Panacéia dos Amigos

quarta-feira

SOLUÇÃO DOS PROBLEMAS FILOSÓFICOS

 


Pergunta - O que é a verdade?

Resposta - É a ideia idêntica ao ser.

P - O que é a realidade?

R - É a ciência idêntica ao ser.

P - O que é a razão?

R - É o verbo idêntico ao ser.

P - O que é a justiça?

R - É o motivo dos atos idênticos ao ser.

P - O que é o absoluto?

R - É o ser.

P - Concebe-se algo acima do ser?

R - Não, mas concebe-se no próprio ser algo de supereminente e de transcendental.

P - O que é?

R - A razão suprema do ser.

P - Conheceis e podeis defini-la?

R - Somente a fé afirma-a e nomeia-a Deus.

P - Existe algo acima da verdade?

R - Acima da verdade conhecida existe a verdade desconhecida.

P - Como se pode racionalmente supor essa verdade?

R - Pela analogia e pela proporção.

P - Como se pode defini-la?

R - Pelos símbolos da fé.

P - Pode-se dizer da realidade a mesma coisa que da verdade?

R - Exatamente a mesma coisa.

P - Existe algo acima da razão?

R - Acima da razão finita existe a razão infinita.

P - O que é a razão infinita?

R - É esta razão suprema do ser a que a fé chama de Deus.

P - Existe algo acima da justiça?

R - Sim, de acordo com a fé, existe a providência em Deus e, no homem, o sacrifício.

P - O que é o sacrifício?

R - É o abandono benévolo e espontâneo do direito.

P - O sacrifício é racional?

R - Não, é uma espécie de loucura maior que a razão, pois a razão é forçada a admirá-lo.

P - Como chamar um homem que age de acordo com a verdade, a realidade, a razão e a justiça?

R - É um homem moral.

P - E se pela justiça ele sacrifica seus atrativos?

R - É um homem de honra.

P - E se, para imitar a grandeza e a bondade da Providência, ele faz mais do que seu dever e sacrifica seu direito pelo bem dos outros?

R - É um herói.

P - Qual é o princípio verdadeiro do heroísmo?

R - É a fé.

P - Qual é o seu sustento?

R - A esperança.

P - E sua regra?

R - A caridade.

P - O que é o bem?

R - É a ordem.

P - O que é o mal?

R - É a desordem.

P - Que prazer é permitido?

R - O gozo da ordem.

P - Que prazer é proibido?

R - O gozo da desordem.

P - Quais são as consequências de um e de outro?

R - A vida e a morte na ordem moral.

P - O inferno, com todos os seus horrores, tem, pois, razão de ser no dogma religioso?

R - Sim, é a consequência rigorosa de um princípio.

P - E que princípio é esse?

R - A liberdade.

P - O que é a liberdade?

R - É o direito de fazer o dever com a possibilidade de não o fazer.

P - O que é faltar com o dever?

R - É perder o direito. Ora, sendo o direito eterno, perdê-lo significa perda eterna.

P - Não se pode reparar uma falta?

R - Sim, pela expiação.

P - O que é a expiação?

R - É uma sobrecarga de trabalho. Assim, porque fui preguiçoso ontem, devo realizar, hoje, uma dupla tarefa.

P - Que pensar dos que se impõem sofrimentos voluntários?

R - Se é para remediar a atração brutal do prazer, são sábios; se é para sofrer no lugar dos outros, são generosos; mas, se o fazem sem conselho e sem medida, são imprudentes.

P - Assim, diante da verdadeira filosofia, a religião é sábia em tudo a que ordena?

R - Vós o vedes.

P - Mas se enfim estivermos errados em nossas esperanças eternas?

R - A fé não admite essa dúvida. Mas a própria filosofia deve responder que todos os prazeres da terra não valem um dia de sabedoria, e que todos os triunfos da ambição não valem um só instante de heroísmo e de caridade.

