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domingo

CECILIA PAYNE-GAPOSCHKIN, A MULHER QUE DESCOBRIU A COMPOSIÇÃO SOLAR

 


Se hoje olhamos para o céu e sabemos que as estrelas, entre elas o Sol, são compostas principalmente de hidrogênio e hélio, é graças à astrônoma Cecilia Payne-Gaposchkin. Nascida no interior da Inglaterra no dia 10 de maio de 1900, ela estabeleceu a carreira acadêmica na Universidade Harvard, nos Estados Unidos, onde trabalhou até se aposentar, em 1966. Morreu 13 anos depois, aos 79, no dia 7 de dezembro de 1979.

Payne-Gaposchkin tinha 5 anos quando, durante um passeio com a mãe, viu uma estrela cadente. Apaixonada pelo universo desde então, passou a se dedicar inteiramente aos estudos. Em sua autobiografia, lembra que gostava mais de livros do que de garotos, e lia Platão por pura diversão.

Em 1919, ganhou uma bolsa para estudar no Newnham College, da Universidade de Cambridge. Aprofundou-se em botânica, física e química e, embora tenha completado a graduação, não recebeu diploma por ser mulher. Cambridge só começou a conceder diplomas para mulheres depois de 1948.

Frustrada com as opções de carreira no Reino Unido, muito limitantes para uma mulher, mudou-se para os Estados Unidos para fazer doutorado em Astronomia na Universidade Harvard. Conheceu mulheres que classificaram centenas de milhares de estrelas com base em suas temperaturas e composição.

A descoberta

Aplicando a equação de ionização criada pelo físico indiano Meghnad Saha e cruzando dados por dois anos, Cecilia finalmente descobriu do que as estrelas eram feitas: hidrogênio e hélio.

Mas seu orientador na época, o astrônomo Henry Norris Russell, achou que a conclusão da cientista estava errada, e ela seguiu o conselho dele de omitir a descoberta da tese. Quatro anos depois, Russell chegou ao mesmo resultado e publicou a conclusão, mencionando o trabalho de Payne-Gaposchkin brevemente. Como era de se esperar, ele recebeu o crédito pela descoberta.

As dificuldades

Apesar de ter tido a dissertação muito elogiada e recebido diferentes reconhecimentos, não era fácil ser mulher nos anos 1920. A cientista começou a lecionar em Harvard em 1925, mas o presidente da universidade deixou claro que jamais daria a ela o cargo oficial de professora — ela era listada como uma assistente técnica e recebia um salário muito baixo.

Em 1933, resolveu embarcar em uma viagem pelos observatórios europeus. O clima pré-Segunda Guerra Mundial, porém, aumentava a tensão no Velho Continente.

Em uma conferência na Alemanha, um tímido astrônomo russo chamado Sergei Gaposchkin deu a Cecilia um bilhete: exilado da União Soviética e assustado com a perseguição Nazista, ele pediu ajuda para fugir para os EUA. Ela não só conseguiu um visto, como também um trabalho em Harvard para ele.

Os dois se casaram e, em cinco anos trabalhando juntos, descobriram o que estimativas conservadoras de colegas em Harvard acreditam que teria levado 90 anos para serem desvendadas..

Reconhecimento tardio

Em 1956, Payne-Gaposchkin finalmente se tornou chefe do Departamento de Astronomia de Harvard e deixou um conselho para as jovens mulheres: “Não siga uma carreira científica por fama ou dinheiro… Siga a carreira científica só se nada mais trouxer satisfação, porque ‘nada mais’ é provavelmente o que você vai receber. Sua recompensa é a ampliação do horizonte na medida em que você escala. E, se você conseguir essa recompensa, não vai querer nenhuma outra.”

Fonte: https://revistagalileu.globo.com/

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