A vida da biofísica britânica
Rosalind Franklin foi repleta de controvérsias. Ela foi responsável por parte
das pesquisas e descobertas que levaram à compreensão da estrutura do ácido
desoxirribonucleico (DNA, na sigla em inglês). Essa história, porém, é um conto
de competição e intriga, descrito de uma maneira por James Watson e Francis
Crick - que elaboraram o modelo da dupla hélice para a molécula de DNA - e
outra por quem defende Franklin como pioneira injustiçada na biologia
molecular. James Watson, Francis Crick e Maurice Wilkins receberam um prêmio
Nobel por seus estudos em 1962: quatro anos após a morte de Rosalind Franklin,
aos 37 anos, vítima de câncer de ovário. Sua contribuição não foi reconhecida
na época.
Nascida em 25 de julho de 1920,
Franklin se destacou nas aulas de ciência desde criança, e estudou em uma das
poucas escolas para garotas em Londres que ensinavam física e química naquela
época. Aos 15 anos, ela decidiu se tornar cientista. Seu pai era contra o
ensino superior para mulheres, e queria que Rosalind prestasse serviço social.
Ele, no entanto, cedeu, e em 1938 a jovem se matriculou no Newnham College, uma
faculdade só para mulheres da Universidade de Cambridge, onde se formou em
1941.
No ano seguinte, passou a trabalhar com pesquisa no Reino Unido, e
promoveu pesquisas importantes sobre o Depois de sair de Cambridge,
Rosalind Franklin passou três anos em Paris, onde pesquisou sobre técnicas de
difração de raios-x. Em 1951, voltou à Inglaterra como pesquisadora no
laboratório do físico John Randall no King's College de Londres. Foi lá que
encontrou Maurice Wilkins.
Eles lideravam por grupos de pesquisa e mantinham
projetos paralelos, ambos sobre o DNA. Quando Randall passou a Rosalind a
responsabilidade por seu projeto, ninguém trabalhava naquela pesquisa havia
meses. Wilkins estava fora do laboratório naquela época, e quando voltou
pensava que ela era apenas uma assistente técnica, não uma colega - e principal
pesquisadora do assunto no laboratório.As mulheres ainda era desvalorizadas na
academia nos anos 1950.
Apenas homens tinham permissão de utilizar os
restaurantes da universidade, e havia diversos estabelecimentos voltados apenas
para um sexo. Nesse contexto, o comportamento dos cientistas a respeito de
Franklin não era surpreendente. Mesmo assim, chama atenção o desprezo
apresentado por seus colegas de laboratório em cartas reveladas recentemente.
Em correspondência com seus colegas em Cambridge (Crick e Watson), Wilkins
chamava a jovem cientista de "bruxa".
Mesmo menosprezada, Rosalind
persistiu em seu projeto de DNA. Entre 1951 e 1953, ela chegou muito perto de
descobrir a estrutura do DNA. Crick e Watson, porém, publicaram a solução
antes. Em 2010, foi comprovado que o pioneirismo dos cientistas foi, na
verdade, baseado nos estudos de Franklin, a "mãe do DNA". A britânica
fez os melhores registros da estrutura até então, usando técnicas de raios-x.
Ela permaneceu nove meses com o material, porém não identificou as hélices que,
hoje se sabe, formam a estrutura helicoidal do DNA: o modelo da dupla hélice,
proposto por James Watson e Francis Crick em 1953. O trabalho de Rosalind
jamais foi mencionado pelos autores do artigo, publicado na revista Nature.
Rosalind Franklin morreu no anonimato.
Fonte: http://noticias.terra.com.br/
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