Panacéia dos Amigos

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quarta-feira

Conheça 10 pessoas que quase ficaram famosas


1. O quinto beatle

Pete Best foi o primeiro baterista dos Beatles. Foi convidado para entrar na banda, em 1960, um dia antes de Paul, George e John embarcarem para uma turnê na Alemanha. Eles passaram os anos seguintes tocando em bares de Hamburgo, mas seu salto para a fama só veio em 1962 – quando George Martin, dono do estúdio Abbey Road, ofereceu um contrato à banda. Com um porém: ele gostaria de usar outro baterista para a gravação. No dia 16 de agosto de 1962, Pete Best foi demitido por telefone pelo empresário dos Beatles e substituído por Ringo Starr. Um mês depois, os Beatles finalmente estouraram com a música Love Me Do. Best, que hoje tem 70 anos, passou a vida trabalhando como servidor público em Liverpool – e lançou um disco em 2008.

2. Os verdadeiros McDonald’s

Os irmãos Dick e Mac McDonald criaram o conceito de fast food e abriram sua primeira lanchonete em 1941, na Califórnia. A ideia fez um sucesso moderado até que, na década de 1950, outra pessoa teve uma ideia. Ray Kroc, que vendia máquinas de milshake para os irmãos McDonald, propôs que eles abrissem franquias pelos euA. em 1958, já eram 34 restaurantes, e mais 68 foram abertos só em 1959. Mas aí, em 1961, os irmãos resolveram vender sua parte no negócio para Kroc – que pagou o equivalente a us$ 19 milhões em valores de hoje. um belo dinheiro, com certeza. Mas um péssimo negócio. A rede se transformou numa multinacional gigantesca, com mais de 33 mil lanchonetes espalhadas por 119 países e faturamento de US$ 24 bilhões por ano. e os irmãos McDonald viram outra pessoa ficar multibilionária explorando a ideia e o nome deles. Mac morreu em 1971, e Dick, em 1998.

3. Ele não quis ser dono do Facebook

Joe Green dividia um quarto na Universidade Harvard com ninguém menos do que Mark Zuckerberg. Eles eram muito amigos e já tinham tocado um projeto juntos – a criação de um site em que os estudantes podiam dar nota para a aparência dos colegas. Para obter as fotos dos estudantes, Green e Zuckerberg tiveram de invadir computadores da universidade. Eles foram pegos e quase acabaram expulsos de Harvard. Por isso, Green ficou receoso em entrar na nova aventura do colega: uma rede social chamada The Facebook. Ele preferiu focar nos estudos para terminar a faculdade e recusou a proposta de Zuck – que ofereceu ações do site em troca de participação no projeto. A decisão custou (muito) caro. O valor de mercado do Facebook, que recentemente anunciou a abertura do seu capital, é de US$ 100 bilhões. Isso significa que, ao recusar as ações, Green deixou de ganhar cerca de US$ 400 milhões. Não ficou rico, mas fez uma coisa boa: depois de se formar, foi para São Francisco e criou o site Causes, um serviço de doações online que já arrecadou US$ 47 milhões para 50 mil instituições de caridade.

4. O suposto pai da aspirina

Arthur eichengrün, químico que trabalhava para a Bayer, criou a aspirina em 1896. em 1934, com o avanço da ideologia nazista, ele foi excluído da história devido a sua origem judaica, e a versão oficial dos fatos passou a atribuir a descoberta ao cientista ariano Felix Hoffman. Eichengrün passou a vida contando essa história – até morrer, em 1948, três anos após o fim da segunda Guerra, sem ser reconhecido. Em 1999, um historiador britânico reexaminou o caso e disse ter encontrado provas que sustentam a versão dele. Mas, até hoje, a Bayer atribui a invenção a Hoffman.

5. O Guns do Guns n’ Roses

Em 1983 o guitarrista americano Tracy Ulrich, mais conhecido como Tracii Guns, montou a banda L.A. Guns com o vocalista Axl Rose. Logo depois, Axl acabou deixando o grupo para montar outra banda, a Hollywood Rose. Dois anos mais tarde, ele e Tracii decidiram se juntar e formar um novo grupo: o Guns n’ Roses, que combinava o nome dos dois. Mas não durou muito, pois Tracii tinha o mau hábito de faltar aos ensaios. No mesmo ano da fundação do Guns, 1985, ele foi expulso. Em seu lugar, entrou um tal de Slash (Saul Hudson). A banda manteve o nome Guns n’ Roses e dois anos depois lançou seu primeiro álbum: Appetite for Destruction. Esse disco tem as clássicas Welcome to The Jungle e Sweet Child O’Mine e vendeu 28 milhões de cópias, deixando Axl e seus colegas milionários – exceto Tracii, que voltou para a L.A. Guns, onde está até hoje.

6. Inventou o Google, mas não levou

Em 1997, Hubert Chang conheceu Larry Page e Sergey Brin, os criadores do Google. Os três estudavam na Universidade Stanford foram apresentados por um professor e começaram a tocar um projeto juntos – o PageRank, sistema de classificação de sites que é a base tecnológica do Google. Alguns meses depois, Page e Brin perguntaram a Chang se ele queria que seu nome fosse incluído no projeto, que seria apresentado em uma conferência. E Chang disse não. Foi uma decisão incrivelmente burra, mas que na época não parecia: ele precisava terminar seu doutorado e não teria tempo para se comprometer com o projeto, no qual não acreditava muito. Chang continuou na universidade, onde concluiu seus estudos em 2003. Quando o Google já havia se transformado em superpotência, em 2007, ele finalmente veio a público reinvindicar a coautoria. Não deu em nada. Page e Brin negaram solenemente que Chang tenha participado. “Além da minha palavra, só tenho como prova os emails que troquei com o professor que me apresentou a Page e Brin. Infelizmente, o professor faleceu. O meu reconhecimento nunca virá”, admite Chang. Ele se mudou para Hong Kong, onde trabalha para empresas de tecnologia.

