Panacéia dos Amigos

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quarta-feira

VERDADE TROPICAL: MEMÓRIAS DE CAETANO VELOSO



Dizem que um bom livro deve atrair a curiosidade do leitor em um golpe certeiro na primeira linha completa. Neste caso, Caetano não perdeu tempo, como nunca perde, em ser polêmico: “Costumo dizer que, se dependesse de mim, Elvis Presley e Marilyn Monroe nunca se teriam tornado estrelas”. Com essa isca somos fisgados para tentar entender o poliedro intelectual do artista e também muito de sua frescura de ser divo, divino, divinatório e, acima de tudo, seu deleite por ser assunto.

Não precisamente uma biografia, mas uma relembrança de si mesmo Caetano retorna ao passado de modo fluido misturando histórias do pretérito conforme elas surgem em suas memórias ou considere interessantes de contar. Uma memória de infância pode concatenar com um dialogo dos anos 60 e uma situação na prisão pode trazer outras escoações não apenas biográficas, mas históricas também. Como conheceu João Gilberto, Os anos de chumbo, a importância de Gilberto Gil em sua vida, A prisão em 1968 e tudo se cristalizando até os anos 90 quando da feitura do livro. Os pretéritos se misturam, pois de fato, como acontece com todo mundo, eles são construídos pelo viveres e somos testemunhas de nosso tempo se nos atentarmos ao fato.


Um alguém da vivência de Caetano Veloso pode oferecer histórias das mais interessantes, pois afinal foi ele o epicentro de um dos movimentos mais marcantes da arte brasileira, Tropicália. Tudo que se refere à gênese do movimento tem saborosa complexidade (e, ao mesmo tempo puro acaso) além de toda a formação intelectual do artista e como se forjaram importantes amizades/parcerias  tornando a leitura muito prazerosa.

Mas, por outro lado, como uma biografia, ou melhor, um livro de memórias tem momentos menos interessantes. Caetano por vezes enche páginas com puro exibicionismo intelectual desnecessário. Um chato mesmo. Poderia ser simples e conciso, mas faz questão de ser verborrágico. Mas, enfim, é Caetano, e ler Caetano é como ouvir Caetano: sempre ignoramos algo e perdoamos porque o encanto é maior que o deslize do narciso..



E lembrem-se: Quem lê um livro comunga com a alma deste e desta comunhão renova a sua própria!

                                                                       

segunda-feira

"O LIVRO DE ÍSIS" por Oto Sales





O Livro de Ísis da autora Adriana Rá relata a trajetória da jovem Ísis em um busca de autoconhecimento motivada por uma existência assombrada por angústia e dúvidas.


Ciente de sua singularidade a personagem trafega por locais típicos neste tipo de busca como o xamanismo, a ufologia e o espiritualismo, mas suas experiências físicas e espirituais conflitam-se em um processo caótico atrás de respostas nem sempre claras ou reveladoras.


No ápice de um caminho tão dilacerador enfrenta ainda a incompreensão dos que estão a sua volta. Quando se tem a sanidade questionada por todos que conhece ao quê deve-se apegar?


Os conflitos, as dúvidas, encontros e desencontros, os erros e acertos da personagem serão descritos durante o livro. Diretamente da perspectiva da personagem veremos sua visão em relação aos fatos que não necessariamente resultaram no alcance do objetivo desejado.


Auto-referente sem ser autobiográfico, como nos livros de Paulo Coelho, o Livro de Ísis é uma leitura atraente que certamente agradará ao mesmo tipo de público: Pessoas de todas as idades interessadas nas grandes questões existenciais e nas consequências psicológicas e espirituais que a busca por tais respostas podem impactar em suas vidas.


“E lembrem-se: quem lê um livro comunga com a alma dele e desta comunhão renova a sua própria!”



quinta-feira






O George Orwell, aqui em cima, fez um mini-guia de redação. São só seis regras – e tão boas que abrem o Manual de Estilo da Economist, a revista mais bem-escrita do mundo. A elas:


1. Em circunstância alguma utilize um vocábulo extenso onde um reduzido soluciona.

2. Se, por algum acaso, for possível cortar, eliminar, extirpar uma palavra, não se dê de rogado: elimine-a de uma vez por todas.

3. A voz passiva não deve ser utilizada quando a voz ativa puder ser escrita.

4. Nunca use figuras de linguagem que já viraram arroz de festa. Eles podem ser o calcanhar de aquiles do seu texto. Não faça isso, nem pela bagatela de um milhão de reais. Correm boatos de que, só evitando expressões assim, você garantirá textos de qualidade, se tornará uma figurinha carimbada da escrita e será regiamente recompesado por seus leitores, como nunca antes na história deste país.

5. Não empregue um calão tecnicista quando tiver o arbítrio de elocubrar uma elocução de uso anfêmero. E, finalmente:

6. Quebre qualquer uma dessas regras antes de escrever algo tosco.

Fonte: Superinteressante

quarta-feira

Autobiografia de um iogue – Paramahansa Yogananda


Pelos idos de doismiledois em uma feira de artesanato havia uma venda de livros, um pequeno sebo ambulante. E lá, entre tantos outros encontrei um que me chamou especial atenção sobre um iogue. Embora, interessado deixei passar porque queria me informar com um amigo, que sabia, era estudioso de yoga e envolvido com estes conhecimentos. Quando disse a ele, ficou chocado.

