Panacéia dos Amigos

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segunda-feira

Ruas de Fogo

“Sessão da Tarde”! Houve tempo em que ela foi mais interessante do que os filmes insossos de hoje em dia. Numa dessas, nos fins de 80, assisti o filme. Ele entrou para o “rol” dos filmes-bacanas-que-vi-nos-anos-80-e-viraram-cult na qual figuram “Curtindo a vida adoidado”, “De volta às aulas”, “Feitiço de Áquila”, “O enigma da pirâmide” e outros...

“A história é vendida como ““ Uma Fábula de Rock’n’Roll”, o que está correto. A história é em-algum-lugar-no-tempo-e-espaço-de-uma-cidade-que-é-todas-e-nenhuma, com a crueza da violência urbana, gangues, rock e anti-heróis.

E assim, o filme começa com um grande show da estrela Ellen Aim (Diane Lane) e seu grupo the Attackers se apresentando em Richmond, um distrito decadente de alguma megalópole decadente. É uma apresentação quase nostálgica, já que a cantora viveu lá, embora odeie o passado. A canção é “Nowhere Fast”. Sensacional no palco, a cantora Ellen Aim na verdade nunca compôs nada, e o seu empresário inescrupuloso, feio, baixinho e chato vivido por sempre competente Rick Moranis compra ou rouba as músicas.

Durante a apresentação, ela é seqüestrada por uma gangue de motoqueiros. A cidade está sob controle da gangue deixando a pequena força policial de mãos amarradas e postura pragmática diante das situações dramáticas em que cada quarteirão é um domínio de violência e vandalismo.

Diante dessa situação, o empresário e futuro noivo da cantora resolve contratar um mercenário para libertar a moça. O contrato é uma boa desculpa para o mercenário Tom Cody disfarçar o seu interesse no resgate, afinal, a cantora é uma antiga namorada que ele ainda ama e que o abandonou pela fama. “Contratado” para resgatá-la resta invadir o território das gangues. Nesta missão ele acabará encontrando outros personagens e situações, muita briga, romance e rock´n roll, são a sequência da história.

Os figurinos de Giorgio Armani, os neons, os diners, os motoqueiros rebeldes, os penteados rockabilly e os carros são dos anos 50, mas a sujeira das ruas molhadas, a decadência dos edifícios, algumas cores exageradas, ambientes new wave, roupas bufantes e cabelos com laquê não escondem sua origem nos anos 80. A fotografia de Andrew Laszlo com o desenho de produção, a edição com transições de quadrinhos, a trilha de pop, rockabilly, blues e soul é assinada por nomes como Ry Cooder ("Buena Vista Social Club"), Jimmy Iovine e Jim Steinman, a produção caprichada de Joel Silver e a direção de Walter Hill, tornam este filme despretensioso, mas com uma produção bem feita com um resultado “cool”.

Outra coisa elogiável na trama é a construção precisa de seus personagens. É possível definir cada persona e seus atos coadunam perfeitamente com seu perfil. Esta coerência dos personagens não é tão comum quanto possa parecer, infelizmente. Além disso, todos estão bem, mesmo em sua canastrice. O filme todo simplesmente funciona. Temos a fã Reva (Deborah Van Valkenburgh), a dupla de policiais formada por Ed Price (Richard Lawson) e Cooley (Rick Rossovich). A gangue dos Bombers liderada por Raven Shaddock, (Willem Dafoe, sempre bom como “mau”). Destaque para Bill Paxton, como o barman Clyde, que tenta impedir a ação da gangue e leva uma surra. O anti-herói Tom Cody (Michael Paré), e temos ainda McCoy (Amy Madigan), que se torna amiga imediata de Cody, e “parceiro de combate”.

Destaco ainda a apresentação de “Tonight Is What It Means to Be Young”, um verdadeiro hino não tocado nas rádios, mas inesquecível para os que assistiram o filme, em que se expressa musicalmente a juventude em toda a sua fantasia, tolice e energia.