7. A um passo de Hollywood

Em 1966, Burt Ward era um ator de sucesso: ele fazia o papel de Robin na série Batman, bastante popular na TV americana. Em 1967, foi convidado para representar o personagem Benjamin Braddock no filme A Primeira Noite de um Homem. Ward preferiu ficar apenas como Robin. Foi uma aposta errada: a série parou de ser produzida em 1968. E aquele papel no cinema, que Ward tinha recusado, foi para um rapaz chamado Dustin Hoffman – que deu um show, foi indicado ao Oscar de melhor ator e se tornou um dos maiores astros de Hollywood. Ward fez mais de 30 filmes, mas só produções de baixo orçamento.

8. Pediu para sair da Apple

Ao lado de Steve Jobs e Steve Wozniak, Ronald Wayne fundou a Apple em 1976. Ele desenhou o primeiro logo da empresa e escreveu o manual de seu primeiro computador. Mas, duas semanas depois, se arrependeu – e vendeu sua parte por US$ 800 (equivalente a US$ 3 000 em valores de hoje). Wayne tinha ido à falência com outra empresa, 5 anos antes, e ficou com medo de que isso acontecesse de novo. Jobs e Wozniak chegaram a ir atrás do sócio e insistiram para que ele voltasse, mas não adiantou. A Apple se transformou na maior empresa do mundo, com US$ 428 bilhões de valor de mercado. Wayne? Fez carreira na Atari e em outras companhias de tecnologia e chegou a patentear várias ideias de gadget, mas nunca teve dinheiro para transformá-las em produtos de verdade. Hoje, dedica-se a comprar e vender selos e moedas raras.

9. Quase um popstar

Em 1982, Claudio Tognolli estudava jornalismo na mesma classe em que Paulo Ricardo – que tinha uma banda chamada Pif-Paf. Paulo Ricardo foi trabalhar em Londres. Ao voltar, chamou o amigo para tocar no grupo. Tognolli, que tinha perdido o pai e precisava sustentar a casa, disse ter recusado o convite. Seis meses depois, em 1985, a banda mudou de nome para RPM e estourou (seus dois primeiros discos venderam 2,5 milhões de cópias). Tognolli continuou no jornalismo e se tornou um repórter investigativo de renome. Procurado pela SUPER, Paulo Ricardo não quis comentar o assunto.

10. O criador do som portátil

Lançado em 1979, o Walkman fez um sucesso inimaginável – a Sony vendeu 186 milhões de unidades do aparelho, que virou ícone cultural. Mas sua verdadeira história começa antes. Em 1972, o teuto-brasileiro Andreas Pavel criou o Stereobelt: um toca-fitas portátil com saída para fones de ouvido. Ele diz ter apresentado o produto a empresas como Yamaha e Philips, que recusaram. Pavel decidiu patentear sua invenção na Itália em 1977 e nos EUA, na Alemanha, na Inglaterra e no Japão em 1978. “Eu achava que em um ano já estaria produzindo o aparelho”, declarou ao jornal The New York Times. Não deu tempo. Em 1979, a Sony lançou o Walkman. Pavel processou a empresa, numa luta que se arrastou até 1996 – quando a patente foi anulada e ele teve de pagar os custos do processo, US$ 3 milhões. “Perdi muito tempo e dinheiro e no fim perdi o processo também, de forma injusta”, diz. Ele não desistiu e afirmou à Sony que iria entrar com novos processos em vários países. Em 2003, a empresa acabou fazendo um acordo extrajudicial com Pavel, que ganhou uma indenização. Ele não revela o valor, mas a quantia é estimada em alguns milhões de dólares. Hoje, Pavel desenvolve alto-falantes e um novo tipo de telefone.

Fonte: Superinteressante

Tarot - História


Há várias versões para a origem das 78 cartas que compõem o Tarô - hoje conhecido como um dos mais populares oráculos. A Planeta na Web apresenta aqui um apanhado destas versões, com o objetivo de iluminar um pouco mais esse baralho repleto de simbolismo, que vem intrigando e ajudando tantas pessoas em sua busca pelo auto-conhecimento.

Em geral, para quem é chamado a se embrenhar pelo fascinante simbolismo do Tarô, pouco importa sua origem. Mas não deixa de ser curioso compreender que a profusão de baralhos hoje disponível em qualquer livraria pode, na realidade, ser fruto de um baralho criado no início do século XV, no norte da Itália, usado unicamente para um jogo semelhante ao Bridge, conhecido como Jogo de Triunfos. De acordo com Ana Correa, também há registros que as cartas eram usadas para o ensino de virtudes para as crianças. .

Nessa época, os baralhos de cartas de jogar já eram comuns na Europa. Há documentos que atestam a existência, por volta de 1440, de um baralho de cartas de triunfos , com pinturas alegóricas de animais. Em 1450, o recém-instalado duque de Milão, Francesco Sforza, escreveu uma carta a um de seus subalternos requerendo que ele comprasse vários pacotes de cartas de triunfos para serem usadas na corte. Esta mensagem é interessante porque o duque menciona as cartas de triunfo e as cartas de jogar, distinguindo-as claramente, pois este último baralho seria sua segunda opção de compra. De acordo com registros históricos, as primeiras cartas datariam do reinado de Filippo Maria Visconti, duque de Milão, no período de 1416 a 1447. 

