Panacéia dos Amigos

terça-feira

THEREMIM



Relacionado ao cenário cult do universo audiovisual e aos artistas excêntricos, o theremin, instrumento musical eletrônico considerado um "som alienígena", foi uma revolucionária ferramenta que despertou a atenção de entusiastas na primeira metade do século XX, aliando estranheza a uma tecnologia que, até então, não havia sequer sido idealizada pela mente dos gênios mais criativos da época.

O teremim ou theremin é um dos primeiros instrumentos musicais completamente eletrônicos, controlado sem qualquer contato físico pelo músico. Seu nome vem da versão ocidental do nome do seu inventor, o russo Léon Theremin, que patenteou seu dispositivo em 1928. O instrumento é controlado através de duas antenas de metal, que percebem a posição das mãos do músico e controlam osciladores de frequência com uma das mãos, e com a outra a amplitude (volume), de forma que não seja preciso tocar no instrumento. Os sinais elétricos do teremim são amplificados e enviados para um altifalante.

O teremim original foi produto de pesquisas em torno de sensores de proximidade, financiadas pelo governo russo. O instrumento foi inventado por um jovem físico russo chamado Lev Sergeevich Termen (conhecido no ocidente como Léon Theremin), em outubro de 1920, depois do início da Guerra Civil Russa. Depois de um longo tour pela Europa, no qual ele demonstrou sua invenção, Theremin conseguiu ir para os Estados Unidos, onde patenteou sua invenção em 1928 (US1661058). Em seguida, Theremin cedeu os direitos de produção à RCA.

Apesar do Thereminvox da RCA (lançado logo após a Grande Quebra de 1929) não ter sido um sucesso comercial, ele fascinou audiências dentro e fora da América. Clara Rockmore, uma famosa tereminista, fez um tour para divulgá-lo, executando um repertório clássico em concertos ao redor dos Estados Unidos. Em 1938, Theremin deixou os EUA, apesar das circunstâncias relativas à sua partida serem bastante discutidas. Várias pessoas afirmam que ele foi levado do seu apartamento em Nova Iorque por agentes da KGB, levado de volta para a União Soviética para trabalhar em um laboratório russo em Magadan, na Sibéria. Ele reapareceu 30 anos depois.

Após a excitação dos interesses na América que sucederam o fim da Segunda Guerra Mundial, o teremim logo caiu em desuso entre os músicos mais sérios, principalmente porque foram inventados novos instrumentos eletrônicos, mais fáceis de tocar. Entretanto, um nicho de interesse no teremim persistiu, na sua maioria entre os entusiastas por eletrônica e os hobbistas. Um desses entusiastas, Robert Moog, começou a construir teremins nos anos 50, enquanto estava no colegial. Em seguida, Moog publicou vários artigos sobre a construção dos teremins, e vendeu kits para a construção do instrumento.

Desde o lançamento do filme Theremin: An Electronic Odissey em 1994, o interesse pelo instrumento cresceu novamente, e tornou-se mais usado pelos músicos contemporâneos. Mesmo que os vários sons produzidos pelo teremim possam ser reproduzidos pelos diversos sintetizadores modernos, alguns músicos continuam apreciando a expressividade, novidade e unicidade que é o uso de um teremim de verdade. O próprio filme foi bem avaliado.

O teremim é raro entre os instrumentos musicais tocados sem contato físico. O músico se posiciona de frente ao instrumento e move suas mãos perto das antenas de metal. A distância entre uma das antenas determina a frequência (pitch), e entre a outra controla a amplitude (volume). Na maioria das vezes, a mão direita controla a frequência e a esquerda controla o volume, embora esta disposição seja invertida por alguns artistas. Alguns teremins de baixo custo utilizam um controle de volume simples, operado com um potenciômetro, e possuem apenas a antena de frequência. Diferente das antenas mais conhecidas, estas não são usadas para receber ou transmitir sinais de rádio, mas agem como as placas de um capacitor.

O teremim usa o princípio do heteródino para gerar um sinal de áudio. O circuito responsável pela frequência inclui dois osciladores de rádio. Um deles opera em uma frequência fixa, enquanto a frequência do outro é controlada pela distância da mão do músico em relação à antena de frequência. A mão funciona como uma placa aterrada (sendo o corpo do músico a conexão com a terra) de um capacitor variável em um circuito LC (indutor-capacitor), que é parte do oscilador e determina sua frequência. A diferença entre as frequências dos dois osciladores a cada momento permite a criação de diferentes tons na faixa de frequências audíveis, resultando em sinais de áudio que são amplificados e enviados para um alto-falante.


