Panacéia dos Amigos

sexta-feira

Trecho da Infância de Jesus , segundo Tomé

(Extraído dos Manuscritos de Nag Hammadi)

I

O Evangelho de Tomé foi escrito no século I e relata a vida do Senhor Jesus dos cinco aos doze anos. Segundo os estudiosos, é parte de um livro mais antigo ainda, tendo tido diversas versões escritas em grego, siríaco, latim, georgiano e eslavo. O Evangelho de Tomé relata a vida de Jesus a partir do ponto onde termina o Evangelho de Tiago, encerrando-se com o episódio de Jesus no Templo de Jerusalém, entre os doutores, o que também ocorre no Evangelho de Pedro, sobre a infância do Salvador. Como os Evangelhos Apócrifos já citados, tem uma importância histórica fundamental, pois preenche uma séria lacuna, provocada pela omissão desse período nos Evangelhos Canônicos. Aqui são relatados os primeiros milagres do Salvador, numa narrativa singela e cheia de beleza, que resgata essa importante fase na vida do Senhor Jesus. Os Evangelhos Apócrifos da Infância de Cristo fornecem importantes e interessantes informações, esclarecendo pontos importantes dos Evangelhos Canônicos, omissos ou um tanto vagos a respeito de determinados aspectos da vida de Jesus Menino. Eu, Tomé Israelita, julguei necessário levar ao conhecimento de todos os irmãos descendentes dos gentios, a Infância de Nosso Senhor Jesus Cristo e tantas quantas maravilhas ele realizou, depois de nascer em nossa terra. O princípio é como segue.

II

Esse Menino Jesus, que na época tinha cinco anos, encontrava-se um dia brincando no leito de um riacho, depois de haver chovido. Represando a correnteza em pequenas poças, tornava-as instantaneamente cristalinas, dominando-as somente com sua a palavra. Fez depois uma massa mole com barro e com ela formou uma dúzia de passarinhos. Era um Sabbath e havia outros meninos brincando com ele. Certo homem judeu, vendo o que Jesus acabara de fazer num dia de festa, foi correndo até seu pai, José, e contou-lhe tudo:

— Olha, teu filho está no riacho e juntando um pouco de barro fez uma dúzia de passarinhos, profanando com isso o dia do Sabbath.

José foi ter ao local e, ao vê-lo, ralhou com ele dizendo:

— Por que fazes no Sabbath o que não é permitido?

Jesus, batendo palmas, dirigiu-se às figurinhas, ordenando-lhes:

— Voai!

Os passarinhos foram todos embora, gorjeando. Os judeus, ao verem isso, encheram-se de admiração e foram contar aos seus superiores o que haviam visto Jesus fazer.

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