notícias BandNews. Joelmir também apresentava o Canal Livre.

segunda-feira

Paracelso





Phillipus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim, mais conhecido como Paracelso, nasceu em Einsiedeln, na Suíça. Foi um excelente médico, filósofo, químico e naturalista. Seu pai, Guilherme Bombast, era um descendente da antiga família Bombast, parente do Grão-Mestre dos Cavaleiros da Ordem de São João.

A fama de Paracelso aumentou rapidamente, mas em 1528, ele teve que deixar a cidade de Basiléia, onde ensinava, devido às hostilidades causadas por suas particulares concepções astrológicas e mágicas, sulcadas por um misticismo e por uma intuição científica, sendo para aquela época, realmente extraordinária.

Paracelso deixou-nos uma grande quantidade de escritos, que merecem uma leitura atenta por parte dos leitores que pretendem aproximar-se da arte mágica. Seu país natal é contínua meta de peregrinações. Segundo uma tradição, o corpo astral do filósofo, que já durante a existência física tornou-se consciente de si e independente, continua a viver em uma localidade secreta da Ásia, o mítico Centro Iniciático de Agartha.


Seu pseudônimo significa "superior a Celso (médico romano)". Entre todas as figuras erráticas do renascimento, a de Paracelso está pontada pela agitação da sua vida e pela a incoerência das suas opiniões e doutrinas. No estudo da sua biografia, fato tem sido gradualmente separado da fantasia, mas nenhum acordo foi alcançado no que respeita bem quanto à natureza e sentido de seu ensino. Ele é considerado por muitos como um reformador do medicamento. Outros elogiam suas realizações em Química e como fundador da Bioquímica. Ele aparece entre cientistas e reformadores como Andreas Vesalius, Nicolau Copérnico e Georgius Agricola, e, portanto, é visto como um moderno. Por outro lado, sempre possuiu uma aura de místico e até mesmo obscura reputação de mágico.

Paracelso, quando jovem, já instruido pelo pai, foi enviado aos cuidados dos monges do mosteiro de Santo André, na Savônia. Lá ele aprendeu sob a tutela dos monges e dos bispos Mathias Scheydt, de Rottgac e Mathias Schacht, de Freisingen e, especialmente de Eberhardt Baumgartner, tido como um dos alquimistas mais notáveis da época. Tendo concluido os estudos, e já no seu décimo sexto ano de permanência no mosteiro, ele foi enviado à Universidade de Basel e logo a seguir, foi instruído pelo abade de St. Jacob (Spanheim), em Wurzburgo, um dos grandes e célebres intelectuais da época, de nome Johann Trithemius.

Paracelso foi um astrólogo, assim como muitos (se não todos) dos físicos europeus da época. A Astrologia foi uma parte muito importante da Medicina de Paracelso. Em um de seus livros, ele reservou várias seções para explicar o uso de talismãs astrológicos na cura de doenças. Criou e produziu talismãs para várias enfermidades, assim como talismãs para cada signo do Zodíaco. Ele também inventou um alfabeto chamado "Alfabeto dos Reis Magos" e esculpiu nos talismãs nomes angelicais.
Visão e doutrina

A distinta natureza da filosofia de Paracelso é conseqüência da visão cosmológica, teológica, filosofia natural e medicina à luz de analogias e correspondências entre macrocosmos e microcosmos. As especulações acerca dessas analogias tinham seriamente empenhado a mente humana desde o tempo pré-Socrático e Platônico e durante toda a Idade Média. Paracelso foi o primeiro a aplicar essas especulações para o conhecimento da natureza sistemática.


Isso associado com a singular posição que ele assume no que diz respeito à teoria e à prática de aquisição de conhecimentos em geral, quebrou longe do ordinário lógico, antigo e medieval e moderno, seguindo as suas próprias linhas, e é nisto que muito do seu trabalho naturalista encontra explicação e motivação.

Segundo Paracelso, se o homem, o clímax da criação, une em si mesmo todos os componentes do mundo em torno dele como minerais, plantas, animais e corpos celestes, ele pode adquirir conhecimento da natureza de modo muito mais direto e "interno" do que a forma externa de consideração dos objetos pela mente racional.