“Não acredito! È o livro mais importante que você poderia ler! È simplesmente o fundador da organização que sigo: Paramahansa Yogananda! Como você pôde perder?” Corri comprar o livro, mas havia perdido a oportunidade! Mas, pouco tempo depois, meu desconsolado amigo me emprestou o livro, pois, o que tem que ser, será. Mal sabia eu que este livro era uma referência absoluta e que Paramahansa Yogananda figura entre os gurus do disco Sgt. Pepper Lonely Hearts Club Band dos Beatles, por influência de George Harrison.
Trata-se de uma obra mística oferecida a todos aqueles que buscam estudos mais profundos, pois pode-se perceber, na teoria literária, os ensinamentos carregados de força transformadora para o bem da humanidade.Os apreciadores de histórias que envolvem mestres e discípulos quase sempre percebem a sutileza dos princípios necessários à evolução do corpo, da mente e da alma, no desenrolar dos textos que se complementam, como se fossem aulas práticas.Sendo assim, o importante é sentir a força da luz no ser.

Dos livros escritos pelos grandes nomes da literatura espiritualista indiana, a quem poderíamos citar Swami Vivekananda, Ramakrishna, Sivananda, Krishnamurti, Gandhi, entre outros, Paramahansa Yogananda legou ao mundo provavelmente a melhor safra dessa colheita literária com sua Autobiografia de um Iogue, merecendo o título de "pai do yoga" no Ocidente, onde viveu por 32 anos.

Mais de cem anos que transcorrem desde o seu nascimento, ele permanece como uma das mais proeminentes figuras espirituais do século XX. Publicado pela primeira vez em 1946, o livro foi revisado por Paramahansa Yogananda em 1951, ocasião em que publicou uma versão definitiva, finalizando a sua história com acréscimo de vasto material, incluindo o último capítulo 49. Ver mais Desde então, esse clássico espiritual, tem sido permanentemente reimpresso pela Self-Realization Fellowship, e já foi traduzido para 26 idiomas.

Aclamada pela crítica por décadas seguidas, na virada do milênio, a Autobiografia de um Iogue , edição de 1999, foi escolhida como um dos 100 melhores livros espirituais do século XX, quando concorreu entre milhares de obras, à avaliação por uma bancada de renomados teológos e escritores, incumbidos pela Harper Collins da fazer a seleção.

Vem integrando constantemente a lista de best-sellers e é usado como referência em universidades de todo o mundo, em cursos de filosofia, psicologia, literatura inglesa, educação, antropologia, história e até mesmo administração de empresas, demonstrando grande harmonia com paradigmas e tendências da presente era.

Em capítulos fascinantes, com requintado humor e calorosamente humanos, Paramahansa Yogananda explica com clareza científica, as leis sutis, mas definidas, por meio das quais os iogues fazem milagres e atingem o autodomínio. Ele descreve seu treinamento espiritual e experiências com cientistas, santos hindus, muçulmanos e católicos, como Mahatma Ghandi, Teresa Neumann, Lutero Burbank, entre outros.

Um cativante relato de uma singular busca da Verdade e uma profunda introdução à toda ciência e filosofia da ioga, revelando a unidade subjacente às grandes religiões do Oriente e do Ocidente, encontrada nos ensinamentos de mestres da India, de Jesus Cristo e dos profetas da bíblia.
A missão ocidental de Yogananda foi planejada ainda antes de seu nascimento, por mestres espirituais que o prepararam para ensinar e difundir Kriya Yoga, uma técnica psicofisiológica que acelera o processo natural de ascensão da consciência, e ensina a arte da vida equilibrada, estimulando o “viver com simplicidade e pensar com elevação".

Com a finalidade de expandir a prática da Kriya ao mundo, Yogananda fundou em 1920, a Self-Realization Fellowship (SRF) , uma instituição não sectária e sem fins lucrativos, composta por monásticos renunciantes, conforme a milenar tradição da Ordem dos Swamis de Shankara da India. Através da Self, ele foi pioneiro ao promover a prática da meditação por meio de um curso por correspondência, dividido em graus. Essa iniciativa lhe permitiu concretizar com êxito, as proféticas palavras de seus mestres, de que um dia a antiga ciência de Kriya percorreria o globo. A sua organização, que ainda é dirigida por discípulos diretos, hoje está presente em mais de 80 países, e os milhares de leitores da Autobiografia de um Iogue transformaram-se em milhões.

Sri Daya Mata , treinada diretamente por Yogananda desde 1931 e atual presidente da Self-Realization Fellowship, acompanhou de perto a confecção do livro. Enquanto datilografava os manuscritos, ela compreendeu o largo alcance de sua mensagem:

“Eu percebi que seria um livro imortal – um daqueles que, pela primeira vez, havia revelado verdades ocultas de forma tão clara e inspirada. Não havia paralelo em tão profundas explicações sobre milagres, reencarnação, karma, vida após a morte e outras maravilhosas verdades espirituais contidas em suas páginas”.

Curiosamente, este é o único livro que Steve Jobs, o fundador da Apple, tinha no seu iPad 2 e relia todos os anos..

E lembrem-se: quem lê um livro comunga com a alma dele e desta comunhão renova a sua própria!



