Havia propostas de encontrar
a quinta dimensão estudando a gravidade. Agora ela pode explicar a matéria
escura.
Uma nova teoria que vai além
do Modelo Padrão da física de partículas promete não apenas explicar a matéria
escura, como também comprovar a existência da quinta dimensão.
Com todo o seu sucesso
explicativo, o Modelo Padrão da física deixa muitas questões em aberto, das
hierarquias das massas das partículas elementares à composição da matéria
escura, sem falar em uma boa explicação para a gravidade.
O elemento central da nova
teoria é uma dimensão extra no espaço-tempo, a quinta dimensão, que viria se
somar à altura, largura, profundidade e o tempo.
Teorias da quinta dimensão
Já na década de 1920, em uma
tentativa de unificar as forças da gravidade e do eletromagnetismo, Theodor
Kaluza e Oskar Klein especularam sobre a existência de uma dimensão extra, além
das familiares três dimensões espaciais e do tempo, que na física são
combinadas em um espaço-tempo quadridimensional. Se ela realmente existe, essa
nova dimensão teria de ser incrivelmente pequena e imperceptível ao olho
humano.
No final dos anos 1990, a
ideia passou por um renascimento notável, quando se percebeu que a existência
de uma quinta dimensão poderia resolver algumas das profundas questões em
aberto da física de partículas. Em particular, Yuval Grossman (Universidade de
Stanford) e Matthias Neubert (então na Universidade Cornell) mostraram que
aplicar o Modelo Padrão da física de partículas em um espaço-tempo de 5
dimensões poderia explicar os padrões misteriosos até agora vistos nas massas
das partículas elementares.
Mas o renascimento não foi
tão comemorado porque, de novo, as previsões da teoria não indicavam nenhum
meio para que ela pudesse ser testada experimentalmente.
Outros 20 anos depois, o
grupo do professor Matthias Neubert (Universidade Johannes Gutenberg em Mainz,
Alemanha) fez outra descoberta inesperada: Que as equações de campo
pentadimensionais preveem a existência de uma nova partícula pesada com
propriedades semelhantes às do famoso bóson de Higgs, só que com uma massa
muito mais pesada - tão pesada, na verdade, que ela não pode ser produzida nem
mesmo no colisor de partículas de mais alta energia do mundo: o Grande Colisor
de Hádrons (LHC).
"Foi um pesadelo,"
lembra Javier Ruiz, membro da equipe, "Estávamos entusiasmados com a ideia
de que nossa teoria prediz uma nova partícula, mas parecia impossível confirmar
essa previsão em qualquer experimento vislumbrável".
Matéria escura pode se
originar na quinta dimensão.
Outras ideias
multidimensionais indicam que nosso Universo pode estar em uma bolha que se
expande em outra dimensão.
Partícula de outra dimensão
Agora, a mesma equipe
encontrou uma solução espetacular para esse dilema: Eles finalmente fizeram uma
previsão que torna possível testar a existência da quinta dimensão e, de
quebra, resolver um dos grandes enigmas da ciência, a matéria escura. A equipe
descobriu que a partícula que sua teoria propõe mediaria necessariamente uma
nova força entre as partículas elementares conhecidas (nosso universo visível)
e a misteriosa matéria escura. Em outras palavras, a partícula oriunda da
quinta dimensão poderia explicar toda a massa da matéria escura, cuja gravidade
impede que as galáxias se esfacelem, dada a velocidade com que giram. Mesmo a
abundância da matéria escura no cosmos, conforme observada em experimentos
astrofísicos, pode ser explicada pela teoria. Isso abre novas maneiras de
pesquisar os constituintes da matéria escura, justamente em um momento em que
todas as tentativas de detectar as partículas da matéria escura estão falhando.
A nova teoria manda procurar
literalmente por meio de um "desvio" pela dimensão extra, o que
poderia ainda obter pistas sobre a física em um estágio muito inicial na
história do nosso Universo, quando a matéria escura foi produzida.
"Depois de anos em
busca de possíveis confirmações das nossas previsões teóricas, estamos agora
confiantes de que o mecanismo que descobrimos pode tornar a matéria escura
acessível para os próximos experimentos, porque as propriedades da nova
interação entre a matéria comum e a matéria escura - que é mediada pela
partícula que propomos - pode ser calculada com precisão dentro da nossa
teoria," disse o professor Matthias Neubert. "No final - assim
esperamos - a nova partícula pode ser descoberta primeiro por meio de suas
interações com o setor escuro..”
Nenhum comentário:
Postar um comentário