O que é necessário é um ato de atração simpática entre o interior representativo de um determinado objeto, na própria constituição do homem e o seu homólogo externo. A união com o objeto é então o soberano meio de adquirir conhecimento íntimo e total. Esta não é alcançada pelo cérebro, a sede da mente racional. E é num nível mais profundo, à pessoa como um todo, que é dado o conhecimento.

É o seu corpo astral que ensina o homem. Por meio do seu corpo astral o homem comunica com a supraelementrariedade do mundo astral. Astrum é o contexto que denota não só o corpo celestial, mas a virtude ou atividade essencial de qualquer objeto. Isto, no entanto não é atingido num estado racional de pensamento, mas sim em sonhos e transes fortificados por força de vontade e imaginação.

O que parece ser original em Paracelso, então, não é a teoria microcósmica em si mesma, nem a busca da união com o objeto, mas o emprego consistente desses conceitos como a ampla base de um elaborado sistema de correspondências na filosofia e medicina natural.

Durante a Renascença, o grande alquimista, considerado fundador da medicina moderna, Paracelso, desenvolveu vários medicamentos, altamente bem-sucedidos, partindo de minerais metálicos incluindo ouro. Um dos maiores alquimistas/químicos de todos os tempos, fundou a escola de Iatroquímica, a química da medicina, a qual é precursora da farmacologia.

Paracelso voltou para Salzburgo em 1540, convidado pelo bispo da cidade. Faleceu em 24 de setembro de 1541 com apenas 47 anos, em um hospital, sonhando ter fabricado o Elixir da Vida. A causa de sua morte não foi esclarecida. Uma hipótese é que teria sido assassinato em 1541, como foi evidenciado na exumação de seus ossos, que mostrou uma fratura no crânio. O corpo foi velado na igreja de São Sebastião e, de acordo com o seu último desejo, foram entoados os salmos bíblicos 1, 7 e 30.

A fama de Paracelso aumentou com as suas curas milagrosas e, após sua morte, a sua fama cresceu ainda mais. Um século depois, centenas de textos paracelsianos foram publicados, referindo-se quase todos a medicamentos químicos. No final do século XVI, existia já uma imensa literatura sobre a nova matéria médica. 


Devido ao fato de a abordagem médica de Paracelso diferir tanto daquilo que era aceitável até então, estabeleceu-se uma enorme confrontação entre os paracelsianos e o sistema médico oficial em vigor até então, confrontação aguçada pelo impacto provocado pelos humanistas, que desdenhavam das obras de Dioscorides e de Plínio, ambos muito populares no final da Idade Média, e enalteciam trabalhos menos conhecidos, especialmente os tratados de fisiologia e anatomia de Galeno. Muitos médicos seguidores de Paracelso eram alemães; na França, a confrontação foi mais agravada pelo fato de muitos médicos paracelsianos serem huguenotes (protestantes, partidários de Calvino); na Inglaterra, tal confrontação foi menos tempestuosa, tendo sido adotados os medicamentos químicos, que eram utilizados simultaneamente com medicamentos tradicionais galênicos..

Fonte: Sites diversos e Wikipédia

sexta-feira

Cornélio Agrippa





Trata-se de um dos magos mais famosos. Contemporâneo de Paracelso, Agrippa estudou as obras dos místicos judeus sobre a Cabala na Universidade de Praga. Partindo dos textos caldeus, árabes e gregos, remontou às origens da disciplina mágica, aventurando-se nos segredos mais tenebrosos dessa fascinante arte. Suas obras são até hoje conhecidas por todos os iniciados e pelos estudiosos da magia, sendo particularmente útil "A filosofia oculta ou a magia".

Foi um intelectual polemista e influente escritor do esoterismo da Renascença. Interessou-se pela magia, ocultismo, alquimia, astrologia e demais curiosidades esotéricas. Pelo que deixou escrito, é considerado o primeiro intelectual feminista. Esteve ao serviço de Maximiliano I devotando o seu tempo ao estudo das ciências ocultas. Foi citado por Mary Shelley em Frankenstein, e no conto O Mortal Imortal surge como uma das personagens.