Naquela época a Itália era uma colcha de retalhos de cidades-estado. O Vaticano controlava a maior parte do centro do país, e o reino da França fazia fronteira com o reino de Savoya. Rapidamente, as cartas de triunfo se espalharam pela França. Foi por volta de 1530 que a palavra tarochi (ancestral da francesa tarô) apareceu pela primeira vez. Aparentemente, a razão para a mudança de nome foi uma inovação feita pelos jogadores, que descobriram que o jogo de triunfos poderia ser jogado com um baralho de cartas comum, se eles simplesmente declarassem que um determinado naipe servia como triunfos , no início do jogo. Logo, triunfo se tornou um termo ambíguo e uma nova palavra era necessária para se referir ao tradicional jogo que usava as cartas com figuras como trunfos permanentes e que havia se tornado tremendamente popular, particularmente entre a nobreza italiana e francesa da época. Foi assim que a palavra tarochi começou a ser usada, embora sua etimologia permaneça sujeita a conjecturas. 

Embora evidências históricas documentem que as cartas de triunfos nasceram como cartas de jogo, existe a possibilidade de que as 22 cartas que formam os arcanos maiores do Tarô tenham sido criadas com outros propósitos. Embora nenhum documento tenha sobrevivido para corroborar esta hipótese, o fato é que os símbolos e imagens deste baralho não parecem ter sido selecionados arbitrariamente. 

Um dos possíveis criadores desse inventivo jogo de cartas pode ter sido o sábio Marziano de Tortona, que foi tutor do duque Filippo Maria Visconte. Ele era especialista em astrologia (ou astronomia, pois nessa época essas duas disciplinas ainda caminhavam juntas) e lhe servia como secretário. 

Sabe-se com certeza que em algum momento em torno de 1515, o duque ordenou que Marziano inventasse um jogo de cartas de acordo com suas instruções. Ao invés dos naipes comuns, o novo baralho representava virtude, riqueza, pureza e prazer, simbolizados por figuras de pássaros: águias, fênix, rolas e pombas. A cada naipe também havia quatro cartas maiores retratando divindades clássicas. Essa concepção de baralho é um antecedente da idéia de triunfos , mas embora essas não sejam as cartas que hoje conhecemos como Tarô, Marziano chegou a escrever um livro para acompanhar esse baralho de cartas. Seu livro não fornecia significados divinatório nem regras para um jogo de cartas, seu foco era o significado alegórico das figuras e sua hierarquia. Talvez não seja exagerado supor que algum tempo mais tarde, o duque Filippo tenha instruído seu secretário a conceber outro baralho com cartas alegóricas que, desta vez, significavam as forças que controlam o destino humano. 

Outras versões atestam que os Tarocchi de Veneza teriam sido os primeiros a conter a fórmula dos baralhos de tarô conhecidos hoje: 78 lâminas, subdivididas em 22 arcanos maiores e 56 menores. Estes últimos tinham quatro naipes Denari (dinheiros), Coppe (cálices ou copas), Spade (espadas) e Bastoni (bastos ou bastões) -, cada um deles integrado por um rei, uma rainha, um cavalheiro e dez cartas numeradas. Tarô e o ocultismo

O interesse moderno do Tarô como um instrumento divinatório teria se originado no séc. XVIII, a partir do movimento ocultista francês e, mais tarde, inglês. 

Formado em teologia e pastor da Igreja Reformada, Antoine Court Gebelin (1725-1784) devotou 20 anos à pesquisa que resultou em nove volumes publicados sob o nome de Le Monde Primitif, analysé et compare avec leê monde moderne. No primeiro volume de sua obra, Gebelin apresenta a teoria de que as cartas de Tarô nasceram das páginas do Livro de Thot salvo das ruínas dos templos egípcios. Conta-se que tal livro possuiria as respostas para todos os problemas da humanidade e foi concebido por sacerdotes após consultas com o deus da magia, Thot, que também seria o Mercúrio egípcio. Esses sacerdotes teriam ocultado esse conhecimento secreto no baralho de tarô. 

Gebelin também acreditava que os ciganos eram na verdade egípcios que se dispersaram pela Europa, e teria sido deles que se originou o costume de ler a sorte nas cartas. Entretanto há inúmeras evidências que demonstram que os ciganos, forçados a sair da Índia no começo do século XV, só estenderam suas peregrinações pela Europa quando as cartas - que devem ter sido introduzidas na continente pelos árabes - já eram conhecidas há algum tempo.





Um de seus maiores seguidores, o peruqueiro Alliete, inverteu a ordem de seu nome, e como Etteilla publicou muitos livros, entre eles, seu famoso trabalho Manière de se récréer avec lê Jeu de Cartes nommés Tarot. 


Etteile sabia como arrebatar a imaginação e a mente do povo da sua época. Adaptou o baralho do tarô ao seu próprio sistema e promoveu ao máximo a cartomancia. Desse modo, Alliette transformou-se no grande adivinho Etteilla e, instalado no Hotel De Crillon, em Paris, pressagiou o destino de muitos franceses que seriam vitimados pelos acontecimentos de 1789. 

Enquanto Gebelin e Etteilla procuraram, zelosamente, provar a origem egípcia das cartas do tarô, Eliphas Levi acreditou que elas fossem um alfabeto sagrado e oculto, atribuído, pelos hebreus, a Enoch, filho mais velho de Caim; pelos egípcios, a Hermes Trimegistus, ao deus egípcio Thoth; e, pelos gregos, a Cadmus, que fundou a cidade de Tebas. 

Eliphas Levi foi um filósofo e um simbolista profundo. Padre da Igreja Romana, seu verdadeiro nome era Alphonse Louis Constant. Mas por causa de suas obras filosóficas e ocultistas, traduziu seu nome para o hebreu Eliphas Levi Zahed. 

Levi encontrou no tarô uma síntese da ciência e a chave universal da Cabala, pois as dez esferas ou emanações que formam o diagrama cabalístico conhecido como Sephiroth, ou Árvore da Vida, são interligadas por 22 caminhos, cada qual representado por uma das 22 letras do alfabeto hebraico. 

