Panacéia dos Amigos

sexta-feira

Deficiências - Mario Quintana

"Deficiente" é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino.

"Louco" é quem não procura ser feliz com o que possui.

"Cego" é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria, e só tem olhos para seus míseros problemas e pequenas dores.

"Surdo" é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão. Pois está sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostões no fim do mês.

"Mudo" é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.

"Paralítico" é quem não consegue andar na direção daqueles que precisam de sua ajuda.

"Diabético" é quem não consegue ser doce.

"Anão" é quem não sabe deixar o amor crescer.

E, finalmente, a pior das deficiências é ser miserável, pois:

"Miseráveis" são todos que não conseguem falar com Deus.

"A amizade é um amor que nunca morre."

quarta-feira

Sobre tempo e jabuticabas...

Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.

Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram,cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos. Já não tenho tempo para conversas intermináveis para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.

Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.

Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.

Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: 'As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos'.

Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...

Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja tão somente andar ao lado de Deus.

Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade, desfrutar desse amor absolutamente sem fraudes, nunca será perda de tempo.

O essencial faz a vida valer a pena. E pra mim, basta o essencial!

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Recebi este texto interessante para refletir, mesmo não sendo o caso( para mim, ao menos) de acreditar ter pouco tempo pela frente, vale sempre valorizar cada segundo do nosso precioso tempo. E que seja um longo tempo de vida proveitosa para todos nós!

H.P. BLAVATSKY, ANUNCIADORA DA TEOSOFIA



HELENA PETROVNA BLAVATSKY foi uma das figuras mais notáveis do mundo no último quartel do século XIX. Ela abalou e desafiou de tal modo as correntes ortodoxas da Religião, da Ciência, da Filosofia e da Psicologia, que é impossível ficar ignorada. Foi uma verdadeira iconoclasta - ao rasgar e fazer em pedaços os véus que encobriam a Realidade. 

Mas, porque estivesse a maioria presa às exterioridades convencionais, tornou-se o alvo de ataques e injúrias, pela coragem e ousadia de trazer à luz do dia aquilo que era blasfêmia revelar. Lenta mas seguramente, os anos se encarregaram de fazer-lhe justiça. Apesar das invectivas, considerava-se feliz por trabalhar "a serviço da humanidade', e deu provas de sabedoria ao deixar que as futuras gerações julgassem a sua magnífica obra. 

Helena Petrovna Hahn nasceu prematuramente à meia-noite de 30 para 31 de julho (12 de agosto pelo calendário russo) de 1831, em Ekaterinoslav, na província do mesmo nome, ao sul da Rússia. Tão estranhos foram os incidentes ocorridos na hora do seu nascimento e por ocasião do seu batismo, que os serviçais da família lhe predisseram uma existência cheia de tribulações. Helena foi uma criança voluntariosa, oriunda de uma linhagem tradicional de homens e mulheres influentes e poderosos. 

A história dos seus antepassados é a história mesma da Rússia. Séculos atrás, os nômades eslavos erravam através da Europa central e oriental. Tinham formas de governo próprias; mas, quando se estabeleceram em Novgorod, fracionaram-se em feudos, que se desavieram entre si, não sendo possível chegarem a uma conciliação. Chamaram em seu auxílio Rurik (862 A.D. ), chefe de uma das tribos errantes de "Russ", homens do Norte ou escandinavos, que andavam à cata de mercado e procurando estender o seu domínio. 

Rurik veio e organizou em Novgorod o primeiro governo civil, que se constituiu em um centro opulento de comércio com o Oriente e o Ocidente. Foi ele o primeiro soberano e reinou pelo espaço de quinze anos. Durante sua vida, o filho Igor e o sobrinho Oleg consolidaram-lhe o domínio no Oeste e no Sul. Kiev tornou-se um grande Principado, e aquele que o governava era virtualmente o soberano da Rússia. Ao longo dos séculos, os descendentes de Rurik ampliaram as suas conquistas e a sua autoridade sobre todo o país. Vladimir I (m. 1015) escolheu o Cristianismo como religião do seu povo, e o chamado "paganismo" desapareceu. Yaroslav o Sábio (m. 1034) elaborou Códigos e os "Direitos Russos"- O sexto filho de Vladimir II (1113-24) foi Yuri, o ambicioso ou "dolgorouki". 

