Panacéia dos Amigos

quarta-feira

Elomar Figueira

O Sr. Ernesto Santos Mello, filho de tradicional família de fazendeiros da Zona da Mata do Itambé e da região do Mata - de - Cipó de Vitória da Conquista, casou-se com D. Eurides Gusmão Figueira Mello, de ascendência hebraica (cristão novo da linhagem Figueira e Azeitum). Por dificuldades econômicas ou mesmo por costume da época, quiçá, habitaram nos primeiros tempos a velha casa da Fazenda Boa Vista, propriedade de seus avós Virgílio Figueira e D. Maricota Gusmão Figueira. Ali, naquela velha casa, onde pousaram levas e levas de retirantes flagelados das grandes secas cíclicas do sertão nordestino, aos 21 de dezembro de 1937, nasceu Elomar Figueira Mello, primogênito do jovem casal .

Aos três anos de idade, em face da fragilidade da saúde do menino, seus pais alugaram, na cidade de Vitória da Conquista, uma pequena casa numa rua chamada Nova. Enquanto seu pai se ausentava por longos períodos na lida de tanger boiadas, D. Eurides, ao som da velha máquina de costura, ganhava o pão, ao tempo em que embalava o frágil menino. Aos sete anos de idade, seus pais deixaram definitivamente a vida urbana, transferindo-se para o campo, onde Elomar com seus irmãos Dima e Neide, perpassou toda infância pelo São Joaquim, Brejo, Coatis de Tio Vivaldo e Palmeira de Tio Kelé. No São Joaquim, berço da 2" infância, cursou parte do primário escolar, completando este e o ginasial na cidade no ano de 1953.

No ano seguinte, a contragosto seu, deixa o curral, o roçado e os folguedos da vida pastoril, para ir cursar o científico no Palácio do Conde dos Arcos em Salvador. Em 1956, interrompe o curso e volta à terra natal para servir ao exército, passando a morar com sua avó paterna na mesma fazenda, vizinho bem próximo da velha casa onde nasceu. A partir dos dezoito anos, a casa de mãe Neném, sua avó, será sua morada toda vez que voltar de férias da capital, embora visite constantemente sua avó Maricota na cidade e seus pais no São Joaquim. Esta preferência de habitação deve-se ao fato único de mãe Neném, em sendo católica apostólica, ter sido mais tolerante com o tipo de vida do moço poeta, de perfil boêmio. Em 1957, novamente em Salvador, conclui o científico. Em 1958, perde o .vestibular de geologia, face o já grande enredamento com a música nos meios intelectuais dali. Em 1959, faz o vestibular para arquitetura. Conclui o curso em 1964, após o que, incontinenti, regressa de modo decidido e definitivo ao Sertão para, tendo a arquitetura como suporte econômico mínimo, escrever sua obra.

A música e a poesia essencial, com a força de seus encantamentos, despertaram o compositor numa idade muito tenra, e o poeta, um pouco mais tarde. Aos sete anos, no São Joaquim, os primeiros contatos inevitáveis com a música profana de menestréis errantes, como Zé Krau, Zé Guelê e Zé Serradô, tem maior importância, destacando-se o primeiro pela forma esdrúxula de suas parcelas ou pelas narrativas épicas amargas que já despertavam profundos sentimentos na alma do embrionário compositor.

É bom assinalar que até então só tinha ouvido a música eclesiástica do hinário cristão, do culto batista evangélico, fé única de sua família da parte de sua mãe.

Assim que ouviu os primeiros acordes de viola, violão e sanfona e as primeiras estrofes das tiranas dos côcos e parcelas dos três Zés, têm início as primeiras fugidas de casa, pelas bocas-de-noite, não só para ouvir como também, por excelência, para aprender os primeiros tons no braço do violão, o qual será, a partir dali, seu instrumento definitivo. Note-se bem que estas proezas davam-se às voltas e muito às escondidas, pois que não só para seus pais e parentes, como também para toda sociedade de então, labutar com música era coisa para vagabundo. Tocador de violão, viola ou sanfona, era sinônimo de irresponsável. As primeiras composições datam dos onze anos. Já a partir dos sete , oito anos quando vinha à cidade, toda noite ia à casa do Tio Flávio ouvir no rádio uma música estranha executada com instrumentos estranhos diferentes do violão , viola , sanfona etc... Música esta que mal começava logo, terminava. Anos mais tarde ao chegar a capital descobre que aquela música era a protofonia de "O Guarani" e quando mortificado também descobre escrita musical, a partìtura e o que mais lhe causou espanto: a existência de milhares de músicas, escritas por milhares de compositores que viveram a partir de centenas de anos passados.

Aos 17 anos, já lê bem e mal escreve. Começa, então, nesta idade propriamente as composições literárias e musicais numa seqüência interminável, mas sem ainda ter uma linha definida. Destas Calendas são: Calundu e Kacorê, Prelúdio nº Sexto, Samba do Jurema, logo após, Mulher Imaginária, Canção da Catingueira e abertura de O Retirante. Em 1959-1960, começam a lhe chegar idéias de trabalhos maiores em envergadura e vai compondo aleatoriamente o ciclo das canções. Contudo, sempre preso à mesma temática, as vicissitudes do homem, seus sofrimentos, suas alegrias na terrível travessia que é a sua vida e, sobretudo, seu relacionamento com o Criador. Isto, é claro, a partir do seu elemento circunstancial, o Sertão, sua pátria. Verdadeiramente, onde vive.

