A obsolência programada já faz parte do nosso vocabulário quando
pensamos nas novas tecnologias. A produção tecnológica é tão intensa que
as inovações acabam suprimindo as tecnologias anteriores (algumas bem
recentes), que logo são deixadas para escanteio. Mas ao longo da
história esse esquecimento é ainda mais expressivo. Muitas invenções e
processos simplesmente desapareceram – e alguns não são nem mais
compreendidos. Confira 6 invenções incríveis que esquecemos e hoje
lembramos como lendas:
1. Máquina de Antikythera
Muitos se referem à máquina de Antikythera como o primeiro computador
da história. Ela foi descoberta em 1900 entre os destroços de um navio
naufragado, recuperado nas proximidades da ilha grega de Antikythera,
que deu nome ao objeto que data do século 2 a.C. Considerado um dos mais
incríveis dispositivos mecânicos da Antiguidade, a tecnologia despertou
o interesse e a curiosidade de inúmeros pesquisadores, que trabalharam
para entender seu funcionamento e uso – um mistério por muito tempo.
Hoje, os cientistas alegam que o mecanismo metálico, composto por uma
complexa combinação de engrenagens, era usado para marcar e mostrar as
posições do Sol, da Lua e dos planetas. A tecnologia previa o movimento
dos astros, eclipses e funcionava também como um calendário que marcava
determinadas datas e eventos. O mecanismo original está exposto na
coleção de bronze do Museu Arqueológico Nacional de Atenas.
2. Fogo grego
Um fogo que pode queimar na água. Pode parecer obra da ficção, mas o
fogo grego foi uma arma incendiária usada pelos bizantinos durante o
século 11. Exércitos do Império Romano do Oriente venceram inúmeras
batalhas no mar com a vantagem da tecnologia que, além da substância
química, exigia navios especializados e bocais pressurizados, os siphōn,
que atiravam o líquido sobre os inimigos.
Não se sabe ao certo a origem da tecnologia bélica. Entre teorias e
especulações, alguns historiadores atribuem a invenção a um arquiteto da
então província da Fenícia, em 672, e outros acreditam que a arma não
tenha sido criada por um único indivíduo, e sim pelos químicos de
Constantinopla.
Na época, a relevância do fogo grego entre os bizantinos era tanta
que a sua formulação foi atribuída à intervenção divina – mais um
motivo, além das estratégias militares, para o Império Bizantino ter
mantido sua composição e sistema produtivo sob o mais absoluto sigilo.
Inclusive, nem a captura de navios inteiros com a substância foi
suficiente para os árabes ou os búlgaros reproduzirem a arma. Até hoje o
mistério se mantém, e a composição do mítico fogo que queima na água
permanece desconhecida.
3. Vidro flexível
Entorta, mas não quebra. Esse era o princípio da vasilha de vidro que
um artesão romano levou às mãos do então imperador Tiberius Caesar (42
a.C. – 37 d.C.), que derrubou o objeto no chão. O vidro não quebrou, mas
o ponto onde foi atingido ficou amassado e o artesão usou um martelo
para corrigir o estrago. Pelo menos essa é a história responsável por
tornar o vidro flexível uma invenção conhecida e objeto de interesse
para curiosos.
O problema é que a história continua: o artesão, que clamava ser o
único conhecedor da técnica de produção da tecnologia, foi decapitado a
mando do imperador, que temia que o novo material pudesse prejudicar o
valor de metais como o ouro e a prata. E, junto com o artesão, mais uma
grande invenção teria se perdido.
Lenda ou não, recentemente pesquisadores e empresas têm se empenhado
para produzir tecnologia similar. É o caso da companhia norte-americana
Corning, que anunciou em 2013 o Willow Glass, um tipo de vidro ultrafino
e flexível que pode ser ”embrulhado” ao redor de um objeto.
4. O primeiro sismoscópio
A detecção de terremotos ainda é um problema para pesquisadores e
povos que dependem dessas previsões. O desenvolvimento de mecanismos e
sistemas capazes de executar tal tarefa corresponde a um trabalho
contínuo e gradual. Hoje, contamos com sismógrafos, tecnologias que
conseguem detectar e mensurar movimentos sísmicos.
Mas o primeiro sismógrafo foi inventado em 132 na China pelo
astrônomo, matemático e engenheiro Zhang Heng. O aparelho era um grande
vaso de bronze, de quase 2 metros de diâmetro. Do lado de fora, oito
dragões distribuídos de forma equidistante pela parede, com as cabeças
para baixo, marcavam os pontos cardeais principais. Quando ocorria um
tremor de terra, a boca do dragão se abria e uma bola caía dentro da
boca de pequenas estátuas de sapos, indicando o momento e a direção em
que ocorreria um terremoto.
Embora existam documentos explicando o funcionamento da tecnologia, o
aparelho original nunca foi encontrado. Em 2005, cientistas chineses
conseguiram produzir uma réplica da invenção e a testaram com terremotos
reais. O sismoscópio não só detectou todos os terremotos que ocorreram
durante a experiência, como os dados produzidos pelo mecanismo foram
compatíveis com os gerados pelos sismógrafos modernos.
5. O navio “bola rolante”
No começo do século 20 não era atípico ler uma notícia sobre o mais
novo projeto de navio movido por rodas que chegavam até o chão abaixo da
água. Um desses projetos, desenvolvido por um inventor da Califórnia,
nos Estados Unidos, recebeu uma patente em setembro de 1933. Apelidado
de “the rolling ball” (a bola rolante), o desenho do navio consistia em
uma esfera de metal gigante e oca, ligada ao carro-navio por uma
estrutura no formato da letra “y” invertida, onde as pessoas seriam
acomodadas para o transporte.
Dentro da bola funcionavam os motores movidos a diesel, responsáveis
pelo rolamento da estrutura. Enquanto protótipos similares de outros
inventores já haviam sido testados em rios e lagos, o novo projeto
pretendia alçar novas águas, mais especificamente as do Oceano
Atlântico.
6. Lentes preguiçosas
Mais próxima do nosso cotidiano, essa invenção se popularizou apenas
entre os leitores mais preguiçosos. Em 1936, depois de seis meses de
pesquisas conjuntas com especialistas em óptica, o publicitário
estadunidense Clarence Warner lançou os Bed Specs (óculos de cama),
apelidados de “lentes preguiçosas”.
Os óculos prometiam ao usuário uma leitura confortável: um prisma
triangular produzia um ângulo de 70 graus para a visão, o que permitia
que a pessoa lesse livros posicionados sobre o corpo, enquanto deitada.
Os óculos chegaram a serem vendidos nos Estados Unidos por 19 dólares..
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