Depois fui rever o filme nos anos 90 já com a devida “aura” Cult. E compreender melhor o quanto as personas eram definidas e ouvir a trilha sonora. Vale a pena conhecer o filme e as canções da fábula de rock´n roll..

Faixas da trilha sonora:

1. Nowhere Fast – Fire Inc

2. Sorcerer – Marilyn Martin

3. Deeper and Deeper – The Fixx

4. Countdown to Love – Greg Philinganes

5. One Bad Stud – The Blasters

6. Tonight Is What It Means to Be Young – Fire Inc

7. Never Be You – Maria Mckee

8. I Can Dream About You – Dan Hartman

9. Hold That Snake – Ry Cooder

10. Blue Shadows – The Blasters

quarta-feira

Solomon Kane, o filme.

Sempre li as aventuras de “Conan”, desde garoto, algumas aventuras marcaram minha infância. Mais tarde com a “Espada Selvagem”, além das aventuras do bárbaro vieram outros personagens, entre eles “Salomão Kane”. Uma ou outra história me chamaram atenção e confesso que gostei. Apesar que podiam ser desenhos melhores. O taciturno caçador de abominações das trevas era interessante. Mas, não cheguei a ler tantas aventuras assim.

Então, eu sabia o suficiente para reconhecer as características do personagem, mas não chegava a ser um “catedrático” neste outro personagem de Robert. E. Howard.

Lá vou eu assistir outra adaptação de HQ. Brinco com amigos também fissurados em HQs que faz parte do “ofício”. Trabalho que tem sido mais fácil ultimamente, com adaptações melhores, mas que anos atrás era a certeza de “terror absoluto”! Mas, sempre pode haver surpresas, portanto, receoso comecei a assistir o filme.

Felizmente...a adaptação me agradou! O ator principal James Purefoy tem soube oferecer o carisma “taciturno” do personagem. O roteiro foi dinâmico e fiel a essência do personagem. Existem falhas, é claro, mas estou para encontrar roteiro quase perfeito em adaptações de HQ (hmm, Batman – Cavaleiro das Trevas quase chegou lá!).

O filme começa em 1600 no Norte da África, aonde o mercenário inglês Solomon Kane lidera seus homens numa luta contra os Otomanos. No clímax da luta eles invadem uma fortaleza e Solomon chega numa sala com espelhos mágicos nas paredes. Inesperadamente, demônios saem dos espelhos e matam a maioria dos homens, mas Solomon consegue chegar até a Sala do Trono onde estão muitos tesouros. Ali ele enfrenta um demônio de capuz negro e espada flamejante. Solomon descobre pela criatura que a sua alma está condenada e foge pulando pela janela e cai no mar.

Desesperado pela sua condenação, Solomon procura proteção tatuando vários símbolos sagrados no corpo e se refugiando num monastério cristão mas o padre encarregado o manda embora depois de um sonho. Solomon então segue caminho de volta ao castelo de seu pai, tentando evitar qualquer ato de violência, mesmo quando é roubado por violentos salteadores.

Ferido após o ataque é ajudado pela família dos Crowthorns, puritanos que desejam viajar até o Novo Mundo. Solomon segue viagem com eles e se afeiçoa aos filhos do patriarca William, sua esposa, filhos e a angelical filha Meredith.

Mas logo os viajantes se encontram com os guerreiros enfeitiçados do mago Malachi, liderados por um brutal e silencioso cavaleiro mascarado. E Solomon deverá decidir se abandona o seu desejo de paz e reinicia a luta contra os demônios, fato que ele acredita condenará para sempre sua alma ao Inferno.

E assim, acompanhamos a saga. Com bons momentos, diga-se. Senti falta de uma trilha sonora à altura. E digamos que o adversário do combate final foi um tanto...exagerado. Mas, para um personagem não tão referencial, até que se esforçaram para uma boa produção e filme.