Em 1966, já arquiteto e morando no sertão, casa-se com Adalmária, doutora em Direito, e filha da capital, contudo de orígem "sertaneza", da qual nascem Rosa Duprado, João Ernesto e João Omar. Enquanto muito trabalha à arquitetura menos vai compondo, sonhando com certa estabilidade econômica (que nunca chegou) para dedicar-se integralmente à música. João Omar, Maestro e Compositor, acompanha o pai desde os nove anos de idade.

Em 1969, sela o caderno da sua primeira ópera, o "Auto do Catingueira", mais tarde, parcialmente partiturada, face o caráter popular da obra. Durante a década de 70, projetou muito da arquitetura e um pouco mais na música. No começo dos anos 80 inicia a carreira de peregrino menestrel, de viola na mão, errante, de palco em palco pelos teatros do país, conquistando uma pequena platéia composta de poetas, músicos, compositores e de intelectuais de linhagem pura, sem modernosas e, por fim, de simples pessoas do povo, atraídas mais pela linguagem dialetal, a temática sertânica e as melodias fora de moda e (segundo Dr. Raimundo Cunha) indançáveis.

A partir daí, quando já abandonando a profissão liberal e em firmando-se mais fundamente na composição, compõe a Fantasia leiga para um Rio Seco, confiando a escrita orquestral a seu amigo e patrício de sertão Maestro Lindembergue Cardoso, por ainda ser ananota em escrita para orquestra. Em 1983, por ocasião da gravação do Auto da Caatingueira, na Casa dos Carneiros, fazenda onde mora desde 1980, faz sua primeira incursão no universo orquestral, quando partitura a abertura do Auto da Caatingueira para violão, flauta e violoncelo.

A partir de 1984, ainda na fase das canções, começa a esboçar a seqüência das óperas e das antífonas. É quando escreve as antífonas: I - Loas para o justo - para barítono e quarteto misto; II - Balada do Filho Pródigo - para tenor, coro e orquestra; a IV - Meditações a partir de Romanos VII - para coro e orquestra. Em 1993, a XI - Alfa - para violão e orquestra, ou seja, um concerto para violão e orquestra.

As antífonas de números VI, VII, VIII, IX, X, XI Beta e XI Delta estão praticamente compostas, faltando apenas irem para a partitura. Por outro lado e paralelamente às antífonas, a partir de 84, começa também mais propositadamente a fase das óperas, porquanto já estão em partitura. A Carta, ópera em quatro cenas, O Prólogo de O Retirante, ópera em dois atos. As outras óperas, Faviela, O Peão Mansador, A Casa das Bonecas, Os Poetas são Loucos, mas Conversam com Deus, De Nossas Vidas Vaporosas "ensaios", Os Lanceiros Negros e os Pobres, os Miseráveis e os Desvalidos, já estão quase todas compostas, faltando tão somente serem partituradas.

Ainda em paralelo vem a série dos Galopes Estradeiros, que trata de sinfonias compactas. Desta já se encontra em partitura o primeiro Galope Estradeiro. O segundo, o terceiro e o quarto já estão mais do que esboçados.

Quando deixou a fazenda, a vida na capital lhe foi muito severa. Tanto nos tempos de estudante interno como durante os anos de faculdade, onde nas casas-de-pensão que habitara mal conseguia lugar nos porões, junto a ratos e aranhas. O normal era ir dormir com fome. O pouquinho dinheiro que sua mãe lhe mandava gastava com aulas, cordas de violão, e compras de partituras e livros, o que era escasso e muito caro naquela época.

Numa certa feita, pelos idos dos anos de 1960, durante um rigoroso inverno, quase morre entrevado e à míngua num frio porão de uma casa-de-pensão na Avenida Sete, onde foi valido, abaixo de Deus, por uma estudante de enfermagem, mineira, que lhe dava o alimento de colher na boca, por impossibilidade de movimentar pernas, braços e pescoço gravemente atacados por inesperado reumatismo poli-articular agudo. Lurdinha era seu nome.

Nestas circunstâncias foi forjado o cantor dos "Retirantes", o poeta de "Os Pobres, os Miseráveis e os Desvalidos".

O ano que passou em sua terra natal, a serviço da pátria, foi de grande importância em sua formação musical, pois que na convivência de primos, de amigos, poetas e cantores, livre de maiores responsabilidades com os estudos, conheceu de perto a música nacional urbana, a seresta, o samba e o tango argentino. São seus contemporâneos deste gosto: Camilo de Jesus Lima, Euríclides Formiga, Chagas, o seu tão querido tio Valter, brilhante cantor, junto a mais de meia centena de primos e amigos mais ou menos da mesma idade, os quais durante o dia estudavam ou lidavam nas fazendas circunvizinhas. Nas noites, era o declamar Cecéu, recitar Kayan, Lamartine, Rabelo da Silva, Camões e violões e serestas nestas marés, muitas e tantas vezes tentava mostrar suas composições... - "Para, para, para" gritavam. É que sua música nova doía nos ouvidos d'antanho.

Durante o dia, passava roupa a ferro com os seus primos Mouvê e Lupen e o Seu irmão Dima, com o fim de ajudar sua vó "mãe" Neném fazer a feira. Era de extrema simplicidade a casa da vó, que, sempre rastreada pela pobreza, vivia unicamente de aluguéis do pequeno mangueiro onde morava. Durante a semana, e mais nas sextas e sábados, ali na Boa Vista, pousavam tropeìros e viajantes que vinham para as feiras ou passavam pela cidade. Não havia luz elétrica, nem água encanada. Elomar compunha à luz de fifó.

