No entanto, todas as medidas eram em vão: invariavelmente todo ano, um jovem desaparecia.
Então, um dia, três aldeões: um viúvo, um casado e um solteiro foram buscar os conselho de um velho ermitão, com fama de sábio, que vivia a léguas da aldeia, numa dobra da serra. Demoraram vários dias buscando sua toca. Enfim, o encontraram vestido de farrapos, com uma longa e comprida barba branca, recolhendo mel das abelhas.
O ermitão recebeu-os oferecendo-lhes a comida que tinha: mel, frutos silvestres, e leite de cabra. Ouviu-os atentamente e prometeu que lhes daria a resposta certa, de madrugada. Ansiosos, ficaram acordados a noite toda à espera da resposta.
“Da boca do ermitão saiu uma lengalenga que não só dava a chave do mistério, como apresentava a solução:
Nestas terras por azar/Anda um monstro traiçoeiro/Ai de quem ele avistar
Que o engole logo inteiro/Para este mal acabar
Ouçam bem esta rima/Dezoito moços hão-de-andar
Nus da cintura para cima/E assim mesmo hão-de andar
À Senhora de Sacaparte/Para o monstro ali vencer/Apenas com esta arte.(1)”
Depois de ouvir o conselho do sábio ermitão, os três homens agradeceram e partiram para a aldeia. Quando chegaram, o povo quis ouvir várias vezes as palavras ditas pelo ermitão. Tantas foram as vezes que ficou no ouvido esta rima:
“Mandar moços seminus/À Senhora de Sacaparte?
Se essa é a solução/Pois lá irão”
E assim se cumpriu esse ritual na romaria em honra de Nossa Senhora de Sacaparte em Alfaiates, uma aldeia vizinha. Durou até há cerca de cem anos atrás, quando um bispo pôs termo ao ritual. Atualmente não há memória desse ritual, apesar de continuar essa romaria.
achei legal, faz as pessoas quererem saber mais sobre este delicioso misterio
ResponderExcluir