Cornelius Agrippa foi o autor do livro mais abrangente e mais conhecido sobre magia e todas as artes ocultas: De occulta philosophia libri tres / Três Livros de Filosofia Oculta. Mais para o fim da sua vida voltou-se contra as curiosidades e práticas esotéricas, mas também contra as mais respeitáveis e estabelecidas formas de conhecimento científico: De incertitudine et scientiarum vanitate et Artium, atque Excellentia Verbi Dei, declamatio invectiva. Uma declamação invectiva sobre a incerteza e vanglória das ciências, 1526. Proclamou-se a favor do cepticismo e da simples devoção fideísta. Em 1529 escreve: De Nobilitate e Praecellentia Foeminei Sexus, onde argumenta que o sexo feminino é superior e não meramente igual ao masculino.

Em seu próprio século, foi muitas vezes denunciado como perigoso e herético. De occulta philosophia foi muito lida por estudantes dos mais recônditos e menos respeitáveis ramos da filosofia natural e ciências ocultas. Alguns deles buscaram alternativas para a filosofia aristotélica natural ensinada nas universidades. Outros procuraram caminhos menos convencionais, como o sucesso em operações alquímicas ou a capacidade de usar segredos mágicos para controlar tanto o mundo natural como o mundo dos espíritos. É intrigante como este autor assumiu posições tão antagónicas. Inicialmente muito crédulo em relação à magia, alquimia e astrologia, e posteriormente um grande céptico, incluindo em relação ao seu próprio trabalho mágico.

Cornelius Agrippa fornece uma demonstração clara da grande agitação intelectual que se tinha apoderado dos humanistas da Renascença, ao recuperarem as obras dos antigos. Isto incluía não apenas os autores clássicos considerados "respeitáveis" pelos modernos, mas também um vasto corpo de antigos (ou pseudo-antigos) textos que alegadamente ofereciam a sabedoria das origens, de uma alegada civilização humana chamada prisca theologia. Eram textos herméticos do antigo Egito, Oráculos Caldeus, escritos de Zaratustra, ensinamentos atribuídos a Pitágoras e supostamente repassado dele para Platão e seus seguidores. Agrippa foi um dos principais especialistas de seu século sobre este tipo espiritual e teosófico da sabedoria antiga..


Fonte: Sites diversos e Wikipédia

Alberto Magno





Alberto Von Bollstadt, frade dominicano, filósofo e doutor da Igreja , santificado em 1931, estudou em Pádua, ensinou em Paris e em Colônia, onde dirigiu durante muitos anos o Studium Geral da Ordem Dominicana. Era muito culto, conhecia o hebraico e o árabe, estudava astronomia, filosofia, ciências naturais e teve o indiscutível mérito de introduzir o pensamento de Aristóteles na cultura de seu tempo e de fundar o aristotelismo cristão. Escreveu diversas obras de magia que se tornaram populares: "O Grande Alberto" e "O Pequeno Alberto", que continuam sendo úteis para alguns ensinamentos, no que diz respeito à adivinhação e às correspondências mágicas.

Bispo de Regensburgo e Doutor da Igreja tornou-se famoso por seu vasto conhecimento e por sua defesa da coexistência pacífica da ciência e da religião. É considerado o maior filósofo e teólogo alemão da Idade Média e foi o primeiro intelectual medieval a aplicar a filosofia de Aristóteles no pensamento cristão.

Nasceu na Baviera, possivelmente no ano de 1193 ou 1206, numa família militar que desejava para ele uma carreira militar ou administrativa. Mas, após concluir os seus estudos em Pádua e em Paris, optou por seguir o sacerdócio, entrando na Ordem de São Domingos. Devido à sua crescente fé em Deus e em Jesus Cristo e à sua dedicação à Ordem, foi promovido a superior provincial e mais tarde, nomeado Bispo pelo Papa.

