Cientistas observaram um redemoinho de cerca de 1.000 km de
largura a uma altura de centenas de quilômetros. Cientistas nunca viram um
furacão como este. Furacões ocorrem nas camadas mais baixas da atmosfera, mas
nunca haviam sido detectados na alta atmosfera.
Uma equipe internacional de cientistas liderada pelo professor Qing-He Zhang, da Universidade Shandong, no leste da China, fez a primeira observação desse fenômeno. "Estamos observando um fenômeno com características de furacão na atmosfera superior sobre o pólo norte magnético, que chamamos de furacão espacial", disse o professor Zhang à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC. Embora tenha havido teorias sobre a existência desses furacões nas camadas superiores da atmosfera terrestre, é a primeira vez que sua existência foi confirmada.
O estudo sobre a descoberta foi
publicado na revista Nature Communications. Elétrons em vez de água Os
cientistas descreveram o furacão como um redemoinho de plasma com cerca de mil
quilômetros de largura e localizado a centenas de quilômetros de altura. As
observações de plasma foram feitas a cerca de 860 km da superfície da Terra.
"Até agora, não havia certeza da existência de furacões de
plasma, então ser capaz de provar que eles existem com esta observação é
incrível", disse Mike Lockwood, cientista espacial da Universidade de
Reading, na Inglaterra, que também esteve envolvido no estudo. O plasma é um
gás no qual, devido a fortes colisões em alta temperatura, os átomos se
separaram e os elétrons negativos e os íons positivos se movem livremente.
"O furacão espacial
é caracterizado por uma estrutura espiral com múltiplos braços porque precipita
elétrons em vez de água, uma forte circulação de plasma com fluxo horizontal
zero no centro (o olho do furacão) e um enorme fluxo e deposição de energia e velocidade
em direção à ionosfera polar." A ionosfera é uma parte muito ativa da
atmosfera que se sobrepõe às camadas da atmosfera chamadas mesosfera,
termosfera e exosfera. A ionosfera cresce e encolhe dependendo da energia que
absorve do sol. Seu nome se deve ao fato de que os gases são agitados pela
radiação solar e formam íons ou átomos eletricamente carregados. Partes da
ionosfera se sobrepõem à magnetosfera da Terra, que é a área ao redor de nosso
planeta na qual partículas carregadas experimentam o campo magnético da Terra..
Oito
horas
O
furacão espacial observado pela equipe durou cerca de oito horas. "Neste
estudo, apresentamos a observação de um furacão espacial de longa duração,
enorme e energético na ionosfera sobre o polo norte magnético, que depositou
energia do vento solar e da magnetosfera na ionosfera ao longo de um período de
várias horas", o estudo registra. O vento solar é a corrente de partículas
carregadas liberadas da parte superior da atmosfera do Sol, chamada de coroa
solar.
O
estudo do furacão espacial ajudará a entender melhor as interações entre o
vento solar, a magnetosfera e a ionosfera em condições de baixa atividade
geomagnética, explicou o professor Zhang. "Geralmente, acredita-se que a
transferência de energia do vento solar e plasma para a ionosfera é muito fraca
quando a atividade geomagnética é baixa. Este estudo indica que mesmo em
condições geomagnéticas extremamente calmas há deposição de energia comparável
àquela que ocorre em super tempestades."
"Isso
sugere que os indicadores de atividade geomagnética não representam
adequadamente a atividade dramática dentro dos furacões espaciais, que estão
mais ao norte do que os observatórios do índice geomagnético." Um melhor
entendimento de furacões como o observado também é fundamental por seus efeitos
nas comunicações de rádio de alta frequência, causando distúrbios nessa
modalidade, e por conta de erros na navegação por satélite e nos sistemas de
comunicação que também acarretam, disse o professor Zhang.
Fonte:
www.uol.com.br/tilt/noticias/bbc
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