Panacéia dos Amigos

segunda-feira

Os Versos de Ouro de Pitágoras

Este texto expressa , em poucas palavras, o compromisso de vida dos pitagóricos de todos os tempos.

Os versos:

1. Honra em primeiro lugar os deuses imortais, como manda a lei.

2. A seguir, reverencia o juramento que fizeste.

3. Depois os heróis ilustres, cheios de bondade e luz.

4. Homenageia, então, os espíritos terrestres e manifesta por eles o devido respeito.

5. Honra em seguida a teus pais, e a todos os membros da tua família.

6. Entre os outros, escolhe como amigo o mais sábio e virtuoso.

7. Aproveita seus discursos suaves, e aprende com os atos dele que são úteis e virtuosos.

8. Mas não afasta teu amigo por um pequeno erro,

9. Porque o poder é limitado pela necessidade.

10. Leva bem a sério o seguinte: Deves enfrentar e vencer as paixões:

11. Primeiro a gula, depois a preguiça, a luxúria, e a raiva.

12. Não faz junto com outros, nem sozinho, o que te dá vergonha.

13. E, sobretudo, respeita a ti mesmo.

14. Pratica a justiça com teus atos e com tuas palavras.

15. E estabelece o hábito de nunca agir impensadamente.

16. Mas lembra sempre um fato, o de que a morte virá a todos;

17. E que as coisas boas do mundo são incertas, e assim como podem ser conquistadas, podem ser perdidas.

18. Suporta com paciência e sem murmúrio a tua parte, seja qual for,

19. Dos sofrimentos que o destino determinado pelos deuses lança sobre os seres humanos.

20. Mas esforça-te por aliviar a tua dor no que for possível.

21. E lembra que o destino não manda muitas desgraças aos bons.

22. O que as pessoas pensam e dizem varia muito; agora é algo bom, em seguida é algo mau.

23. Portanto, não aceita cegamente o que ouves, nem o rejeita de modo precipitado.

24. Mas se forem ditas falsidades, retrocede suavemente e arma-te de paciência.

25. Cumpre fielmente, em todas as ocasiões, o que te digo agora:

26. Não deixa que ninguém, com palavras ou atos,

27. Te leve a fazer ou dizer o que não é melhor para ti.

28. Pensa e delibera antes de agir, para que não cometas ações tolas,

29. Porque é próprio de um homem miserável agir e falar impensadamente.

30. Mas faze aquilo que não te trará aflições mais tarde, e que não te causará arrependimento.

31. Não faze nada que sejas incapaz de entender.

32. Porém, aprende o que for necessário saber; deste modo, tua vida será feliz.

33. Não esquece de modo algum a saúde do corpo,

34. Mas dá a ele alimento com moderação, o exercício necessário e também repouso à tua mente.

35. O que quero dizer com a palavra moderação é que os extremos devem ser evitados.

36. Acostuma-te a uma vida decente e pura, sem luxúria.

37. Evita todas as coisas que causarão inveja,

38. E não comete exageros. Vive como alguém que sabe o que é honrado e decente.

39. Não age movido pela cobiça ou avareza. É excelente usar a justa medida em todas estas coisas.

40. Faze apenas as coisas que não podem ferir-te, e decide antes de fazê-las.

41. Ao deitares, nunca deixe que o sono se aproxime dos teus olhos cansados,

42. Enquanto não revisares com a tua consciência mais elevada todas as tuas ações do dia.

43. Pergunta: "Em que errei? Em que agi corretamente? Que dever deixei de cumprir?"

44. Recrimina-te pelos teus erros, alegra-te pelos acertos.

45. Pratica integralmente todas estas recomendações. Medita bem nelas. Tu deves amá-las de todo o coração

46. São elas que te colocarão no caminho da Virtude Divina,

47. Eu o juro por aquele que transmitiu às nossas almas o Quaternário Sagrado.

48. Aquela fonte da natureza cuja evolução é eterna.