Estas lembranças, estas marcas vivas de todo um passado amargo e alegre, vão permear sua obra por todo o percurso; desde as parcelas e tiranas dos primeiros tempos até as óperas e galopes dos últimos dias.

Atualmente, Figueira Mello já um pouco mais adiantado na estrada, continua compondo intensamente, varando os dias e as noites sem descanso. No seu labutar, confessa que tem de escrever sem perda de tempo, pois que a obra é imensa e o tempo já declina pela tarde. Já deixou a Casa dos Carneiros, na Gameleira, onde demorou por um bom tempo de sua vida e donde saiu o grosso do ciclo das canções. Ali de volta, pretende concluir sua obra bem longe, bem distante dos mundos urbanos, pois que não só sua obra, como também sua própria pessoa, não é outra coisa senão antagônicos dissidentes irrecuperáveis de sua contemporaneidade tendo em vista sua formação estritamente clássica e regionalista. Daqui leu todos os poetas, escritores e profetas hebreus; leu os mélicos e os clássicos gregos; os latinos, incluindo Esopo e o Fedro; os italianos, franceses, ingleses, espanhóis, russos e, por último, os alemães, tendo, é claro, antes disto perpassado pelos essenciais patrícios.

A partir dos dezessete, já enveredava-se pelas novelas de cavalaria em leituras longas e sonhadoras. Bate-se frontalmente com a chamada arte contemporânea. Horror à dita cultura ( que segundo ele é um DX, salvo o bom cinema) estatudinese da América do Norte, o que lhe traz à lembrança palavras de antigas profecias "sertanezas", que sentenciaram: "que haverá de chegar um tempo de baixar os muros e levantar os munturos - vivemos o tempo do culto às nulidades. São os minimalismos que estão chegando....", clama o compositor.

Assim, para Figueira Mello o que importa é concluir suas óperas, antífonas e galopes, pôr tudo em partituras a nanquim e enfardados em campa antiga, guardar o monobloco passageiro do tempo até a estação futura, bem-vinda quadra remota, onde o aguarda uma geração que, por justiça, haverá por certo de ouvir e amar sua música tão fora de moda nestes dias. Ó Tempora! Ó Mores!

Contato: Produção Elomar Figueira/Região Sul-Sudeste Tel:(015) 9717- 5310

quinta-feira

Smile X Sgt. Pepper Lonely Hearts Club Band

Paul McCartney e Brian Wilson

The Beatles devolvem o impacto de “Pet Sounds” com “Revolver”. “Yellow Submarine” trazia novos efeitos e as temáticas psicodélicas, “Eleanor Rigby” trazia cordas e aprofundamento das letras, “Tomorrow Never Knows” extrapolava sobre todos os aspectos dando pistas do que estava por vir.

The Beach Boys contra-ataca com o single “Good Vibrations”, uma excelente canção que se torna um sucesso quase imediato em todo o mundo, reforçando para Brian que ele estava no caminho certo!

Brian Wilson preparava “Smile”, Paul McCartney começava a rodar pelos círculos de arte underground, assimilando e elaborando os conceitos que formariam o “Sgt. Pepper”. Quem alcançaria primeiro o passo seguinte? A nova música que marcaria uma revolução para os anos 60? Agora, o tempo era o inimigo.

Brian trabalhava intensamente. Convocou orquestras, buscou novos efeitos e conceitos e um novo letrista Van Dyke Parks.

No entanto, novos adversários começaram a intervir no trabalho, eles estavam em sua mente. Brian tinha sérios problemas psiquiátricos e psicológicos, extremamente inseguro e autocrítico, sob a sombra de um pai dominador, encarregado de criar e produzir uma obra que apenas ele compreendia a importância, pressionado pelo tempo, por superar adversários musicais tão talentosos quanto ele, e recebendo a desconfiança e mesmo desaprovação de sua gravadora e dos próprios colegas da banda que ao ouvir os primeiros trechos de canções acharam que Brian estava exagerando em suas loucuras musicais.

Ironicamente, talvez aqueles que mais poderiam compreender o que ele estava fazendo fossem justamente seus maiores rivais: The Beatles!

Do outro lado do Atlântico, Paul convoca seus companheiros e explica o conceito que imagina para o novo disco. Todos concordam e se trancam com George Martin no estúdio Abbey Road para dar vida ao novo disco. Uma nova e definitiva revolução começa a surgir...

Para Brian a situação se tornara cada vez mais insuportável. Sem o apoio de sua banda, se sente inseguro, também sofreria a deserção de seu parceiro Van Dyke Parks. Mas, segundo o próprio, no documentário “Smile” o grande golpe ocorreria no ínicio de 67, enquanto trabalhava no cada vez mais complexo “Smile, e ouviu no rádio , o novo single dos Beatles: “Strawberry Fields Forever” . Ele então, para o seu carro, vira-se para a pessoa junto dele e diz:

-Eles JÁ fizeram (...) o que eu queria fazer em “Smile”...

A “guerra” contra os Beatles estava encerrada. Segundo a lenda, Brian com os nervos totalmente em frangalhos, abriu as portas de sua mente e perdeu sua batalha contra a insanidade. O esforço criativo e desgaste emocional haviam feito desmoronar todas as suas barreiras e defesas. Ele não conseguiria mais concluir o quebra-cabeças sonoro que “Smile” havia se tornado.