 

Fonte: “Eliphas Levi; A Chave dos Grandes Mistérios”.


segunda-feira

A VIDA DOS MÍSTICOS




 Uma das mais ricas fontes de ensinamentos ocultos da tradição cristã é a vida dos místicos. Essa fonte e a dos grupos esotéricos constituem prova viva e sempre renovada da tese da revelação permanente. A Igreja Católica Romana prega que a Bíblia foi escrita sob a inspiração do Espírito Santo (por isso seria isenta de erros). Mas a Igreja sempre foi enfática em limitar a extensão dessa inspiração, negando-a para todos os outros documentos que não estivessem incluídos na lista daqueles considerados canônicos. Se, teoricamente, a Igreja considera que a inspiração teria ocorrido quando os evangelistas supostamente escreveram a Bíblia, na prática ela deixa implícito que deveria haver algum tipo de inspiração, senão permanente pelo menos esporádica, para explicar como os textos bíblicos foram modificados oficialmente tantas vezes ao longo dos séculos, em concílios, sem perder a veracidade inicial. 

 Interpretações teológicas à parte, o fato é que a inspiração divina sempre existiu e continuará a ocorrer cada vez mais no futuro, à medida que maiores contingentes de discípulos ingressem no Caminho da Perfeição. Os místicos são, por definição, indivíduos que alcançaram certo grau de abertura espiritual caracterizada por níveis crescentes de contato interior. [1] Essas visões e contatos interiores com o Eu Superior nada mais são do que aquilo que os Padres da Igreja Primitiva chamavam de inspiração do Espírito Santo? Esse tipo de contato, que possibilita a apreensão direta da verdade, é responsável pela firmeza inquebrantável da fé típica dos místicos. [2] Vivendo num mundo interior de visão espiritual, o místico passa por um processo de transformação acelerada. As experiências interiores reforçam sua determinação de prosseguir com a transformação exterior, necessária para o aprofundamento de sua vida interior até alcançar o objetivo de todos os místicos, a vida unitiva, o Supremo Bem da consciência de união com Deus.

 Uma consequência natural dos contatos interiores do místico é que ele passa a confiar cada vez menos nas autoridades constituídas, mesmo em se tratando da hierarquia eclesiástica. Para evitar conflito com seus superiores religiosos, alguns místicos procuram experiências de caráter muito reservado. [3] Outros orientam sua consciência de forma a que sua experiência interior seja pautada por seus conceitos religiosos, como Mechthilde de Magdeburg.[4] O místico, assim, torna-se, de certa forma, extremamente individualista, ainda que humilde. Um estudioso da vida dos místicos, que pode falar com conhecimento de causa em virtude de suas próprias experiências interiores, diz:

 Devemos distinguir o místico do homem piedoso. Ambos podem ser religiosos e, igualmente, devotados a um credo ou ritual; mas o último se baseia na autoridade da igreja ou do ritual de uma forma que o temperamento do místico não aceita. O místico é sempre um espinho na carne de uma igreja estabelecida, porque será guiado pela autoridade até onde lhe convier. [5]

 As igrejas cristãs, católicas e protestantes, sempre tiveram relações tensas com seus místicos. O católico que admira profundamente a vida de santidade de místicos como Francisco de Assis, Teresa de Ávila e João da Cruz, conhecendo os encômios prestados pela Igreja a estes Santos, geralmente não imagina que possam ter sido perseguidos pela mesma Igreja que agora lhes presta louvor. Francisco de Assis teve que se explicar ao Vaticano em virtude do rigoroso voto de pobreza que estabeleceu para sua ordem, pois com isso causou considerável constrangimento à hierarquia clerical da época, vivendo em grande fausto e opulência, em meio à pobreza do povo.

 Teresa de Ávila foi examinada pela Inquisição, aquela terrível instituição que tanto sofrimento trouxe à humanidade em nome do Deus de compaixão. Felizmente, a ajuda divina transformou aquela tentativa de cerceamento da Inquisição numa grande dádiva para o mundo, pois Teresa foi instruída por seu confessor, a mando da Inquisição, a escrever suas experiências espirituais, que tanta suspeita causava a seus superiores. Apesar das condições inusitadas em que foi forçada a escrever (devia entregar seus escritos cada dia a seu confessor e, ao recomeçar no dia seguinte, ou quando viável, não tinha permissão para consultar o que tinha escrito anteriormente),[6] a inspiração divina, que guia todos os que realmente vivem para Deus, permitiu que suas obras literárias servissem de fundamento e orientação para místicos e buscadores espirituais desde então. João da Cruz, por sua vez, foi perseguido e jogado na prisão por seus superiores eclesiásticos onde, na solidão, passou por experiências místicas que lhe deram inspiração para suas obras mais profundas e reveladoras.