                                     Pato Fu usando o instrumento na canção "EU"

Para controlar o volume, a outra mão do músico age como a placa aterrada de outro capacitor variável. Nesse caso, o capacitor interfere em outro oscilador, que muda a atenuação no circuito amplificador. A distância entre a mão e a antena de controle do volume determina a capacitância, que por sua vez controla o volume do teremim. Projetos mais modernos simplificam este circuito e evitam a complexidade de dois osciladores heteródinos, usando um único oscilador de pitch, similar ao de controle de volume. Esta abordagem geralmente é menos estável e não consegue gerar frequências mais baixas como um oscilador heteródino.. Projetos melhores usam dois pares destes osciladores, para ambos volume e frequência.


sexta-feira

OS GATOS E SUAS HABILIDADES ESPECIAIS


O cérebro do gato, de todos os animais é o que tem a mesma perspectiva humana. Ele vê as mesmas cores que nós, ele sente as mesmas emoções que nós. Ele se sente humano!

O gato ao contrário do cachorro, se você bater nele, ele vai virar as costas, porque ele fica magoado igualzinho a você. Dentro de nós, temos cristal de quartzo, gato tem muito mais cristal de quartzo.

O gato te vê, simplesmente, do avesso! Não adianta tentar fazer cara bonitinha pro gato nem passar a mão nele, se você tem nervosismo, se você não gosta do gato, ou ele vai te atacar ou vai te ignorar completamente.

Pode ser que o gato não queira ficar perto de você, porque está passando por uma fase de grau muito baixo, você ta vibrando uma energia muito baixa, então o gato foge!

O gato adora psicótico, bêbado, crianças, doentes mentais e todos aqueles que, de algum jeito, fugiram aos padrões da realidade. Pessoas que se identificam só com cachorro, são pessoas de muita autoridade.

Pra se gostar de gato, tem que ter uma flexibilidade muito grande e entender que ninguém é de ninguém, entender ainda que o amor é a única coisa que segura o gato perto de você.

O gato morre de depressão quando o dono vai embora. O gato preto com algumas manchinhas brancas ele tem mais sensações instintivas de homem.

O gato é tremendamente intuitivo, ele ultrapassou até a intuição do humano.

O gato olha pra você, e ele vê com a maior naturalidade, energias, entidades, tudo que você sente, tudo o que você gosta, como você é. O cachorro é mais racional.

O gato precisa ser ensinado; ele olha pra você, lê seu pensamento, e repete, porque ele entendeu. Se um gato deita em cima de você, repetidas vezes, num mesmo local do seu corpo, pode fazer um exame, que ali ta faltando energia, ou já está doente.

A FÁBULA DO IMBECIL

 



        Você conhece a "fábula do imbecil"?

     “Dizem que, numa pequena cidade, um grupo de pessoas se divertia com o "imbecil" local, um pobre coitado, de "pouca inteligência", que vivia fazendo pequenas tarefas e pedindo esmolas.

     Todos os dias, alguns homens chamavam o "estúpido" para o bar onde se encontravam e ofereciam-lhe para escolher entre duas moedas: uma grande, de menor valor, e a outra menor, valendo cinco vezes mais.

     Ele levava sempre a maior e a menos valiosa, o que era uma risada para todos.

     Um dia, alguém a assistir à diversão do grupo com o homem "inocente", chamou-o de lado e perguntou-lhe se ele ainda não tinha percebido que a moeda maior valia menos e ele respondeu:

     "Eu sei, eu não sou tão estúpido. Ela vale cinco vezes menos, mas no dia em que eu escolher a outra, o jogo termina e eu não vou mais ganhar moeda alguma."

      Essa história podia terminar aqui, como uma piada simples, mas várias conclusões podemos tirar desta fábula:

   A primeira: quem parece um idiota, nem sempre o é.

   A segunda: quem foram os verdadeiros idiotas da história?

   A terceira: ambição excessiva pode acabar com a fonte de rendimento.

  

Mas a conclusão mais interessante é:


     1° - Podemos ficar bem, mesmo quando os outros não têm uma boa opinião sobre nós mesmos;

     2° - O que importa não é o que os outros pensam de nós, mas o que cada um pensa de si mesmo;

   3° - O verdadeiro homem inteligente é aquele que parece ser um idiota na frente de um idiota que parece ser inteligente!