Fonte:
http://resumos.netsaber.com.br/
http://www.autobiografiadeumiogue.com/

Nossos Deuses são Super Heróis por Cristhoper Nowles

O mundo das histórias em quadrinhos tem lugar cativo no meu coração. Através delas descobri as leituras, os desenhos e tudo o mais. Mesmo sendo acusado várias vezes de “infantil” continuo um apreciador, porque não há dialética que convença quem não quer ser convencido de todos os atributos da 9ª arte. Se Will Eisner, Alan Moore, Neil Gaiman e Frank Miller entre outros artistas geniais não convenceram, que posso eu fazer? E quem se importa?

O cinema já percebeu a força dos personagens criados nos quadrinhos e se apossou deles. Claro, afinal são mitos reverenciados por gerações com um apelo evidente. E é precisamente sobre esta leitura que trabalha o autor Cristhoper Nowles neste interessante livro “Nossos Deuses são Super – Heróis” no qual, identifica as raízes esotéricas de diversas histórias em quadrinhos.

Como está em sua própria descrição, este livro explica como os super-heróis vieram ocupar, na sociedade moderna, o papel que os deuses e semideuses representavam para os antigos. Ele traça uma linha entre escolas esotéricas e magos que desempenharam um papel vital no desenvolvimento de fenômenos sociais como os filmes do Batman ou dos X-Men, ou séries de TV como Heroes e Smallville. Aqui, Chris Knowles ergue o véu que encobre o vínculo entre super-heróis e o mundo encantado da magia e do misticismo.

Interessante notar como os antigos mitos foram revestidos na forma de super-heróis. Uma nova roupagem para a mesma essência e função: a necessidade humana de mitos. Joseph Campbell já havia apontado que todos os caminhos levam a Roma e Knowles mostra neste livro o caminho que se interliga com as histórias em quadrinhos.

Uma leitura fácil, porém, instigante que irá agradar a fãs e não fãs de HQs. Vale a leitura.

E lembrem-se: Quem lê um livro comunga com a alma deste, e desta comunhão renova a sua própria.

segunda-feira

Gnosticismo, esoterismo e magia - Richard Smoley

Recentemente li este livro. E apreciei muito. O assunto da Gnose cristã sempre foi de meu profundo interesse, mas, muitos destes livros podem ser decepcionantes. Não é caso da obra de Richard Smoley. O autor é graduado pela Oxford University, e conseguiu em seu livro através de uma ampla pesquisa sobre a literatura mística e esotérica, fazer um belo mosaico de muitas das linhagens e questões mais pertinentes da gnose cristã.

Eis alguns temas por ele abordados: O Evangelho Secreto/ A Nova Era/O Reino Angélico/Visões Pós-Vida/Escapando do Carma/Salvação e Gnose/A Origem do Mal/Magia, Ritual e Tarô/Quem era Cristo?/As Tentações de Cristo/Símbolos e Sacramentos/Igrejas e Grupos Contemporâneos, entre tantos outros.

A princípio temi que o livro tivesse um ponto de vista técnico demais realizado por um pesquisador frio. Porém, felizmente foi um ledo engano. Smoley permitiu-se adentrar na atmosfera esotérica e de maneira bastante profunda nos esclareceu sobre o cabedal de informações que construiu. Em diversos momentos, mais que um estudo catedrático, a leitura se torna esotérica, sem comprometimentos e sábia no equilíbrio.

Gnosticismo, Esoterismo e Magia presta-se perfeitamente como fonte de orientação e conhecimento a todos os cristãos ou a estudiosos e interessados pelo assunto. Um dos livros mais interessantes e recomendáveis..

E lembrem-se: Quem lê um livro comunga com a alma deste e desta comunhão renova a sua própria.

Origem e evolução do LATIM

O latim deriva de línguas arcaicas faladas no Lácio e em Roma, consolidando-se gramaticalmente a partir do século III a.C. Do local de sua origem (Lácio – região da Itália central = Latium, no idioma deles) provém o nome LATIM.

Teve seu período clássico entre os anos 81 a.C e 17 d.C., época dos principais escritores latinos: Cícero, César, Vergílio, Horário, Ovídio, Tito Lívio, dentre outros.

O apogeu do Império Romano e as guerras de conquistas levaram o latim popular, falado pelos soldados romanos, para outras regiões da Europa, onde interagindo com idiomas locais, deu origem às línguas neolatinas.

Como regra geral de todo idioma, tínhamos a língua gramaticalmente correta dos literatos e a língua popular, falada pelo povo de pouca instrução e sem preocupação com a correção gramatical. Foi esta última que se espalhou pela Europa e, no caldeirão dos dialetos regionais, comandou a formação das linguas neolatinas, inclusive o português.

O português foi o resultado da mistura do latim com o galego, principal lingua falada na região do Condado Portucalense, que hoje corresponde à região de Portugal. Foi uma das linguas derivadas que mais demorou a se formar, sendo provavelmente este o motivo de ser o português tão semelhante ao latim.

O latim literário continuou a ser adotado e utilizado durante muitos séculos pelos escritores cristãos, mesmo depois de não ser mais falado como linguagem corrente na sua região de origem. Por influência dos monges, o latim era utilizado também como idioma dos intelectuais, filósofos e cientistas, que escreviam suas obras em latim, pela facilidade de serem lidos em qualquer parte da Europa. Somente a partir do século XVII, a literatura filosófica e científica passou a ser produzida em lingua vernácula.