Vale a pena, a diversão é garantida..

quinta-feira

Thor

Assisti finalmente ao filme de Thor. Eu estava receoso de ver um filme de um herói Marvel dirigido por Kenneth Branagh. Eu gosto muito do trabalho de Branagh. Muito mesmo. “Henry V”, “Muito Barulho por Nada”, “Voltar a morrer”, “Para o resto de nossas vidas”, “Frankenstein de Mary Shelley” (Bem,eu gosto) estão entre alguns dos filmes que mais gostei de assistir.

A questão é que eu não tinha certeza se Branagh conseguiria filmar algo tão pop (sem pejorativo de descartável) como um filme de heróis. Temia também ver Thor declamando suas falas, ou Loki bancando um Hamlet infeliz.

Felizmente, Branagh fez bem seu papel. Dirigiu com elegância e ofereceu um filme bom para assistir. A escolha de Chris Hemsworth já foi um acerto por parte do diretor. Eu já havia apreciado 10 minutos do ator como o pai de James T. Kirk, George Kirk na excelente versão de J.J. Abrams para "Star Trek". Talentoso e carismático bastou adicionar massa muscular e tivemos o ideal para interpretar o personagem.

No filme “Thor”somos apresentados aos asgardianos, seres imortais de outra dimensão, que, ao revelarem-se aos vikings, foram confundidos com deuses, iniciando a mitologia nórdica. Thor (Chris Hemsworth) é um príncipe desse povo, um jovem impetuoso e tolo, cujas ações desencadeiam uma nova guerra contra os Gigantes do Gelo, liderados pelo Rei Laufey (Colm Feore). Banido para a Terra por seu pai, Odin (Anthony Hopkins), ele precisa aprender lições de humildade se quiser tornar-se digno de brandir novamente sua arma, o martelo Mjolnir, e com ele seu poder imortal.

A imagens de Asgard, a morada dos asgardianos, são fantásticas, uma mistura de lenda nórdica e futurismo, bem ao gosto de Kirby nas HQs. Aliás, para leitores como eu é uma satisfação finalmente um filme ter a condições técnicas de trazer uma representação cinematográfica da cidade dos deuses que valha a pena ver.

Vale destacar (embora seja sempre uma aposta ganha) outro acerto do diretor de convocar o grande Hopkins como o "Pai de Todos", Odin. Este “monstro sagrado” empresta a Odin a nobreza e presença fundamental ao personagem. E o que dizer de Tom Hiddleston, o Loki? Desde a primeira cena eu vi Loki na tela, uma interpretação a altura de Hopkins, sendo que Loki por sua sempre dubiedade é tão mais difícil de interpretar! Quando fingia-se aliado conseguia expressar uma face angelical, mas era possível ver malícia em seus olhos, genial! Este inglês trabalhou com o diretor Kenneth Branagh na série Wallander, e ofereceu ao diretor , este sim, um tipo “Hamlet” atormentado desejoso da compreensão do pai, do poder, de encontrar o seu lugar, já que graças ao seu passado descobre ser um deus de dois reinos.

Uma das habilidades do diretor é a direção de cenas de batalhas, basta assistir seu primeiro filme “Henry V” para saber do que estou falando, portanto, atenção as sequencias contra os gigantes do gelo e combate com o Destruidor.

O filme tem defeitos de roteiro, nada grave, e se aceitamos que o super homem coloca um óculos e vira outra pessoa, acabamos aceitando que Thor vá se apaixonar loucamente por uma mortal a primeira vista (Natalie Portman). E que um Deus Nórdico furioso e pronto para a batalha, vindo de uma mitologia que prega morrer em combate, aceitaria se sacrificar sem luta para salvar nosso mundo...hmm...

Mas, estes detalhes de fãs mais atentos não tira o mérito do filme que tem um roteiro razoável, direção correta, bons atores nos papéis principais. Tudo isto torna “Thor” um “filme de herói” divertido que não compromete o entendimento de quem não lê HQs e satisfaz os iniciados da 9ª arte!

segunda-feira

O Livro de Eli

Embora reconheça que Denzel Washington é um ator talentoso, versátil, não há muitos filmes com ele que tenham sido registrados especialmente. Mas este, ficará. “O Livro de Eli”.