Levi, portanto, proclamou que as 22 cartas dos Arcanos Maiores poderiam ser corretamente atribuídas a cada uma das letras do alfabeto hebraico, constituindo, assim, uma unidade completa de letras, cartas e caminhos. 

Outro autor que contribuiu significativamente para o ocultismo do Tarô e para a adaptação das 22 cartas-trunfo do baralho às 22 letras do alfabeto hebraico foi Gerard Encausse (1865-1917), médico francês que escreveu sob o nome de Papus. Fundador e líder da Ordem espiritual e maçônica dos Martinistas e membro da Ordem Cabalística da Rosa Cruz, Papus baseou a sua filosofia ocultista na doutrina teosófica concernente ao nome divino YHVH. Os conceitos e aplicações dos códigos e dos diagramas de Papus são apresentados no seu famoso trabalho The Tarot of the Bohemians - Absolute Key to Occult Science. 

Autor de um dos mais famosos baralhos de Tarô, Dr. Arthur Edward Waite (1857-1942) foi membro da Ordem do Golden Dawn e um genuíno estudioso e pesquisador do ocultismo. Entre seus livros está The Key to the Tarot e The Holy Kabbalah. Para ele, a chave do Tarô reside única e exclusivamente no simbolismo das cartas, que formam uma espécie de alfabeto capaz de infinitas combinações que sempre fazem sentido. O Tarô incorpora as representações simbólicas das idéias universais, por trás das quais estão todos os subentendidos da mente humana , disse Waite. É nesse sentido que ele contém a doutrina secreta, que é a percepção, por uns poucos, de verdades encerradas na consciência de todos, muito embora elas não tenham sido claramente reconhecidas pelas pessoas comuns .





Tarô de Marselha

Um dos mais velhos desenhos que hoje se encontram a nossa disposição, o Tarô de Marselha surgiu no final do século XV, na França, e tornou-se popular em toda a Europa. Para Ana Correa, é o baralho que tem a simbologia mais próxima da cultura ocidental, e é o que ela costuma introduzir a seus alunos. Embora alguns de seus exemplares sejam vendidos acompanhados de um texto explicativo, originalmente o Tarô de Marselha é vendido só como baralho e seus símbolos e figuras servem de ponte para que a intuição do leitor alce vôo e interprete sua linguagem. 

Tarô de Etteilla
As cartas do tarô de Etteilla, conhecidas como as cartas do Grande Etteilla, são um conjunto de cartas emblemáticas baseadas nos desenhos dos tarôs típicos e acompanhadas por uma série numeral, começando com o número 1, Ettelila questionnant (Etteila consultando) e indo até o número 78, Folie (A Loucura). Os desenhos de Etteilla representam um afastamento em relação às figuras simbólicas padrão, encontradas na maioria dos outros baralhos de Tarô. Os desenhos das cartas são quase todos de figuras de corpo inteiro. Os títulos estão em ambas extremidades das cartas e variam levando em consideração os significados invertidos.
Esse conjunto de cartas, desenhado e preparado para fins divinatórios por Etteilla, vinha acompanhado de um livro de explicações e orientações, intitulado Maniére de tirer - Lê Grand Etteilla où tarots Egyptiens.

Tarô Rider-Waite
Famoso baralho criado por Arthur Edward Waite e desenhado, sob a sua supervisão, por Miss Pámela ColmanSmith. O baralho foi editado primeiramente pela Rider&Co.;, em 1910, e por isso ficou conhecido como baralho Rider. Tornou-se o mais popular em países de língua inglesa. Neste Tarô, Waite presumiu, corretamente, que O Bobo, sendo uma carta sem número e representado por O, não devia ser colocado entre as cartas número 20 e 21, conforme fora sugerido por Levi e por Papus, mas que a suas seqüência natural seria antes do Mago, como um atributo da primeira letra do alfabeto hebraico, o Aleph. Ele também mudou de lugar as cartas da Força e da Justiça. Geralmente mostrada com o número XI, a Força é indicada por Waite com o número VIII, trocando de lugar com a Justiça. Outra inovação de Waite foi trazer figuras simbólicas nas cartas numeradas, ao invés de apenas o símbolo do naipe. Com esta mudança, cada carta do baralho faz uma sugestão psicológica imediata na mente do leitor. 

Tarô de Thoth
Outro membro famoso da Ordem do Golden Dawn, o famoso ocultista Aleister Crowley criou o Tarô de Thoth (deus egípcio da magia), pintado por Lady Frieda Harris, em 1940, mas publicado somente em 1966. Esse baralho tem figuras psicologicamente intensas (beirando o psicodelismo) e um desenho bastante abstrato e visceral. Embora as interpretações de Crowley tenham conexões com as de Waite, essa cartas afastam-se completamente dos desenhos usuais de tarô. 

