Karina era uma jovem sonhadora,
moradora da cidade de Curitiba, que era vigiada por Pedro, seu padrasto rígido.
Este homem não deixava a enteada namorar, nem ir às festas e muito menos sair à
noite. Toda a vez que a garota pedia permissão para sair, ela levava cintadas e
chineladas. Certa noite ela foi convidada para participar do baile de
aniversário de Clarisse, sua melhor amiga.
O problema é que a festa seria à
noite, no Clube Operário, no Lago da Ordem, um bairro boêmio da cidade. Então
ela tomou coragem e pediu permissão a Pedro. No mesmo instante o homem negou a
autorização, pegou a cinta e bateu na menina. Karina ficou revoltada e resolveu
esperar o padrasto dormir para sair às escondidas. Deste jeito ela amarrou os
lençóis, fez uma corda chamada Tereza e desceu o sobrado por ela. Quando a
jovem estava abrindo o portão. Um vulto saiu de trás de uma árvore e exclamou:
- Sua desobediente, hoje você vai morrer! - E no local, aonde você irá, nunca
conseguirá sair à noite! Desta maneira, Pedro pegou um chicote, bateu muito na
enteada que acabou falecendo no local. O homem, vendo a besteira que fez,
fugiu.
Deste jeito menina foi enterrada
no mausoléu da família. Duas semanas depois, os vizinhos afirmaram ver o
fantasma de Karina perambulando no quintal, no jardim e dentro do sobrado.
Cinco anos após a tragédia o imóvel foi vendido para Deusimara, uma viúva rica,
e sua filha, a pequena Alexandra. Na primeira noite no sobrado, a filha da
viúva foi provocada pelo fantasma de Karina que a xingava e escondia seus brinquedos.
Por isto todas as noites a menina fazia questão de dormir com sua mãe.
Deusimara, ao notar que sua filha se queixava da presença de uma moça no seu
quarto, chamou um padre exorcista que deu a imagem de um anjo da guarda para a
criança e disse: - Mantenha sempre este anjo da guarda na cabeceira da sua
cama, pois ele afastará as criaturas do mal que estão nesta casa. A partir
daquele dia, Alexandra nunca mais viu o fantasma de Karina. O tempo passou e
Alexandra virou uma jovem namoradeira e alegre.
Porém, no dia em que Deusimara
morreu, uma revolta tomou conta de Alexandra. O desespero foi tão grande que
ela chegou a quebrar tudo de dentro de casa, inclusive a estátua de anjo da
guarda. Assim, após a morte da mãe, ela tornou-se depressiva. Um dos principais
passatempos da moça era teclar na Internet. Num site de relacionamentos ela
conheceu uma menina chamada Karina Ianovich Slenko. Assim, com o tempo, as duas
passaram a ser confidentes. Karina dizia que morava num bairro chamado São
Francisco, perto do cemitério e que tinha o padrasto muito rígido que a proibia
de namorar e de sair à noite. Já, Alexandra falava das suas baladas no Largo da
Ordem e de seus ficantes.
Toda a vez que ela falava sobre
seus namorados passava o link dos sites de relacionamentos deles para que
Karina observasse os perfis. Porém, o problema era que a traidora adicionava os
ficantes da colega como amigos virtuais e marcava encontros com eles, de dia,
até as dezessete horas. Alexandra estranhou ao perceber que a amiga virtual sempre
adicionava os perfis de seus ficantes. Certo dia esta jovem decidiu limpar o
sótão e encontrou um álbum com fotos antigas e em várias delas havia uma moça
muito parecida com Karina. Porém, na última página do álbum ela encontrou uma
lembrancinha de enterro com a foto da garota virtual, onde estava escrito:
“Saudades de Karina Ivanovich Slenko 1974-1991 “Enterrada no Cemitério São
Francisco de Paula.” Após ler isto Alexandra decidiu passar a estória a limpo e
foi até o campo-santo. Lá ela viu um mausoléu com a foto da amiga virtual e
dentro da cripta havia um computador, que era um laptop velho e estragado. O
coveiro disse que foram ladrões de túmulos que jogaram aquele aparelho para
dentro da cripta. Após isto, a moça apavorada vendeu o sobrado e mudou-se para
o Nordeste. .
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