É bem verdade que, neste caso, a temática do filme será mais indelével a memória do que seu protagonista, isto às vezes acontece, como no caso de Matrix filme no qual o insosso Keanu Reaves simplesmente é absorvido por uma trama tão envolvente que nem mesmo ele consegue estragar tudo. Não é o caso de Denzel cuja contribuição do com seu carisma e capacidade de assumir a “persona” necessária foram importantes para o resultado final. Atores talentosos são capazes disto.

A produção do filme é bem cuidada, no sentido de ser descuidada. Afinal, é um mundo pós – apocalíptico e o ambiente é sujo, desagradável e angustiante o tempo todo. A direção dos irmãos Hughes (que filmaram “Do Inferno” com Johnny Depp) não atrapalha, não é especialmente atrativa ou talentosa. A trilha sonora é irrelevante. Os atores se resumem a Denzel e o sempre marcante Gary Oldman, neste caso com uma atuação tensa e controlada, precisa. Os demais apenas circulam em volta sem grandes interferências ou destaques.

A trama gira em torno do caminhante Eli cuja peregrinação o leva constantemente ao oeste dos Estados Unidos, ele não compreende o porquê, apenas segue, acreditando ser uma missão inspirada divinamente. O que mantém sua fé foi que a mesma inspiração o ajudou a encontrar um precioso livro, que são raros neste novo mundo. E este livro, seu principal tesouro é justamente o objetivo de incessantes e muitas vezes cruéis buscas por parte de Carnegie (Gary Oldman), o chefe de um inóspito vilarejo e motivo de muitos conflitos com lutas elegantes e perseguições.

O tema leva a várias considerações interessantes: O que foi o conflito? Como a humanidade pôde decair tanto? O que faríamos em situação similar? Estamos caminhando para ela? O final surpreende e emociona. Uma frase em especial pontua o tom de toda a história quando Eli comenta com uma personagem como era a vida antes e diz que “havia de tudo para todos e até demais e as pessoas jogavam fora coisas pelas quais, hoje, são capazes de matar!”

Mila Kunis com sua personagem Solara deixa a desejar. E é um papel importante na trama. A falta de presença de cena da atriz ainda repercute no final de sua personagem, enfraquecendo-o. Uma pena.

Um filme instigante. Perturbador. Um conselho: vá até sua cozinha. Encha um belo copo de água e o sorva lentamente, com prazer. É água tratada, ao seu alcance com facilidade. Na verdade, muitas vezes nos esquecemos de quão grande e maravilhoso é este privilégio e outros aparentemente tão simples que gerações do passado não tiveram e que, esperamos, as gerações futuras possam ter.

quarta-feira

Hermanoteu na Terra de Godah

“Hermanoteu na terra de Godah! Hermanoteu...peregrina! Peregrina! Hermanoteu na terra de Godah! Aaaaaaaaaahhhhaaaahhhhaaahhh!”

Quem assistiu ao filme, sabe que esta canção fica com a gente, ao fim de muitas gargalhadas. Hermanoteu na Terra de Godah uma produção da Cia. Melhores do Mundo (e são mesmo!).

Este filme é na verdade a gravação em DVD do espetáculo. Eu não me lembrava da peça, tampouco da repercussão. Alguns vídeos esparsos na internet, alguns comentários. Mas, há duas semanas quando recebi o filme para assistir realmente eu não me lembrava.

As surpresas começam na tela de apresentação. Antes de tudo comecem a assistir. Assistir? Sim. Hermanoteu aparece na tela aguardando que liguemos o filme. É hilário observar o que vem a seguir, Hermanoteu impaciente se esforçando para comecemos a assistir, revoltado, enfrentando tempestades, esperando sentado...

O espetáculo em si é muito divertido. Hermanoteu na Terra de Godah trata a história de um modesto pastor pentescopéio que, através de um anjo, recebe a ordem divina de ir à terra de Godah. Para isto, abandona a mãe e sua irmã Micalatéia e parte em sua busca.