 Apesar de todos esses percalços, o cristianismo institucional sempre reconheceu e aceitou a realidade da experiência mística, contanto que fosse circunscrita aos ditames da ortodoxia. Como a guardiã autonomeada da salvação humana, a teologia reservou para si o poder de decisão final em todos os assuntos religiosos. Ela condenava incondicionalmente aqueles cuja busca por esclarecimento interior os afastava das restrições impostas pela ortodoxia. Essas restrições aos instintos naturais do coração e da mente dividiam a congregação e resultaram em cisões. O místico não podia aceitar o conceito de que uma instituição mortal pudesse ser legitimamente capacitada a ditar as regras da salvação humana. A associação íntima entre Deus e o homem está além da alçada do clero. [7]

 O caminho místico, como descrito pela tradição monástica ocidental, desde os primeiros séculos com os anacoretas e cenobitas, passando pela Idade Média e Renascença, inclui uma imensa variedade de experiências. Evelyn Underhill, em seu monumental tratado sobre misticismo, alerta que:

 Não se descobriu nenhum místico em quem todas as características observadas de consciência transcendental estivessem resumidas e que, por isto, possa ser tratado como caso típico. Em alguns casos, estados mentais que são distintos e mutuamente exclusivos ocorrem simultaneamente. Em outros, estágios que foram considerados como essenciais são inteiramente omitidos, em outros, ainda, sua ordem parece ser invertida. Parece inicialmente que nos confrontamos com um grupo de seres que chegam ao mesmo fim sem obedecer a nenhuma lei geral?[8]

 Em que pese essa enormidade de experiências distintas, alguns estudiosos dividem a vida dos místicos em três etapas:

 · Via negativa, ou purgativa. Primeira etapa, em que o postulante deve proceder a uma mudança radical de vida, com o assíduo combate aos vícios, paixões e apegos. Constitui um processo de despojamento das coisas do mundo, também conhecido por kenosis (palavra grega que significa esvaziamento), para abrir espaço em seu coração para preenchimento com as coisas espirituais.

 · Via positiva, ou iluminativa. A etapa intermediária de cunho mais positivo, em que o místico procura cultivar as virtudes que, promovendo a sintonia com a perfeição divina, levam às expansões de consciência conhecidas como iluminação. 

 ·Via unitiva, ou perfeita. O coroamento de todo o esforço do místico, marcado pela contemplação que leva o praticante à suprema manifestação terrestre da realidade divina. Nessa etapa, o místico passa por experiências que interpreta como ver a Deus, chegando, mais tarde, a unir-se a Ele. Pode-se perceber na via unitiva três níveis de realização espiritual: a união rara, a intermitente e a estável ou plena. [9]

 Essa classificação em etapas será útil para a compreensão da metodologia de transformação apresentada na última parte deste livro. Teresa de Ávila, no entanto, sugere que a experiência mística passa por sete estágios. [10] Sua classificação é extremamente útil para o entendimento dos tipos de oração ou meditação. Esses sete estágios, ou moradas, como ela prefere chamar, têm um paralelo com o processo de individuação, como apresentado por Jung. Os três primeiros representam a primeira fase do processo de individuação, caracterizado pela expansão da personalidade e sua adaptação ao mundo exterior. As três últimas moradas representam a segunda fase do processo de individuação, caracterizado pelo retraimento necessário para a adaptação à vida interior. O quarto estágio é uma etapa de transição em que o indivíduo começa a redirecionar a ênfase de sua vida do exterior para o interior. [11]

 O misticismo, portanto, não é um credo, mas uma qualidade de percepção espiritual. Por isso, a experiência dos místicos é de suma importância para o estudo do lado interno da tradição cristã, pois eles demonstram em sua vida que o instrumental que nos foi legado por Jesus para que se possa alcançar a meta final de união com Deus ainda está disponível e vem sendo usado com sucesso por inúmeros peregrinos ao longo dos séculos.

 NOTAS:

[1] O contato interior ocorre quando a consciência usual do indivíduo é influenciada por sua parte divina, seu Eu Superior. Esse contato ocorre em diferentes níveis, podendo ir desde um impulso inconsciente para pensar sobre algum conceito ou ideia, até a instrução consciente por vozes nem sempre identificada, como é o caso dos místicos.

[2] Otto, Rudolf, Mysticism East and West. A Comparative Analysis of the Nature of Mysticism (The Macmillan Co., 1932), pg. 29-37.