49. Nunca começa uma tarefa antes de pedir a bênção e a ajuda dos Deuses.

50. Quando fizeres de tudo isso um hábito,

51. Conhecerás a natureza dos deuses imortais e dos homens,

52. Verás até que ponto vai a diversidade entre os seres, e aquilo que os contém, e os mantém em unidade.

53. Verás então, de acordo com a Justiça, que a substância do Universo é a mesma em todas as coisas.

54. Deste modo não desejarás o que não deves desejar, e nada neste mundo será desconhecido de ti.

55. Perceberás também que os homens lançam sobre si mesmos suas próprias desgraças, voluntariamente e por sua livre escolha.

56. Como são infelizes! Não vêem, nem compreendem que o bem deles está ao seu lado.

57. Poucos sabem como libertar-se dos seus sofrimentos.

58. Este é o peso do destino que cega a humanidade.

59. Os seres humanos andam em círculos, para lá e para cá, com sofrimentos intermináveis,

60. Porque são acompanhados por uma companheira sombria, a desunião fatal entre eles, que os lança para cima e para baixo sem que percebam.

61. Trata, discretamente, de nunca despertar desarmonia, mas foge dela!

62. Oh Deus nosso Pai, livra a todos eles de sofrimentos tão grandes,

63. Mostrando a cada um o Espírito que é seu guia.

64. Porém, tu não deves ter medo, porque os homens pertencem a uma raça divina,

65. E a natureza sagrada tudo revelará e mostrará a eles.

66. Se ela comunicar a ti os teus segredos, colocarás em prática com facilidade todas as coisas que te recomendo.

67. E ao curar a tua alma a libertarás de todos estes males e sofrimentos.

68. Mas evita as comidas pouco recomendáveis para a purificação e a libertação da alma.

69. Avalia bem todas as coisas,

70. Buscando sempre guiar-te pela compreensão divina que tudo deveria orientar.

71. Assim, quando abandonares teu corpo físico e te elevares no éter,

72. Serás imortal e divino, terás a plenitude e não mais morrerás.

(Este texto é parte integrante do artigo de mesmo nome publicado no jornal "O Exotérico" nº 25, de junho/98, de Porto Alegre-RS)

sexta-feira

Supergrass

Recentemente, a MTV transmitiu um especial sobre o Suoergrass. "Supergrass" – pensei – "Ora, eu bem que deveria postar sobre eles no blog". E cá estou transmutando pensamento em realidade. Em 1997 estavamos cercados por bons lançamentos e um deles era "In it for Money" do Supergrass.

Eu adorei este disco. Ouvi várias vezes. Tempos depois escutei "I should Coco", que gostei também, mas "In it..." é um trabalho mais sofisticado e bem acabado. O que adorava na banda eram as baladas, aquele misto de novo/antigo, uma marca das bandas da época e a irreverência em shows e clips que tinha um "quê" do humor dos Beatles. Eu não apreciava a mítica da relação do nome e drogas, como não admiro esta postura em nenhuma banda, mas, o que importa é a música, seja como for.

Canções mais rápidas, eu também gostava, mas menos. Um tanto mais barulhentos do que gostaria e o vocalista Gaz Coombes não tem exatamente uma voz cristalina, mas funciona para o Supergrass e é isso o que importa.

Embora adore a velocidade e força de Richard III, minha música favorita é "Late in the Day" que considero uma das grandes canções da época.

O Supergrass teve ínicio como a banda "The Jennifers" com Gaz Coombes - então com 16 anos - como vocalista e Danny Goffey, aos 18 anos, na bateria. Suas influências na época eram bandas como Buzzcocks, The Jam, The Kinks e The Who, tiveram boa repercussão e conseguiram lançar um single em 1992 antes de o grupo terminar. Antes do fim, Goffey e Coombes supostamente concordaram em continuar a trabalhar juntos no futuro.