Alberto dominava bem a Filosofia e a Teologia, matérias em que teve Tomás de Aquino como discípulo, e mostrou também grande interesse pelas ciências naturais, ao ponto de dispensar o episcopado, com a autorização papal, para prosseguir os seus estudos com tranquilidade. Ocupou-se de várias áreas de conhecimento - mecânica, zoologia, botânica, meteorologia, agricultura, física, química, tecelagem, navegação e mineralogia - inserindo esses conhecimentos na sua busca da santidade e do equilíbrio entre fé e razão, afirmando que sua intenção última era conhecer a ciência de Deus. Sua obra escrita está contida em 22 grossos volumes.

Morreu em Colónia, no ano de 1280, proclamado Doutor da Igreja e patrono dos cultores das ciências naturais..

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quarta-feira

Alexandre, o Grande








Alexandre III da Macedônia, dito o Grande ou Magno foi um príncipe e rei da Macedônia, e um dos três filhos do rei Filipe II e de Olímpia do Épiro – uma fiel e ardente mística do deus grego Dioniso. Alexandre foi o mais célebre conquistador do mundo antigo. Em sua juventude, teve como preceptor o filósofo Aristóteles. Tornou-se o rei aos vinte anos, na seqüência do assassinato do seu pai.
A sua carreira é sobejamente conhecida: conquistou um império que ia dos Balcãs à Índia, incluindo também o Egito e a Báctria (aproximadamente o atual Afeganistão). Este império era o maior e mais rico que já tinha existido. Existem várias razões para esses grandes êxitos militares, um deles é que Alexandre era um general de extraordinária habilidade e sagacidade, talvez o melhor de todos os tempos, pois ele nunca perdeu nenhuma batalha e a expansão territorial que ele proporcionou é uma das maiores da história, a maior expansão territorial em um período bem curto de tempo. Além disso era um homem de muita coragem pessoal e de reconhecida sorte.

Ele herdou um reino que fora organizado com punho de ferro pelo pai, que tivera de lutar contra uma nobreza turbulenta que freqüentemente reclamava por mais privilégios, as ligas lideradas por Atenas, e Tebas (a batalha de Queronéia representa o fim da democracia ateniense e por arrastamento das outras cidades gregas e de uma certa concepção de liberdade), revolucionando a arte da guerra. A sua personalidade é considerada de formas diferentes segundo a percepção de quem o examina: por um lado, homem de visão, extremamente inteligente, tentando criar uma síntese entre o oriente e ocidente (encorajou o casamento entre oficiais seus e mulheres persas, além de utilizar persas ao seu serviço), respeitador dos derrotados (acolheu bem a família de Dario III e permitiu às cidades dominadas a manutenção de governantes, religião, língua e costumes) e admirador das ciências e das artes (fundou, entre algumas dezenas de cidades homônimas, Alexandria, que viria a se tornar o maior centro cultural, científico e econômico da Antiguidade por mais de trezentos anos, até ser substituída por Roma); por outro lado, profundamente instável e sanguinário (as destruições das cidades de Tebas e Persepólis, os assassinatos de Clito e de Parménio, dois de seus melhores generais, a sua ligação com um eunuco), limitando-se a usar o pessoal de valor que tinha à sua volta em proveito próprio.

 

De qualquer modo, fez o que pôde para expandir o helenismo: criou cidades com o seu nome com os seus veteranos feridos por todo o território e deu nome para cidade homenageando seu inseparável e famoso cavalo Bucéfalo. Abafou uma rebelião de cidades gregas sob o domínio macedônio e preparou-se para conquistar a Pérsia. Em 334 a.C. empreendeu sua primeira campanha contra os persas na Batalha de Granico que deu-lhe o controle da Ásia Menor (atual Turquia). No ano seguinte, derrotou o rei Dario III da Pérsia na Batalha de Issus. Mais um ano depois, conquistou o Egipto e Tiro, em 331 a.C. Completou a conquista da Pérsia na Batalha de Gaugamela, onde derrotou definitivamente Dario III, o que lhe conferiu o estatuto de Imperador Persa.