Logo depois, os Beatles lançam “Sgt. Pepper and the Lonely Hearts Club Band, proclamado o disco do século e revolucionam todo o cenário musical no mundo todo.

Brian já havia abandonado “Smile” e sua banda. Imerso em sua esquizofrenia que o atormentava desde jovem, se torna um recluso e se afunda em depressão e drogas. Sua lenta recuperação só aconteceria em 2004 quando afinal retoma a parceria com Parks, conclui “Smile”, e se lança em turnê mundial. Uma pena que seus problemas internos tenham derrotado Wilson o que impediu aos anos 60 ter outro grande disco em sua história. Certamente, “Smile” teria sido significativo de qualquer forma.

Apesar da rivalidade criativa, Paul McCartney sempre deixou clara sua admiração por Brian Wilson e retificou isto ao participar de uma das canções no novo disco de Wilson lançado após “Smile”.

De qualquer forma, “Pet Sounds” já figura entre estes. E como um eterno nático dos Beatles registro minha admiração e por que não gratidão ao genial Brian Wilson por ter desejado ser o grande adversário dos Beatles o que motivou e impulsionou ambas as bandas para saltos cada vez maiores!

segunda-feira

Brian Wilson, o gênio do The Beach Boys desafia os Beatles!

Brian Wilson, o líder mal amado e gênio incompreendido dos Beach Boys! Incompreendido especialmente pela própria banda que sob o seu comando criativo foi de fato a verdadeira rival dos Beatles pela supremacia do pop/rock psicodélico dos anos 60, uma história singular.

O grupo The Beach Boys foi formado em 1961, pelos irmãos Brian, Carl e Dennis Wilson, além do primo Mike Love e por Al Jardine, primeiramente com o nome de Pendletones e depois já como Beach Boys, a banda galgou diversos hits nas paradas e se sedimentou como um dos mais divertidos e geniais grupos que misturavam o rock and roll dos anos 50, o doo-wop, ajudando a criar a surf music.

Entre 1962 e 1965, o grupo colocou 16 músicas entre o Top 40 da América, era a banda americana de maior sucesso em seu país e no mundo todo.

No entanto, Brian Wilson não estava satisfeito, o sucesso comercial estupendo não bastava. Sua criatividade precisava se expandir, a música dos Beach Boys estava restrita demais, a surf music era um mundo muito pequeno para se explorar.

Segundo o próprio Brian afirma o ponto e vírgula desta história ocorreu quando ele ouviu "Rubber Soul" dos Beatles. Eles haviam dado o passo a mais que ele mesmo queria fazer com os Beach Boys. Considerou o disco magnífico do princípio ao fim. Não apenas uma música ou outra, mas o LP como um todo, afinal, todas as canções se complementavam numa qualidade superior. Com "Nowhere Man", "Norwegian Wood" e "In My Life", os Beatles abandonavam as letras mais simples e se aventuravam por temas mais complexos, o mesmo acontecendo com as gravações introduzindo a cítara indiana e outras inovações de efeito sonoro. Brian estava decidido a superar os Beatles, a superar "Rubber Soul" havia encontrado um desafio criativo à altura: Superar a banda The Beatles!

Abandonando o grupo para se dedicar integralmente a produção musical (Era curioso, não? Os Beach Boys saíam por aí em turnês, enquanto Brian ficava em seu estúdio criando canções) se entregou a criação de "Pet Sounds". Convocou o letrista Tony Asher para escrever todas as letras e cantou a maioria das canções, esta era a sua mensagem ao seu público, ele deixaria registrado quem era e quão longe poderia ir.

Os Beach Boys praticamente não tocaram nenhum instrumento. Brian convocou vários músicos para o seu grande projeto. Distante do som habitual da banda, os fãs tentariam digerir instrumentos de cordas, sopros, efeitos sonoros e arranjos complicados.

"Pet Sounds" se torna um disco elogiado e admirado pelos próprios Beatles. Grandes canções de fato, "Wouldn´t be nice", "Caroline no", "God Only Knows" entre outras. Porém, a reação se dividiu, o público não assimilou tão bem as novidades em príncipio, embora possa ser considerado um disco de sucesso, esteve abaixo das expectativas quando se tratava de um disco dos Beach Boys.

No entanto, o apoio entre colegas foi grande. Paul McCartney afirmou aos quatro ventos que "God Only Knows" era naquele momento sua canção preferida.E The Rolling Stones colocam anúncio no jornal pedindo aos fãs que comprassem o disco "Pet Sounds". Brian atingia seu objetivo: O mundo pop/rock era seu! Ao menos por enquanto...

sexta-feira

A morte de Glauco

Lamento informar aos leitores da Panacéia Essencial a morte do cartunista Glauco, vejam o link.
Glauco ao lado de seus amigos Angeli e Laerte, formaram as engraçadissímas e anárquicas tiras dos Los Três Amigos, aliás as tiras de Glauco sempre foram instigantes. O dedo na ferida escancarando os podres internos da alma. Mensagens subliminares no inconsciente.
Sem dúvida, oportunamente estaremos colocando um post sobre o trabalho de Glauco. Mas fica registrado nossa tristeza, por uma morte tão súbita quanto brutal.

quarta-feira

Ásatrú

O Valknut é o símbolo do Ásatrú, religião instituída na década de 1960.