[3] Dan Merkur, Gnosis. An Esoteric Tradition of Mystical Visions and Unions (State University of New York Press, 1993), pg. 11.

[4] Mechthild of Magdeburg, The Revelations of Mechthild of Magdeburg (1219-1297) (Londres: Longmans, Green, 1953), pg. 9.

[5] C. Jinarajadasa, The Nature of Mysticism (Adyar, India: Theosophical Publishing House, 1934), pg. 4

[6] Teresa de Ávila, Castelo Interior ou Moradas (S.P.: Paulus, 1981), pg. 11, 80.

  

Fonte: OS ENSINAMENTOS DE JESUS E A TRADIÇÃO ESOTÉRICA CRISTÃ de Raul Branco


terça-feira

UNIVERSO 25

 



    𝑨 𝒆𝒙𝒑𝒆𝒓𝒊ê𝒏𝒄𝒊𝒂 "𝑼𝒏𝒊𝒗𝒆𝒓𝒔𝒐 25" é 𝒖𝒎𝒂 𝒅𝒂𝒔  𝒎𝒂𝒊𝒔 𝒕𝒆𝒓𝒓í𝒗𝒆𝒊𝒔 𝒅𝒂 𝒉𝒊𝒔𝒕ó𝒓𝒊𝒂 𝒅𝒂 𝑪𝒊ê𝒏𝒄𝒊𝒂, 𝒒𝒖𝒆, 𝒑𝒐𝒓 𝒎𝒆𝒊𝒐 𝒅𝒐 𝒄𝒐𝒎𝒑𝒐𝒓𝒕𝒂𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 𝒅𝒆 𝒖𝒎𝒂 𝒄𝒐𝒍ô𝒏𝒊𝒂 𝒅𝒆 𝒓𝒂𝒕𝒐𝒔, é 𝒖𝒎𝒂 𝒕𝒆𝒏𝒕𝒂𝒕𝒊𝒗𝒂 𝒅𝒐𝒔 𝒄𝒊𝒆𝒏𝒕𝒊𝒔𝒕𝒂𝒔 𝒅𝒆 𝒆𝒙𝒑𝒍𝒊𝒄𝒂𝒓 𝒂𝒔 𝒔𝒐𝒄𝒊𝒆𝒅𝒂𝒅𝒆𝒔 𝒉𝒖𝒎𝒂𝒏𝒂𝒔.

     A ideia do "Universo 25" surgiu do cientista americano John Calhoun, que criou um "mundo ideal" no qual centenas de ratos viveriam e se reproduziriam. Mais especificamente, Calhoun construiu o chamado "Paraíso dos Ratos", um espaço especialmente projetado onde os roedores tinham Abundância de comida e água, bem como um amplo espaço para viver. No início, ele colocou quatro pares de camundongos que em pouco tempo começaram a se reproduzir, resultando em um rápido crescimento populacional. 

    Porém, após 315 dias sua reprodução começou a diminuir significativamente. Quando o número de roedores chegou a 600, formou-se uma hierarquia entre eles e surgiram os chamados "miseráveis". Os roedores maiores começaram a atacar o grupo, com o resultado que muitos machos começaram a "entrar em colapso" psicologicamente. 

    Como resultado, as fêmeas não se protegeram e, por sua vez, tornaram-se agressivas com seus filhotes. Com o passar do tempo, as fêmeas mostraram comportamentos cada vez mais agressivos, elementos de isolamento e falta de humor reprodutivo. Houve uma baixa taxa de natalidade e, ao mesmo tempo, um aumento da mortalidade em roedores mais jovens. Em seguida, surgiu uma nova classe de roedores machos, os chamados "ratos bonitos". Eles se recusaram a acasalar com as fêmeas ou a "lutar" por seu espaço. Tudo o que importava era comer e dormir.

    A certa altura, "belos machos" e "fêmeas isoladas" constituíam a maioria da população. Com o passar do tempo, a mortalidade juvenil atingiu 100% e a reprodução atingiu zero. Entre os camundongos ameaçados, a homossexualidade foi observada e, ao mesmo tempo, o canibalismo aumentou, apesar de haver fartura de comida. 

    Dois anos após o início do experimento, nasceu o último bebê da colônia. Em 1973, ele havia matado o último rato do Universo 25. John Calhoun repetiu o mesmo experimento mais 25 vezes, e a cada vez o resultado era o mesmo.