Tarô de Wirth 
As 22 cartas dos Arcanos maiores que acompanham o livro de Oswald Wirth, Le Taro dês Imagiers du Moyen Age, contêm letras hebraicas desenhadas no canto inferior direito de cada carta. Por exemplo, o Aleph é atribuído à carta número I, Lê Bateleur (O Mago). As cartas de Wirth são impressas em admiráveis cores metálicas e ostentam algarismos romanos na parte de cima. O baralho de Case Paul Foster Case, em seu livro The Taro, A Key to the Wisdom of the Ages, usa, para as 22 cartas dos Arcanos Maiores, desenhos que em alguns casos são similares aos desenhos de Waite. As cartas de Case trazem um número arábico no canto inferior esquerdo e uma letra hebraica no canto inferior direito. O Aleph, por exemplo, é atribuído ao Bobo, enquanto que Beth é atribuído ao Mago. Os desenhos em branco e preto do baralho Case permite que a pessoa lhes dê o colorido que preferir. Tarô de C.C. Zain O baralho do tarô usado por C.C. Zain em seu livro The Sacred Tarot, publicado pela Igreja da Luz, também é em branco e preto e se presta para colorir. Embora as cartas sejam ricas em matéria de simbolismo egípcio, elas se afastam completamente dos símbolos usuais de Tarô. The Motherpeace Tarot Este é o primeiro baralho de cartas circulares. Ele promove uma espiritualidade feminista, dentro de um contexto shamanico e decultura tribal. Osho Zen Tarot Embora contenha 78 cartas que podem ser postas em correspondência com as dos baralhos de tarô tradicionais, esse tarô suprimiu totalmente a distinção entre arcanos maiores e menores. Cada carta é uma bela e psicológica imagem em si, pretendendo ser profundamente transformadora. Tarô Mitológico Criados por Juliete Charman-Bourke e Liz Greene, todos os arcanos deste tarô são representados por entidades e histórias da mitologia grega. O conjunto de cartas que forma cada naipe dos arcanos menores retrata um mito ou tragédia grega: o de Copas a lenda de Eros e Psiqué; o de Paus, ao mito de Jasão e Os Argonautas em busca do Velocino de Ouro; o de Espadas, a tragédia de Orestes e a maldição da Casa de Atreu, o de Ouros, a história Dédalus, arquieto, escultor e artesão ateniense que construiu o labirinto para o rei Minos de Creta. 


Um texto de Débora Lerrer
Fontes: Tarô Clássico, de Stuart Kaplan, Editora Pensamento Jung e o Tarô, de Sallie Nichols, Editora Cultrix 

quinta-feira

13 coisas que as pessoas mentalmente fortes evitam, segundo a Forbes.




Inúmeros artigos, particularmente voltados a empreendedores, falam sobre as características críticas das pessoas mentalmente fortes, como tenacidade, otimismo e uma capacidade de superar obstáculos. No entanto, também podemos definir força mental identificando as coisas que indivíduos mentalmente fortes não fazem. Confira alguns desses itens na lista compilada pela psicoterapeuta e assistente social Amy Morin:

1. Perder tempo sentindo pena de si mesmas

Você não vê pessoas mentalmente fortes sentindo pena de si mesmas ou suas circunstâncias. Elas aprenderam a assumir a responsabilidade por suas ações e resultados, e têm uma compreensão inerente de que muitas vezes a vida não é justa. Elas são capazes de emergir de uma situação difícil com consciência e gratidão pelas lições aprendidas. Quando uma ocasião acaba mal para elas, pessoas fortes simplesmente seguem em frente.

2. Ser controladas ou subjugadas

Pessoas mentalmente fortes evitam dar aos outros o poder de fazê-los sentir-se inferiores ou ruins. Elas entendem que estão no controle de suas ações e emoções. Elas sabem que a sua força está na sua capacidade de reagir de maneira adequada.

3. Fugir de mudanças

Pessoas mentalmente fortes aceitam e abraçam a mudança. Seu maior “medo”, se tiverem um, não é do desconhecido, mas de tornarem-se complacentes e estagnadas. Um ambiente de mudança e incerteza pode energizar uma pessoa mentalmente forte e estimular o seu melhor lado.

4. Gastar energia em coisas que não podem controlar

Pessoas mentalmente fortes não reclamam (muito) do tráfego, da bagagem perdida e especialmente das outras pessoas, pois reconhecem que todos esses fatores estão, geralmente, fora do seu controle. Em uma situação ruim, elas reconhecem que a única coisa que sempre podem controlar é a sua própria resposta e atitude.

5. Preocupar-se em agradar os outros

É impossível agradar a todos. Pior ainda é quem se esforça para desagradar outros como forma de reforçar uma imagem de força. Nenhuma dessas posições é boa. Uma pessoa mentalmente forte se esforça para ser gentil e justa e para agradar aos outros quando necessário, mas não tem medo de dar sua opinião ou apoiar o que acha certo. Elas são capazes de suportar a possibilidade de que alguém vai ficar chateado com elas, e passam por essa situação, sempre que possível, com graça e elegância.

6. Ter medo de assumir riscos calculados

Uma pessoa mentalmente forte está disposta a assumir riscos calculados. Isso é uma coisa completamente diferente do que pular de cabeça em situações obviamente tolas. Mas com a força mental, o indivíduo pode pesar os riscos e benefícios completamente, e avaliar plenamente as potenciais desvantagens e até mesmo os piores cenários antes de tomar uma atitude.

7. Saudosismo freqüente

Há força em reconhecer o passado e, sobretudo, as coisas aprendidas com as experiências passadas, mas uma pessoa mentalmente forte é capaz de evitar se afundar em decepções antigas ou fantasias dos “dias de glória” de outrora. Elas investem a maior parte de sua energia na criação de um presente e futuro melhores.

8. Cometer os mesmos erros repetidamente

Não adianta realizarmos as mesmas ações repetidas vezes esperando um resultado diferente e melhor do que o que já recebemos. Uma pessoa mentalmente forte assume total responsabilidade por seu comportamento passado e está disposta a aprender com os erros. Pesquisas sugerem que a capacidade de ser autorreflexivo de forma precisa e produtiva é uma das maiores características de executivos e empresários bem-sucedidos.

9. Ressentir o sucesso dos outros

É preciso ter força de caráter para sentir alegria genuína pelo sucesso de outras pessoas. Pessoas mentalmente fortes têm essa capacidade. Elas não ficam com ciúmes ou ressentidas quando outros alcançam sucesso (embora possam tomar nota do que o indivíduo fez bem). Elas estão dispostos a trabalhar duro por suas próprias chances de sucesso, sem depender de atalhos.