Em sua missão Hermanoteu percorre anos a fio pelo deserto sempre jejuando (o que não o agrada) e parando em diversas regiões históricas. Conhece Roma e Egito, e encontra povos e figuras divertidamente peculiares: os homens da fronteira de Gião, profetas, César, Cleópatra, Jesus Cristo (ou quase ele está sem barba e se denomina “JC”!). Como não poderia deixar de ser na história de um personagem com missão divina, ele logo passa a ser tentado pelo diabo (Welder Rodrigues...impagável!).

O texto, original de 1995, ganha adaptações ao longo dos anos e até hoje é apresentado. A gravação do DVD é de 2009, mas não o torna menos divertido, afinal a temática em si, já é de rolar de rir e muitas das referências ainda estão na memória.

De longa data sou um grande fã do grupo britânico Monty Python's. E para quem conhece o trabalho dos Python´s percebe a identificação imediata no melhor sentido: é um trabalho à altura dos melhores momentos do geniais ingleses!

Textos geniais. Interpretação inspirada. Tema bíblico. Não há como não nos lembrarmos de “A vida de Brian” com direito a música no final (compra o disquinho!, vejam o vídeo na Panacéia dos Vídeos!). É a canção com que começo o texto. É muito bem feita, como todo o espetáculo.

A inteligência, sarcasmo, a atitude politicamente incorreta, a polêmica e a banalidade do dia a dia, ao mesmo tempo uma identidade invulgar e brasileira. Sim, a Cia. Melhores do Mundo bebeu da melhor fonte, mas devolveu um trabalho brasileiro estupendo. Eu me senti feliz em observar um grupo tão talentoso em ação.

São muitos os momentos fantásticos e eu não quero estragar a alegria de ninguém contando as piadas, mas vale destacar entre tantos a passagem por Gião (A sequência mais “Monty Python's para mim), todas as intervenções do diabo, O encontro com os bárbaros, A santa ceia, a canção final... na verdade estou numa tarefa ingrata...é ver para crer e rir muito.

A Cia. Melhores do Mundo foi criada em 1995 e segundo sua própria definição é um grupo teatral cômico de repertório próprio apresentado em todo o país e Portugal com o compromisso de ressaltar uma visão crítica sobre os hábitos, a sociedade, cultura e, claro, fazer RIR! O grupo é formado pelos atores cômicos Adriana Nunes, Adriano Siri, Jovane Nunes, Ricardo Pipo, Victor Leal e Welder Rodrigues.

Hermanoteu na Terra de Godah é item obrigatório na DVDteca de quem realmente aprecia a arte cômica. Podem adquirir que eu garanto. Temos organizado sessões do filme em minha casa. Sério! A gente vai chamando as pessoas para assistir e curtir. Os melhores do Mundo fazem valer seu adequado título! E que novas peças geniais continuem sempre a surgir!

quinta-feira

Sherlock Holmes - O filme com Downey Jr.

Sou um grande fã de Sherlock Holmes. Histórias de mistério sempre me fascinaram e acompanhar o detetive de Baker Street desvendando mistérios aparentemente insolúveis sempre foi um deleite para mim. Adoro a Inglaterra e o detetive inglês sempre fez parte do meu imaginário criativo, um referencial. Li muitas histórias, muitas mesmo. Escrevi sobre o “O escândalo na Boêmia” e voltarei a escrever sobre outros.

Em filmes, não vi tantos quanto gostaria, mas o que vi me desagradaram. Holmes era “parvo” demais. É preciso entender que definitivamente, é um gênio dedutivo, mas também é energia e ação. Ele mesmo explicou que este diferencial o tornava um grande detetive, sendo que seu irmão Mycroft, que segundo o próprio tinha habilidades dedutivas tão ou mais brilhantes que as dele, não o poderia ser.

O único filme que apreciei e aprecio é o “Enigma da Pirâmide” em que Spielberg, no melhor de sua forma, nos apresenta o primeiro encontro, ainda estudantes, de Holmes e Watson em sua primeira aventura. Não há o que reclamar. Um filme perfeito em roteiro, trilha, direção e interpretação. Um clássico dos anos 80, sobre o qual já escrevi na Panacéia do Cinema.