    O trabalho científico de Calhoun tem sido usado como um modelo para interpretar o colapso social, e sua pesquisa serve como um ponto focal para o estudo da sociologia urbana.

sexta-feira

O ARQUEÔMETRO

 


O Arqueômetro, em grego, significa "a medida do Arqueo" (antigo) de que falam os hermetistas, mas Saint-Yves prefere explicar o termo como provindo do sânscrito Arka-Matra: Arka é o Sol, emblema central do selo divino, sendo Ar a roda radiante da Palavra Divina e Ka, a matéria primordial, enquanto que Matra é a "medida Mãe por excelência, a do Princípio". Significa ainda o sinal métrico do Dom Divino, da Substância em todos os graus proporcionais de suas equivalências. 

O saber universal do Arqueômetro, que se constitui no fundamento de todas as religiões e ciências, une o Espírito, a Alma e o Corpo da Verdade, demonstrando na observação pela experiência, a Unidade de sua Universalidade e em seu triplo estado social: ordens econômica, jurídica e universitária.

O Arqueômetro, como instrumento, é um círculo de 360° dividido em zonas concêntricas e em triângulos móveis de 12 seções de 30° cada, onde as letras hebraicas, árabes, sânscritas, assim como uma misteriosa "língua primordial", o vattan, juntamente com os signos zodiacais e planetários, cores e notas musicais, formam um número indefinido de combinações harmônicas. Esse instrumento de correspondência universal serve a todos os campos de conhecimentos humanos e é a chave de toda a Tradição Iniciática.

Permite, por exemplo, aos arquitetos elaborarem formas a partir de um nome, uma cor, uma ideia; ao poeta estabelecer relações entre as letras e as cores, exprimindo o ideal perfeito da humanidade. Esclarece Saint-Yves: As relações das letras e das cores, entrevistas intuitivamente por Rimbaud e os seus imitadores, são determinadas cientificamente pelo Arqueômetro.

Enfatiza também o seu criador, que o Arqueômetro reintegra todas as medidas às unidades métricas atuais: o metro e o círculo, ou seja, 103 mm e 360°.

Em resumo, o Arqueômetro pode assim ser visto: a) um duplo círculo de 360° girando em sentido inverso de maneira que: 3 representa o Verbo; 6, o Espírito Santo e 360, o Universo definido; b) um Zodíaco (12 portas) das Letras Modais, divididas na medida de 30°. Cada porta contém sua letra morfológica e o número tradicional desta letra em uma moldura de cor arqueométrica correspondente; c) uma área móvel chamada Planetário das Letras, constituído por XII Ângulos; IV Triângulos Equiláteros, XII Letras, XII Números, XII Cores e XII Notas. O Triângulo formado pelas letras IshO é o Triângulo do Verbo (IphO); d) uma faixa zodiacal fixa (rosa) com 12 signos derivados das XII letras zodiacais; e) uma coroa azulada planetária astral mobilizada com seus VII signos diatônicos astrais (cinco repelidos).

Note-se que a Astrologia arqueométrica tem as suas próprias características e apresenta diferenças nos domicílios astrológicos. Da mesma forma, os valores das letras do Alfabeto Hebraico não coincidem com os das letras Construtivas Evolutivas e Involutivas do Arqueômetro, pois Saint-Yves utilizou-se de um conhecimento mais arcaico que é a tradição judaica; f) uma pequena área formada por XII ângulos de IV Triângulos Equiláteros que se cruzam sob o Triângulo Gerador Metrológico; g) um círculo central (Centro Solar) que contém um Pentagrama Musical; uma nota (Mi) no centro comum; uma Letra Adâmica Ressurgente em forma de semi-círculo; V Linhas; XII Raios Brancos que formam VI Diâmetros Brancos que passam pelo Centro a 30° um do outro sobre o círculo (30° x 12 = 360°).

A pretensão do autor do Arqueômetro é, pois, inscrever a medida do Verbo num instrumento material que, de acordo com Papus, é precisamente aquele de que se utilizaram os antigos para a constituição de todos os mitos esotéricos das religiões. E o cânone da arte antiga em suas diversas manifestações arquitetônicas, musicais, poéticas e teogônicas.