O Valknut é formado por três triângulos entrelaçados entre si e representa o poder do deus Odin.

O Ásatrú tenta reviver a antiga mitologia nórdica. O Valknut já era usado pelos antigos Vikings como símbolo religioso, pois é visto em muitos documentos antigos.

segunda-feira

Hair. o filme

Nao me recordo exatamente quando vi "Hair" pela primeira vez. Se me não falha a memória foi numa das minhas costumeiras (e felizmente deixadas lá) crises de insônia da minha adolescência. Alta Madrugada, Corujão (ou seria sessão de gala?), E um começo nada promissor para o filme. Um rapaz aparentemente tímido do interior Indo para o Exército, um pai frio e muita cara fechada eo silêncio. Constrangedor, perturbador.

Então, começa. Vem uma cidade grande uma música e uma loucura. Hippies por toda a parte ... Música, alegria, mensagens e cores. "Esta é a aurora da era de Aquário"!

"Quando a lua está na sétima casa

E Júpiter alinhado com Marte

Então a paz Guiará os planetas

E o amor dirigirá as estrelas

Esta é a aurora da era de Aquário

A idade de Aquário

Aquarius!

Aquarius!

Harmonia e compreensão

Simpatia e confiança abundando

Nenhuma falsidade ou escárnio

Golding sonhos de vida das visões

Mystic Revelação de cristal

E a verdadeira libertação da mente

Aquarius!

Aquarius! "

Após esta canção já estava irremediavelmente preso ao filme! A Beleza das letras e canções com mensagens de paz e iluminação, ou então, mensagens e sociais e de comportamento como danças tão repentinas e Belas. O que era aquilo? Que estranho e belo filme Ao mesmo tempo! Afinal, eu ainda Não havia Entrado em contato com musicais e tudo aquilo era estonteante! Nem me recordo se pude assistir o filme completamente, mas não ele saiu de minha cabeça (cuidado tenho de ver um filme que me interesse se não sair da frente da TV e até logo saber o seu nome) depois pude assisti-lo.

Divertido e profundo ao mesmo tempo. Com personagens confusos , atentos e ao mesmo tempo tolos. A apresentação do movimento "flower power" e suas contradições. Afinal, era o amor livre uma estrada para uma consciência cósmica ou um escapismo das Agruras Através do mundo das drogas, sexo e rock'n roll? E uma sociedade que se horrorizava em seus pudores estaria se escondendo com uma máscara de hipocrisia de suas próprias sombras libertinas e tão descontroladas quanto o movimento que desprezavam?

No que passa pela minha mente, ambas as alternativas estão corretas. Sim, a sociedade foi hipócrita ao se horrorizar com uma proposta de libertação oferecida pelo movimento do amor livre e da liberação da mente. Mas, também este movimento não usou honestamente suas ferramentas mais para muito do que fazer uma fuga Através mundo de um sonho que, como todos, um dia acaba.Não houve um verdadeiro desejo de Libertação Através do amor. Uma compreensão profunda de "Tudo que você precisa é amor", ou seja, que todo o universo conquistado poderia ser (ou nada era impossível) através do amor.

Não, infelizmente fuga para uma Maioria uma época, como o desejo de adormecer e sonhar para se Livrar das Agruras de difícil um dia, Mas o fato é que sempre acordaremos no dia seguinte e as reais conquistas só podem ser realizadas com trabalho duro enfrentando um Realidade. Mas, nada foi em vão ... nada. Afinal o sonho nos permitiu desejar melhores dias, Novos Patamares de consciência e convivência ... COM AMOR E PAZ ... E por que não? Eu vou ...!

Mas, esta convivência começa pelas "pessoas Sala de Jantar da" na complementação das diferenças com os outros e não arduo acerto de contas que devemos a nós mesmos. Sem fugas ou temores. Enfrentando Dores e experimentando a cura. "Conhece a ti mesmo" é uma verdadeira libertação e então sim, Poderemos cantar como Anunciado em "Hair" que esta será a aurora da Era de Águario!

E que assim seja!

You Tube:

http://www.youtube.com/watch?v=4Cq8qKk2aSM

sexta-feira

A fraternidade das religiões - as lendas comuns - Annie Besant

Theosophical Publishing House Adyar, Madras, Índia Primeira Edição em fevereiro de 1913 Reimpresso em outubro de 1919 Há certas histórias, que se contam sobre os Fundadores das Religiões, cujo perfil é semelhante em todas elas; esta identidade de linhas gerais se deve ao fato de que cada Fundador é visto como uma encarnação do Logos, e que o símbolo do Logos, em todos os credos, é o Sol. De fato o Sol - a fonte da vida e da luz para os mundos deste sistema - é considerado nas antigas religiões como sendo o corpo do Logos, Sua forma manifesta no plano da matéria física, ao passo que nas religiões modernas o Sol é usado como símbolo do Senhor onipresente, imagem perfeita para Aquele que sustenta todos os mundos. A sempre repetida lenda do Sol, a história anual de nossa Terra, é a verdade fundamental, é o mito estruturador da manifestação física de todo Fundador de uma grande religião, e Suas vidas humanas sempre repetem o drama do Sol sobre o palco do mundo. Esta declaração não vale quanto à religião do Islã, e a razão é evidente. O grande Profeta da Arábia é considerado pelos seus seguidores como sendo puramente humano, e não como uma encarnação do Logos, e eles pensam corretamente; mas em todas as religiões onde o Fundador é visto como uma encarnação divina reaparece o perfil do grande mito. Este fato tem sido usado como argumento para provar que os Fundadores não possuem existência histórica, mas isso é um equívoco. A vida histórica contém os elementos que reencarnam o mito, e da figura histórica fulgem os raios do Sol divino; não é que seja o Sol o Fundador, mas que ambos, Sol e Ele, são representantes físicos da vida central de um sistema mundial, e aquilo que o Sol é para seu sistema o Fundador é para Sua religião. O Mitra da Pérsia tinha como ícone o Touro, assim como Osíris no Egito, porque o Touro era o signo zodiacal do equinócio vernal - a Ressurreição - quando a religião se estabeleceu; Oannes na Caldéia tinha o Peixe como símbolo, pela mesma razão; Júpiter era Júpiter Ammon; e Jesus era o Cordeiro, pela mesma razão. O Fundador Divino nasce em um lugar secreto, assim como o fez Shri Krishna em uma prisão, e o Senhor Mitra em uma caverna, e o Senhor Jesus em uma gruta - mudada para estábulo nos relatos canônicos. Os mistérios de Adônis antes eram celebrados, diz-se, também numa gruta. O nascimento é no solstício de inverno, e é sempre acompanhado por eventos maravilhosos, que variam conforme a nação. Os Devas fazem chover flores sobre Devâki, a mãe, e sobre seu Filho Divino; os Anjos enchem o ar com suas canções quando Maria, a Mãe Virgem, dá à luz o Divino Infante; vozes divinas cantam que o Senhor nasceu quando Neith, a Virgem Imaculada, dá nascimento a Osíris, o Salvador; quando nasce Zoroastro, a luz de seu corpo enche o aposento com sua radiância; os Devas cantam jubilosos quando Buda nasce, e nos escritos chineses, embora não nos indianos, diz-se que ele nasce de uma Mãe Virgem, Mâyâ, encoberta por Shing-Shin, o Espírito. O nascimento de diversos destes Seres foi anunciado pelo aparecimento de uma estrela. Krishna e Jesus foram ambos ameaçados de morte na infância, um por Kamsa, o outro por Herodes. Nârada proclama a natureza de Krishna infante, Asita fala das futuras glórias do pequeno Buda, Simeão saúda o Jesus bebê como a salvação do mundo. Buda é tentado por Mâra, e Jesus por Satã. Todos estes Grandes Seres curaram doentes, endireitaram deformados, ressuscitaram mortos. Assim se assemelhando em suas vidas, os Fundadores das Fés mundiais se assemelharam também em suas mortes. Sua morte é violenta, de qualquer forma que ocorreu; e sempre emergiu da idéia de sacrifício, o sacrifício do Logos por quem os mundos foram criados, como consta no Purusha Sukta do Rig-Veda. Desta morte Eles se erguem triunfantes, ascendendo ao céu. Osíris é assassinado, Seu corpo é desmembrado, como o do Purusha do Veda; mas Ele se ergue e reina. Thammuz é lamentado morto, e festejado ressurrecto. A história de Adônis é uma réplica do Thammuz sírio. Krishna é alvejado por uma flecha de um caçador, e sobe para Seu próprio mundo. Mitra é morto, e ascende da morte, para a salvação de Seu povo. Jesus é morto, mas se ergue e ascende aos céus. E todas as mortes e ressurreições recaem no equinócio vernal. Estas inumeráveis semelhanças não podem surgir do acaso, são sinais de uma trajetória comum, reaparecendo continuamente. As semelhanças superficiais saltam aos olhos à medida que folheamos as páginas das escrituras mundiais, e quanto mais estudamos, mais as lendas comuns se revelam os sempre repetidos contos de fadas da Lenda Mundial.

