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Atualmente, vivemos o
caos e nada parece fazer sentido. Na verdade, creio que a questão é
diametralmente oposta: tudo parece forçosamente fazer sentido! Mas em grupos
compartimentados. Faz sentido ter ódio, faz sentido a liberdade sem limites, faz sentido controlar
e proibir,faz sentido a
inconsequência...faz sentido...faz sentido... e assim por diante.
Nada está errado quando
e se existe uma discussão aberta, respeitosa e de bom senso entre as diferenças
buscando um meio termo. Um local comum. Mas o que vemos é a incapacidade do
diálogo. As pessoas não expressam ideias, não há argumento algum, nenhuma linha
de raciocínio seja na defesa ou no ataque sobre alguma opinião ou postura.
Não há pensamento
algum. Filosofia alguma. São arroubos passionais disfarçados de ideologia. E a paixão, como sabemos, é sempre ardente e notoriamente tola. Queremos ter
direitos, mas não dar direitos aos outros, não queremos obrigações e sim, que
os outros cumpram as suas.
E todos têm direitos? É
óbvio. Inalienáveis, como cidadãos. Que não deve haver limites? Tolice! Para se
viver em sociedade é preciso um acordo, um meio termo de convivência para
todos. Você não pode querer direitos, sem assumir deveres. E nosso maior dever
é lembrar que nosso espaço acaba aonde o do outro começa. Porém, todos devem
ter o seu espaço.
No entanto, o cenário
parece mais daqueles filmes futuristas em que todos discordam e não querem dar
espaço para ninguém.Nossos grupos
sociais agem como gangues. O espaço de cada um não vem do bom senso, é
disputado, desafiado, brigado. Somos sempre truculentos e estúpidos.
Não somos uma
sociedade. Somos selvagens demais para isso! Não aceitamos que todas as ideias
são imperfeitas, todas as posturasestão
repletas de prós e contras, todos os gostos causam desgostos. Se ninguém é
obrigado a aceitar nada, não deve obrigar alguém a aceitar algo também.
Tudo é tão..óbvio!
Mas...somos estúpidos demais! Medíocres demais! Arrogantes incontroláveis!Uma vez li que a briga, o confronto, é a
alternativa dos incompetentes. Verdade! Não saber conviver, dialogar e chegar a
um acordo de convivência pacífica com o outro é nossa incompetência básica, que
pertence a todos:centro, direita,
esquerda, fundamentalistas, liberais, etc.
Pelo menos, nessa questão somos
inquestionavelmente uma substância compacta: uma burrice sui generis.
“Nada é impossível a quem pratica a contemplação.
Com ela, tornamo-nos senhores do mundo.”
Lao-Tsé
Vou começar
felicitando você, por se permitir um momento para esta leitura. Os momentos em
que se detém a maré dos acontecimentos para segundos de reflexão pura e simples
tem sido cada vez mais raros por força das circunstâncias,sim, mas também por
comodismo e com o tempo provavelmente assim será por falta de costume.
Notório e
contraditório que na época da informação sejamos uma multidão de desinformados.
Porque a informação está aí e até temos acesso mas, não interiorizamos a informação,
não deglutimos sua totalidade e não devolvemos nada ao mundo. Acredite seu
sistema “digestivo” mental está constipado.
Muito se deve a ato
que na época dos excessos se torna cada vez mais miserável: a contemplação. Ou
se preferirem o popular “parar para pensar”.
“Que bobagem, eu
paro para pensar!”- você pode estar pensando e acredito em você, mas questiono
não apenas se você pensa, mas em quê pensa.
A sobrevivência do
dia a dia é inerente e a máquina mental humana está apta e pronta a responder
as necessidades primárias de ocupação, descanso, alimentação. E não há nada de errado.
Mas você e eu somos
capazes de muito mais. Quando foi a última vez que você realmente respirou
fundo, parou e pensou? Com paciência, com discernimento, com inteligência. Uma
tentativa honesta de contemplação. Pensando e repensando as notícias e
acontecimentos do dia, o que significam. Que há por trás delas? O que significa
para minha vida, da minha família, da sociedade? Porque todos pensam a mesma
coisa em grandes grupos como se fossem apenas enormes boiadas separadas por
cercas de enormes fazendas diferentes? Diferentes? Não,todos aprisionados.
Não nos detemos
para pensar porque o pensamento está cerceado por todas as formas de cercas já
pré-montadas. Não há mal que você goste de uma fazenda, mas apenas para ser
gado???
É isso o que acontece com quem não pensa. E quando se pensa existe uma
análise, um questionamento, uma humildade, e enfim um entendimento e
reposicionamento. Você não está mais certo ou errado do que os outros. Você
está diferente. E na diferença colabora para o enriquecimento da virtude
humana.
Diferenciamos aqui
aquele que contempla e se enriquece de criatividade, compaixão e entendimento
dos que apenas se revoltam. Esses não são pensadores, são bois bravios se
agitam para morrer como todo mundo. A verdadeira contemplação faz compreender
que não há cerca alguma para o pensador livre. A revolta só pode existir
naqueles que não conseguem se libertar.
O que devemos é observar
a realidade além da perspectiva ordinária, como se, de repente, você subisse em
uma cadeira para ver a vida por outro ângulo. Como o prof. Keating no clássico “A
sociedade dos Poetas Mortos”.
Estou propondo a
contemplação por 10 minutos diários que sejam. “Quem sou eu?”, “Qual é o meu
papel em toda esta intensa realidade?”, “Que legado quero deixar para o futuro”?
Contemple a si mesmo. Em
silêncio. Contemple toda a realidade.
Em humildade. Contemple a
virtude. Com vontade de obtê-la e espalhá-la. Contemple que não se trata de
devaneio. Apenas..contemple!
Contemple a si
mesmo. Em silêncio. Contemple toda a realidade. Em humildade. Contemple a
virtude. Com vontade de obtê-la e espalha-lá. Contemple que não se trata de
devaneio. Apenas..contemple!