Atualmente, o latim é a língua oficial da Igreja Católica, utilizado na produção dos documentos oficiais do Vaticano, seja da Cúria Romana, seja das entidades agregadas. As Universidades Pontifícias de Roma, por exemplo, expedem seus Diplomas em latim ainda hoje. Os documentos oficiais da Igreja Católica, originalmente escritos em latim, são imediatamente traduzidos no próprio Vaticano e distribuídos pelos diversos países já no idioma vernáculo..

quinta-feira

Histórias Extraordinárias - Edgar Allan Poe



Tudo começou com uma revelação que me surpreendeu na época: Contaram-me que havia um personagem predecessor para o personagem Sherlock Holmes. Na verdade, Sherlock teria sido inspirado nele! Quis ler o livro, claro. E eis que li “Histórias Extraordinárias” de Edgar Allan Poe. E dentre outras a primeira era a história “Os Assassinatos da Rua Morgue”.


“Os Assassinatos da Rua Morgue” conta a história de dois brutais assassinatos de mulheres na Rua Morgue, em Paris, casos que parecem insolúveis até que o detetive Dupin assume o caso e, usando sua estupenda inteligência, desvenda esse grande mistério. E de fato, lá estava o personagem Auguste Dupin, morador de paris, com o título de Chevalier, ou seja, ele é um Cavaleiro na Légion d'honneur e conta inclusive com um parceiro, com um amigo próximo, um narrador anônimo de suas aventuras, tal e qual Sherlock e seu inseparável Dr. Watson.


Também vemos semelhanças no método de investigação. Ambos se valem de uma prodigiosa inteligência dedutiva para desvendar casos que a principio parecem misteriosos. No entanto, Dupin é uma inteligência a favor dos casos, e não um detetive realmente como é o caso de Sherlock. Suas motivações mudam ao longo das histórias. 


Ele investiga Os Assassinatos na Rua Morgue por diversão e para provar a inocência de um homem acusado injustamente, não aceitando recompensas. Em A Carta Roubada Dupin sai propositalmente em busca de recompensa. Um jogo de xadrez entre os dois, Holmes e Dupin, seria insuportavelmente longo. Aliás, talvez nem acontecesse já que Dupin defende ardorosamente o jogo de damas como superior ao xadrez. C. Auguste Dupin apareceu pela primeira vez na história “Os Assassinatos da Rua Morgue(1841)” e depois nas histórias “O Mistério de Marie Roget (1842)”,  “A Carta Roubada (1844)”. Dupin é de fato considerado o primeiro detetive da ficção, já que Dupin antes de todos os detetives da literatura, incluindo Sherlock Holmes. Claro que, sem favor nenhum, Holmes é o mais famoso de todos.


O livro que li, como coloquei era na verdade uma coletânea de contos de mestre Edgar Alan Poe, cujo título era “Histórias Extraordinárias” e que comprei entre livros usados de uma antiga coleção, mas aonde encontravam-se também outras obras referenciais como “O Corvo”,“O Gato Preto”,“Manuscrito Encontrado numa Garrafa”,“A Máscara da Morte Escarlate”,“O Poço e o Pêndulo”,“A Queda da Casa de Usher”


A obra de Mestre Poe é escassa em razão da sua morte precoce, ao 40 anos. É escassa, porém genial e merecer ser lida.


E lembrem-se: Quem lê um livro comunga com a alma deste, e desta comunhão renova sua própria.



quarta-feira

A revolução dos bichos – George Orwell


 

 

“Lembro-vos também de que na luta contra o Homem não devemos ser como ele. Mesmo quando o tenhais derrotado, evitai-lhe os vícios. Animal nenhum deve morar em casas, nem dormir em camas, nem usar roupas, nem beber álcool, nem fumar, nem tocar em dinheiro, nem comerciar. Todos os hábitos do Homem são maus. E, principalmente, jamais um animal deverá tiranizar outros animais. Fortes ou fracos, espertos ou simplórios, somos todos irmãos. Todos os animais são iguais.”
A revolução dos bichos - George Orwell


“Aquele que luta com monstros deve acautelar-se para não tornar-se também um monstro. Quando se olha muito tempo para um abismo, o abismo olha para você.”
Friedrich Nietzsche

"O poder corrompe. O poder absoluto corrompe absolutamente."
(John Emerich Edward Dalberg-Acton)

“A revolução dos bichos” é uma fábula, na verdade muito mais uma metáfora sobre a relação corruptora do poder.

Especificamente, Orwell está falando sobre a queda e corrupção da revolução socialista idealizada por Marx e Engels, realizada por Lênin e adulterada por Stalin. Mas, não se trata de uma história de dimensão restrita, já que a o desmoronamento de um ideal não é propriedade exclusiva do socialismo, mas quase uma regra geral de todos os sistemas sociais que pregam uma descentralização do poder.

Notoriamente, muitas filosofias religiosas foram adulteradas para conter ou mesmo destruir sua visão expansiva e solidária em relação ao gênero humano e toda a vida e entregar o poder nas mãos de poucos homens para que estes dominassem o sistema ao seu bel prazer. O sistema capitalista em sua gênese já se formou elitista e o sistema socialista se corrompeu também em poucos anos.

Antes deles, tiranias, monarquias, religiões e impérios também se formavam através de corruptas elites.

No entanto, em seus anos iniciais quase todos os sistemas são aureados com uma centelha de esperança sincera dos sonhadores. E o sistema socialista não foi diferente. Nos anos iniciais, muitos seguiram com fervor quase religioso o sonho de um sistema sem elites, sem governo, dominado pelos trabalhadores. Demorou até perceberem o surgimento de uma elite que os dominava e oprimia tanto quanto qualquer sistema anterior.

