Panacéia dos Amigos

quarta-feira

Áries - Arianos Ilustres

Adolf Hitler, ditador

Augusto dos Anjos

Ayrton Senna, piloto

Billie Holiday, cantora

Botticelli

Cacilda Becker, atriz

Carlos Magno, monarca

Cazuza, cantor

Charles Chaplin, ator

Chico Anysio, escritor e ator

Chico Xavier, lider espiritual e médium

Elton John, cantor e compositor

Eric Clapton, cantor e compositor

Francis Ford Coppola

Getúlio Vargas, ex-presidente do Brasil

Johann Sebastian Bach

Leonardo da Vinci, pintor

Manuel Bandeira

Marlon Brando

Monteiro Lobato, escritor

Quentin Tarantino, diretor e produtor

Renato Russo, cantor

René Descartes

Ritchie Blackmore

Roberto Carlos, cantor

Vincent Van Gogh, pintor

terça-feira

Death Note - Este anime é de morte..

Não. Eu não estava com a menor boa vontade de assistir este anime. Desconfiei do nome e da trama. São raros os animes que valham a pena. Mas, por forças de circunstâncias incoercíveis não pude evitar e coloquei-me resignado diante da TV.

Vamos aos fatos: Death Note é uma série de mangá escrita por Tsugumi Ōba e ilustrada por Takeshi Obata, e que cuja adaptação para anime foi dirigida por Tetsurō Araki. A história centra-se em Light Yagami, um estudante do ensino médio que descobre um caderno sobrenatural chamado "Death Note", no qual pode matar pessoas se os nomes forem escritos nele enquanto o portador visualizar mentalmente o rosto de alguém que quer assassinar. A partir daí Light tenta eliminar todos os criminosos e criar um mundo onde não exista o mal, mas seus planos são contrariados por L, um famoso detetive particular.A série é baseada em um one-shot que foi lançado pela Shueisha na revista Weekly Shōnen Jump, e se generalizou novamente no volume treze, "How to Read", que é um guia que contém dados sobre a franquia, incluindo o perfil de todos os personagens principais. No Brasil, a série de mangá foi publicada pela Editora JBC. O último dos doze volumes foi lançado em junho de 2008 e o especial How to Read foi lançado em agosto de 2008. O anime foi exibido no Brasil e em Portugal pela Animax local.

Claro, eu não sabia de nada disso, e não serviria a nada saber. Assim, sem esperar nada me lancei ao desconhecido, então vejamos: Tempos atrás, meu caro Alex Sunder disse na Panacéia das Entrevistas, que sua crítica é bastante visual, ou seja, se o desenho for bem feito ele vai em frente, mesmo a trama não ser estas coisas. Também gosto de desenhar, mas não havia percebido esta característica, e é verdade! Quando o desenho é bom, flui, quando é ruim, eu só continuo a leitura, ou o anime se tiver sido avisado previamente que o roteiro é muito bom. Não sei exatamente se esta característica é uma qualidade mas, ao menos, é um fato.

Então, menos mal. Em tempos de Naruto que tem um desenho...bláh! Pelo menos, os traços eram ok. Ok, mesmo, nada além. Mas, eu poderia continuar assistindo.

E eis que a trama começa. Então, o personagem principal é um vilão. Não importa o que os fãs queiram dizer. O personagem teve o poder sobre a morte de pessoas e quis matar. Matar muito. Eliminar bandidos foi apenas um recurso para ele ter uma boa desculpa que permitisse um pouco de sanidade. Mas, ele tinha prazer em matar. E prazer em matar é característica de psicopata. Portanto, hipoteticamente falando ele pode seguir com isso, até que o conceito de bandidos e mocinhos se confundisse, ou seja, ele passa a matar quem ele julgasse ser bandido, simplesmente porque gosta de matar. Porque pensa que é um tipo de deus.

Eu estava achando tudo aquilo uma tremenda catarse adolescente por parte do autor que subconscientemente ou espertamente estava dando aos adolescentes um vilão que eles podiam se identificar: Adolescente, inteligente, entediado, e com o poder de matar todo mundo, o que é o sonho secreto, instinto primário, de qualquer um nessa faixa de idade, ainda mais nos dias atuais.