Quando Coombes começou a trabalhar em um restaurante local, desenvolveu uma amizade com Mick Quinn, um colega de trabalho que estudou na mesma escola e tocava em pequenas bandas locais, sem muito sucesso. Os dois notaram interesses musicais comuns e Coombes convidou Quinn para tocar com ele e Goffey. Em fevereiro de 1993, Quinn (baixo), Coombes (voz, guitarra) e Goffey (bateria) formaram o grupo Theodore Supergrass, abandonando a primeira metade do nome pouco tempo depois.

Admito que parei de ouvir CDs inteiros, a partir de "In it..." , por circunstâncias várias, mas sempre é possível acompanhar lançamentos, o fato é que raramente temos muitos amigos que conheçam e curtam a banda.

Outras boas canções foram lançadas durante este período em que perdi o contato com o trabalho deles. Mas, o que importa é que o Supergrass seguiu em frente, se não com imenso sucesso comercial, ao menos com relevância e honestidade.

Fonte de pesquisa: Wikipédia

quarta-feira

O retorno triunfal da Yamato, Star Blazers, Patrulha Estelar!

Não é nenhuma novidade para quem acompanha a Panacéia Essencial, a minha devoção pelo anime "Yamato - Star Blazers - Patrulha Estelar". Mesmo os que têm contato com o seriado apenas hoje em dia percebem a seriedade e cuidado com as histórias da série. Yamato não era apenas um desenho pueril, e sim, uma saga de ficção científica bem elaborada e com elementos grandiosos sobre sacrifício e coragem.

Para mim, Yamato é eterno. No entanto, claro que o público de hoje tem dificuldade de "aceitar" a qualidade visual da época (Na verdade, revolucionária). Hoje, a qualidade dos animes, bem como das imagens no cinema atingiram outro nível.

Portanto, o desejo de ver a Star Blazers (Todos os nomes são válidos para mim e, portanto, vou usando...) singrando o espaço novamente com Derek Wildstar era um antigo sonho. Eu, de minha parte fiquei traumatizado com aquela "versão" 2250. Personagens sem graça, design da nave mais parecendo a antiga "Andrômeda"... Bem, um desastre!

Felizmente, para os velhos fãs, bem como para toda uma geração Star Blazers está de volta!

Em dezembro do ano passado, retirados todos os entraves jurídicos que impediam seu retorno, Yamato retornou renovada com as novas tecnologias visuais, mas, mantendo todas as características que a tornaram um dos maiores clássicos dos animes.

Neste novo filme, com a aproximação de um buraco negro que ameaça consumir a Terra, a raça humana não vê opção se não procurar um novo mundo para viver. Raças alienígenas resolvem que este é o momento de subjugar e destruir os humanos, e para proteger as naves de fuga contamos com o retorno de Derek Wildstar e a poderosa astronave Yamato!

Tenho assistido os trailers, e como fã(nático) severo, posso afirmar que estou satisfeito com que tenho visto. As imagens são empolgantes! As possibilidades também. Wildstar tem agora uma filha, fruto de sua união com Lola, vi o doutor e caras novas que parecem ter sido bem criadas, o potencial está todo lá! E dúvidas: Alguém mais da antiga série irá surgir? O que aconteceu com Lola? E claro, onde está o Desslock?

Ah, e de minha parte em caráter espetacular (porque normalmente prefiro ouvir a versão original) quero ver o filme dublado, claro! E tragam de volta os dubladores da série no Brasil, ou se aproximem daquelas vozes maravilhosas e marcantes da minha infância! O trabalho da dublagem no Brasil da Patrulha Estelar é um dos melhores já feitos e muitos dos profissionais que participaram demonstraram ser dos melhores dubladores do ramo no decorrer dos anos seguintes fazendo outros trabalhos marcantes.