quarta-feira

A fraternidade das religiões - ética comum - Annie Besant

Theosophical Publishing House Adyar, Madras, Índia Primeira Edição em fevereiro de 1913 Reimpresso em outubro de 1919 Que uma moralidade sublime seja uma posse comum a todas as Religiões Mundiais é um fato estabelecido bem demais para necessitar discussão. Tudo o que é preciso aqui é fazer algumas poucas citações, o bastante para indicar os ricos veios de metal de onde estas inestimáveis pepitas são retiradas. Devolver Bem pelo Mal. O Manu diz: "Com o perdão do mal o sábio é purificado"; "Não vos enfureçais com o homem furioso; se vos falam asperamente, respondei com suavidade". No Sâma-Veda: "Faz a trocas difíceis de fazer: paz pela ira; verdade pela falsidade". O Buda ensina: "A um homem que tolamente me prejudica, lhe devolvo a doçura de meu amor incondicional; quanto mais ele me der mal, mais bem lhe devolverei"; "Que um homem vença a raiva com o amor; que vença o mal com o bem; que vença a cobiça com a liberalidade, a mentira com a verdade"; "O ódio não cessa jamais com ódio; o ódio cessa com o amor". Lao-Tsé diz: "Ao bom dou bondade; ao não-bom também dou bondade. Ao fiel dou fidelidade; ao não-fiel também dou fidelidade; a Virtude é fiel. Recompensa o mal com gentileza". Confúcio respondeu a um questionador: "O que não queres para ti não o faças a outrem; quando estiveres trabalhando para outros, que seja com o mesmo zelo como se fora para ti mesmo". Jesus disse: "Amai vossos inimigos, abençoai os que vos amaldiçoam, fazei o bem aos que vos odeiam, e rogai por aqueles que vos desprezando abusam de vós e vos perseguem". Humildade e Ternura. Lao-Tsé diz: "Com vigilância constante sobre a natureza passional, e com ternura, é possível se tornar uma criancinha. Afastando a impureza do olho oculto do coração é possível se tornar imaculado. Há uma pureza e quietude com as quais podemos reger todo o mundo. Por preservar a ternura eu me torno forte". "O sábio... coloca a si mesmo por último, mesmo assim ele é o primeiro; ele abandona a si mesmo, mas mesmo assim é preservado. Não vem isso de ser altruísta? Por isso ele preserva intacto o auto-interesse. Ele não se exibe, e portanto brilha. Ele não se autopromove, e por isso é distinguido. Ele não louva a si mesmo, e por isso tem mérito. Ele não louva a si mesmo, e assim permanece no alto". Jesus ensina: "A não ser que vos torneis como crianças pequenas não podereis entrar no reino dos céus"; "Aquele que exaltar a si mesmo será rebaixado, e aquele que se humilhar será exaltado". A Retidão é mais Importante que as Formalidades. O Manu declara a lei da ação "mental, verbal e corpórea": "desta ação tríplice, saiba o mundo que é o coração o seu instigador"; "A um homem contaminado pela sensualidade, nem os Vedas, nem a liberalidade, nem os sacrifícios, nem as observâncias, nem as austeridades, lhe trarão felicidade". O Buda diz: "É o coração da fé acompanhando as boas ações o que como que espalha uma sombra benéfica do mundo dos homens ao mundo dos anjos". Jesus lamentou: "Vós pagais dízimo da hortelã, do endro, do anis e do cominho, e omitistes os preceitos mais importantes da lei - justiça, misericórdia e verdade". Eu poderia prosseguir assim citando texto após texto sobre cada virtude, e da árvore de cada religião se poderia retirar folhas semelhantes. Pois todas ensinam as mesmas verdades; todas são canais da vida única; todas as escrituras repetem a mensagem única, porque só existe uma única grande Fraternidade de Mestres, e cada um que dela procede fala a mesma língua. Daí que as religiões não são rivais, e não devem odiar-se mutuamente. Elas são filhas de um mesmo pai, proclamando para o benefício da humanidade as verdades que aprenderam na casa ancestral. Existe uma Fraternidade de Religiões real, e todos os que estudam as religiões do mundo devem reconhecer a identidade de seus ensinamentos. Para quem estuda Mitologia Comparada, todas as religiões são igualmente falsas, e são frutos da ignorância. Para um Teosofista todas as religiões são verdadeiras, e são o fruto da SABEDORIA. Toda religião tem o mesmo direito a todas as verdades, e nenhuma pode reivindicar nada como seu exclusivamente, "meu, não teu nem dele". Antes a frase verdadeira é "meu, porque é teu e é também dele". Há uma só Religião - o conhecimento de Deus, e todas as religiões são ramos desta mesma árvore, a Árvore da Vida, cujas raízes estão no céu enquanto seus ramos se esparramam no mundo dos homens. A raiz celeste é a SABEDORIA - não a fé, não a crença, não a esperança, mas o conhecimento do Deus que é a Vida Eterna. De qualquer um de seus ramos uma pessoa pode colher uma folha para a cura das nações. Que ninguém negue o que para outra pessoa é verdade, pois ela pode ver uma verdade que outros não conseguem ver; mas que ninguém tente impor sua própria visão sobre outros, pois pode cegá-los ao forçá-los a ver o que não está dentro de seu campo de visão. Só existe um Sol, e cada energia em nossa Terra não passa de alguma forma de força solar; e assim como um só Sol alimenta toda a Terra, um só Eu brilha em todos os corações. Só existe uma blasfêmia - a negação de Deus no homem. Só existe uma heresia - a heresia da separatividade, que diz: "Sou outro além de ti, nós não somos um só". Para a redenção do mundo nós precisamos mais do que altruísmo, por mais nobre que ele seja. Precisamos aprender a anulação do eu individual, o sacrifício, a auto-entrega, mas não estaremos firmes no Um antes de podermos dizer "Não há outros; é o Eu em tudo". Quando todos os homens disserem isso o mundo conhecerá sua Era Dourada: quando um homem diz isso através de sua vida, sua presença é uma bênção onde quer que ele vá. Somos irmãos, mas mais que irmãos. Os irmãos têm apenas um mesmo pai; nós temos um Eu comum. Em tudo à nossa volta vejamos a Glória do Eu, e lembremos que negar o Eu no mais baixo é negá-lo em nós mesmos e em Deus.

segunda-feira

Os Versos de Ouro de Pitágoras

Este texto expressa , em poucas palavras, o compromisso de vida dos pitagóricos de todos os tempos.