A família de Helena pertencia à classe superior, na Rússia, com tradição e dignidade a preservar, sendo conhecida em toda a Europa. Helena era uma rebelde, e desde a infância sempre manifestou desprezo pelas convenções, o que não a impedia de compreender que as suas ações não deviam molestar a família, nem ferir-lhe a honra. Seu pai, o Capitão Peter Hahn, descendia de velha estirpe dos Cruzados de Mecklemburg, os Rottenstern Hahn. Em virtude de, aos onze anos de idade, haver perdido a mãe, mulher inteligente e devotada à literatura, Helena passou a adolescência em companhia de seus avós, os Fadeef, em um antigo e vasto solar de Saratov, que abrigava muitos membros da família e grande número de criados e servidores, por ser o seu avô Fadeef governador da província de Saratov. 

A natureza de Helena estava fortemente impregnada de uma inata capacidade psíquica, de tal modo que constituía sua característica predominante. Ela se dizia (e o demonstrava) dotada da faculdade de comunicar-se com os habitantes de outras esferas ou mundos invisíveis e sutis, e com os entes humanos que consideramos "mortos". Essa potencialidade natural foi posteriormente disciplinada e desenvolvida. Sua educação recebeu a influência da posição social da família e dos fatores culturais então imperantes. Assim, ela era hábil poliglota e tinha excelentes conhecimentos musicais; de sua erudita avó herdou o senso científico e a experiência; e partilhava dos pendores literários que pareciam correr nas veias da família. 

Em 1848, com a idade de 17 anos, Helena contraiu matrimônio com o General Nicephoro Von Blavatsky, governador da província de Erivan, que era um homem já entrado em anos- Existem muitas versões sobre a razão desse casamento; que não foi do seu agrado, ela o demonstrou desde o primeiro momento- Após três meses, abandonou o marido e fugiu para a casa da família, que a encaminhou ao pai. Receando ser obrigada a voltar para o General Blavatsky, tornou a fugir, no caminho; e durante vários anos correu o mundo em viagens cheias de aventuras.

O pai conseguiu comunicar-se com ela e fez-lhe remessa de dinheiro. Ao que parece, manteve-se ela ausente da Rússia o tempo suficiente para poder legalizar a sua separação do marido. Em 1851 Helena, agora Senhora Blavatsky ou H. P. B., teve o seu primeiro encontro físico com o Mestre, o Irmão Mais Velho ou Adepto, que fora sempre o seu protetor e a havia preservado de sérios perigos em suas irrequietas travessuras da infância. A partir desse momento, passou ela a ser a sua fiel discípula, obedecendo-lhe inteiramente à influência e diretiva. Sob a orientação do Mestre, aprendeu a controlar e dirigir as forças a que estava submetida em razão de sua natureza excepcional. 

Essa orientação conduziu-a através de várias e extraordinárias experiências nos domínios da "magia" e do ocultismo. Aprendeu a receber mensagens dos Mestres e a transmiti-las aos seus destinatários, e a enfrentar valentemente todos os riscos e incompreensões no seu caminho. Seguir o rastro de suas peregrinações durante o período desse aprendizado é vê-la em constante atividade pelo mundo inteiro. Parte do tempo ela o passou nas regiões do Himalaia, estudando em mosteiros onde se conservam os ensinamentos de alguns dos Mestres mais esclarecidos e espirituais do passado. Estudou a Vida e as Leis dos mundos ocultos, assim como as regras que devem ser cumpridas para o acesso a eles.