Admito que tenho a tendência a ser puritano quando meus personagens preferidos de literatura e HQ ganham adaptações para o cinema. Sou muito exigente e se o personagem for modificado em alguma característica relevante é bom que seja por um bom motivo. Vivemos um momento de “revivals” e “reinterpretações” dos personagens, algumas muito profundas outras apenas devolvem os personagens ao que eles sempre foram o que é o caso do Batman. Versões recentes que mostram a “história que originou a lenda” se mostraram interessantes como “Rei Arthur” com Clive Owen e “Robin Hood” com Russel Crowe, por exemplo, que gostei bastante.

E é nesta categoria que eu coloquei a nova versão cinematográfica “Sherlock Holmes” de Guy Ritchie. Passei a ter a mente mais aberta para estas “atualizações de conceito” desde que passei a acompanhar em HQ a nova versão dos “Vingadores”, os “Supremos” de Mark Millar. Foi quando eu vi que era possível se divertir com isto. Bastava um mínimo de qualidade. Ou então, teríamos pelo menos boas risadas para dar.

Dei boas risadas de fato, mas também devo admitir eu aprovei. Bem, vamos lá. A idéia que Holmes, além de um gênio dedutivo, era um bom vivant com igual capacidade para os extremos da mente e das ruas, das rodas intelectuais as brigas e violência, em qualquer outro ator seria de se pensar, mas em Downey Jr...bem, vale a pena!

Sou fã do ator, ele é capaz de tudo e traz muita verdade em sua interpretação de outsider, o cara que não se adapta aos moldes tradicionais, não é adequado, mas como é bom no que faz, bem, tem que se aceitar suas excentricidades. Isto é Downey Jr! Por isto, ele interpreta este tipo tão bem seja Tony Stark ou Sherlock Holmes! Quanto ao Watson de Jude Law fugiu do que eu esperava, mas a sinergia entre ele e Downey foi boa.

A trama me pareceu confusa a príncipio, pois ia por um caminho estranho a mitologia Holminiana, digamos, mas ela acabou sendo muito divertida e interessante o suficiente para mim. Não pude deixar de notar a sutil referência a Jack, o estripador. E a presença de Irene Adler de “O escândalo da Boêmia” foi referencial para os leitores de Holmes.

Enfim, esta revitalização vem em tempo para trazer novos fãs para o detetive. Nos tempos atuais, é preciso aliar dinâmica com inteligência e uma dose de realismo para que o público se identifique. Embora não seja um admirador de Ritchie , creio que ele se aproximou disto. Esperemos a continuação!..

terça-feira

CONTATO, O FILME


Há algum tempo estou para escrever este post. Muitos anos atrás quando participava de um fanzine o "Lúdico Ditado", o filme estava nos cinemas e demos destaque. Eu tive a oportunidade de assisti-lo nas telas do cinema. E foi impactante.

Tudo parecia promissor: Um bom diretor como Robert Zemeckis, apesar de que "De volta para o futuro", fosse um estilo diferente de uma ficção científica "séria" como esta, mas bem, é o diretor de "Forrest Gump" também, certo? Jodie Foster encabeçava o elenco, e não há nada que precisa ser dito mais do que já foi sobre seu talento. E além de tudo isto, era a adaptação de um romance de mestre Carl Sagan! Este dado era especialmente nostálgico para mim, na época, havia muito tempo que eu assistira "Cosmos", mas a imagem de Sagan e deste programa ainda viajavam e encantavam minha memória.

Bem, o que poderia dar errado? Muita coisa, mas felizmente nada aconteceu. Como ainda não li o livro, não posso dizer o valor da adaptação. Colegas que leram afirmam que apesar de ligeiras alterações é um grande filme. Eu cheguei a ouvir um pouco de um áudio livro de Contato ditado pela Jodie Foster! O filme em si, lançado em 1997, conta a história da Drª Eleanor Ann "Ellie" Arroway.