Como antigo fã da série, eu não poderia estar mais contente com o retorno triunfal de meu anime favorito de todos os tempos. Espero que chegue logo ao Brasil, mal posso esperar para conferir o filme em detalhes e confirmar se ele é um legítimo herdeiro de seu passado glorioso, como parece!

Confiram o trailer!

E este ano promete para o universo Yamato! Também assisti o trailer dofilme live action. Bem, tenho sérias ressalvas... Mas isto é assunto de um novo post... Por enquanto só me resta desejar...

LONGA VIDA YAMATO, STAR BLAZERS, PATRULHA ESTELAR!

segunda-feira

Anjos e Demônios, o filme

Não posso negar que tenho um certo preconceito com Dan Brown. Ele sabe colocar alguns ingredientes interessantes, não profundos, nem sempre verossímeis, mas numa mistura palatável que atinge a massa. Não vou negar que me divirti com “Código da Vinci” e “Anjos e Demônios”. Eles foram feitos para isso mesmo. Somente não vou colocar Código com vejamos...”O pêndulo de Foucault” , nem “Anjos e...” com o “Nome da Rosa”, ambas obras de Umberto Eco na mesma prateleira. Umberto prima por uma pesquisa realmente profunda e uma habilidade maquiavélica de nos envolver, Brown é pop, seguimos como uma aventura sem comprometimento.

Dito isto, vamos aos fatos. E o fato é que pinçar assuntos interessantes como teorias da conspiração, sociedades secretas, magia e afins aliados a uma linguagem simples e ação para não chatear o leitor ou público no caso de cinema sempre dá resultado. Que o diga Paulo Coelho! Portanto, foi um passo natural os livros do autor se tornarem filmes. Na verdade, li o “Código” antes de assisti-lo e era impossível não imaginar as imagens, na verdade é quase como ler um roteiro de cinema.

Ao contrário do que aconteceu com os livros “Anjos e Demônios” veio ao cinema depois de Código. Depois do sucesso enorme de Código nos cinemas, o engraçado é que claramente mais dinheiro foi envolvido no segundo filme então, a produção de Anjos tem mais recursos sendo um filme tecnicamente melhor que Código.

Quanto a história em si. Bem, como disse o livro saiu antes de Código, ele ainda estava dominando seu ritmo. Portanto, Anjos tem um ritmo mais denso, mas curiosamente Langdon é mais genial do que em Código. Simplesmente genial, enquanto no primeiro filme ele parecia que se perguntava o tempo todo “e agora”? Em anjos é a própria personificação moderna de Sherlock Holmes ! Simplesmente deduz qualquer coisa de maneira brilhante. Tão brilhante que até a igreja é obrigada a engoli-lo neste filme.

Afinal, os lendários Iluminatti resolveram “brincar” com o LHC- Acelerador de Partículas Hádrons e tem sérias desavenças a acertar com o Vaticano. Portanto, com a morte do papa, os cardeais precisam de toda ajuda que puderem conseguir.

Tom Hanks está a vontade no papel, e faz o bem feito habitual. Mas falta um contraponto à altura. Neste filme você não encontrará Alfred Molina ou o grandioso Ian McKellen.

De qualquer maneira, encontrará diversão. Uma trama dinâmica. E assuntos de interesse. Tem o pé em assuntos não usuais filtrados para o entendimento geral numa aventura competente. Simples assim e não necessariamente ruim. Absorva o diferente e corra atrás de mais informação e divirta-se com o que há para isso, sem traumas.

