Os
Beatles criaram a trilha sonora dos anos 1960 e representaram, mais
que qualquer outro artista, a ingenuidade, a beleza e o otimismo
daquela década.Mas a separação da banda, em
1970, foi marcada por ódio, vingança e processos
judiciais. Um fim triste para o grupo que sonhou em mudar o mundo.O
jornalista inglês Peter Doggett escreveu o livro definitivo
sobre o longo e doloroso processo de separação dos
Beatles: "A Batalha pela Alma dos Beatles", que acaba de
sair no Brasil pela editora Nossa Cultura.
Mesmo
quem conhece a história dos Beatles vai se surpreender com o
detalhamento do livro de Doggett. Ele revela todos os pequenos
desentendimentos que acabaram virando abismos intransponíveis
no relacionamento da banda.A história da Apple, a utópica
e malsucedida gravadora da banda, é contada com minúcias,
assim como as complicadíssimas batalhas judiciais
pós-separação.
"Venho
coletando material sobre os Beatles desde 1970, quando era apenas um
fã da banda", diz Doggett à Folha. "Quando
chegou a hora de escrever o livro, eu já havia entrevistado
muitas pessoas num período de 20 anos." Entre elas,
Doggett destaca as de Yoko Ono e de Louise, irmã de George
Harrison (1943-2001). "Foi fascinante falar com Louise e saber
detalhes sobre como George recebeu a notícia da morte de John
[Lennon]."
Mas a
entrevista mais reveladora, segundo o autor, foi a de Derek Taylor
(1932-1997), o assessor de imprensa dos Beatles. "Falei com ele
pela primeira vez em 1988", conta. "Taylor foi
incrivelmente honesto sobre as qualidades e fraquezas dos Beatles
como seres humanos e sobre os problemas que tiveram com a Apple."
Doggett afirma: "Os Beatles descobriram algumas grandes
verdades: você não pode se envolver em negócios
sem se tornar um negociante; você não pode entrar no
mercado sem se tornar um capitalista; você não pode
supor que, só porque você tem ideais fortes, o resto do
mundo vai dividi-los com você".
O livro
surpreende pelo teor raivoso das brigas, que só pioraram
depois que John Lennon (1940-1980) começou a levar Yoko para o
estúdio. George Harrison não suportava Yoko e chegou a
sair da banda depois de trocar socos com Lennon, que imediatamente
sugeriu Eric Clapton para o lugar de Harrison. Outro caso que mostra
o grau de ódio entre eles aconteceu depois de um ensaio da
música "Across the Universe", de Lennon, quando Paul
McCartney teria dito: "Tem uma influência oriental que
realmente não combina aí", deixando no ar se
estava se referindo à música ou a Yoko.
"Fiquei
triste por eles", diz Doggett. "Eles cresceram confiando
nas pessoas que estavam próximas. Depois de 1969, no entanto,
se viram sem ninguém em quem pudessem confiar." "O
que mais me impressionou foi que eles continuaram a fazer música
nos anos 1970, mesmo tendo reuniões diárias com
advogados e quando todo mundo estava querendo processá-los e
eles estavam processando uns aos outros", completa.
Fonte:
http://www1.folha.uol.com.br/
; texto de André Barcinski
Nenhum comentário:
Postar um comentário