Orwell faz parte deste grupo de sonhadores que acordaram de um sonho e adentraram numa realidade aterrorizante. E o livro através desta fábula tenta demonstrar o passo a passo desta queda.

 

Tudo começa quando o dono da Granja do Solar, Sr. Jones, embriagado com o poder, tranca o galinheiro e vai para a cama cambaleando. Major, porco ancião e premiado, reúne todos os animais e conta seu sonho visionário de como será o mundo depois que o homem desaparecer. Declara em tom profético a necessidade dos bichos assumirem suas vidas, acabando com a tirania dos homens. Os animais são contagiados pelos versos revolucionários e entoam apaixonadamente a canção "Bichos da Inglaterra". Sr. Jones acorda alarmado com a possível presença de uma raposa e, com uma carga de chumbo disparada na escuridão, encerra a cantoria.

Major falece três noites após. A morte emoldura o mito e suas palavras ganham destaque nas falas dos animais mais inteligentes da granja. Os bichos mais conservadores insistem no dever de lealdade ou no medo do incerto: “Seu Jones nos alimenta. Se ele for embora, morreríamos de fome”. Os perfis dos animais são traçados: os porcos, as ovelhas, os cavalos, as vacas, as galinhas, o burro... Todos com traços marcantes de manipulação, alienação, rigidez, ignorância, dispersão, teimosia...A rebelião ocorre mais cedo do que esperavam. Com a expulsão do Sr. Jones da granja, surge o momento de reorganizar o funcionamento da propriedade. Os porcos assumem a liderança, dirigem e supervisionam o trabalho dos outros. Os demais dão continuidade à colheita. Alguns bichos se destacam pela obstinação, como o cavalo Sansão, cujo lema é “Trabalharei mais ainda.”

Os sete mandamentos declarados por Major são escritos na parede:

“Qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo.
O que ande sobre quatro pernas, ou tenha asas, é amigo.
Nenhum animal usará roupa.
Nenhum animal dormirá em cama.
Nenhum animal beberá álcool.
Nenhum animal matará outro animal.
Todos os animais são iguais.”

Bola-de-neve e Napoleão se destacam na elaboração das resoluções. Sempre com posições contrárias. Os demais animais aprenderam a votar, mas não conseguem formular propostas. A pluralidade de pensamentos dá margem aos debates e às escolhas.
Os sete mandamentos elaborados na revolução são condensados no lema “Quatro pernas bom, duas pernas ruim”. A síntese do “animalismo” é repetida pelas ovelhas no pasto por horas a fio. Sr. Jones tenta recuperar a propriedade, mas é vencido pelos bichos na “Batalha do Estábulo”. O porco Bola-de-neve e o cavalo Sansão são condecorados pela bravura demonstrada no conflito. Mimosa foge para uma propriedade vizinha seduzida pelos mimos oferecidos por um humano. Surge a idéia de construção de um moinho de vento... Os animais ficam divididos com a perspectiva do novo.


Bola-de-neve e Napoleão sobem ao palanque e montam suas campanhas políticas. A eloqüência de Bola-de-neve conquista os animais, mas a força dos cães de Napoleão expulsa Bola-de-neve da granja e “legitima” Napoleão no cargo de líder diante dos atemorizados bichos. Os bichos trabalham como escravos na construção do moinho de vento e gradativamente vão perdendo a memória de como era a vida na época do Sr. Jones. Animais trabalhadores, como Sansão, acordam mais cedo, trabalham nas horas de folga e assumem as máximas elaboradas pelos donos do poder: “trabalharei mais ainda” e “Napoleão tem sempre razão”.

Como a maioria dos animais não aprendeu a ler, os mandamentos vão sendo alterados na medida em que Napoleão e seus assessores vãos assumindo posições contrárias aos princípios que nortearam a revolução: os porcos começam a comerciar a produção da granja, passam a residir na casa do Sr. Jones, dormem em camas, usam roupas, bebem uísque, relacionam-se com homens... A maioria dos animais é facilmente convencida dos seus “equívocos de interpretação”. Os poucos que conseguem ler e interpretar as adulterações do poder se omitem...Alguns animais são executados sob a alegação de alta traição. Tudo o que ocorre de errado na granja é de “responsabilidade” de Bola-de-neve. Sua história é enterrada na lama de mentiras e manipulação imposta pelo novo regime. As reuniões de domingo são proibidas e a canção “Bichos da Inglaterra” é censurada. Os bichos trabalham mais e não são reconhecidos por seus esforços. Todas as condecorações são dadas ao líder.


Os animais passam privações. Suas rações são diminuídas em prol do bem comum. Os porcos são agraciados com os privilégios do poder. Uma segunda batalha com os humanos surpreende os animais enfraquecidos, mas, apesar das muitas perdas, eles vencem e permanecem sob a ditadura imposta por Napoleão. Infelizmente perderam os parâmetros para avaliação, perderam a memória da história antes do governo de Napoleão.Só restava um único mandamento e mesmo assim adulterado: “Todos os animais são iguais, mas alguns animais são mais iguais que outros”. Depois disto nada mais se estranhava. 


