The Beatles devolvem o impacto de “Pet Sounds” com “Revolver”. “Yellow Submarine” trazia novos efeitos e as temáticas psicodélicas, “Eleanor Rigby” trazia cordas e aprofundamento das letras, “Tomorrow Never Knows” extrapolava sobre todos os aspectos dando pistas do que estava por vir.
The Beach Boys contra-ataca com o single “Good Vibrations”, uma excelente canção que se torna um sucesso quase imediato em todo o mundo, reforçando para Brian que ele estava no caminho certo!
Brian Wilson preparava “Smile”, Paul McCartney começava a rodar pelos círculos de arte underground, assimilando e elaborando os conceitos que formariam o “Sgt. Pepper”. Quem alcançaria primeiro o passo seguinte? A nova música que marcaria uma revolução para os anos 60? Agora, o tempo era o inimigo.
Brian trabalhava intensamente. Convocou orquestras, buscou novos efeitos e conceitos e um novo letrista Van Dyke Parks.
No entanto, novos adversários começaram a intervir no trabalho, eles estavam em sua mente. Brian tinha sérios problemas psiquiátricos e psicológicos, extremamente inseguro e autocrítico, sob a sombra de um pai dominador, encarregado de criar e produzir uma obra que apenas ele compreendia a importância, pressionado pelo tempo, por superar adversários musicais tão talentosos quanto ele, e recebendo a desconfiança e mesmo desaprovação de sua gravadora e dos próprios colegas da banda que ao ouvir os primeiros trechos de canções acharam que Brian estava exagerando em suas loucuras musicais.
Ironicamente, talvez aqueles que mais poderiam compreender o que ele estava fazendo fossem justamente seus maiores rivais: The Beatles!
Do outro lado do Atlântico, Paul convoca seus companheiros e explica o conceito que imagina para o novo disco. Todos concordam e se trancam com George Martin no estúdio Abbey Road para dar vida ao novo disco. Uma nova e definitiva revolução começa a surgir...
Para Brian a situação se tornara cada vez mais insuportável. Sem o apoio de sua banda, se sente inseguro, também sofreria a deserção de seu parceiro Van Dyke Parks. Mas, segundo o próprio, no documentário “Smile” o grande golpe ocorreria no ínicio de 67, enquanto trabalhava no cada vez mais complexo “Smile, e ouviu no rádio , o novo single dos Beatles: “Strawberry Fields Forever” . Ele então, para o seu carro, vira-se para a pessoa junto dele e diz:
-Eles JÁ fizeram (...) o que eu queria fazer em “Smile”...
A “guerra” contra os Beatles estava encerrada. Segundo a lenda, Brian com os nervos totalmente em frangalhos, abriu as portas de sua mente e perdeu sua batalha contra a insanidade. O esforço criativo e desgaste emocional haviam feito desmoronar todas as suas barreiras e defesas. Ele não conseguiria mais concluir o quebra-cabeças sonoro que “Smile” havia se tornado.
Logo depois, os Beatles lançam “Sgt. Pepper and the Lonely Hearts Club Band, proclamado o disco do século e revolucionam todo o cenário musical no mundo todo.
Brian já havia abandonado “Smile” e sua banda. Imerso em sua esquizofrenia que o atormentava desde jovem, se torna um recluso e se afunda em depressão e drogas. Sua lenta recuperação só aconteceria em 2004 quando afinal retoma a parceria com Parks, conclui “Smile”, e se lança em turnê mundial. Uma pena que seus problemas internos tenham derrotado Wilson o que impediu aos anos 60 ter outro grande disco em sua história. Certamente, “Smile” teria sido significativo de qualquer forma.
Apesar da rivalidade criativa, Paul McCartney sempre deixou clara sua admiração por Brian Wilson e retificou isto ao participar de uma das canções no novo disco de Wilson lançado após “Smile”.
De qualquer forma, “Pet Sounds” já figura entre estes. E como um eterno FÃnático dos Beatles registro minha admiração e por que não gratidão ao genial Brian Wilson por ter desejado ser o grande adversário dos Beatles o que motivou e impulsionou ambas as bandas para saltos cada vez maiores!