Autoria desconhecida    

quarta-feira

SOLUÇÃO DOS PROBLEMAS FILOSÓFICOS

 


Pergunta - O que é a verdade?

Resposta - É a ideia idêntica ao ser.

P - O que é a realidade?

R - É a ciência idêntica ao ser.

P - O que é a razão?

R - É o verbo idêntico ao ser.

P - O que é a justiça?

R - É o motivo dos atos idênticos ao ser.

P - O que é o absoluto?

R - É o ser.

P - Concebe-se algo acima do ser?

R - Não, mas concebe-se no próprio ser algo de supereminente e de transcendental.

P - O que é?

R - A razão suprema do ser.

P - Conheceis e podeis defini-la?

R - Somente a fé afirma-a e nomeia-a Deus.

P - Existe algo acima da verdade?

R - Acima da verdade conhecida existe a verdade desconhecida.

P - Como se pode racionalmente supor essa verdade?

R - Pela analogia e pela proporção.

P - Como se pode defini-la?

R - Pelos símbolos da fé.

P - Pode-se dizer da realidade a mesma coisa que da verdade?

R - Exatamente a mesma coisa.

P - Existe algo acima da razão?

R - Acima da razão finita existe a razão infinita.

P - O que é a razão infinita?

R - É esta razão suprema do ser a que a fé chama de Deus.

P - Existe algo acima da justiça?

R - Sim, de acordo com a fé, existe a providência em Deus e, no homem, o sacrifício.

P - O que é o sacrifício?

R - É o abandono benévolo e espontâneo do direito.

P - O sacrifício é racional?

R - Não, é uma espécie de loucura maior que a razão, pois a razão é forçada a admirá-lo.

P - Como chamar um homem que age de acordo com a verdade, a realidade, a razão e a justiça?

R - É um homem moral.

P - E se pela justiça ele sacrifica seus atrativos?

R - É um homem de honra.

P - E se, para imitar a grandeza e a bondade da Providência, ele faz mais do que seu dever e sacrifica seu direito pelo bem dos outros?

R - É um herói.

P - Qual é o princípio verdadeiro do heroísmo?

R - É a fé.

P - Qual é o seu sustento?

R - A esperança.

P - E sua regra?

R - A caridade.

P - O que é o bem?

R - É a ordem.

P - O que é o mal?

R - É a desordem.

P - Que prazer é permitido?

R - O gozo da ordem.

P - Que prazer é proibido?

R - O gozo da desordem.

P - Quais são as consequências de um e de outro?

R - A vida e a morte na ordem moral.

P - O inferno, com todos os seus horrores, tem, pois, razão de ser no dogma religioso?

R - Sim, é a consequência rigorosa de um princípio.

P - E que princípio é esse?

R - A liberdade.

P - O que é a liberdade?

R - É o direito de fazer o dever com a possibilidade de não o fazer.

P - O que é faltar com o dever?

R - É perder o direito. Ora, sendo o direito eterno, perdê-lo significa perda eterna.

P - Não se pode reparar uma falta?

R - Sim, pela expiação.

P - O que é a expiação?

R - É uma sobrecarga de trabalho. Assim, porque fui preguiçoso ontem, devo realizar, hoje, uma dupla tarefa.

P - Que pensar dos que se impõem sofrimentos voluntários?

R - Se é para remediar a atração brutal do prazer, são sábios; se é para sofrer no lugar dos outros, são generosos; mas, se o fazem sem conselho e sem medida, são imprudentes.

P - Assim, diante da verdadeira filosofia, a religião é sábia em tudo a que ordena?

R - Vós o vedes.

P - Mas se enfim estivermos errados em nossas esperanças eternas?

R - A fé não admite essa dúvida. Mas a própria filosofia deve responder que todos os prazeres da terra não valem um dia de sabedoria, e que todos os triunfos da ambição não valem um só instante de heroísmo e de caridade.

