Outras funções do corpo mental são as de desenvolver os poderes da memória e imaginação, servir oportunamente como veículo independente da consciência no plano mental, servir à consciência como veículo do pensamento concreto bem como expressá-lo no corpo físico através do corpo astral, cérebro etérico e sistema cérebro-espinal, coordenar movimentos do corpo físico para a ação, etc... É importante compreender, pelo menos parcialmente, que, segundo a Tradição-Sabedoria, o corpo físico, o duplo etérico, o corpo astral e o corpo mental são todos mortais formando, em conjunto, o eu inferior ou personalidade - palavra que provém da palavra grega "persona" (literalmente: fonte de onde vem o som) que era o nome da máscara usada pelos atores nos teatros da Grécia Antiga sendo indicativa do papel que representavam. Assim, o eu inferior, quaternário inferior ou personalidade seria a "camada" mais exterior de nosso Ser, a "máscara" com que o Eu Superior, a Tríade Superior ou Ego se manifestaria no teatro da vida.
A última função do corpo mental inferior, ou simplesmente corpo mental, que precisamos citar seria a de assimilar os resultados das experiências vividas, e passar a sua essência, antes de sua morte, para o Ego Imortal, o Homem Real vivendo em seu corpo mental superior, o Pensador, como analisaremos melhor em nossa próxima lição. Esses resultados de experiências vividas são os "tesouros" que Jesus aconselha ajuntar "no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam" (5).Porém esse "cofre espiritual" que é o corpo mental superior ou corpo causal, como é mais freqüentemente chamado por acumular as "causas" do futuro, sendo constituído da matéria sutilíssima dos 3 subplanos superiores do plano mental só pode acumular a essência das mais sublimes experiências de nossas vidas, sendo a imensa maioria de nossas ações grosseiras demais para atingí-lo.
O corpo causal é também o veículo do pensamento abstrato, em contrapartida ao corpo mental que é o do pensamento concreto. O pensamento é meramente estabelecido de relações entre as imagens presentes em nossa mente, caso essas imagens sejam nomes e formas por um lado, ou conceitos, leis e princípios por outro, teremos, respectivamente, pensamentos concretos e abstratos. Logo, é natural que o corpo causal, chamado 'Vijnámayakosha' pelos vedantinos, que acumula a essência das experiências, trabalhe no nível das leis e princípios que se ocultam das formas mais concretas. Platão chama-o de alma inteligível.
Os outros dois componentes da Tríade Superior são de natureza ainda mais sutil.
O veículo búdico é aquele responsável pela compreensão que ilumina o pensamento, dele provém a luz de 'buddhi' ou intuição que dissolve as dúvidas e desperta a compaixão por todos os seres, visto que no plano búdico já se pode sentir como absolutamente real a unidade de tudo que vive. Esse veículo, comparado freqüentemente a uma estrela de luz cujos raios tudo penetram e tudo abrangem, tem se identificado com o Cristo Interno, referido diversas vezes na tradição Cristã. Talvez o apóstolo Paulo tenha legado a nós a mais bela dessas referências: "Cristo em vós, a esperança de glória." (7) Por sua vez, entre os vedantinos o veículo búdico era chamado de 'ãnandamayakosha', ou seja, veículo ou envoltura de bem-aventurança. Aquele que consegue focar sua consciência nele atinge um êxtase elevadíssimo, somente inferior ao do veículo átmico.
O veículo átmico, centro da vontade espiritual que nos conduz inexoravelmente pela eternidade através de todas as limitações, constituindo-se da ainda mais sutil matéria do plano nirvânico. Foi comparado com "um círculo com sua circunferência em nenhum lugar e seu centro em toda a parte". Como facilmente se nota esses conceitos são demasiados abstratos para que as palavras possam expressá-los de fato. Tentaremos fazê-lo através de uma alegoria. Como já vimos, a mente do indivíduo poderia ser comparada a uma película de filme constantemente a projetar imagens mentais-emocionais sobre os átomos do mundo físico. Se levássemos essa alegoria sobre os átomos do mundo físico. Se levássemos essa alegoria mais adiante, teríamos a luz de buddhi, proveniente do veículo búdico, representada pela luz que anima o filme projetando-o na tela, ou seja, a luz que anima as imagens mentais. A lâmpada que projeta essa luz seria o veículo átmico. Seguindo o conceito básico da Tradição-Sabedoria que é o da unidade da vida, diríamos que embora existam diversas mentes projetando diferentes películas existe uma lâmpada que projeta a luz que as anima. Logo, aquele que penetrasse no centro de sua consciência "sintonizaria-se" com a energia que está condensada em toda a matéria do Universo e, conseqüentemnte, se sentiria "dentro" de todos os seres. Amaria aos outros como a si mesmo, de fato!
A energia elétrica que anima a lâmpada seria a Mônada (proveniente do grego "monos": um), da qual Pitágoras tratou, centro último de nossa consciência que é também conhecido como a "centelha divina". A Mônada é o centro eterno de nosso Ser, mas ela não é humana porque é pré-existente a tal condição. Sobre essa "alma" foi dito. "A alma do homem é imortal, e o seu futuro é o de algo cujo crescimento e esplendor não tem limites" (8). Ou, se preferirmos o profético símile da tradição Cristã, nas palavras de Paulo, sobre o futuro do ser humano: "Até que todos nós cheguemos à unidade da fé, e do conhecimento do Filho de Deus, o homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo" (9).
Talvez agora nós possamos compreender melhor a profundidade existente na inscrição do pórtico de Delfos que, como dissemos no início da lição, Sócrates tomou por divisa. Gostaríamos de encerrar essa lição com a própria versão socrática daquela inscrição que merece nossa reflexão e que é a seguinte: "Homem: conhece-te a ti mesmo. Assim conhecerás o Universo e os deuses."
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
(1) BLAVATSKY, H.P, A Doutrina Secreta. São Paulo, Pensamento, 1980. v. 2 p. 191.
(2) THE HOLY Bible. King James Version, 1611. New York, American Bible Society, 1980. Luke 17:21. (Lucas 17:21)
(3) TAIMNI, I.K. Autocultura; À luz do Ocultismo. Rio de Janeiro, Grupo Annie Besant, 1980, p. 98.
(4) BLAVATSKY, H.P. A voz do Silêncio. São Paulo, Pensamento. p. 45 aforismo 4.
(5) THE HOLY, op. cit, acima nota (2), (Mateus 6:20)
(6) Ibidem, (Colossenses 1:27)
(7) BLAVATSKY, op. cit. acima nota (4), p. 61 aforismo 116.
(8) COLLINS, Mabel. O Idílio do Lótus Branco. São Paulo, Pensamento. p. 83.
(9) THE HOLY, op. cit. acima nota (2), ,(Efésios 4:13)
Loja Teosófica Virtual – 1996-1998
Nenhum comentário:
Postar um comentário