Bom divertimento!

quinta-feira

ÁGORA, um filme sobre Hipácea

Quando graças ao mestre Carl Sagan, entrei em contato com a história de Hipácea de Alexandria, resolvi-me a pesquisar mais e deixar posts em nossa Panacéia. E, nesta pesquisa e para minha surpresa vim descobrir que a história de Hipácea estava chegando aos cinemas através do filme ÁGORA de Alejandro Amenábar (Os Outros) e estrelado por Rachel Weisz (O Jardineiro Fiel).
Ainda não assisti ao filme, mas assisti o longa “Os outros” do mesmo diretor do qual gostei, e com esta instigante história nas mãos espero que ele faça um bom trabalho. O trailer me pareceu promissor.
A história de Hipácea nos remete a reflexões do tipo “O que aconteceria se...” e outras eculubrações do gênero.
O que aconteceria se...a Biblioteca de Alexandria não houvesse sido destruída? Fantástico imaginar que segundo relatos já haviam estudos que se aproximavam primitivamente dos princípios da robótica! A astronomia e as ciências pelo que era indicado pelos títulos sugestivos indicava conhecimentos que só seriam redescobertos 2000 anos depois!
Conseguem imaginar isso? Nossa ciência avançada em 2000 anos? Como seria o mundo que viveríamos? Que fantásticas tecnologias estariam a nossa disposição? Recentemente vi na capa da superinteressante que dentro de 50 anos, a tecnologia e ciência permitiram ao homem aumentar fantasticamente sua longevidade, possuímos instrumentos fantásticos como a Internet, o acelerador de partículas hadrons e outras maravilhas. O que não poderíamos ter alcançado com 2 mil anos mais?
E depois se perguntam sobre outras civilizações. A raça humana cometeu o erro de destruir a biblioteca de Alexandria e perdeu 2000 anos de sua ciência. Se uma outra civilização com o mesmo tempo de desenvolvimento que o nosso, não cometeu o mesmo engano está 2000 anos a frente, e bem sabemos que este não foi nosso único equívoco do gênero...
Afinal, não lançamos a loucura e ostracismo gênios como Nicola Tesla? Quanto na verdade sabemos? E se é para exercitar as possibilidades terá a biblioteca sido tão destruída quanto afirmam, ou em algum lugar estes conhecimentos foram estudados e desenvolvidos gerando uma tecnologia que não nos é permitido conhecer? Mas, o mais importante da história de Hipácea é percerbemos que mesmo que discordemos de um ou outro assunto em relação a ciência, não podemos NUNCA mais cometer um equivoco tão grande novamente.
Possamos abraçar o conhecimento e protegê-lo. Ele é uma das ferramentas para atingir a Panacéia Essencial.
Trailer:

sábado

Hipácia de Alexandria - Parte II

Intolerância e fanatismo

O reinado de Teodósio (379-392) marca o auge de um processo de transformação do Cristianismo, da condição de religião intolerada para religião intolerante. Em 391, atendendo pedido do então Patriarca de Alexandria, Teófilo, ele autorizou a destruição de todas as instituições não-cristãs existentes no Egito: Sinagogas, Biblioteca de Alexandria, Templo de Serápis e outros monumentos.

Embora a legislação de 393 procurasse coibir distúrbios, surtos de violência popular contra judeus e pagãos tornaram-se freqüentes em Alexandria, principalmente após a ascensão de Cirilo ao Patriarcado, cuja oratória raivosa criava o clima propício a esses excessos. Bairros judeus foram atacados e a população massacrada por fanáticos cristãos, enquanto preciosos monumentos do Helenismo eram sumariamente destruídos.

O resultado dessa política foi a migração dos sábios alexandrinos para Babilônia e outras cidades fora dos domínios do Império Romano. Alexandria jamais voltou a ser o que fora: a capital cultural do mundo antigo.

A morte trágica de Hipátia

Numa tarde de março de 415, quando regressava do Museu, Hipátia foi atacada em plena rua por uma turba de cristãos enfurecidos. Ela foi golpeada, desnudada e arrastada pelas ruas da cidade até uma igreja. No interior do templo, foi cruelmente torturada até a morte, tendo o corpo dilacerado por conchas de ostras (ou cacos de cerâmica, segundo outra versão). Depois de morta, o corpo foi lançado a uma fogueira.