Quando aquilo tudo estava prestes a se tornar tão divertido quanto um tratamento bucal de canal, felizmente surgiu “L”, e a história mudou. “L” era o misterioso superdetetive que mantinha sua identidade secreta. Em algum momento revelada em um personagem excêntrico, por isso, mesmo interessante. Começa uma verdadeira guerra de gato e rato entre “kira” (o equivalente sonoro de killer em japonês) e “L”. Não havia novidade nenhuma ali, mas precisamente foi este recalque dos confrontos de Sherlock Holmes e o Prof. Moriarty dos escritos de Conan Doyle, que foram para mim a salvação da história. Sempre fã de histórias de investigação fiquei confortável neste cenário e acompanhei com interesse este confronto. Nestes capítulos, ao menos, valeu a pena estar sentado diante da tela.

Contar mais seria estragar a história. Eu não preciso fazer isto, porque os próprios autores fizeram o trabalho quando resolveram “revolucionar” a trama e me fizeram voltar ao tratamento de canal assistindo até o final em clima de suplício.

O anime é um sucesso. Sorte dos autores, que hoje em dia, qualquer coisa faz sucesso. Tem algumas qualidades, mas peca no ínicio e no fim. A ponto de você se perguntar se valeu a pena perder tempo de sua vida, para ver aquilo. Mas, entre mortos e feridos, até que existem momentos de entretenimento. Se você estiver com preguiça de ler Conan Doyle e estiver com a sua crítica bem humorada Death Note pode ser divertido até nos piores momentos.

segunda-feira

Ruas de Fogo

“Sessão da Tarde”! Houve tempo em que ela foi mais interessante do que os filmes insossos de hoje em dia. Numa dessas, nos fins de 80, assisti o filme. Ele entrou para o “rol” dos filmes-bacanas-que-vi-nos-anos-80-e-viraram-cult na qual figuram “Curtindo a vida adoidado”, “De volta às aulas”, “Feitiço de Áquila”, “O enigma da pirâmide” e outros...

“A história é vendida como ““ Uma Fábula de Rock’n’Roll”, o que está correto. A história é em-algum-lugar-no-tempo-e-espaço-de-uma-cidade-que-é-todas-e-nenhuma, com a crueza da violência urbana, gangues, rock e anti-heróis.

E assim, o filme começa com um grande show da estrela Ellen Aim (Diane Lane) e seu grupo the Attackers se apresentando em Richmond, um distrito decadente de alguma megalópole decadente. É uma apresentação quase nostálgica, já que a cantora viveu lá, embora odeie o passado. A canção é “Nowhere Fast”. Sensacional no palco, a cantora Ellen Aim na verdade nunca compôs nada, e o seu empresário inescrupuloso, feio, baixinho e chato vivido por sempre competente Rick Moranis compra ou rouba as músicas.

Durante a apresentação, ela é seqüestrada por uma gangue de motoqueiros. A cidade está sob controle da gangue deixando a pequena força policial de mãos amarradas e postura pragmática diante das situações dramáticas em que cada quarteirão é um domínio de violência e vandalismo.

Diante dessa situação, o empresário e futuro noivo da cantora resolve contratar um mercenário para libertar a moça. O contrato é uma boa desculpa para o mercenário Tom Cody disfarçar o seu interesse no resgate, afinal, a cantora é uma antiga namorada que ele ainda ama e que o abandonou pela fama. “Contratado” para resgatá-la resta invadir o território das gangues. Nesta missão ele acabará encontrando outros personagens e situações, muita briga, romance e rock´n roll, são a sequência da história.

Os figurinos de Giorgio Armani, os neons, os diners, os motoqueiros rebeldes, os penteados rockabilly e os carros são dos anos 50, mas a sujeira das ruas molhadas, a decadência dos edifícios, algumas cores exageradas, ambientes new wave, roupas bufantes e cabelos com laquê não escondem sua origem nos anos 80. A fotografia de Andrew Laszlo com o desenho de produção, a edição com transições de quadrinhos, a trilha de pop, rockabilly, blues e soul é assinada por nomes como Ry Cooder ("Buena Vista Social Club"), Jimmy Iovine e Jim Steinman, a produção caprichada de Joel Silver e a direção de Walter Hill, tornam este filme despretensioso, mas com uma produção bem feita com um resultado “cool”.