 

Fonte: “Eliphas Levi; A Chave dos Grandes Mistérios”.


segunda-feira

A VIDA DOS MÍSTICOS




 Uma das mais ricas fontes de ensinamentos ocultos da tradição cristã é a vida dos místicos. Essa fonte e a dos grupos esotéricos constituem prova viva e sempre renovada da tese da revelação permanente. A Igreja Católica Romana prega que a Bíblia foi escrita sob a inspiração do Espírito Santo (por isso seria isenta de erros). Mas a Igreja sempre foi enfática em limitar a extensão dessa inspiração, negando-a para todos os outros documentos que não estivessem incluídos na lista daqueles considerados canônicos. Se, teoricamente, a Igreja considera que a inspiração teria ocorrido quando os evangelistas supostamente escreveram a Bíblia, na prática ela deixa implícito que deveria haver algum tipo de inspiração, senão permanente pelo menos esporádica, para explicar como os textos bíblicos foram modificados oficialmente tantas vezes ao longo dos séculos, em concílios, sem perder a veracidade inicial. 

 Interpretações teológicas à parte, o fato é que a inspiração divina sempre existiu e continuará a ocorrer cada vez mais no futuro, à medida que maiores contingentes de discípulos ingressem no Caminho da Perfeição. Os místicos são, por definição, indivíduos que alcançaram certo grau de abertura espiritual caracterizada por níveis crescentes de contato interior. [1] Essas visões e contatos interiores com o Eu Superior nada mais são do que aquilo que os Padres da Igreja Primitiva chamavam de inspiração do Espírito Santo? Esse tipo de contato, que possibilita a apreensão direta da verdade, é responsável pela firmeza inquebrantável da fé típica dos místicos. [2] Vivendo num mundo interior de visão espiritual, o místico passa por um processo de transformação acelerada. As experiências interiores reforçam sua determinação de prosseguir com a transformação exterior, necessária para o aprofundamento de sua vida interior até alcançar o objetivo de todos os místicos, a vida unitiva, o Supremo Bem da consciência de união com Deus.

 Uma consequência natural dos contatos interiores do místico é que ele passa a confiar cada vez menos nas autoridades constituídas, mesmo em se tratando da hierarquia eclesiástica. Para evitar conflito com seus superiores religiosos, alguns místicos procuram experiências de caráter muito reservado. [3] Outros orientam sua consciência de forma a que sua experiência interior seja pautada por seus conceitos religiosos, como Mechthilde de Magdeburg.[4] O místico, assim, torna-se, de certa forma, extremamente individualista, ainda que humilde. Um estudioso da vida dos místicos, que pode falar com conhecimento de causa em virtude de suas próprias experiências interiores, diz:

 Devemos distinguir o místico do homem piedoso. Ambos podem ser religiosos e, igualmente, devotados a um credo ou ritual; mas o último se baseia na autoridade da igreja ou do ritual de uma forma que o temperamento do místico não aceita. O místico é sempre um espinho na carne de uma igreja estabelecida, porque será guiado pela autoridade até onde lhe convier. [5]

 As igrejas cristãs, católicas e protestantes, sempre tiveram relações tensas com seus místicos. O católico que admira profundamente a vida de santidade de místicos como Francisco de Assis, Teresa de Ávila e João da Cruz, conhecendo os encômios prestados pela Igreja a estes Santos, geralmente não imagina que possam ter sido perseguidos pela mesma Igreja que agora lhes presta louvor. Francisco de Assis teve que se explicar ao Vaticano em virtude do rigoroso voto de pobreza que estabeleceu para sua ordem, pois com isso causou considerável constrangimento à hierarquia clerical da época, vivendo em grande fausto e opulência, em meio à pobreza do povo.

 Teresa de Ávila foi examinada pela Inquisição, aquela terrível instituição que tanto sofrimento trouxe à humanidade em nome do Deus de compaixão. Felizmente, a ajuda divina transformou aquela tentativa de cerceamento da Inquisição numa grande dádiva para o mundo, pois Teresa foi instruída por seu confessor, a mando da Inquisição, a escrever suas experiências espirituais, que tanta suspeita causava a seus superiores. Apesar das condições inusitadas em que foi forçada a escrever (devia entregar seus escritos cada dia a seu confessor e, ao recomeçar no dia seguinte, ou quando viável, não tinha permissão para consultar o que tinha escrito anteriormente),[6] a inspiração divina, que guia todos os que realmente vivem para Deus, permitiu que suas obras literárias servissem de fundamento e orientação para místicos e buscadores espirituais desde então. João da Cruz, por sua vez, foi perseguido e jogado na prisão por seus superiores eclesiásticos onde, na solidão, passou por experiências místicas que lhe deram inspiração para suas obras mais profundas e reveladoras.