 

Fonte: O ARQUEÔMETRO de Saint- Ives D´Alveydre

quarta-feira

SOBRE CRISE E APRENDIZADO

 


"Filhos amados. A palavra crise vem sendo pronunciada constantemente por meus irmãos na Terra. De fato, o momento é de crise inegável nos mais variados campos da atividade humana. Mas nada se encontra fora do controle do Pai que nos ama, e se Ele permite a existência de turbulências é para que possamos extrair as lições para o nosso amadurecimento.

Na crise econômica, aprendamos a viver com mais simplicidade.

Na crise da solidão, aprendamos a ser mais solidários.

Na crise ética, tenhamos posturas mais justas.

Na crise do preconceito, aprendamos a respeitar mais os irmãos que pensam diferente de nós.

Na crise espiritual, fiquemos mais pertos de Deus pela fé e oração.

Na crise do ressentimento, perdoemos um pouco mais.

Na crise da saúde, guardemos mais equilíbrio em nossa atitudes

Na crise do amor, deixemos o nosso coração falar mais alto do que o egoísmo.

Momento de crise é momento de um passo adiante. 

Retroceder, rebelar ou estacionar, nunca. 

A crise pede avanço. E se a crise chegou para cada um de nós, é hora de levantar, mudar e seguir em frente na construção de um novo tempo de amor e paz."


BEZERRA DE MENEZES

terça-feira

A CURA PELAS ÁGUAS DA GRUTA DE SÃO SEBASTIÃO

 

 

As grutas de São Sebastião se localizam na estância turística de Ibiúna, há 70 km da capital São Paulo, e  são caracterizadas por se situarem em plena mata atlântica em um declive de 800 metros com rochas gigantescas que formam tais itaocas onde vertem águas límpidas.

A imagem de São Sebastião foi encontrada no local e mais notadamente desde o ano de 1886 quando o bispo Dom Lino Deodato permaneceu dois dias rezando missas e crismando devotos, além disso, lançou a pedra fundamental para a construção da Capela. Tudo em razão dos ditos milagres que já movimentavam a fé do povo.

Ninguém sabe ao certo como a imagem apareceu na gruta. Muitas são as histórias e teorias, assim como as histórias de milagres.

Uma das mais populares nos fala sobre um caçador residente no sertão, que viu a mulher contrair terrível moléstia e como nada podia fazer saiu pela mata para não ter o desgosto de vê-la morrer. Tão desesperado se embrenhou na mata de tal modo que se perdeu nela. Desnorteado, buscou o caminho que julgava correto para encontrar o caminho de volta e acabou encontrando as grutas. Atraído por uma voz rouca e misericordiosa até a gruta que lhe disse: “Venha, beba dessa água que é água santa! Encha seu cantil E leve para sua casa.”



Dentro da caverna, vendo a água límpida, viu a imagem de São Sebastião, emocionou-se, orou, encheu o cantil e tomou o caminho de volta mesmo ignorando por aonde ir, mas em pouco tempo estava em casa.

Ao retornar, sua mulher ainda vivia e tinha sede. Deu-lhe de beber a água da gruta que ela pedia novamente a cada hora e assim foi até que se esgotou e a cada gole notou que a mulher melhorava e ao final de três dias estava curada.

Até hoje, os romeiros de São Sebastião buscam a água da gruta e relatam milagres.

Vários acontecimentos foram fortalecendo a fé dos ibiunenses em São Sebastião e uma romaria foi formada da cidade até a gruta. Com a capela e benção do Bispo firmou-se o ato de fé, hoje uma tradição do povo.

 

FONTE: Y-UNA-Noiva Azul- LINENSE, José Gomes; GOMES, Diane R.; RIBEIRO, Leandro.


segunda-feira

LINA BO BARDI: PAIXÃO ITALIANA EM UMA ARQUITETURA BRASILEIRA

 


Achilina di Enrico Bo Bardi – Lina Bo Bardi – nasceu no dia 05 de dezembro de 1914 em Prati di Castello, em Roma. Filha de Giovanna Adriana Grazia e Enrico Bo, e irmã mais velha de Graziela Bo, Lina mostrou desde pequena seu talento para as artes. Seu pai – engenheiro, construtor e pintor – ensinou-lhe o desenho, atividade que então passaram a praticar juntos desde os 10 anos de idade de Lina – pintava a guache e aquarela, com o mesmo apreço aos detalhes que o pai. Sua formação escolar e acadêmica foi inteiramente fundamentada em Roma. Em 1933, graduou-se no Liceu Artístico e, entre 1934 e 1939, foi uma das poucas mulheres a frequentar a Facoltá di Architettura da Università degli Studi di Roma. Aos 25 anos, se formou arquiteta, apresentando o trabalho intitulado “Núcleo Assistencial da Maternidade e da Infância”, um projeto com estrutura de concreto armado e vidro aparente, linguagem que mostrou certa inovação frente ao estilo arquitetônico oficial da escola.