Depois de um ínicio visual empolgante com diversas imagens que lembram um pouco a série “Cosmos”, começamos a conhecer a história de Ellie Arroway, a menina que teve no pai, um grande incentivador em sua curiosidade natural sobre as estrelas. Fatos importantes acontecem na vida da pequena Ellie que transformam sua vocação, em uma quase obsessão: entrar em contato com alguma civilização extraterrestre.



Se tornando uma cientista do SETI, programa que busca vida inteligente extraterrestre, Ellie é uma radioastrônoma que consegue, depois de muita dedicação pessoal e anos de luta, descobrir um sinal extraterrestre transmitido a partir da estrela Vega. Este sinal contém um conjunto de informações entre as quais se destacam a primeira grande transmissão televisiva realizada na Terra (dos Jogos Olímpicos de Berlim, na qual Hitler aparece) assim como instruções para construção de uma máquina de transporte espacial. A máquina é construída e Ellie, apesar de todo o mérito que possa ter pela descoberta, deve lutar contra mais adversidades para que possa ser escolhida para realizar a viagem. No final do filme, Ellie tem ainda que provar perante todos que realmente realizou a viagem. A adaptação do livro foi relativamente fiel, no entanto os finais são relativamente diferentes.


Toda a trajetória desta cientista é um caminho é árduo e desacreditado. Embora seja reconhecida pelos seus pares como uma cientista notável e brilhante, sua escolha como campo de pesquisa “a busca por homenzinhos verdes” a torna constantemente alvo de grosserias e chacotas. Na verdade, para quem assistiu a série e conhece um pouco da vida de mestre Sagan é fácil perceber muito de sua visão e vivência nesta história. Afinal, ele mesmo muitas vezes foi ridicularizado porque tinha os mesmos objetivos de sua personagem.



Também encontramos outros elementos do pensamento de mestre Sagan no personagem de Matthew McConaughey, o “quase religioso” Palmer Joss. Na verdade, ele é o que Sagan vislumbra como a mente religiosa ideal. Pois, mantém sua fé, mas possui uma mente aberta as possibilidades da ciência, sem uma visão restrita ou ortodoxa. Talvez, sábia e ponderada.

Em contraponto, o filme apresenta líderes contrários a qualquer possibilidade de um encontro com uma civilização extraterrestre e as consequências que isto gera no conceito de fé. Alguns mais radicais ainda se tornam elementos totalmente perniciosos e desesperados capazes de destruir o trabalho da ciência para não vivenciar novas descobertas!


Esta parte do enredo tem seu fundo histórico na história do cientistas Jônios ou mesmo na destruição da Biblioteca de Alexandria, histórias contadas pelo próprio Sagan em “Cosmos”.

Tudo reverbera diante da possibilidade de um contato com uma inteligência extraterrena. O filme, sempre dinâmico, nos mostra os interesses mesquinhos de empresas, governos, religiosos e mesmo entre os cientistas do projeto. O medo, a esperança das pessoas em relação a mensagem do espaço.

A direção é competente, a história é dinâmica e emocionante, os atores cumprem seu papel, menos Jodie Foster que simplesmente sobra na tela como a cientista Ellie Arroway. Na verdade, existe uma nota curiosa porque em um determinado momento do filme Ellie tem uma visão que deveria trazer uma emoção enorme, quase uma revelação. Mas, o efeito especial da cena já estava pronto e a interpretação dela, que não conhecia a imagem, foi filmada depois. Os técnicos de efeitos lamentaram este descompasso. Por quê? Porque a emoção transmitida por Jodie Foster foi muito, muito além da imagem que eles produziram. O talento de Jodie Foster foi muito além dos que os técnicos poderiam ter imaginado..

"Contato" é um verdadeiro filme de Ficção Científica, digo verdadeiro, porque para ser Ficção Científica não basta a história situar-se no espaço sideral, são necessários elementos como reflexão, investigação e ciência.