Outra coisa elogiável na trama é a construção precisa de seus personagens. É possível definir cada persona e seus atos coadunam perfeitamente com seu perfil. Esta coerência dos personagens não é tão comum quanto possa parecer, infelizmente. Além disso, todos estão bem, mesmo em sua canastrice. O filme todo simplesmente funciona. Temos a fã Reva (Deborah Van Valkenburgh), a dupla de policiais formada por Ed Price (Richard Lawson) e Cooley (Rick Rossovich). A gangue dos Bombers liderada por Raven Shaddock, (Willem Dafoe, sempre bom como “mau”). Destaque para Bill Paxton, como o barman Clyde, que tenta impedir a ação da gangue e leva uma surra. O anti-herói Tom Cody (Michael Paré), e temos ainda McCoy (Amy Madigan), que se torna amiga imediata de Cody, e “parceiro de combate”.

Destaco ainda a apresentação de “Tonight Is What It Means to Be Young”, um verdadeiro hino não tocado nas rádios, mas inesquecível para os que assistiram o filme, em que se expressa musicalmente a juventude em toda a sua fantasia, tolice e energia.

Depois fui rever o filme nos anos 90 já com a devida “aura” Cult. E compreender melhor o quanto as personas eram definidas e ouvir a trilha sonora. Vale a pena conhecer o filme e as canções da fábula de rock´n roll..

Faixas da trilha sonora:

1. Nowhere Fast – Fire Inc

2. Sorcerer – Marilyn Martin

3. Deeper and Deeper – The Fixx

4. Countdown to Love – Greg Philinganes

5. One Bad Stud – The Blasters

6. Tonight Is What It Means to Be Young – Fire Inc

7. Never Be You – Maria Mckee

8. I Can Dream About You – Dan Hartman

9. Hold That Snake – Ry Cooder

10. Blue Shadows – The Blasters

sexta-feira

John Lennon

A vida é aquilo que acontece enquanto você está planejando o futuro.

Você pode dizer que sou um sonhador/Mas eu não sou o único/Eu espero que algum dia/você junte-se a nós/E o mundo viverá como um só..

Nós estamos jogando esses jogos mentais juntos,/Expandindo as barreiras, plantando sementes./Fazendo a guerrilha mental/Cantando o mantra: Paz na Terra!/Todos nós estamos jogando esses jogos mentais eternamente/Algum tipo de maluco levantando o véu./Fazendo a guerrilha mental/Alguns chamam isto de mágica, a busca pelo Graal Amor é a resposta/E você sabe disso, com certeza/Amor é uma flor/Você tem que deixar, você tem que deixá-la florescer

A ignorância é uma espécie de bênção. Se você não sabe, não existe dor.

"Eu sou ele como você é ele como você é eu e nós somos todos juntos".

Quando eu tinha 5 anos, minha mãe sempre me disse que a felicidade era a chave para a vida. Quando eu fui para a escola, me perguntaram o que eu queria ser quando crescesse. Eu escrevi “feliz”. Eles me disseram que eu não entendi a pergunta, e eu lhes disse que eles não entendiam a vida.

"Tudo o que você precisa é amor."

Eu estive em todos os lugares e só me encontrei em mim mesmo.

Eu acredito em Deus, mas não como uma coisa, não como um velho no céu. Creio que o que as pessoas chamam de Deus é algo que está em todos nós. Acredito que o que Jesus, Maomé, Buda e outros disseram está certo. São as traduções que foram erradas.

O medo do desconhecido! É o medo do desconhecido que impele todo mundo para os sonhos, para as ilusões, para as guerras, para a paz, para o amor, para o ódio. Tudo isto é ilusão. É isto o desconhecido. Aceite o desconhecido e será uma viagem tranqüila.