 Apesar de todos esses percalços, o cristianismo institucional sempre reconheceu e aceitou a realidade da experiência mística, contanto que fosse circunscrita aos ditames da ortodoxia. Como a guardiã autonomeada da salvação humana, a teologia reservou para si o poder de decisão final em todos os assuntos religiosos. Ela condenava incondicionalmente aqueles cuja busca por esclarecimento interior os afastava das restrições impostas pela ortodoxia. Essas restrições aos instintos naturais do coração e da mente dividiam a congregação e resultaram em cisões. O místico não podia aceitar o conceito de que uma instituição mortal pudesse ser legitimamente capacitada a ditar as regras da salvação humana. A associação íntima entre Deus e o homem está além da alçada do clero. [7]

 O caminho místico, como descrito pela tradição monástica ocidental, desde os primeiros séculos com os anacoretas e cenobitas, passando pela Idade Média e Renascença, inclui uma imensa variedade de experiências. Evelyn Underhill, em seu monumental tratado sobre misticismo, alerta que:

 Não se descobriu nenhum místico em quem todas as características observadas de consciência transcendental estivessem resumidas e que, por isto, possa ser tratado como caso típico. Em alguns casos, estados mentais que são distintos e mutuamente exclusivos ocorrem simultaneamente. Em outros, estágios que foram considerados como essenciais são inteiramente omitidos, em outros, ainda, sua ordem parece ser invertida. Parece inicialmente que nos confrontamos com um grupo de seres que chegam ao mesmo fim sem obedecer a nenhuma lei geral?[8]

 Em que pese essa enormidade de experiências distintas, alguns estudiosos dividem a vida dos místicos em três etapas:

 · Via negativa, ou purgativa. Primeira etapa, em que o postulante deve proceder a uma mudança radical de vida, com o assíduo combate aos vícios, paixões e apegos. Constitui um processo de despojamento das coisas do mundo, também conhecido por kenosis (palavra grega que significa esvaziamento), para abrir espaço em seu coração para preenchimento com as coisas espirituais.

 · Via positiva, ou iluminativa. A etapa intermediária de cunho mais positivo, em que o místico procura cultivar as virtudes que, promovendo a sintonia com a perfeição divina, levam às expansões de consciência conhecidas como iluminação. 

 ·Via unitiva, ou perfeita. O coroamento de todo o esforço do místico, marcado pela contemplação que leva o praticante à suprema manifestação terrestre da realidade divina. Nessa etapa, o místico passa por experiências que interpreta como ver a Deus, chegando, mais tarde, a unir-se a Ele. Pode-se perceber na via unitiva três níveis de realização espiritual: a união rara, a intermitente e a estável ou plena. [9]

 Essa classificação em etapas será útil para a compreensão da metodologia de transformação apresentada na última parte deste livro. Teresa de Ávila, no entanto, sugere que a experiência mística passa por sete estágios. [10] Sua classificação é extremamente útil para o entendimento dos tipos de oração ou meditação. Esses sete estágios, ou moradas, como ela prefere chamar, têm um paralelo com o processo de individuação, como apresentado por Jung. Os três primeiros representam a primeira fase do processo de individuação, caracterizado pela expansão da personalidade e sua adaptação ao mundo exterior. As três últimas moradas representam a segunda fase do processo de individuação, caracterizado pelo retraimento necessário para a adaptação à vida interior. O quarto estágio é uma etapa de transição em que o indivíduo começa a redirecionar a ênfase de sua vida do exterior para o interior. [11]

 O misticismo, portanto, não é um credo, mas uma qualidade de percepção espiritual. Por isso, a experiência dos místicos é de suma importância para o estudo do lado interno da tradição cristã, pois eles demonstram em sua vida que o instrumental que nos foi legado por Jesus para que se possa alcançar a meta final de união com Deus ainda está disponível e vem sendo usado com sucesso por inúmeros peregrinos ao longo dos séculos.

 NOTAS:

[1] O contato interior ocorre quando a consciência usual do indivíduo é influenciada por sua parte divina, seu Eu Superior. Esse contato ocorre em diferentes níveis, podendo ir desde um impulso inconsciente para pensar sobre algum conceito ou ideia, até a instrução consciente por vozes nem sempre identificada, como é o caso dos místicos.