Como testemunho desse estágio de sua educação esotérica, deixou-nos uma primorosa versão de axiomas espirituais em seu livro The Voice of Silence (A Voz do Silêncio). Em 1873, H. P. Blavatsky viajou para os Estados Unidos da América, a fim de trabalhar na missão para a qual fora preparada. A alguém de menos coragem a tarefa havia de parecer impossível- Mas ela, uma russa desconhecida, irrompeu no movimento espiritualista, que então empolgava tão profundamente a América e, em menor escala, muitos outros países. Os espíritos científicos ansiavam por descobrir o significado dos estranhos fenômenos, e se defrontavam com dificuldades para abrir caminho em meio às numerosas fraudes e mistificações. De duas maneiras tentou H. P. B- explicá-los: 1.° pela demonstração prática de seus próprios poderes; 2.° afirmando que havia uma ciência antiqüíssima das mais profundas leis da vida, estudada e preservada por aqueles que podiam usá-la com segurança e no sentido do bem, seres que em suas mais altas categorias recebiam a denominação de "Mestres", embora outros títulos também lhes fossem conferidos, como os de Adeptos, Chohans, Irmãos Mais Velhos, Hierarquia Oculta, etc. 

Para ilustrar suas afirmações, H.P.B. escreveu Isis Unveiled (Ísis sem Véu), em 1877, e The Secret Doctrine (A Doutrina Secreta), em 1888, obras ambas "ditadas" a ela pelos Mestres. Em Ísis sem Véu lançou o peso da evidência colhida em todas as Escrituras do mundo e em outros anais contra a ortodoxia religiosa, o materialismo científico e a fé cega, o ceticismo e a ignorância. Foi recebida com agravos e injúrias, mas não deixou de impressionar e esclarecer o pensamento mundial. Quando H. P. B. foi "enviada" aos Estados Unidos, um de seus objetivos mais importantes consistiu em fundar uma associação, que foi formada sob a denominação de THE THEOSOPHICAL SOCIETY (Sociedade Teosófica), "para pesquisas e difundir o conhecimento das leis que governam o Universo"'. A Sociedade apelou para a "fraternal cooperação de todos os que pudessem compreender o seu campo de ação e simpatizassem com os objetivos que ditaram a sua organização" a. Essa "fraterna cooperação" tornou-se a primeira das Três Metas do trabalho da Sociedade, as quais foram durante muitos anos enunciadas nestes termos: Primeira - Formar um núcleo de Fraternidade Universal na Humanidade, sem distinção de raça, credo, sexo, casta ou cor. Segunda - Fomentar o estudo comparativo das Religiões, Filosofias e Ciências. Terceira - Investigar as leis inexplicáveis da Natureza e os poderes latentes do homem. 

Foi recomendado à Senhora Blavatsky que persuadisse o Coronel Henry Steel Olcott a cooperar com ela na formação da Sociedade. Era um homem altamente conceituado e muito conhecido na vida pública da América, e tanto ele como H. P. B. tudo sacrificaram em prol da realização da tarefa que os Mestres lhes haviam confiado. Ambos foram para a índia em 1879, e ali construíram os primeiros e sólidos alicerces do seu trabalho. A Sociedade expandiu-se rapidamente de país em país; sua afirmação de serviço pró-humanidade, a amplitude de seu programa, a clareza e a lógica de sua filosofia e a inspiração de sua orientação espiritual ecoaram de modo convincente em muitos homens e mulheres, que lhe deram o mais firme apoio. 

H. P. B. foi investida pelos Mestres com a responsabilidade de apresentar ao mundo a Doutrina Secreta ou Teosofia: ela era a instrutora por excelência; ao Coronel Olcott foi delegada a incumbência de organizar a Sociedade, o que ele fez com notável eficiência. Como era natural, esses dois pioneiros encontraram a oposição e a incompreensão de muita gente; especialmente H. P. B. Mas ela estava preparada para o sacrifício. Como escreveu no Prefácio de A DOUTRINA SECRETA: "Está acostumada às injúrias, e em contato diário com a calúnia; e encara a maledicência com um sorriso de silencioso desdém." A fase mais brilhante e produtiva de H. P. B. foi talvez a que se passou na Inglaterra entre os anos de 1887 e 1891. Os efeitos do injusto Relatório da "Sociedade de Investigações Psíquicas" ( 1885) acerca dos fenômenos que ela produzia, assim como os dos ataques desfechados pelos missionários cristãos da índia, já haviam em parte desaparecido. 