Você faz seu próprio sonho. É a história dos 'Beatles', não é? É a história de Yoko. É o que eu digo agora. Faça seu próprio sonho, se você quiser salvar o peru. É bem possível fazer alguma coisa, mas não dotá-lo de parquímetros. Não espere que Jimmy Carter ou Ronald Reagan ou John Lennon ou Yoko Ono ou Bob Dylan ou Jesus Cristo venha e faça por você. Você tem de fazê-lo sozinho. É o que os grandes mestres têm dito desde que os tempos começaram. Eles podem apontar o caminho, deixar indicações e instruções em variados livros que são chamados sagrados e venerados por suas capas, e não por aquilo que dizem, mas as instruções estão aí para que todos as vejam. Sempre estiveram e sempre estarão. Não há nada de novo sob o Sol. Todos os caminhos levam a Roma. E as pessoas não podem fazê-lo por você. Eu não posso despertar você. Você pode se despertar. Eu não posso curar você. Você pode se curar.

Sim, eu acredito que Deus é como uma usina de força, que Ele é um poder supremo, que não é nem bom nem ruim, nem de direita nem de esquerda, nem branco nem preto. Ele simplesmente é.

Não me esperem ver atrás de barricadas, a menos que elas sejam de flores.

quinta-feira

Cora Coralina

Fiz a escalada da montanha da vida removendo pedras e plantando flores.

Não morre aquele que deixou na terra a melodia de seu cântico na música de seus versos.

Se temos de esperar, que seja para colher a semente boa que lançamos hoje no solo da vida. Se for para semear, então que seja para produzir milhões de sorrisos, de solidariedade e amizade.

Nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas.

"Feliz daquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina"..

O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que colher."

"Todos estamos matriculados na escola da vida, onde o mestre é o tempo.."

"Quem acredita, constrói. Quem não acredita, quando não destrói, nada faz!.."

Walt Whitman

Contradigo a mim mesmo porque sou vasto.

"Esta manhã, antes do alvorecer, subi numa colina para admirar o céu povoado, E disse à minha alma: Quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e satisfeitos? E minha alma disse: Não, uma vez alcançados esses mundos prosseguiremos no caminho."

"Nada está perdido ou pode ser perdido. O corpo, indolente, velho, friorento...as cinzas deixadas pelas chamas passadas... arderão de novo".

Marca a hora o relógio; mas, o que marca a eternidade?

Sei que sou sólido e são, para mim num permanente fluir convergem os objetos do universo; todos estão escritos para mim e eu tenho de saber o que significa o que está escrito.

"Quem anda duzentos metros sem vontade anda seguindo o próprio funeral vestindo a própria mortalha..."

Celebro a mim mesmo e canto a mim mesmo.

Existo como sou, Isso é o que me basta: Se ninguém mais no mundo toma conhecimento, eu me sento contente; e se cada um e todos tomam conhecimento, eu contente me sento. Existe um mundo que toma conhecimento, e este é o maior para mim: o mundo de mim mesmo. Se a mim mesmo eu chegar hoje, Daqui a dez mil ou dez milhões de anos, posso alcançá-lo bem disposto ou posso bem disposto esperar mais.

A afeição ainda resolverá os problemas da Liberdade;aqueles que se amam, tornar-se-ão invencíveis.

Creio que eu poderia transformar-me e viver como os animais. Eles são tão calmos e donos de si! Detenho-me para contemplá-los sem parar. Não se atarantam nem se queixam da própria sorte; não passam a noite em claro, remoendo suas culpas, nem me aborrecem falando de suas obrigações para com Deus. Nenhum deles se mostra insatisfeito; nenhum deles se acha dominado pela mania de possuir coisas; nenhum deles fica de joelhos diante de outro, nem diante da recordação de outros da mesma espécie que viveram há milhares de anos. Nenhum deles é respeitável ou desgraçado em todo o amplo mundo.

Frases do Dalai Lama

Se você quer transformar o mundo, experimente primeiro promover o seu aperfeiçoamento pessoal e realizar inovações no seu próprio interior. Estas atitudes se refletirão em mudanças positivas no seu ambiente familiar. Deste ponto em diante, as mudanças se expandirão em proporções cada vez maiores. Tudo o que fazemos produz efeito, causa algum impacto.

Às vezes penso que o simples ato de compartilhar comida é um dos elementos básicos de todos os relacionamentos.