O prefeito Orestes denunciou o crime a Roma e pediu uma investigação, que jamais progrediu por "falta de testemunhas". Ele acabou sendo afastado do cargo. No século VII, o bispo João, de Nikiu, nos escritos, justificou o massacre de judeus e o assassinato de Hipátia, ocorridos naquele ano, alegando tratar-se de medidas necessárias para a sobrevivência e o fortalecimento da Igreja. É através dos escritos que conhecemos os detalhes da morte daquela que viria a ser chamada de Mártir do Paganismo.

A morte trágica de Hipátia foi determinante para o fim da gloriosa fase da matemática alexandrina, de toda matemática grega e da matemática na Europa Ocidental. Após seu desaparecimento, nada mais seria produzido por um período mil anos e, por cerca de doze séculos, nenhum nome de mulher matemática foi registrado.

Citações sobre Hipátia

Sócrates, o Escolástico (em ' História Eclesiástica')

"Havia em Alexandria uma mulher chamada Hipátia, filha do filósofo Theon, que fez tantas realizações em literatura e ciência que ultrapassou todos os filósofos da época. Tendo progredido na escola de Platão e Plotino, ela explicava os princípios da filosofia a quem a ouvisse, e muitos vinham de longe receber os ensinamentos."

Descrição da morte de Hipátia, pelo historiador Edward Gibbon:

"Num dia fatal, na estação sagrada da Quaresma, Hipácia foi arrancada da carruagem, teve as roupas rasgadas e foi arrastada nua para a igreja. Lá foi desumanamente massacrada pelas mãos de Pedro, o Leitor, e a horda de fanáticos selvagens. A carne foi esfolada dos ossos com ostras afiadas, e os membros, ainda palpitantes, foram atirados às chamas".

Carl Sagan, em "Cosmos"

"Há cerca de 2000 anos, emergiu uma civilização científica esplêndida na nossa história, e a base era em Alexandria. Apesar das grandes chances de florescer, ela decaiu. A última cientista foi uma mulher, considerada pagã. O nome era Hipácia. Com uma sociedade conservadora a respeito do trabalho da mulher e do papel, com o aumento progressivo do poder da Igreja, formadora de opiniões e conservadora quanto à ciência, e devido a Alexandria estar sob domínio romano, após o assassinato de Hipácia, em 415, essa biblioteca foi destruída. Milhares dos preciosos documentos dessa biblioteca foram em grande parte queimados e perdidos para sempre, e com ela todo o progresso científico e filosófico da época."

Hesíquio, o hebreu, aluno de Hipátia:

"Vestida com o manto dos filósofos, abrindo caminho no meio da cidade, explicava publicamente os escritos de Platão e de Aristóteles, ou de qualquer filósofo a todos os que quisessem ouvi-la… Os magistrados costumavam consultá-la em primeiro lugar para administração dos assuntos da cidade".

Trecho de uma carta de Senésio de Cirene , aluno de Hipátia:

"Meu coração deseja a presença de vosso divino espírito que mais do que tudo poderia adoçar minha amarga sorte. Oh minha mãe, minha irmã, mestre e benfeitora minha! Minha alma está triste. Mata-me a lembrança de meus filhos perdidos… Quando receber notícias tuas e souber, como espero, que estás mais feliz do que eu, aliviar-se-ão pelo menos a metade de minhas dores".

Hipácia de Alexandria - Parte I

Recentemente, assistindo ao último capítulo da série COSMOS, de Carl Sagan, fui apresentado a fascinante história de Hipácia de Alexandria. Resolvi pesquisar e compartilhar com vocês na Panacéia Essencial, a história desta visionária mulher que, segundo relatos apesar de sua grande beleza, resolveu-se se enamorar pela verdade tornando-se uma das grandes sábias a figurar na história da Biblioteca de Alexandria.