10. Desistir depois de falhar

Cada fracasso é uma oportunidade para melhorar. Mesmo os maiores empresários estão dispostos a admitir que seus esforços iniciais invariavelmente trouxeram muitas falhas. Pessoas mentalmente fortes estão dispostas a falhar de novo e de novo, se necessário, desde que cada “fracasso” os traga mais perto de seus objetivos finais.

11. Ter medo de passar tempo sozinhas

Pessoas mentalmente fortes apreciam e até mesmo valorizam o tempo que passam sozinhas. Elas usam esse tempo de inatividade para refletir, planejar e ser produtivas. Mais importante, elas não dependem de outros para reforçar a sua felicidade e humor. Elas podem ser felizes com os outros, bem como sozinhas.

12. Sentir que o mundo lhes deve algo

Na economia atual, executivos e funcionários de todos os níveis estão ganhando a percepção de que o mundo não lhes deve um salário, um pacote de benefícios e uma vida confortável, independentemente da sua preparação e escolaridade. Pessoas mentalmente fortes entram no mercado preparadas para trabalhar e ter sucesso de acordo com seu mérito, ao invés de já chegar com uma lista de coisas que deveriam receber de mão beijada.

13. Esperar resultados imediatos

Quer se trate de um treino, um regime nutricional ou de começar um negócio, as pessoas mentalmente fortes entram nas situações pensando a longo prazo. Elas sabem que não devem esperar resultados imediatos. Elas aplicam sua energia e tempo em doses e celebram cada etapa e aumento de sucesso no caminho. Elas têm “poder de permanência” e entendem que as mudanças genuínas levam tempo..


Fonte: http://georgenunes.wordpress.com/2014/04/03/13-coisas-que-as-pessoas-mentalmente-fortes-evitam-segundo-a-forbes/
Artigo Original : http://qga.com.br/trabalho/2014/02/13-coisas-que-pessoas-mentalmente-fortes-evitam-segundo-forbes

PRISM - O que é

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Na noite de ontem, o Washington Post e o Guardian soltaram dois artigos bombásticos. O assunto foi o PRISM, uma colaboração secreta entre a Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA), FBI e quase todas as empresas de tecnologia que você confia diariamente. O PRISM forneceu ao governo dos Estados Unidos acesso sem precedentes às suas informações pessoais há pelo menos seis anos. Mas o que é isso, exatamente?


Informações do PRISM, segundo o Post, são responsáveis por quase 1 em cada 7 relatórios de inteligência. Isso é impressionante.PRISM é um programa secreto governamental

……que dá à NSA acesso sem precedentes aos servidores de grandes empresas de tecnologia…


Microsoft. Yahoo. Google. Facebook. PalTalk. AOL. Skype. YouTube. Apple. Se você interagiu com qualquer uma destas empresas nos últimos seis anos, a informação é vulnerável nos termos do PRISM. Mas como?Os relatos iniciais da noite passada sugeriam que o processo funcionava da seguinte maneira: as empresas anteriormente mencionadas (e talvez até outras) recebiam uma diretiva do procurador geral e do diretor de inteligência nacional. Elas davam acesso aos seus servidores – e aos extremamente ricos dados e comunicações que passam por eles todos os dias – para a Unidade de Tecnologia de Interceptação de Dados do FBI, que, por sua vez, retransmitia para a NSA.E aí as coisas ficavam interessantes

.…para que a agência pudesse espionar cidadãos dos EUA sem que eles soubessem…


Parece impossível que a NSA, uma agência que por lei só é permitida a monitorar comunicações externas, tivesse tanto acesso à informações domésticas. E mais!Ainda existem, como você deve imaginar, filtros para ajudar a lidar com a quantidade de dados recebidos diariamente, os trilhões de bits e bites que fazem sua identidade e vida online. Alguma coisa para garantir que apenas os caras maus estão sendo vigiados, e não os cidadãos honestos. Existe sim um filtro, e é ridículo: um analista da NSA precisa ter 51% de certeza de que um assunto é “externo”. Depois disso, carta branca.É isso. É o único filtro. E é ineficiente: os slides de PowerPoint publicados pelo Post reconhecem que cidadãos domésticos são pegos na web, mas “não há nada para se preocupar”.


…com granularidade aterrorizante…


Há sim algo com o que se preocupar.O que é mais preocupante sobre o PRISM não é a coleta de dados. É o tipo de dado coletado. De acordo com o artigo do Washington Post, isso inclui:    “…conversas por vídeo e áudio, fotografias, e-mails, documentos, e logs de conexão… [Skype] pode ser monitorado por áudio quando um dos lados da conversa é em um telefone convencional, e para qualquer combinação de “áudio, vídeo, chat, e transferência de arquivos” quando os usuários do Skype se conectam por um computador. As ofertas do Google incluem Gmail, chats de voz e vídeo, arquivos do Google Drive, biblioteca de fotos, e vigilância de termos de busca em tempo real.”


Conseguiu pegar tudo? Profundidade similar de acesso também se aplica ao Facebook, Microsoft e ao resto. Para ser claro: isso cobra praticamente qualquer coisa que você já tenha feito online, e ainda inclui pesquisas no Google enquanto você está digitando.


…o que é diferente e muito mais agressivo do que o escândalo da Verizon…


A notícia sobre o PRISM surgiu após um artigo separado, sobre a NSA ter acesso a registros de conversas de consumidores da Verizon – e, segundo a NBC, de todas as outras operadoras também. E, surpreendentemente, este é um programa completamente diferente! E o PRISM faz o escândalo da Verizon parecer algo pequeno.Quando a NSA monitora registros de telefone, ela só coleta os metadados deles. Isso inclui quem e para quem a chamada foi feita, de onde elas foram feitas, e outras informações gerais. É importante entender que, até onde sabemos, o conteúdo das conversas não era monitorado.Em contraste, o PRISM aparentemente permite acesso total não apenas ao fato de que um email foi enviado – ele também dá acesso ao conteúdo de emails e chats. De acordo com a fonte do Washington Post, eles podem “literalmente vigiá-lo enquanto você digita.” Eles podem estar fazendo isso agora mesmo.