Se a criança não receber a devida atenção, em geral, quando adulta, tem dificuldade de amar seus semelhantes

Pouco importa que dirijam o olhar para você, se estiver decidido a ser bom, generoso, altruísta e compassivo. Consciente de estar fazendo o melhor, nenhum fracasso poderá perturbar a sua serenidade interior e você não precisará estar constantemente reconsiderando seus objetivos. A consciência limpa serve de travesseiro macio

Se seus sonhos estiverem nas nuvens, não se preocupe, pois eles estão no lugar certo; agora construa os alicerces

Rancor, ódio, ciúme: não é possível encontrar a paz com eles. Podemos resolver muitos de nossos problemas por meio da compaixão e do amor. Só assim nos desarmaremos e encontraremos a verdadeira felicidade. Uma das maiores virtudes é a compaixão. A compaixão não pode ser comprada numa loja de departamentos ou fabricada por máquinas. Ela advém do crescimento interior. Sem paz de espírito, é impossível haver paz no mundo

Se o problema tem solução, por que te desesperas? Se o problema não tem solução, por que te desesperas? Para saber se o problema tem ou não solução é muito simples: se você está vivo, ele tem solução.

quarta-feira

Frases de Confúcio

Ainda não vi ninguém que ame a virtude tanto quanto ama a beleza do corpo.

Aja antes de falar e, portanto, fale de acordo com os seus atos

Até que o sol não brilhe, acendamos uma vela na escuridão.

Coloque a lealdade e a confiança acima de qualquer coisa; não te alies aos moralmente inferiores; não receies corrigir teus erros.

Não são as ervas más que afogam a boa semente, e sim a negligência do lavrador.

Quando vires um homem bom, tenta imitá-lo; quando vires um homem mau, examina-te a ti mesmo.

Se queres prever o futuro, estuda o passado.

Transportai um punhado de terra todos os dias e fareis uma montanha.

Querem que vos ensine o modo de chegar à ciência verdadeira? Aquilo que se sabe, saber que se sabe; aquilo que não se sabe, saber que não se sabe; na verdade é este o saber.

A preguiça anda tão devagar, que a pobreza facilmente a alcança.

Frases de Oscar Wilde

A ambição é o último recurso do fracassado.

A cada bela impressão que causamos, conquistamos um inimigo.

Para ser popular é indispensável ser medíocre.

A vida é muito importante para ser levada a sério.

O descontentamento é o primeiro passo na evolução de um homem ou de uma nação.

O Estado deve fazer o que é útil. O indivíduo deve fazer o que é belo.

terça-feira

A Loteria da Babilônia - Jorge Luís Borges

Como todos os homens da Babilônia, fui pro-cônsul; como todos, escravo; tam¬bém co¬nhe¬ci a onipotência, o opróbrio, os cárceres. Olhem: à minha mão direita falta-lhe o indicador. Olhem: por este rasgão da capa vê-se no meu estômago uma tatuagem vermelha: é o segundo símbolo, Beth. Esta letra, nas noites de lua cheia, confere-me poder sobre os homens cuja marca é Ghimel, mas sujeita-me aos de Alep, que nas noites sem lua devem obediência aos de Ghimel. No crepúsculo do ama¬nhe¬cer, num sótão, jugulei ante uma pedra negra touros sagrados. Durante um ano da Lua, fui declarado invisível: gritava e não me respondiam, roubava o pão e não me decapitavam. Conheci o que ignoram os gregos: a incerteza. Numa câmara de bronze, diante do lenço silencioso do estrangulador, a esperança foi-me fiel; no rio dos de¬lei¬tes, o pânico. Hera¬cli¬des Pôn¬tico conta com admiração que Pitágoras se lembrava de ter sido Pirro e antes Euforbo e antes ainda um outro mortal; para recordar vi¬cis¬si¬tu¬des análogas não preciso recorrer à morte, nem mesmo à impostura.

Devo essa variedade quase atroz a uma instituição que outras repúblicas des¬co¬nhe¬cem ou que nelas trabalha de forma imperfeita e secreta: a loteria. Não indaguei a sua história; sei que os magos não conseguem por-se de acordo; sei dos seus poderosos propósitos; o que pode saber da Lua o homem não versado em astrologia. Sou de um país vertiginoso onde a loteria é a parte principal da realidade: até o dia de hoje, pensei tão pouco nela como na conduta dos deuses indecifráveis ou do meu coração. Agora longe da Babilônia e dos seus estimados cos¬tu¬mes, penso com certo espanto na loteria e nas conjecturas blasfemas que ao crepúsculo mur¬mu¬ram os homens velados.