PM

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Hipátia (ou Hipácia) de Alexandria (em grego: Υπατία), matemática e filósofa neoplatônica, nascida aproximadamente em 370 e assassinada em 415. Hipátia era filha de Theon, um renomado filósofo, astrônomo, matemático, autor de diversas obras e professor em Alexandria.Criada em um ambiente de idéias e filosofia, tinha uma forte ligação com o pai, que lhe transmitiu, além de conhecimentos, a forte paixão pela busca de respostas para o desconhecido. Diz-se que ela, sob tutela e orientação paternas, submetia-se a uma rigorosa disciplina física, para atingir o ideal helênico de ter a mente sã em um corpo são. Hipátia estudou na Academia de Alexandria, onde devorava conhecimento: matemática, astronomia, filosofia, religião, poesia e artes. A oratória e a retórica também não foram descuidadas.No tocante à religião, buscou e obteve informações sobre todos os principais sistemas religiosos da época, tendo sempre o cuidado de não permitir que essas crenças limitassem ou deturpassem a busca de conhecimento. Quando adolescente, viajou para Atenas, para completar a educação na Academia Neoplatônica, onde não demorou a se destacar pelos esforços para unificar a matemática de Diofanto com o neoplatonismo de Amónio e Plotino, isto é, aplicando o raciocínio matemático ao conceito neoplatônico do Uno (mônada das mônadas). Ao retornar, já havia um emprego esperando por ela em Alexandria: seria professora na Academia onde fizera a maior parte dos estudos, ocupando a cadeira que fora de Plotino. Aos 30 anos já era diretora da Academia, sendo muitas as obras que escreveu nesse período. A maioria dessas obras não chegou até nós, tendo sido destruída junto com a Biblioteca ou quando o templo de Serápis foi saqueado. O que sobrou provém, principalmente, de correspondências que ela trocava com outros professores e com os alunos. Um desses alunos foi o notável filósofo Sinésio de Cirene (370 - 413), que lhe escrevia freqüentemente, pedindo-lhe conselhos. Através destas cartas, sabemos que Hipátia inventou alguns instrumentos usados na Física e na Astronomia, tais como o astrolábio, o planisfério e um hidrômetro. Sabemos também que desenvolveu estudos sobre a Álgebra de Diofanto ("Sobre o Cânon Astronômico de Diofanto"), tendo escrito um tratado sobre o assunto, além de comentários sobre os matemáticos clássicos, incluindo Ptolomeu. Em parceria com o pai, escreveu um tratado sobre Euclides. Ficou famosa por ser uma grande solucionadora de problemas. Matemáticos confusos, com algum problema em especial, escreviam-lhe pedindo uma solução. E ela raramente os desapontava. Obcecada pelo processo de demonstração lógica, quando lhe perguntavam porque jamais se casara, respondia que já era casada com a verdade. A tragédia de Hipátia foi ter vivido numa época de luta aguda entre o Paganismo declinante e o Cristianismo triunfante, que se impunha no mundo greco-romano. Ela era neoplatônica e defensora intransigente da liberdade de pensamento, o que a tornava má vista por aqueles que pretendiam encarcerar o pensamento nas celas da ortodoxia religiosa. O fim trágico se desenhou a partir de 390, quando Cirilo foi nomeado bispo de Alexandria, com a missão de destruir o Paganismo em todas as formas e manifestações. Ele era um cristão intransigente, que lutou toda a vida defendendo a ortodoxia da Igreja e combatendo as heresias, sobretudo o Nestorianismo. Acredita-se que tenha sido o principal responsável pela morte de Hipátia, ainda que não haja nenhuma prova inequívoca disso. Por ensinar que o Universo era regido por leis matemáticas, Hipátia foi considerada herética, passando a ser vigiada pelos chefes cristãos. Por algum tempo, a admiração do prefeito romano Orestes (que fora aluno) a protegeu. Mas quando, em 412, Cirilo tornou-se Patriarca de Alexandria, a sorte foi selada.