[2] Otto, Rudolf, Mysticism East and West. A Comparative Analysis of the Nature of Mysticism (The Macmillan Co., 1932), pg. 29-37.

[3] Dan Merkur, Gnosis. An Esoteric Tradition of Mystical Visions and Unions (State University of New York Press, 1993), pg. 11.

[4] Mechthild of Magdeburg, The Revelations of Mechthild of Magdeburg (1219-1297) (Londres: Longmans, Green, 1953), pg. 9.

[5] C. Jinarajadasa, The Nature of Mysticism (Adyar, India: Theosophical Publishing House, 1934), pg. 4

[6] Teresa de Ávila, Castelo Interior ou Moradas (S.P.: Paulus, 1981), pg. 11, 80.

  

Fonte: OS ENSINAMENTOS DE JESUS E A TRADIÇÃO ESOTÉRICA CRISTÃ de Raul Branco


terça-feira

UNIVERSO 25

 



    𝑨 𝒆𝒙𝒑𝒆𝒓𝒊ê𝒏𝒄𝒊𝒂 "𝑼𝒏𝒊𝒗𝒆𝒓𝒔𝒐 25" é 𝒖𝒎𝒂 𝒅𝒂𝒔  𝒎𝒂𝒊𝒔 𝒕𝒆𝒓𝒓í𝒗𝒆𝒊𝒔 𝒅𝒂 𝒉𝒊𝒔𝒕ó𝒓𝒊𝒂 𝒅𝒂 𝑪𝒊ê𝒏𝒄𝒊𝒂, 𝒒𝒖𝒆, 𝒑𝒐𝒓 𝒎𝒆𝒊𝒐 𝒅𝒐 𝒄𝒐𝒎𝒑𝒐𝒓𝒕𝒂𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 𝒅𝒆 𝒖𝒎𝒂 𝒄𝒐𝒍ô𝒏𝒊𝒂 𝒅𝒆 𝒓𝒂𝒕𝒐𝒔, é 𝒖𝒎𝒂 𝒕𝒆𝒏𝒕𝒂𝒕𝒊𝒗𝒂 𝒅𝒐𝒔 𝒄𝒊𝒆𝒏𝒕𝒊𝒔𝒕𝒂𝒔 𝒅𝒆 𝒆𝒙𝒑𝒍𝒊𝒄𝒂𝒓 𝒂𝒔 𝒔𝒐𝒄𝒊𝒆𝒅𝒂𝒅𝒆𝒔 𝒉𝒖𝒎𝒂𝒏𝒂𝒔.

     A ideia do "Universo 25" surgiu do cientista americano John Calhoun, que criou um "mundo ideal" no qual centenas de ratos viveriam e se reproduziriam. Mais especificamente, Calhoun construiu o chamado "Paraíso dos Ratos", um espaço especialmente projetado onde os roedores tinham Abundância de comida e água, bem como um amplo espaço para viver. No início, ele colocou quatro pares de camundongos que em pouco tempo começaram a se reproduzir, resultando em um rápido crescimento populacional. 

    Porém, após 315 dias sua reprodução começou a diminuir significativamente. Quando o número de roedores chegou a 600, formou-se uma hierarquia entre eles e surgiram os chamados "miseráveis". Os roedores maiores começaram a atacar o grupo, com o resultado que muitos machos começaram a "entrar em colapso" psicologicamente. 

    Como resultado, as fêmeas não se protegeram e, por sua vez, tornaram-se agressivas com seus filhotes. Com o passar do tempo, as fêmeas mostraram comportamentos cada vez mais agressivos, elementos de isolamento e falta de humor reprodutivo. Houve uma baixa taxa de natalidade e, ao mesmo tempo, um aumento da mortalidade em roedores mais jovens. Em seguida, surgiu uma nova classe de roedores machos, os chamados "ratos bonitos". Eles se recusaram a acasalar com as fêmeas ou a "lutar" por seu espaço. Tudo o que importava era comer e dormir.

    A certa altura, "belos machos" e "fêmeas isoladas" constituíam a maioria da população. Com o passar do tempo, a mortalidade juvenil atingiu 100% e a reprodução atingiu zero. Entre os camundongos ameaçados, a homossexualidade foi observada e, ao mesmo tempo, o canibalismo aumentou, apesar de haver fartura de comida. 

    Dois anos após o início do experimento, nasceu o último bebê da colônia. Em 1973, ele havia matado o último rato do Universo 25. John Calhoun repetiu o mesmo experimento mais 25 vezes, e a cada vez o resultado era o mesmo.