Meu pai contava que antigamente — questão de séculos, de anos? — a loteria na Babi¬lônia era um jogo de caráter plebeu. Referia (ignoro se com verdade) que os barbei¬ros trocavam por moedas de cobre, retângulos de osso ou de pergaminho ador¬na¬dos de símbolos. Em pleno dia verificava-se um sorteio: os contemplados recebiam, sem outra confirmação da sorte, moe¬das cunhadas de prata. O procedimento era ele¬men¬tar, como os senhores vêem.

Naturalmente, essas “loterias” fracassaram. A sua virtude moral era nula. Não se di¬ri¬giam a todas as faculdades do homem: unicamente à sua esperança. Diante da indife¬rença públi¬ca, os mercadores que fundaram essas loterias venais começaram a perder dinheiro. Alguém esboçou uma reforma: a intercalação de alguns números adversos no censo dos números fa¬vo¬ráveis. Mediante essa reforma, os compradores de retângulos numerados expunham-se ao duplo risco de ganhar uma soma e de pagar uma multa, às vezes vultosa. Esse leve perigo (em cada trinta números favoráveis havia um número aziago) despertou, como é natural, o interesse do público. Os babi¬lô¬nios entregaram-se ao jogo. O que não adquiria sortes era considerado um pusilâ¬ni¬me, um apoucado. Com o tempo esse desdém justificado duplicou-se. Eram despre¬zados aqueles que não joga¬vam, mas também o eram os que perdiam e abonavam a multa. A Com¬panhia (assim começou então a ser chamada) teve que velar pelos ga¬nha¬do¬res, que não podiam cobrar os prêmios se nas caixas faltasse a importância quase total das multas. Propôs uma ação judicial contra os perdedores: o juiz con¬denou-os a pagar a multa original e as custas, ou a uns dias de prisão. Todos optaram pelo cárcere, para defraudar a Companhia. Dessa bra¬vata de uns poucos nasce todo o poder da Companhia: o seu valor eclesiástico, metafí¬sico.

Pouco depois, as informações dos sorteios omitiram as referências de multas e limi¬taram-se a publicar os dias de prisão que designava cada número adverso. Esse la¬conis¬mo, quase inadvertido a seu tempo, foi de capital importância. Foi o primeiro apa¬recimento, na lo¬teria, de elementos não pecuniários. O êxito foi grande. Instada pelos jogadores, a Companhia viu-se obrigada a aumentar os números adversos.

Ninguém ignora que o povo da Babilônia é devotíssimo à lógica, e ainda à simetria. Era incoerente que se computassem os números ditosos em moedas re¬don¬das e os infaustos em dias e noites de cárcere. Alguns moralistas raciocinaram que a posse das moedas não determina sempre a felicidade e que outras formas de ventura são talvez mais diretas.

Inquietações diversas propagavam-se nos bairros desfavorecidos. Os membros do co¬légio sacerdotal multiplicavam as apostas e gozavam de todas as vicissitudes do terror e da esperança; os pobres (com inveja razoável ou inevitável) sabiam-se excluídos desse vaivém, notoriamente delicioso. O justo desejo de que todos, pobres e ricos, participassem por igual na loteria, inspirou uma indignada agitação, cuja me¬mó¬ria os anos não apagaram. Alguns obsti¬na¬dos não compreenderam (ou simularam não compreender) que se tratava de uma ordem nova, de uma necessária etapa histórica... Um escravo roubou um bilhete carmesim, que no sorteio lhe deu direito a que lhe queimassem a língua. O código capitulava essa mesma pena para o que roubava um bilhete. Alguns babilônios argumentavam que merecia o ferro candente, na sua qualidade de ladrão; outros, magnânimos, que se devia condená-lo ao carrasco porque assim o havia determinado o azar... Houve distúrbios, houve efusões la¬men¬tá¬veis de sangue; mas a gente babilônica finalmente impôs a sua vontade, contra a oposição dos ricos. O povo conseguiu ple¬na¬mente os seus generosos fins.