O autor George Orwell, escritor, jornalista e militante político, participou da Guerra Civil Espanhola na milícia marxista/trotskista e foi perseguido junto aos anarquistas e outros comunistas pelos stalinistas. Desencantado com o governo de Stalin, escreveu “A Revolução dos Bichos” em 1944. Nenhum editor aceitou publicar a sátira política, pois, na época, Stalin era aliado da Inglaterra e dos Estados Unidos. Só após o término da guerra, em 1945, é que o livro foi publicado e se tornou um sucesso editorial.

Este livro fabuloso deve ser lido, através dele é possível compreender profundamente os perigos do poder e como tantos sistemas ruíram mesmo tendo sido forjados nos mais poderosos sonhos de igualdade.

E lembrem-se: “Quem lê um livro comunga com a alma deste, e desta comunhão renova a sua própria.”

segunda-feira

O triângulo das Bermudas - Charles Berlitz

 

Um dos mais interessantes livros que li. “O TRIÂNGULO DAS BERMUDAS" de Charles Berlitz. Neste livro Berlitz traz fotos, relatos e informações sobre os estranhos acontecimentos , muitos registrados, desta região.

Triângulo das Bermudas, ou também Triângulo do Diabo. Trata-se de um triângulo imaginário, formado entre as ilhas Bermudas, Porto Rico e Melbourne (Flórida). Área de 3.900.000 km2.  Desde meados do séc. XIX que se tem conhecimento de fatos misteriosos, nesse local. Mais de 50 barcos e navios, além de 20 aviões, aí desapareceram. 


"Existe uma região no Atlântico ocidental, perto da costa sudeste dos Estados Unidos, que forma o que se convencionou chamar de triângulo, limitando-se ao norte pelas Bermudas, ao sul pela Flórida e a oeste por um ponto que, passando pelas Bahamas e Porto Rico até 40 graus de latitude oeste, volta-se novamente em direção às Bermudas. Essa área ocupa uma posição de destaque no registro mundial dos mistérios inexplicáveis. É uma área conhecida geralmente pelo nome de Triângulo das Bermudas, onde mais de cem aviões e navios desapareceram completamente, a maioria deles depois de 1945, e onde mais de mil vidas se perderam nos últimos 26 anos sem que um único corpo ou mesmo um simples vestígio dos destroços de aviões ou navios fossem encontrados. Os desaparecimentos continuam a ocorrer com uma freqüência aparentemente crescente, não obstante serem os marujos e pilotos hoje mais experimentados, as buscas mais acuradas e os dados mais cuidadosamente estudados." 


A região ganhou notabilidade mundial em decorrência do sumiço, no ar, de cinco aviões da marinha norte-americana, em 5 de dezembro de 1945. Era um vôo de treinamento, junto à costa da Flórida, em missão de reconhecimento, e cada um levava uma tripulação de dois homens.Um total, portanto, de dez pessoas. Haviam levantado vôo da Base Naval de Fort Lauderdale, naquele dia, às 2:00 h da tarde, e sobrevoavam a região quando, às 3,15 h, o líder da esquadrilha comunicou-se com a torre do aeroporto, dando conta de uma emergência.

    O livro de Berlitz transcreve o diálogo entre o piloto-líder e a torre. Abaixo, um trecho do mesmo:

    - Chamando a torre. Isto é uma emergência. Parece que estamos fora do rumo. Não consigo ver a terra... Repito... Não consigo ver a terra.

    - Qual é a sua posição? - perguntam da torre.

    - Não estamos certos de nossa posição. Não tenho a certeza de onde estamos... Parece que estamos perdidos.


    - Mude o rumo para oeste! - respondem da torre.

    - Não sabemos para que lado fica o oeste. Tudo está errado... Estranho... Não temos certeza de nenhuma direção... Até mesmo o oceano parece diferente, esquisito...

Por mais algum tempo dura o diálogo, cada vez mais difícil as condições eletromagnéticas de comunicação. Às 4,00 h da tarde, praticamente ficam incompreensíveis até que nada mais se ouve e cessam as comunicações.  

Um sexto avião saiu para socorrê-los, levando agora uma tripulação de 13 pessoas. E, inexplicavelmente, esse outro avião também some.  Assim, 23 pessoas estavam desaparecidas. Mas as buscas continuaram, vasculhou-se ar e mar, mas nada, nenhum vestígio, indício do que acontecera foi encontrado (restos de fuselagem, manchas de óleo, etc.), qualquer pista que indicasse o que acontecera. As condições de tempo eram ideais para vôo. Os aviões dispunham de combustível mais do que o suficiente.

 Registros de outros desaparecimentos de aeronaves, no local, desde então:

- 1947: uma superfortaleza C-54, do exército dos EE.UU.;

- 29/01/1948: um quadrimotor Tudor IV, depois da última mensagem a 550 quilômetros das Bermudas, perdeu-se com 31 pessoas a bordo;

- 28/12/48: um DC perdeu-se entre San Juan de Porto Rico e Miami, com 32 pessoas;

- 17/01/49: outro avião, vindo de Londres para Santiago do Chile, via Bermudas, perdeu-se a 550 km dessas ilhas;

- março/50: um Globemaster desapareceu na margem norte do Triângulo, em rota para a Irlanda;

- 02/02/52: outro avião, também ao norte do Triângulo, rumando para a Jamaica, perdeu-se, com 33 pessoas a bordo;

- 30/10/54: Super Constellation da marinha americana, ainda ao norte do Triângulo, sumiu, com 42 pessoas;

- 09/11/56: hidroavião, da patrulha americana, desapareceu próximo às Bermudas;

- 08/01/62: avião-tanque KB-50 da Força Aérea americana, decolou de Langley Field, na Virgínia, mas não chegou ao seu destino, Açores;

- 28/08/63: dois quadrimotores da Força Aérea americana desapareceram a 480 km a sudoeste das Bermudas;

- 05/06/65: um Flying Boxcar C-119 sumiu a sudeste da Língua do Oceano com 3 tripulantes, etc.

