Panacéia dos Amigos

quarta-feira

SOLUÇÃO DOS PROBLEMAS FILOSÓFICOS

 


Pergunta - O que é a verdade?

Resposta - É a ideia idêntica ao ser.

P - O que é a realidade?

R - É a ciência idêntica ao ser.

P - O que é a razão?

R - É o verbo idêntico ao ser.

P - O que é a justiça?

R - É o motivo dos atos idênticos ao ser.

P - O que é o absoluto?

R - É o ser.

P - Concebe-se algo acima do ser?

R - Não, mas concebe-se no próprio ser algo de supereminente e de transcendental.

P - O que é?

R - A razão suprema do ser.

P - Conheceis e podeis defini-la?

R - Somente a fé afirma-a e nomeia-a Deus.

P - Existe algo acima da verdade?

R - Acima da verdade conhecida existe a verdade desconhecida.

P - Como se pode racionalmente supor essa verdade?

R - Pela analogia e pela proporção.

P - Como se pode defini-la?

R - Pelos símbolos da fé.

P - Pode-se dizer da realidade a mesma coisa que da verdade?

R - Exatamente a mesma coisa.

P - Existe algo acima da razão?

R - Acima da razão finita existe a razão infinita.

P - O que é a razão infinita?

R - É esta razão suprema do ser a que a fé chama de Deus.

P - Existe algo acima da justiça?

R - Sim, de acordo com a fé, existe a providência em Deus e, no homem, o sacrifício.

P - O que é o sacrifício?

R - É o abandono benévolo e espontâneo do direito.

P - O sacrifício é racional?

R - Não, é uma espécie de loucura maior que a razão, pois a razão é forçada a admirá-lo.

P - Como chamar um homem que age de acordo com a verdade, a realidade, a razão e a justiça?

R - É um homem moral.

P - E se pela justiça ele sacrifica seus atrativos?

R - É um homem de honra.

P - E se, para imitar a grandeza e a bondade da Providência, ele faz mais do que seu dever e sacrifica seu direito pelo bem dos outros?

R - É um herói.

P - Qual é o princípio verdadeiro do heroísmo?

R - É a fé.

P - Qual é o seu sustento?

R - A esperança.

P - E sua regra?

R - A caridade.

P - O que é o bem?

R - É a ordem.

P - O que é o mal?

R - É a desordem.

P - Que prazer é permitido?

R - O gozo da ordem.

P - Que prazer é proibido?

R - O gozo da desordem.

P - Quais são as consequências de um e de outro?

R - A vida e a morte na ordem moral.

P - O inferno, com todos os seus horrores, tem, pois, razão de ser no dogma religioso?

R - Sim, é a consequência rigorosa de um princípio.

P - E que princípio é esse?

R - A liberdade.

P - O que é a liberdade?

R - É o direito de fazer o dever com a possibilidade de não o fazer.

P - O que é faltar com o dever?

R - É perder o direito. Ora, sendo o direito eterno, perdê-lo significa perda eterna.

P - Não se pode reparar uma falta?

R - Sim, pela expiação.

P - O que é a expiação?

R - É uma sobrecarga de trabalho. Assim, porque fui preguiçoso ontem, devo realizar, hoje, uma dupla tarefa.

P - Que pensar dos que se impõem sofrimentos voluntários?

R - Se é para remediar a atração brutal do prazer, são sábios; se é para sofrer no lugar dos outros, são generosos; mas, se o fazem sem conselho e sem medida, são imprudentes.

P - Assim, diante da verdadeira filosofia, a religião é sábia em tudo a que ordena?

R - Vós o vedes.

P - Mas se enfim estivermos errados em nossas esperanças eternas?

R - A fé não admite essa dúvida. Mas a própria filosofia deve responder que todos os prazeres da terra não valem um dia de sabedoria, e que todos os triunfos da ambição não valem um só instante de heroísmo e de caridade.

 

Fonte: “Eliphas Levi; A Chave dos Grandes Mistérios”.


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