O
contexto da Filosofia pré-socrática é o de tentativa de descoberta daquilo que
compõe e origina o universo, que na Grécia Antiga era chamado de cosmologia.
Desde os jônicos, passando pelos pitagóricos e chegando nos eleatas e
pluralistas, o que se queria na época era apontar qual a origem provável de
todo o Universo, já que as cosmogonias mitológicas não eram suficientes para
explicar a origem.
Pitágoras,
ao tentar apontar uma origem cosmológica, enxerga no Universo uma organização
ou codificação numérica essencial. Desse modo, ele atribuiu ao algarismo 1 (que
representa a ideia de unidade e de ponto de partida) todo o começo do Universo.
Para Pitágoras e seus seguidores, havia uma relação intrínseca entre a Música,
a Matemática, a organização cosmológica e a composição das almas das pessoas
(sua seita acreditava na transmigração de corpos pelas almas, ou reencarnação),
pois todos esses elementos naturais ERAM na visão pitagórica, regidos por
ordens numéricas.
Seita Pitagórica
Os
pitagóricos acreditavam na reencarnação da alma ou a transmigração de corpos. A
doutrina da seita era baseada numa purificação da alma por meio da vida
corpórea, pois essa era a finalidade da vida material, até que a alma atingisse
um estado de purificação total e alcance da vida eterna.
Essa
purificação somente seria alcançada por meio do acesso ao conhecimento e à
sabedoria. Aristóteles afirmou que Pitágoras foi o criador da palavra filósofo
(amante da sabedoria), o que atesta a sua defesa de uma busca pela sabedoria como
modo de evoluir.
Pitágoras e a música
Assim
como todos os elementos naturais, a música era, na visão pitagórica, uma
relação numérica. Essa ideia está bem fundamentada e sustenta-se até hoje, pois
as relações entre tons, semitons e outros elementos musicais são medidos e
classificados por números.
Pitágoras
revolucionou a música antiga ao descobrir uma nova escala de tons, diferente da
escala que era utilizada até então, e na criação de um instrumento musical, o
monocordo. O seu instrumento aplicava a noção pitagórica de divisão da corda em
espaços exatos para se ter tons diferentes, atravessando a escala musical e
chegando às oitavas mais ou menos agudas. Essa descoberta pitagórica permitiu a
criação dos instrumentos de cordas modernos, como o violão e o piano.
Hipaso de Metaponto
O
caso de Hipaso permanece um mistério não resolvido até os nossos dias. O
pensador era um dos seguidores da seita pitagórica. Em seus estudos de
Matemática, o místico descobriu uma nova relação numérica por meio do estudo de
Geometria. Tratava-se dos números irracionais. Acontece que a teoria dos
números irracionais chocava com a teoria cosmológica pitagórica.
Algumas
fontes dizem que os pitagóricos expulsaram Hipaso e fizeram um enterro
simbólico dele, que teria vagado por um tempo e cometido suicídio como autopunição.
Outras fontes dizem que Hipaso foi executado pelos pitagóricos. Não se sabe ao
certo até que ponto as teorias estão corretas e qual é o grau de envolvimento
de Pitágoras com o caso de Hipaso.
Pensadores influenciados por Pitágoras
A
filosofia pitagórica influenciou vários outros filósofos, matemáticos e
cientistas posteriores a ele. Somente na Grécia, vimos em Platão e Aristóteles
ecos da filosofia pitagórica. Para Platão, a transmigração da alma
(reencarnação) realmente acontecia e a busca pelo conhecimento racional
superior era uma maneira de aproximar-se da alma e dos elementos divinos.
Aristóteles
remonta a Pitágoras para buscar elementos que corroborem a sua filosofia,
essencialmente as ideias matemáticas de codificação universal. Outros pensadores,
como Galileu, Giordano Bruno, Isaac Newton, Leibniz e Kepler foram, de algum
modo, influenciados por Pitágoras.
Por Francisco Porfírio
Professor de Filosofia"
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