Em primeiro lugar, conseguiu que a Companhia aceitasse a soma do poder público. (Essa uni¬fi¬ca¬ção era indispensável, dada a vastidão e complexidade das novas operações.) Em segunda etapa, conseguiu que a loteria fosse secreta, gratuita e geral. Ficou abolida a venda mercenária de sortes. Iniciado nos mistérios de Bel, todo homem livre par¬ti¬ci¬pa¬va automaticamente dos sorteios sagrados, que se efetuavam nos labirintos do deus de sessenta em sessenta noites e que demarcavam o seu destino até o próximo exercício. As con¬se¬qüências eram incalculáveis. Uma jogada feliz podia motivar-lhe a elevação ao concílio dos magos ou a detenção de um inimigo (conhecido ou íntimo), ou a encontrar, nas pacíficas trevas do quarto, a mulher que começava a inquietá-lo ou que não esperava rever; uma jogada adversa: a mutilação, a infâmia, a morte. Às vezes, um fato apenas — o vil assassinato de C, a apoteose misteriosa de B — era a solução genial de trinta ou quarenta sorteios. Combinar as jogadas era difícil; mas convém lembrar que os indivíduos da Companhia eram (e são) todo-poderosos e astutos. Em muitos casos, teria diminuído a sua virtude o conhecimento de que certas felici¬da¬des eram simples fábrica do acaso; para frustrar esse inconveniente, os agentes da Companhia usavam das sugestões e da magia. Os seus passos e os seus manejos eram secretos. Para indagar as íntimas esperanças e os íntimos terrores de cada um, dispunham de astrólogos e de espiões. Havia certos leões de pedra, havia uma latrina sa¬grada chamada Qaphqa, havia algumas fendas no poeirento aqueduto que, con¬for¬me a opinião geral, levavam à Companhia; as pessoas ma¬lignas ou benévolas de¬po¬sita¬vam delações nesses sítios. Um arquivo alfabético recolhia essas notícias de veracidade variável.

Por incrível que pareça, não faltavam murmúrios. A Companhia, com a sua habitual dis¬crição, não replicou diretamente. Preferiu rabiscar nos escombros de uma fábrica de máscaras um argumento breve, que agora figura nas escrituras sagradas. Essa peça doutrinal observava que a loteria é uma interpolação da causalidade na ordem do mundo e que aceitar erros não é con¬tradizer o acaso: é confirmá-lo. Salien¬tava, da mesma maneira, que esses leões e esse reci¬piente sagrado, ainda que não desautorizados pela Companhia (que não renunciava ao direito de os consultar), funcionavam sem garantia oficial.

Essa declaração apaziguou os desassossegos públicos. Também produziu ou¬tros efeitos, talvez não previstos pelo autor. Modificou profundamente o espírito e as operações da Com¬panhia. Pouco tempo me resta; avisam-nos que o navio está para zarpar; mas tratarei de os explicar.

Por inverossímil que seja, ninguém tentara até então uma teoria geral dos jo¬gos. O babi¬lônio é pouco especulativo. Acata os ditames do acaso, entrega-lhes a vida, a esperança, o terror pânico, mas não lhe ocorre investigar as suas leis labirínticas, nem as esferas giratórias que o revelam. Não obstante, a declaração oficiosa que men¬cio¬nei instigou muitas discussões de ca¬rá¬ter jurídico-matemático. De uma delas nas¬ceu a seguinte conjectura: Se a loteria é uma inten¬si¬fica¬ção do acaso, uma periódica infusão do caos no cosmos, não conviria que a causalidade interviesse em todas as fases do sorteio e não apenas numa? Não é irrisório que o acaso dite a morte de alguém e que as circunstâncias dessa morte — a reserva, a publicidade, o prazo de uma hora ou de um século — não estejam subordinadas ao acaso? Esses escrúpulos tão justos provocaram, por fim, uma reforma considerável, cujas complexidades (agra¬va¬das por um exer¬cício de séculos) só as entendem alguns especialistas, mas que intentarei resumir, embora de modo simbólico.