…e tem cooperação total (mas contestada) de gigantes da tecnologia…


O primeiro parceiro corporativo do PRISM foi, supostamente, a Microsoft, que, de acordo com o Post e o Guardian, embarcou no projeto em 2007. Outras empresas se juntaram aos poucos, com a Apple sendo a mais recente delas. O Twitter, aparentemente, não colabora.


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Mas por que essas empresas concordam com isso? Na maior parte das vezes porque elas não têm escolha. Não entregar dados de servidores deixam elas sujeitas a uma ação do governo, que pode ser extremamente prejudicial em formas menos quantificáveis — em outras palavras, elas perderiam pontos com o governo, podendo pagar o preço com regulamentações mais profundas sobre seus serviços. Além disso, elas recebem compensação para seus serviços; não estão fazendo por caridade. Elas são incentivadas a participar.

Eis onde as coisas ficam um pouco mais complicadas. Apple, Microsoft, Yahoo e Google têm negado veementemente qualquer envolvimento no PRISM. E essas negações não são apenas partes de estratégias de relações públicas.

…e, surpreendentemente, isso é totalmente legal.


O que é mais assustador sobre o PRISM é que não há nada tecnicamente ilegal sobre ele. O governo tem autoridade para isso há anos, e não há nenhum sinal de que perderá em breve. Um pouco de história pode ajudar a contextualizar. Em 2007, a pressão pública forçou a administração Bush a abandonar o programa de vigilância sem mandado que tinha iniciado em 2001. Bem, abandonar pode ser uma palavra forte. O que o governo realmente fez foi encontrar um novo lar para ele.O Ato de Proteção da América de 2007 tornou possível que alvos pudessem ser eletronicamente vigiados sem mandado caso fosse “razoavelmente acreditável” que eram externos. Eis onde os 51% entram. Ele foi seguido pelas emendas da FISA de 2008, que imunizou empresas de danos legais por colaborar ao entregar informações para o governo. E é aí que o PRISM ganhou suporte legal.Tudo isso serve para dizer que o PRISM é uma terrível violação de direitos, mas é algo que não vai desaparecer tão cedo. O governo até agora não se mostra arrependido. E porque estaria? É bem fácil seguir a lei quando é você que escreve ela..

Fonte: http://gizmodo.uol.com.br/o-que-e-prism/

sábado

Dantas, Onésimos e Mozarlescos




Jayme Ovalle, Otto Lara Resende e Vinicius de Moraes, em 1953 (na ocasião, o músico dava uma entrevista aos dois escritores para o jornal carioca Flan). Ovalle foi personagem de Fernando Sabino, inspirou poemas de Manuel Bandeira e foi pintado por Portinari e Di Cavalcanti

De Sérgio Buarque a Manuel Bandeira, os intelectuais brasileiros discutiram a tipologia humana criada pelo compositor Jayme Ovalle. O músico paraense finalmente ganhou uma boa biografia ¿ e ela é um testemunho vibrante da época em que a cultura brasileira cabia na mesa de um bar carioca. Escreva o nome “Jayme Ovalle” no campo de pesquisa do YouTube e aparecerá, entre os primeiros resultados, um vídeo de Vinicius de Moraes. Clique sobre a face descabelada, em preto-e-branco, do poeta carioca. Vinicius discorrerá sobre uma estranha tipologia, que divide o seres humanos em cinco categorias: “Dantas”, “Parás”, “Mozarlescos”, “Onésimos” e “Kernianos”. Vinicius explica que os Dantas são os puros de coração, os bem-intencionados. Os Parás, os que buscam o sucesso — o nome é inspirado nos que vêm do Norte do país para vencer nas capitais do Sudeste. Onésimos, os sarcásticos,  os extremamente críticos que, por isso, esfriam os ambientes com sua presença. Os Kernianos seriam os estourados. E os Mozarlescos, os românticos, aqueles que se enternecem  com o luar de Paquetá. “Eu, por exemplo, sou um Mozarlesco”, diz Vinicius no YouTube.

Durante mais de 40 anos, essa tipologia animou as conversas de bar de duas gerações de intelectuais brasileiros. A primeira, a geração modernista, de Manuel Bandeira, Di Cavalcanti, Augusto Frederico Schmidt, Cícero Dias, Sérgio Buarque de Holanda, Carlos Drummond de Andrade e Rachel de Queiroz. A segunda, a geração de jovens escritores dos anos 50, capitaneada por Fernando Sabino, que reunia os mineiros Otto Lara Resende e Paulo Mendes Campos e também o próprio Vinicius. Foi Manuel Bandeira, aliás­, quem primeiro escreveu sobre a tipologia, num artigo de 1931 publicado no jornal Diário Nacional, de São Paulo. Na ocasião, ele relatava uma conversa de bar entre o poeta e editor Schmidt e o morubixaba dessa estranha pajelança sobre o comportamento humano, batizada de “Nova Gnomonia”: Jayme Ovalle, o nosso personagem.

Ovalle é hoje lembrado principalmente como compositor. Mais exatamente, autor de uma única música famosa: Azulão (“Vai, azulão, azulão companheiro, vai, vai ver minha ingrata…”), melodia sobre versos de Manuel Bandeira que mereceu dezenas de gravações pelo mundo. Ovalle também se pretendia poeta e romancista, mas não teve talento ou perseverança para criar nada de importante nessas duas áreas. Mais do que autor, foi um personagem. Não um personagem qualquer. Inspirou vários dos artistas citados acima. Foi tema de poemas de Bandeira, Schmidt e Drummond. Portinari e Di Cavalcanti pintaram seu retrato. Fernando Sabino criou um personagem coadjuvante inspirado nele — o místico Germano — em seu romance  mais famoso, O Encontro Marcado. Agora, finalmente, Jayme Ovalle ganhou um livro em que é protagonista: a biografia O Santo Sujo, do escritor e jornalista Humberto Werneck. A obra não apenas joga luz sobre um artista que poderia ter sido e que não foi. Ela retrata, com acurácia e vibração, uma era fascinante da vida cultural brasileira.