Ao seu incessante labor de escrever, editar e atender à correspondência, somava-se a tarefa de formar e instruir discípulos capazes de dar prosseguimento à sua obra. Para este fim, organizou, com a aprovação oficial do Presidente (Coronel Olcott), a Seção Esotérica da Sociedade Teosófica. Em 1890 contava-se em mais de um milhar o número de membros que se achavam sob a sua direção em muitos países. A DOUTRINA SECRETA se define por seu próprio título. Expõe "não a Doutrina Secreta em sua totalidade, mas um número selecionado de fragmentos dos seus princípios fundamentais". 1º) Mostra: que é possível obter uma percepção das verdades universais, mediante o estudo comparativo da Cosmogonia dos antigos; 2º) proporciona o fio que conduz à decifração da verdadeira história das raças humanas; 3°) levanta o véu da alegoria e do simbolismo para revelar a beleza da Verdade; 4º) apresenta ao intelecto ávido, à intuição e à percepção espiritual os "segredos" científicos do Universo, para sua compreensão. 

Segredos que continuarão como tais enquanto não forem entendidos. H. P. B. faleceu a 8 de maio de 1891, deixando à posteridade o grande legado de alguns pensamentos dos mais sublimes que o mundo já conheceu. Ela abriu as portas, há tanto tempo cerradas, dos Mistérios; revelou, uma vez mais, a verdade sobre o Homem e a Natureza; deu testemunho da presença, na Terra, da Hierarquia Oculta que vela e guia o mundo. Ela é reverenciada por muitos milhares de pessoas, porque foi e é um farol que ilumina o caminho para as alturas a que todos devem ascender. Texto original de Josephine Ransom , Adyar, 1938

sexta-feira

Hinduísmo

O Om ou Aum é , além do símbolo do Hinduísmo, o principal mantra do Hinduísmo. Assim como muitos outros mantras, este também está presente no Budismo e no Jainismo e representa o trimurti, isto é, o conjunto formado pelas três principais divindades hindus: Brahma, o Criador do universo; Vishnu, o Reformador do universo; e Shiva, o Destruidor (ou Transformador) do universo. Sua forma é semelhante à de um número três e, como os outros mantras, funciona como uma espécie de oração, mas não relata um diálogo direto com seus deuses.

Islamismo

O símbolo do Islã é a Lua Crescente com uma Estrela. Tal símbolo pode ser observado em branco na bandeira vermelha da Turquia, fato explicável, se levar-se em consideração que cerca de 99% da população turca pertence ao islamismo. O Islamismo é uma das principais religiões abraâmicas e foi criada pelo profeta Maomé, tomando como base os ensinamentos de outras religiões abraâmicas.

quarta-feira

Cristianismo

A Cruz foi adotada como símbolo pelo Cristianismo por causa de Jesus Cristo ter sido crucificado e representa a Santíssima Trindade: a extremidade superior representa Deus (o Pai) no Céu, a extremidade inferior representa Jesus Cristo (o Filho) na Terra e as duas extremidades horizontais representam o Espírito Santo. O símbolo usado pelo Cristianismo primitivo era o Peixe. A forma da cruz vária de acordo com cada tradição, como a cruz latina, grega, cópta, de Santo Antão, lábaro etc.

Taoísmo

O Yin-Yang é o símbolo do Taoísmo, uma das mais conhecidas religiões dharmicas. Um círculo dividido ao meio por uma linha ondulada; uma metade é negra (yin) e a outra é branca(yangh). Cada metade tem também um pequeno círculo da cor oposta, ou seja, a metade branca tem um círculo negro e a negra tem um círculo branco. Esse símbolo representa o equilíbrio das forças positivas e negativas do universo: a metade negra representa o negativo, o escuro, a noturno e o feminino e a metade branca representa o suave, o iluminado, o diurno e o masculino.