O autor Berlitz apresenta uma lista ainda mais extensa com  aviões e também NAVIOS, estes a partir de 1840, com o Rosalie, um grande veleiro francês, encontrado na rota de Havana para a Europa, dentro da área do Triângulo, com as velas içadas, a carga intacta, mas com todos os tripulantes desaparecidos! Em outros casos, o desaparecimento é completo, de navio, carga e tripulação, jamais sendo encontrado nenhum destroço. 


Mas, o desaparecimento apenas e total da tripulação é deveras intrigante. Nessas condições, é o caso do cargueiro cubano Rubicón, em 22/10/1944, encontrado à deriva pela Guarda Costeira, nas costas da Flórida, sem ninguém a bordo, exceto um cachorro...Em razão do que, nasceu a hipótese pelos amantes dos OVNIS de que o fenômeno das Bermudas teria a intervenção de extraterrestres. 


Na verdade, existem explicações variadas, inclusive há quem diga que a região é bombardeada por raios mortais, oriundos da antiga Atlântida. Segundo li, esta explicação foi dada pelo sensitivo americano Edgar Cayce (De quem, em breve, pretendo colocar um post detalhado).


Outros, porém, que não admitem suposições, digamos, fantasiosas, acreditam que tudo se deve às fortes correntes marinhas locais. A ausência de destroços e outras pistas se deveria à profundidade das águas, onde um dia, quem sabe, aí serão encontrados.

Alguns traçam o mistério até Colombo. Mesmo assim, os incidentes vão de 200 a não mais de 1000 nos ultimos 500 anos. Howard Rosenberg afirma que em 1973 a Guarda Costeira dos EUA respondeu a mais de 8.000 pedidos de ajuda na área e que mais de 50 navios e 20 aviões se perderam na zona, durante o ultimo século.

Li o livro de Berlitz, que achei muito interessante e não fantasioso. E merece ser lido..

E lembrem-se: “Quem lê um livro comunga com a alma deste e desta comunhão renova a sua própria!”

quarta-feira

Um escândalo na Boêmia e outras histórias - Sir Arthur Conan Doyle

Desde o primeiro contato em desenhos animados, ou com o filme "Enigma da Pirâmide", ainda criança eu fique impressionado com o personagem Sherlock Holmes e procurei seguir suas aventuras. O estilo, a inteligência, e a fleuma britânica me cativaram imediatamente. Um escândalo na Boêmia é nostálgico porque foi o primeiro livro que li e nele havia outras tantas histórias fascinantes.
Esta foi precisamente a edição que li.
Por que um envelope contendo cinco sementes de laranja inspira terror e provoca a morte dos destinatários? Qual o segredo por trás de uma estranha entidade que dá dinheiro a homens ruivos simplesmente pelo fato de seres ruivos? Que vilania pode explicar o desaparecimento, quase no altar, de um homem que até então se mostrara muito cortês e apaixonado pela noiva? E o que dizer da bela e inteligente Irene Adler, que desafia deliciosamente os talentos investigativos de Sherlock Holmes?
Cena de "O escândalo na Boêmia.
Este livro reúne seis célebres histórias com Holmes e seu amigo dr. Watson, que foram do genial Sir Arthur Conan Doyle.

O personagem em si é fascinante. Sherlock Holmes é um personagem de ficção da literatura britânica criado pelo médico e escritor Sir Arthur Conan Doyle. Holmes é um investigador do final do século XIX e início do século XX . O que tornou o personagem célebre foi sua habilidade peculiar de utilizar, na resolução dos seus mistérios, o método científico e a lógica dedutiva.

Segundo Conan Doyle, inventor do personagem, Sherlock Holmes viveu em Londres, num apartamento na 221B Baker Street, entre os anos 1881 e 1903, durante o último período da época Victoriana, onde passou muitos anos na companhia do seu amigo e colega, Dr. Watson. Durante algum tempo, muitos acreditaram que "alguém" que tivesse relação com o personagem de fato, vivesse lá e isso gerava muita visitação ao endereço, consequentemente este se tornou um museu dedicado a Sherlock Holmes.

Holmes demonstra, ao longo das suas histórias, extraordinária capacidade de dedução e senso de observação embasados por uma cultura geral extensa e variada (ele é capaz de identificar a marca de um tabaco somente pelo seu cheiro e pela cor de suas cinzas). Químico e físico, adora fumar cachimbo e usa frequentemente a cocaína para estimular as suas faculdades intelectuais ou matar o tédio entre um problema e outro (a cocaína só se tornará uma substância proibida em 1930), além de tocar esporadicamente violino. Quando envolvido com algum problema, pode passar noites sem dormir ou comer, o que inquieta o seu amigo Watson. Mestre na arte do disfarce, maneja com habilidade a espada e daria, segundo Watson, um bom pugilista.