“Você não sabe certos cães muito inteligentes, muito afetuosos, quando começam a olhar fixo para a gente, ganindo dolorosamente? Querem falar e não podem. Ovalle me dá essa impressão.” A definição é de Manuel Bandeira, numa troca de cartas com Mário de Andrade, e define com precisão o que foi  — ou não foi — o artista Jayme Ovalle. Autodidata em piano e violino, ele elegeu como instrumento o violão e chegou a fazer sucesso nas rodas musicais do Rio de Janeiro do início do século 20 (nascido em Belém do Pará, na adolescência mudou-se com a família para a então capital do país). A vida toda foi funcionário público, em geral lotado na Alfândega do Rio de Janeiro. Por seu catolicismo heterodoxo, com um pé na superstição, era apelidado pelos amigos de “o místico”. Durante um período em que morou em Londres, escreveu poemas em inglês — com ajuda de uma tradutora, pois não falava a língua. Já maduro, aos 53 anos, casou-se pela única vez, com a escritora americana Virginia Peckham, 31 anos mais jovem. Ela tentou dar forma final a seus poemas, mas o esforço foi em vão. O legado de Jayme Ovalle se compõe, assim, das 33 canções que compôs ao violão — e das infindáveis conversas em mesa de bar que inspiraram dezenas de artistas.

Nisso, era imbatível. Em sua maneira anárquica de falar, destilava vários achados por copo. Um bom exemplo é uma de suas poucas entrevistas, dada em 1953 para Vinicius de Moraes e Otto Lara Resende, então a serviço do semanário Flan (veja foto ao lado). Eis alguns dos achados de Ovalle: “A morte é a única coisa que é completamente nossa. A única coisa individual, própria, que a gente alimenta desde que nasce. Todo o resto não nos pertence. Nosso nascimento, por exemplo, é dos nossos pais”. Ou então: “Todo mundo é criado com o dom da poesia, e só deixa de ser poeta porque perde a inocência. Quanto mais um homem cresce carregando consigo a sua inocência, maior poeta ele é”. (No livro O Encontro Marcado, Fernando Sabino imita o jeito de falar de Ovalle de maneira magistral. Eis um “ovallismo” do personagem Germano: “Londres ninguém nunca viu: se tem fog não se vê, se não tem fog não é Londres”.)

De toda essa conversa de botequim, o destaque é mesmo a “Nova Gnomonia”. O capítulo de O Santo Sujo que a descreve diz menos sobre Ovalle do que sobre a vida cultural da época. Era um meio em que todos se esbarravam quase que diariamente, e a tipologia de Ovalle era o esperanto em que se comunicavam, o espelho em que se reconheciam. Por seus arroubos, Augusto Frederico Schmidt era considerado Kerniano. Ovalle, o criador da tipologia, reservava-se o direito de se considerar um Dantas — a categoria à qual todos queriam pertencer. Sobre o pintor Cícero Dias havia uma dúvida. Ele se achava Dantas, dava a impressão de ser Kerniano e havia quem o classificasse como Mozarlesco, devido a suas olheiras. E o escritor Gilberto Freyre, apelidado ironicamente de “modesto sociólogo”, seria um exemplo acabado de Onésimo — pela forma irônica com que ignorava ironias como essa.

Na cultura brasileira, a existência de rodas de boteco como a de Ovalle ganha interesse na medida em que alimentou a criatividade dos artistas que se reuniam em volta dos copos. Manuel Bandeira costumava dizer que o livro Libertinagem, no qual realiza de forma mais acabada seu projeto de poesia modernista, devia muito à incorporação das conversas com amigos. A amizade boêmia que reuniu Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, Otto Lara Resende e Helio Pellegrino — esmiuçada em outro belo livro de Humberto Werneck, O Desatino da Rapaziada — também alimentou as criações de todos eles. Vinicius de Moraes não participou ativamente da turma de Fernando Sabino, mas fundou a própria igreja boêmia — com a qual, anos mais tarde, inventaria o estilo musical pelo qual até hoje o Brasil é conhecido no exterior, a cinqüentona bossa nova.

Hoje os artistas brasileiros não cabem mais no mesmo boteco nem na mesma cidade. A criação artística é  pulverizada, e todos têm horror a formar escolas. Será possível a repetição de um ambiente cultural como o do Rio de Janeiro no século passado, que é descrito em O Santo Sujo? Ou mesmo um artista como Jayme Ovalle? Essas perguntas ficaram no ar depois do debate mais comentado da Festa Literária de Parati,  no mês passado, em que Humberto Werneck se reuniu com os escritores Paulo Roberto Pires e Xico Sá. E que se prolongou da mesa literária para as mesas de bar, fazendo da “Nova Gnomonia” assunto recorrente entre os participantes da Flip, que aplicavam as categorias ovallianas à cultura brasileira atual (veja alguns exemplos ao lado). Sintoma talvez de que, mesmo num ambiente em que a conversa de bar foi em parte substituída pela conversa de blog, a boemia cultural ainda pode ser tão apaixonante — e quiçá inspiradora e produtiva — quanto no tempo em que os artistas se reuniam em torno da figura mística de Jayme Ovalle.

Fonte: Revista BRAVO! | Agosto/ 2008 -  por João Gabriel de Lima