A tendência de fusão da cultura dos macedônios com a grega provocou nestes temor quanto a um excessivo afastamento dos ideais helênicos por parte de seu monarca. Todavia, nada impediu Alexandre de continuar seu projeto imperialista em direção ao oriente. Durante cerca de dois anos Alexandre manteve-se ocupado em várias campanhas de curta duração para a consolidação do seu império. Mas, em 327 a.C., conduzindo as suas tropas por cima das montanhas Hindu Kush para o vale do rio Indo, para conquistar a Índia, país mítico para os gregos, foi forçado a regressar à Babilônia devido ao cansaço das suas tropas, e instalaria aí a capital do seu império. Deixou atrás de si novas colônias, como Nicéia e Bucéfala, esta erigida em memória de seu cavalo, às margens do rio Hidaspes. Ele tinha a intenção de fazer ainda mais conquistas. Sabe-se que planejava invadir a Arábia e, provavelmente, as regiões ao norte do Império Persa. Poderia também ter planejado outra invasão da Índia ou a conquista de Roma, Cartago e do Mediterrâneo ocidental. Infelizmente nenhuma das fontes contemporâneas sobreviveu (Calístenes e Ptolomeu), nem sequer das gerações posteriores: apenas possuímos textos do século I que usaram fontes que copiaram os textos originais, de modo que muitos dos pormenores da sua vida são bastante discutíveis.

Alexandre morreu depois de doze anos de constante campanha militar, sem completar os trinta e três anos, possivelmente como resultado de malária, envenenamento, febre tifóide, encefalite virótica ou em conseqüência de alcoolismo.Com a sua morte, os seus generais repartiram o seu império e a sua família acabou por ser exterminada. Os Epígonos iriam gastar gerações seguidas em conflitos. Apenas Seleuco esteve prestes a reunificar o império por um curto espaço de tempo. Os seus sucessores fizeram o que puderam para manter o helenismo vivo: gregos e macedônios foram encorajados a emigrar para as novas cidades. Alexandria no Egito teve um destino brilhante devido aos cuidados dos ptolomaicos (o Egito, apesar da sua monumentalidade, nunca possuíra grandes metrópoles): tornou-se um porto internacional, um centro financeiro e um foco de cultura graças à biblioteca; mas outras cidades como Antioquia, Selêucida do Tigre e Éfeso também brilharam. Reinos no oriente, como os greco-bactrianos (Afeganistão) e greco-indianos, expandiram o helenismo geograficamente mais do que Alexandre o fizera. Quando os partas (um povo indo-europeu aparentado com os citas) ocuparam a Pérsia, esses reinos subsistiram até ao século I a.C., com as ligações cortadas ao ocidente..



Nó Górdio
Conta-se que o rei da Frígia (Ásia Menor) morreu sem deixar herdeiro e que, ao ser consultado, o Oráculo anunciou que o sucessor chegaria à cidade num carro de bois. A profecia foi cumprida por um camponês, de nome Górdio, que foi coroado. Para não se esquecer de seu passado humilde ele colocou a carroça, com a qual ganhou a coroa, no templo de Zeus. E a amarrou com um nó a uma coluna, nó este impossível de desatar e que por isso ficou famoso..

Górdio reinou por muito tempo e quando morreu, seu filho Midas assumiu o trono. Midas expandiu o império, porém, ao falecer não deixou herdeiros. O Oráculo foi ouvido novamente e declarou que quem desatasse o nó de Górdio dominaria toda a Ásia Menor. O único motivo de fama de Frigia se residia nesta carroça especial estacionada em um dos pátios. A carroça estava presa a uma canga pelo nó górdio. Durante mais de 100 anos, o nó górdio desafiara todos os esforços de inteligentes reis e guerreiros.

Até que em 334 a.C Alexandre, o Grande, ouviu essa lenda ao passar pela Frígia. Intrigado com a questão foi até o templo de Zeus observar o feito de Górdio. No dia designado, o pátio encheu-se de curiosos. Todos haviam falhado, pensavam, e dessa forma, com que novo método poderia Alexandre ter êxito ?

Após muito analisar, desembainhou sua espada e cortou o nó facilmente em dois, desatando-o. Lenda ou não o fato é que Alexandre se tornou senhor de toda a Ásia Menor poucos anos depois..