Os versos:

1. Honra em primeiro lugar os deuses imortais, como manda a lei.

2. A seguir, reverencia o juramento que fizeste.

3. Depois os heróis ilustres, cheios de bondade e luz.

4. Homenageia, então, os espíritos terrestres e manifesta por eles o devido respeito.

5. Honra em seguida a teus pais, e a todos os membros da tua família.

6. Entre os outros, escolhe como amigo o mais sábio e virtuoso.

7. Aproveita seus discursos suaves, e aprende com os atos dele que são úteis e virtuosos.

8. Mas não afasta teu amigo por um pequeno erro,

9. Porque o poder é limitado pela necessidade.

10. Leva bem a sério o seguinte: Deves enfrentar e vencer as paixões:

11. Primeiro a gula, depois a preguiça, a luxúria, e a raiva.

12. Não faz junto com outros, nem sozinho, o que te dá vergonha.

13. E, sobretudo, respeita a ti mesmo.

14. Pratica a justiça com teus atos e com tuas palavras.

15. E estabelece o hábito de nunca agir impensadamente.

16. Mas lembra sempre um fato, o de que a morte virá a todos;

17. E que as coisas boas do mundo são incertas, e assim como podem ser conquistadas, podem ser perdidas.

18. Suporta com paciência e sem murmúrio a tua parte, seja qual for,

19. Dos sofrimentos que o destino determinado pelos deuses lança sobre os seres humanos.

20. Mas esforça-te por aliviar a tua dor no que for possível.

21. E lembra que o destino não manda muitas desgraças aos bons.

22. O que as pessoas pensam e dizem varia muito; agora é algo bom, em seguida é algo mau.

23. Portanto, não aceita cegamente o que ouves, nem o rejeita de modo precipitado.

24. Mas se forem ditas falsidades, retrocede suavemente e arma-te de paciência.

25. Cumpre fielmente, em todas as ocasiões, o que te digo agora:

26. Não deixa que ninguém, com palavras ou atos,

27. Te leve a fazer ou dizer o que não é melhor para ti.

28. Pensa e delibera antes de agir, para que não cometas ações tolas,

29. Porque é próprio de um homem miserável agir e falar impensadamente.

30. Mas faze aquilo que não te trará aflições mais tarde, e que não te causará arrependimento.

31. Não faze nada que sejas incapaz de entender.

32. Porém, aprende o que for necessário saber; deste modo, tua vida será feliz.

33. Não esquece de modo algum a saúde do corpo,

34. Mas dá a ele alimento com moderação, o exercício necessário e também repouso à tua mente.

35. O que quero dizer com a palavra moderação é que os extremos devem ser evitados.

36. Acostuma-te a uma vida decente e pura, sem luxúria.

37. Evita todas as coisas que causarão inveja,

38. E não comete exageros. Vive como alguém que sabe o que é honrado e decente.

39. Não age movido pela cobiça ou avareza. É excelente usar a justa medida em todas estas coisas.

40. Faze apenas as coisas que não podem ferir-te, e decide antes de fazê-las.

41. Ao deitares, nunca deixe que o sono se aproxime dos teus olhos cansados,

42. Enquanto não revisares com a tua consciência mais elevada todas as tuas ações do dia.

43. Pergunta: "Em que errei? Em que agi corretamente? Que dever deixei de cumprir?"

44. Recrimina-te pelos teus erros, alegra-te pelos acertos.

45. Pratica integralmente todas estas recomendações. Medita bem nelas. Tu deves amá-las de todo o coração

46. São elas que te colocarão no caminho da Virtude Divina,

47. Eu o juro por aquele que transmitiu às nossas almas o Quaternário Sagrado.

48. Aquela fonte da natureza cuja evolução é eterna.

49. Nunca começa uma tarefa antes de pedir a bênção e a ajuda dos Deuses.

50. Quando fizeres de tudo isso um hábito,

51. Conhecerás a natureza dos deuses imortais e dos homens,

52. Verás até que ponto vai a diversidade entre os seres, e aquilo que os contém, e os mantém em unidade.

53. Verás então, de acordo com a Justiça, que a substância do Universo é a mesma em todas as coisas.

54. Deste modo não desejarás o que não deves desejar, e nada neste mundo será desconhecido de ti.

55. Perceberás também que os homens lançam sobre si mesmos suas próprias desgraças, voluntariamente e por sua livre escolha.

56. Como são infelizes! Não vêem, nem compreendem que o bem deles está ao seu lado.

57. Poucos sabem como libertar-se dos seus sofrimentos.

58. Este é o peso do destino que cega a humanidade.

59. Os seres humanos andam em círculos, para lá e para cá, com sofrimentos intermináveis,

60. Porque são acompanhados por uma companheira sombria, a desunião fatal entre eles, que os lança para cima e para baixo sem que percebam.

61. Trata, discretamente, de nunca despertar desarmonia, mas foge dela!

62. Oh Deus nosso Pai, livra a todos eles de sofrimentos tão grandes,

63. Mostrando a cada um o Espírito que é seu guia.

64. Porém, tu não deves ter medo, porque os homens pertencem a uma raça divina,

65. E a natureza sagrada tudo revelará e mostrará a eles.

66. Se ela comunicar a ti os teus segredos, colocarás em prática com facilidade todas as coisas que te recomendo.

67. E ao curar a tua alma a libertarás de todos estes males e sofrimentos.

68. Mas evita as comidas pouco recomendáveis para a purificação e a libertação da alma.

69. Avalia bem todas as coisas,

70. Buscando sempre guiar-te pela compreensão divina que tudo deveria orientar.

71. Assim, quando abandonares teu corpo físico e te elevares no éter,

72. Serás imortal e divino, terás a plenitude e não mais morrerás.

(Este texto é parte integrante do artigo de mesmo nome publicado no jornal "O Exotérico" nº 25, de junho/98, de Porto Alegre-RS)