AS EXPERIÊNCIAS PROFISSIONAIS EM MILÃO (1940-1946)

Em 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, Lina se mudou para Milão e associou-se ao arquiteto Carlo Pagani, com quem fundou o estúdio Bo e Pagani e também com quem realizou trabalhos para o escritório de Gio Ponti. Desenvolveu uma série de artigos para periódicos italianos, tanto de autoria própria quanto conjunta, além de colaborar na editoração e ilustração de diversas revistas, tais como Lo Stile – nella casa e nell’arrendamento, Grazia, Belleza, Vetrina e L’Ilustrazionoe Italiana. Em 1944 foi chamada para a codireção da revista Dommus e, em 1945, novamente com Pagani, fundou e dirigiu a Quaderni di Domus. No mesmo ano criaram, com a colaboração de Raffaele Carrieri e Bruno Zevi, a revista A, Cultura della Vita, como síntese de “Attualità, Architettura, Abitazione, Arte”, dedicada a levar os problemas da reconstrução a um público não especializado, e preocupada em abordar os temas da vida cotidiana a partir da consciência da realidade psicológica do pós-guerra. Com o fim da Guerra, Lina retornou brevemente à Roma e, em uma visita ao Studio d’Arte Palma, conheceu Pietro Maria Bardi, com quem se casou em 1946.

 VINDA AO BRASIL E OS PRIMEIROS ANOS EM SÃO PAULO (1946-1957)

Em 1946, recém casados, Lina e Pietro Maria iniciam a aventura da vinda para o Brasil, país com a perspectiva de prosperidade no campo das artes e cenário de uma arquitetura promissora. Partiram de Gênova a bordo do cargueiro Almirante Jaceguay, e desembarcaram, em outubro do mesmo ano, no Rio de Janeiro, onde permaneceram nos primeiros meses. Recém chegados, foram convidados pelo jornalista, empresário e político Assis Chateaubriand para fundar e dirigir o Museu de Arte de São Paulo (MASP). Mudaram-se para São Paulo e já em 1947 realizaram as primeiras instalações do Museu, provisoriamente situado na Rua 7 de Abril. Em 1948, Lina criou, em parceria com Pietro Maria, o arquiteto Giancarlo Palanti e Valeria Piacentini Cirell, o Estúdio de Arte Palma, dedicado ao projeto e desenho de mobiliário moderno e industrial. Fundou e dirigiu em 1950, com Pietro Maria Bardi, a revista Habitat, oficialmente vinculada ao recém fundado MASP e que se definia como a “revista das artes do Brasil”. Em 1951, ano em que naturalizou-se brasileira, Lina completou seu primeiro projeto arquitetônico construído: a Casa de Vidro, sua residência e de Pietro Maria – foi a primeira residência construída no bairro do Morumbi, implantada em um dos pontos mais altos do loteamento e imersa em meio a densa vegetação de Mata Atlântica. Ainda em 1951, fundou e dirigiu, com Pietro Maria Bardi, o Instituto de Arte Contemporânea – escola também vinculada ao MASP e uma das primeiras iniciativas de ensino de design no Brasil. No período entre 1955 e 1956, Lina atuou como professora de Teoria da Arquitetura na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo em regime temporário para substituir um professor – sua primeira experiência como docente. Nesta época escreveu sua tese de magistério Contribuição Propedêutica ao Ensino da Teoria de Arquitetura, para um concurso que foi eventualmente indeferido, de modo que a arquiteta não conseguiu integrar formalmente o corpo docente da faculdade. Em 1957, realizou os primeiros estudos para a nova sede do Museu de Arte de São Paulo na Avenida Paulista.

