Relacionado ao cenário cult do universo audiovisual e aos artistas excêntricos, o theremin, instrumento musical eletrônico considerado um "som alienígena", foi uma revolucionária ferramenta que despertou a atenção de entusiastas na primeira metade do século XX, aliando estranheza a uma tecnologia que, até então, não havia sequer sido idealizada pela mente dos gênios mais criativos da época.
O teremim ou theremin é um dos
primeiros instrumentos musicais completamente eletrônicos, controlado sem
qualquer contato físico pelo músico. Seu nome vem da versão ocidental do nome
do seu inventor, o russo Léon Theremin, que patenteou seu dispositivo em 1928.
O instrumento é controlado através de duas antenas de metal, que percebem a
posição das mãos do músico e controlam osciladores de frequência com uma das
mãos, e com a outra a amplitude (volume), de forma que não seja preciso tocar
no instrumento. Os sinais elétricos do teremim são amplificados e enviados para
um altifalante.
O teremim original foi produto de
pesquisas em torno de sensores de proximidade, financiadas pelo governo russo.
O instrumento foi inventado por um jovem físico russo chamado Lev Sergeevich
Termen (conhecido no ocidente como Léon Theremin), em outubro de 1920, depois
do início da Guerra Civil Russa. Depois de um longo tour pela Europa, no qual
ele demonstrou sua invenção, Theremin conseguiu ir para os Estados Unidos, onde
patenteou sua invenção em 1928 (US1661058). Em seguida, Theremin cedeu os
direitos de produção à RCA.
Apesar do Thereminvox da RCA
(lançado logo após a Grande Quebra de 1929) não ter sido um sucesso comercial,
ele fascinou audiências dentro e fora da América. Clara Rockmore, uma famosa
tereminista, fez um tour para divulgá-lo, executando um repertório clássico em
concertos ao redor dos Estados Unidos. Em
1938, Theremin deixou os EUA, apesar das circunstâncias relativas à sua partida
serem bastante discutidas. Várias pessoas afirmam que ele foi levado do seu
apartamento em Nova Iorque por agentes da KGB, levado de volta para a União
Soviética para trabalhar em um laboratório russo em Magadan, na Sibéria. Ele
reapareceu 30 anos depois.
Após a excitação dos interesses
na América que sucederam o fim da Segunda Guerra Mundial, o teremim logo caiu
em desuso entre os músicos mais sérios, principalmente porque foram inventados
novos instrumentos eletrônicos, mais fáceis de tocar. Entretanto, um nicho de
interesse no teremim persistiu, na sua maioria entre os entusiastas por
eletrônica e os hobbistas. Um desses entusiastas, Robert Moog, começou a
construir teremins nos anos 50, enquanto estava no colegial. Em seguida, Moog
publicou vários artigos sobre a construção dos teremins, e vendeu kits para a
construção do instrumento.
Desde o lançamento do filme
Theremin: An Electronic Odissey em 1994, o interesse pelo instrumento cresceu
novamente, e tornou-se mais usado pelos músicos contemporâneos. Mesmo que os
vários sons produzidos pelo teremim possam ser reproduzidos pelos diversos
sintetizadores modernos, alguns músicos continuam apreciando a expressividade,
novidade e unicidade que é o uso de um teremim de verdade. O próprio filme foi
bem avaliado.
O teremim é raro entre os
instrumentos musicais tocados sem contato físico. O músico se posiciona de
frente ao instrumento e move suas mãos perto das antenas de metal. A distância
entre uma das antenas determina a frequência (pitch), e entre a outra controla
a amplitude (volume). Na maioria das vezes, a mão direita controla a frequência
e a esquerda controla o volume, embora esta disposição seja invertida por
alguns artistas. Alguns teremins de baixo custo utilizam um controle de volume
simples, operado com um potenciômetro, e possuem apenas a antena de frequência.
Diferente das antenas mais conhecidas, estas não são usadas para receber ou
transmitir sinais de rádio, mas agem como as placas de um capacitor.
O teremim usa o princípio do
heteródino para gerar um sinal de áudio. O circuito responsável pela frequência
inclui dois osciladores de rádio. Um deles opera em uma frequência fixa,
enquanto a frequência do outro é controlada pela distância da mão do músico em
relação à antena de frequência. A mão funciona como uma placa aterrada (sendo o
corpo do músico a conexão com a terra) de um capacitor variável em um circuito
LC (indutor-capacitor), que é parte do oscilador e determina sua frequência. A
diferença entre as frequências dos dois osciladores a cada momento permite a
criação de diferentes tons na faixa de frequências audíveis, resultando em
sinais de áudio que são amplificados e enviados para um alto-falante.
Para controlar o volume, a outra
mão do músico age como a placa aterrada de outro capacitor variável. Nesse
caso, o capacitor interfere em outro oscilador, que muda a atenuação no
circuito amplificador. A distância entre a mão e a antena de controle do volume
determina a capacitância, que por sua vez controla o volume do teremim. Projetos
mais modernos simplificam este circuito e evitam a complexidade de dois
osciladores heteródinos, usando um único oscilador de pitch, similar ao de
controle de volume. Esta abordagem geralmente é menos estável e não consegue
gerar frequências mais baixas como um oscilador heteródino.. Projetos melhores
usam dois pares destes osciladores, para ambos volume e frequência.
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