Tudo o que foi incentivado e divulgado por mestre Sagan em toda a sua vida. O filme baseado em seu romance traz tudo isto e não deixa de lado a humanidade de seus personagens, qualidades e fraquezas com as quais nos indentificamos e passamos a torcer por eles.


Um filme inteligente, empolgante e emocionante. Com todos estes atributos ainda adiciona-se mais um: Imperdível..

segunda-feira

Efeito Borboleta..

E, se cada ato que você fizesse hoje, mudasse seu futuro? E se a realidade fosse uma argila que pode ser moldada em cada pensamento, em cada decisão? E se todos fossemos conectados como duas pedras lançadas no lago e com as ondas se cruzando e se alterando mutuamente? E se você pudesse voltar no passado e reescrever sua história? O que você faria?

Estas questões são levantadas no extraordinário filme “Efeito Borboleta” (Butterfly Effect,2004), um filme norte-americano, lançado em 2004 de ficção científica/drama, com Ashton Kutcher, Melora Walters, Amy Smart, Eric Stoltz e outros atores da New Line Cinema. O filme foi dirigido e escrito por Eric Bress e J. Mackye Gruber.

Em um roteiro não menos do que brilhante somos levados a conhecer a história de Evan Treborn. Na verdade, o roteiro dinâmico nos lança diretamente a uma inquietante cena aonde o personagem desesperadamente em fuga refugia-se em um escritório e debaixo da mesa começa a ler uma folha de papel amassado como se isto pudesse evitar a chegada dos vigias. E no exato momento que estes arrombam a porta a imagem estremece e a realidade se altera... a intrigante história de Evan apenas começou.

Nesta trajetória conheceremos os melhores amigos, os inimigos, e a vida de Evan. No entanto, sua vida é conturbada com mistérios inexplicáveis. Estas situações vão perturbando Evan até que ele compreende que como seu pai, ele possui um dom inacreditável: O efeito borboleta!

Efeito borboleta é um termo que se refere às condições iniciais dentro da teoria do caos. Este efeito foi analisado pela primeira vez em 1963 por Edward Lorenz. Segundo a cultura popular, a teoria apresentada, o bater de asas de uma simples borboleta poderia influenciar o curso natural das coisas e, assim, talvez provocar um tufão do outro lado do mundo. Porém isso se mostra apenas como uma interpretação alegórica do fato. O que acontece é que quando movimentos caóticos são analisados através de gráficos, sua representação passa de aleatória para padronizada depois de uma série de marcações onde o gráfico depois de analisado passa a ter o formato de borboleta.

Compreender seu dom e as implicações dele é o desafio de Evan e o levará a uma encruzilhada torturante aonde ele deverá tomar uma decisão quase impossível!

Explicar mais seria desfazer todo o efeito que este roteiro genial tem a oferecer. Costumo ser um tanto quanto crítico em relação a filmes, primeiro porque adoro cinema, segundo porque já vi filmes bons demais para aceitar filmes medíocres, terceiro porque sigo o conselho do Marcelo Tas que nunca esqueci: “Não perca tempo vendo filmes ruins, não perca duas horas de sua vida vendo algo que não presta”!

Posto isto posso afirmar sem erro, que efeito borboleta é um dos melhores filmes que assisti. O roteiro é impecável, os atores não atrapalham (E olha que Ashton Kutcher não me convence, mas está bem neste filme), a direção é dinâmica e bem feita e até a trilha sonora com direito a música pop (O que eu geralmente DETESTO), caiu muito bem no filme. A canção no caso é “ Stop Crying Your Heart Out” do Oasis, que inclusive estou ouvindo enquanto escrevo este post.

Concluindo amigos e amigas visitantes da Panacéia Essencial o que você deve saber sobre este filme é que, se ainda não assistiu, pare tudo e corra para a locadora! Raramente um filme vale cada segundo e este é o caso de Efeito Borboleta!

A propósito, infelizmente, esta história gerou continuações cada vez piores, não perca tempo com elas. Efeito Borboleta é um “filme highlander” ou seja, só pode haver um..