O círculo menor representa a presença de cada um no outro. Alguns estudiosos sem excepcional experiência com a filosofia chinesa clássica dizem que o yang é o bem e o yin é o mal; contudo, segundo o físico teórico Fritjof Capra, influenciado pela obra de estudiosos como Needham, o mal e o nocivo não são o yin, mas o desequilíbrio entre os dois pólos yin-yang e o bem não é o yang, é o equilíbrio dinâmico entre estes dois pólos arquetípicos que formam o Tao. Na concepção chinesa, todas as manifestações do Tao são geradas pela

interação dinâmica desses dois pólos arquetípicos, os quais estão associados a numerosas imagens de opostos colhidas na Natureza e na vida social. É importante, e muito difícil para nós, ocidentais, entender que esses opostos não pertencem a diferentes categorias, mas são pólos extremos de um único todo. Nada é apenas yin ou apenas yang.

Todos os fenômenos naturais são manifestações de uma contínua oscilação entre os dois pólos; todas as transições ocorrem gradualmente e numa progressão ininterrupta. A ordem natural é de equilíbrio dinâmico entre o yin e o yang. Os termos yin e yang tornaram-se recentemente muito populares no Ocidente, mas raramente são usados em nossa cultura na acepção chinesa. Quase sempre refletem preconceitos culturais que distorcem seriamente seu significado original. Uma das melhores interpretações é dada por Manfred Porkert em seu estudo abrangente da medicina chinesa. Segundo Porkert, o yin corresponde a tudo o que é contrátil, receptivo e conservador, ao passo que o yang implica tudo o que é expansivo, agressivo e exigente.

Na cultura chinesa, o yin e o yang nunca foram associados a valores morais. Desde os tempos mais remotos da cultura chinesa, o yin está associado a feminino e o yang ao masculino. Essa antiga associação é extremamente difícil de de avaliar hoje, por causa de sua reinterpretação e distorção em subseqüente eras patriarcais. Em biologia humana, as características masculinas e femininas não estão nitidamente separadas, mas ocorrem, em proporções variáveis, em ambos os sexos. Da mesma forma os chineses acreditavam que todas as pessoas , homens ou mulheres, passam por fases yin e yang. A personalidade de cada homem e de cada mulher não é uma entidade estática, mas um fenômeno dinâmico resultante da interação entre elementos masculinos e femininos. Essa concepção da natureza humana está em contraste flagrante com a da nossa cultura patriarcal, que estabeleceu uma ordem rígida em que se supõe que todos os homens, machos, são masculinos e todas as mulheres, fêmeas, são femininas, e distorceu o significado desses termos ao conferir aos homens os papéis de protagonistas e a maioria dos privilégios da sociedade. Em virtude dessa predisposição patriarcal, a freqüente associação do yin com a passividade e do yang com a atividade é particularmente perigosa. Em nossa cultura, as mulheres têm sido tradicionalmente retratadas como passivas e receptivas, e os homens como ativos e criativos.

Essas imagens remontam à teoria da sexualidade de Aristóteles, e têm sido usadas ao longo dos séculos como explicação científica para manter as mulheresnum papel subordinado, subserviente, em relação aos homens. A associação do yin com passividade e do yang com atividade parece ser ainda uma outra expressão de estereótipos patriarcais, uma moderna interpretação ocidental que está longe de refletir o significado original dos termos chineses. É um símbolo muito presente não só na religião, mas também em toda a cultura do mundo contemporâneo e é conhecido tanto no Ocidente quanto no Oriente. Um exemplo disso é o brasão de armas do renomado físico de Mecânica Quântica Niels Bohr que tem o símbolo chinês do Tao yin-yang e acima deste a frase, em Latim: "Contraria sunt complementa" que significa os opostos ou os contrários (Contraria) são (sunt, terceira pessoa do plural do presente do indicativo do verbo sum, ser/estar, existir, cujo infinitivo é esse) complementares (complementa).