Sherlock Holmes descreve-se como um "detetive consultor" (um dos exemplos é o ínicio do livro "O Signo dos Quatro"), o que significa que as pessoas vêm-lhe pedir conselhos sobre os seus problemas, ao invés de se dirigir a elas. Doyle conta-nos que Holmes é capaz de resolver os problemas a ele propostos sem sair do seu apartamento, apesar de este não ser o caso em diversas de suas mais interessantes histórias, que requerem a sua presença in situ. A sua especialidade é resolver enigmas singulares, que deixam a polícia desnorteada, usando a sua extrema faculdade de observação e dedução. Certamente, os leitores também ficam desnorteados. Uma das coisas que mais aprecio quando leio Sherlock é o desafio proposto pelo mistério que ele vai investigar. É muito interessante tentar desvendar o mistério junto com o personagem, ou então observar a brilhante dedução do seu raciocínio lógico. As histórias são todas muito bem escritas o que demonstra a habilidade invulgar do escritor. Afinal, é muito díficil escrever uma história de um personagem tão brilhante. Criar os mistérios, as pistas, demonstrar os meios de dedução...acreditem é um trabalho fantástico e sempre agradável de ler. Curiosamente uma de suas marcas registradas, a frase: "Elementar, meu caro Watson", foi criada no teatro, e não nos livros, e também outra particularidade como o cachimbo curvo do detetive foram criaçãoes não literárias mas que vieram somar na construção do mito. Tive momentos ótimos lendo "Um escândalo na Boêmia e outras histórias", pois na época se passava na televisão um programa sobre música clássica , creio que o nome era "Grandes Concertos", e eu me permitia ler um conto por semana, no tempo do programa, o que dava quase exatamente. E com o fim do livro encerrou-se o programa precisamente. Tão preciso e lógico quanto uma aventura de Sherlock Holmes. Eventualmente, estarei falando de outros livros de Sherlock, todos devem ser lidos, não percam a oportunidade.
E lembrem-se: Quem lê um livro comunga com a alma deste e desta comunhão renova a sua própria!

Olga - Fernando Morais

Entre as várias opções literárias os livros de biografias sempre estiveram entre os meus favoritos. Na verdade, entre os primeiros livros que li estavam as biografias da série “Grandes Líderes”, eu tinha por volta de nove anos e não perdi o gosto por este tipo de trabalho.

A história de Olga me chamou a atenção quando estudando sobre a II guerra mundial no ginásio havia um destaque no livro de história falando sobre a mulher entregue pelo governo brasileiro aos nazistas.

Conhecia naquele momento, mais uma história de interesse neste vasto e complexo tema que sempre me atraiu que é a II grande guerra mundial.

Portanto, quando tive afinal a oportunidade de ler a biografia de Olga escrita pelo jornalista Fernando Morais me entreguei a leitura imediatamente. Muito mais do que o drama que tinha conhecimento conheci uma história de vida repleta de desafio, aventura e coragem. Olga não era apenas a “mulher de Luís Carlos Prestes”, uma vítima da crueldade do governo Getúlio Vargas, mas sim, uma revolucionária treinada, respeitada e até temida em alguns círculos.

Este livro foi publicado em 1985 pela Editora Ômega e relançado em 1994 pela Companhia das Letras.

A obra fala sobre a vida de Olga Benário, jovem militante comunista alemã, de origem judaica, que após participar de uma ação paramilitar audaciosa, na qual libertou seu companheiro de militância e namorado Otto Braun da prisão de Moabit, Alemanha, resultando na fuga de ambos para a União Soviética, envolveu-se com o militar e político comunista brasileiro Luís Carlos Prestes.

Como agente de destaque emergente na Comitern foi enviada ao Brasil ao lado de Prestes, para promover a revolução comunista neste país, unindo-se ao recém constituído movimento Aliança Nacional Libertadora (ANL). Na viagem de ida ao Brasil, com falsas identidades, a fachada de casal obrigava Olga e Prestes a intimidades imprevistas e eles acabam se envolvendo emocionalmente.

Na chegada, Olga deslumbra-se com o Brasil e prossegue ao lado de Prestes na luta pelos ideais comunistas e contra o governo brasileiro do presidente Getúlio Vargas. Após uma tentativa fracassada de golpe político e mititar, posteriormente denominado Intentona Comunista, ambos acabam presos. Olga descobre que está grávida de Prestes na prisão, enquanto Prestes perde a patente de capitão e inicia um período de prisão política que durará nove anos.

Olga é deportada grávida pelo governo brasileiro do presidente Getúlio Vargas para a Alemanha, que se encontava então sob regime do nazismo. A criança fruto da união de Olga e Prestes, Anita Leocádia Prestes, nasceu em uma prisão na Alemanha, tendo sido posteriormente resgatada pela mãe de Prestes, Leocádia, após uma intensa campanha internacional. Olga morreu em uma câmara de gás do campo de concentração nazista de Bernburg, em fevereiro de 1942, sem saber que Anita estava desde então sã e salva com sua avó Leocádia.

Esta história real e emociante é contada com detalhes jornalísticos, mas com a forma de uma leitura agradável e instigante como um romance. No mesmo livro encontramos parte do trabalho de pesquisa em fotos e documentos.

Para os que, como eu, apreciam as biografias que permitem conhecer melhor os detalhes que formam a trajetória dos grandes homens e mulheres da história mundial, este livro é mais do que recomendado..

E lembrem-se: Quem lê um livro comunga com a alma deste e desta comunhão renova a sua própria!