OS ANOS EM SALVADOR (1958-1964)

Em 1958, Lina foi a Salvador para dar conferências na Escola de Belas Artes da Universidade da Bahia e transferiu-se para lá no mesmo ano, após ser convidada para fundar e dirigir o Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA). Realizou o projeto de restauro do Solar do Unhão e sua adaptação para a nova sede do recém inaugurado museu. Em 1959, organiza com Martim Gonçalves – com quem realizou diversos cenários para peças de teatro –  a exposição Bahia no Ibirapuera na V Bienal de Arte de São Paulo. Em 1963 ficou responsável pela curadoria da exposição Nordeste, a primeira realizada após a inauguração do Museu de Arte Moderna da Bahia. Durante esse período Lina se relacionou com importantes artistas de vanguarda, como o fotógrafo Pierre Verger e o cineasta Glauber Rocha. Deixou Salvador e regressou a São Paulo em 1964, ano do golpe militar.




DE VOLTA À SÃO PAULO E A RETOMADA DO PROJETO DO MASP (1964-1968)

Em 1965, realizou estudos para três projetos não construídos: um museu para o Instituto Butantã, um pavilhão de exposições no Parque Lage, no Rio de Janeiro, e um dos seus raros estudos de urbanização, uma proposta para a praia de Itamambuca, em Ubatuba. Retomou em 1966 o projeto do Museu de Arte de São Paulo, desenvolvendo adaptações e detalhamentos, além do acompanhando do canteiro de obras. O museu  foi inaugurado na Avenida Paulista, em 1968, com a exposição A mão do povo brasileiro. Em 1967, fez o projeto gráfico da revista recém lançada Mirante das Artes, editada por Pietro Maria Bardi.

 

IMERSÃO NA CENA TEATRAL (1969-1976)

Os nove anos seguintes – que coincidem com os anos da ditadura militar –  configuraram-se como um período em que Lina dedicou-se majoritariamente à cenografia, em contato com importantes nomes da cena teatral e cinematográfica do momento, tais como José Celso Martinez Correia e Flávio Império. Iniciou, em 1969, sua parceria com Zé Celso realizando a arquitetura cênica e o figurino da peça Na Selva das Cidades. Com o mesmo diretor e com André Farias realizou, em 1970, também a cenografia do filme Prata Palomares. Colaborou, em 1971, no filme Gracias Señor de Flávio Império. Em 1975 Lina monta com o pintor Edmar José de Almeida a exposição Repassos, no MASP, sobre o trabalho das tecedeiras do Triângulo Mineiro.

ÚLTIMA FASE DA CARREIRA, GRANDES PROJETOS (1977-1992)

Em 1977 retornou à cena arquitetônica com o início do projeto do centro de lazer do SESC Pompéia, que foi inaugurado em 1982. Consolidou nessa fase o início da parceria com seus jovens colaboradores Marcelo Ferraz, André Vainer e Marcelo Suzuki.  No mesmo ano, realizou novas instalações para o Museu de Arte Moderna do Parque Ibirapuera e, em 1984, começou a elaborar os primeiros desenhos para o projeto da sede do Teatro Oficina, ambos em São Paulo. Foi convidada em 1986, pela Prefeitura de Salvador, para desenvolver um projeto de recuperação de seu centro histórico. Nessa mesma ocasião, realizou outros projetos para a cidade, tais como o Teatro e Fundação Gregório de Mattos, a Casa do Benin (no Pelourinho), a recuperação das encostas da ladeira da Misericórdia e a Casa do Olodum. Em 1990 iniciou a restauração do edifício do Teatro Oficina (inaugurado em 1994) e o projeto – seu último – da nova sede do Palácio das Indústrias para a Prefeitura de São Paulo. Ainda em 1990, Lina e Pietro Maria fundaram o Instituto Quadrante – hoje Instituto Bardi/Casa de Vidro – com o intuito de “desenvolver isoladamente ou em conjunto com o Museu de Arte de São Paulo – Assis Chateaubriand – MASP e, ainda, com entidades nacionais e do exterior, atividades culturais e estudos relacionados com a história da arte e da arquitetura” – esteve à frente da vice-presidência desde a fundação até seu último ano de vida.

    Faleceu em São Paulo, no dia 20 de março de 1992, com 77 anos, tendo se tornado referência mundial pela sua trajetória e conjunto excepcional de sua obra.




OBRAS DE LINA BO BARDI

    Lina Bo Bardi possui uma produção excepcional de obras arquitetônicas construídas de grande reconhecimento e importância no Brasil e no mundo.

Fonte: Instituto Bardi - Casa de Vidro