Imaginemos um primeiro sorteio que decrete a morte de um homem. Para o seu cum¬pri¬mento procede-se a um outro sorteio, que propõe (digamos) nove exe¬cu¬to¬res possíveis. Desses executores quatro podem iniciar um terceiro sorteio que dirá o nome do carrasco, dois podem substituir a ordem infeliz por uma ordem ditosa (o encontro de um tesouro, digamos), outro exacerbará (isto é, a tornará infame ou a enriquecerá de torturas), outros podem negar-se a cumpri-la... Tal é o esquema sim¬bó¬li¬co. Na realidade o número de sorteios é infinito. Nenhuma decisão é final, todas se ramificam noutras. Os ignorantes supõem que infinitos sorteios re¬que¬rem um tempo infinito; em verdade, basta que o tempo seja infinitamente subdivisível, como o ensina a famosa parábola do Certame com a Tartaruga. Essa infinitude condiz admi¬ra¬vel¬men¬te com os sinuosos números do Acaso e com o Arquétipo Celestial da Loteria, que os platônicos adoram... Um eco disforme dos nossos ritos parece ter reboado no Tibre: Ello Lampridio, na Vida de Antonino Heliogábalo, refere que este imperador escrevia em conchas as sortes que destinava aos convidados, de forma que um recebia dez libras de ouro, e outro, dez moscas, dez leirões, dez ossos. É lícito lembrar que Heliogábalo foi educado na Ásia Menor, entre os sacerdotes do deus epônimo.

Também há sorteios impessoais, de objetivo indefinido; um ordena que se lance às águas do Eufrates uma safira de Taprobana; outro, que do alto de uma torre se sol¬te um pássaro, outro, que secularmente se retire (ou se acrescente) um grão de areia aos inumeráveis que há na praia. As conseqüências são, às vezes, terríveis.

Sob o influxo benfeitor da Companhia, os nossos costumes estão saturados de acaso. O comprador de uma dúzia de ânforas de vinho damasceno não estranhará se uma delas contiver um talismã ou uma víbora; o escrivão que redige um contrato não deixa quase nunca de intro¬duzir algum dado errôneo; eu próprio, neste relato apres¬sa¬do, falseei certo esplendor, certa atrocidade. Talvez, também, uma misteriosa mo¬no¬to¬nia... Os nossos historiadores, que são os mais perspicazes da orbe, inventaram um método para corrigir o acaso; é de notar que as operações desse método são (em geral) fidedignas; embora, naturalmente, não se divulguem sem alguma dose de engano. Além disso, nada tão contaminado de ficção como a história da Companhia... Um documento paleográfico, exumado num templo, pode ser obra de um sorteio de ontem ou de um sorteio secular. Não se publica um livro sem qualquer divergência em cada um dos exemplares. Os escribas prestam juramento secreto de omitir, de intercalar, de alterar. Também se exerce a mentira indireta.

A Companhia, com modéstia divina, evita toda publicidade. Os seus agentes, como é óbvio, são secretos; as ordens que distribui continuamente (talvez incessante¬men¬te) não diferem das que prodigalizam os impostores. Para mais, quem poderá gabar-se de ser um simples impos¬tor? O bêbado que improvisa um mandato absurdo, o sonhador que desperta de súbito e estran¬gula a mulher a seu lado, não executam, porventura, uma secreta decisão da Companhia? Esse funcionamento silencioso, comparável ao de Deus, provoca toda espécie de conjecturas. Uma insinua abo¬mi¬na¬vel¬men¬te que há séculos não existe a Companhia e que a sacra desordem das nossas vidas é puramente hereditária, tradicional; outra julga-a eterna e ensina que perdu¬ra¬rá até a última noite, quando o último deus aniquilar o mundo. Outra afiança que a Companhia é onipotente, mas que influi somente em coisas minúsculas: no grito de um pássaro, nos matizes da ferrugem e do pó, nos entressonhos da madrugada. Outra, por boca de heresiarcas mas¬ca¬rados, que nunca existiu nem existirá. Outra, não menos vil, argumenta que é indiferente afirmar ou negar a realidade da tenebrosa corporação, porque a Babilônia não é outra coisa senão um infinito jogo de acasos.

Texto extraído do livro “Ficções”, Editorial “Livros do Brasil”  Lisboa, Portugal, 1969, pág. 65, traduzido do original “Ficciones” por Carlos Nejas.