    O trabalho científico de Calhoun tem sido usado como um modelo para interpretar o colapso social, e sua pesquisa serve como um ponto focal para o estudo da sociologia urbana.

sexta-feira

O ARQUEÔMETRO

 


O Arqueômetro, em grego, significa "a medida do Arqueo" (antigo) de que falam os hermetistas, mas Saint-Yves prefere explicar o termo como provindo do sânscrito Arka-Matra: Arka é o Sol, emblema central do selo divino, sendo Ar a roda radiante da Palavra Divina e Ka, a matéria primordial, enquanto que Matra é a "medida Mãe por excelência, a do Princípio". Significa ainda o sinal métrico do Dom Divino, da Substância em todos os graus proporcionais de suas equivalências. 

O saber universal do Arqueômetro, que se constitui no fundamento de todas as religiões e ciências, une o Espírito, a Alma e o Corpo da Verdade, demonstrando na observação pela experiência, a Unidade de sua Universalidade e em seu triplo estado social: ordens econômica, jurídica e universitária.

O Arqueômetro, como instrumento, é um círculo de 360° dividido em zonas concêntricas e em triângulos móveis de 12 seções de 30° cada, onde as letras hebraicas, árabes, sânscritas, assim como uma misteriosa "língua primordial", o vattan, juntamente com os signos zodiacais e planetários, cores e notas musicais, formam um número indefinido de combinações harmônicas. Esse instrumento de correspondência universal serve a todos os campos de conhecimentos humanos e é a chave de toda a Tradição Iniciática.

Permite, por exemplo, aos arquitetos elaborarem formas a partir de um nome, uma cor, uma ideia; ao poeta estabelecer relações entre as letras e as cores, exprimindo o ideal perfeito da humanidade. Esclarece Saint-Yves: As relações das letras e das cores, entrevistas intuitivamente por Rimbaud e os seus imitadores, são determinadas cientificamente pelo Arqueômetro.

Enfatiza também o seu criador, que o Arqueômetro reintegra todas as medidas às unidades métricas atuais: o metro e o círculo, ou seja, 103 mm e 360°.

Em resumo, o Arqueômetro pode assim ser visto: a) um duplo círculo de 360° girando em sentido inverso de maneira que: 3 representa o Verbo; 6, o Espírito Santo e 360, o Universo definido; b) um Zodíaco (12 portas) das Letras Modais, divididas na medida de 30°. Cada porta contém sua letra morfológica e o número tradicional desta letra em uma moldura de cor arqueométrica correspondente; c) uma área móvel chamada Planetário das Letras, constituído por XII Ângulos; IV Triângulos Equiláteros, XII Letras, XII Números, XII Cores e XII Notas. O Triângulo formado pelas letras IshO é o Triângulo do Verbo (IphO); d) uma faixa zodiacal fixa (rosa) com 12 signos derivados das XII letras zodiacais; e) uma coroa azulada planetária astral mobilizada com seus VII signos diatônicos astrais (cinco repelidos).

Note-se que a Astrologia arqueométrica tem as suas próprias características e apresenta diferenças nos domicílios astrológicos. Da mesma forma, os valores das letras do Alfabeto Hebraico não coincidem com os das letras Construtivas Evolutivas e Involutivas do Arqueômetro, pois Saint-Yves utilizou-se de um conhecimento mais arcaico que é a tradição judaica; f) uma pequena área formada por XII ângulos de IV Triângulos Equiláteros que se cruzam sob o Triângulo Gerador Metrológico; g) um círculo central (Centro Solar) que contém um Pentagrama Musical; uma nota (Mi) no centro comum; uma Letra Adâmica Ressurgente em forma de semi-círculo; V Linhas; XII Raios Brancos que formam VI Diâmetros Brancos que passam pelo Centro a 30° um do outro sobre o círculo (30° x 12 = 360°).

A pretensão do autor do Arqueômetro é, pois, inscrever a medida do Verbo num instrumento material que, de acordo com Papus, é precisamente aquele de que se utilizaram os antigos para a constituição de todos os mitos esotéricos das religiões. E o cânone da arte antiga em suas diversas manifestações arquitetônicas, musicais, poéticas e teogônicas.

 

Fonte: O ARQUEÔMETRO de Saint- Ives D´Alveydre