A estranheza e a curiosidade de
quem nunca os viu em um dos grandes parques de São Paulo, como o Ibirapuera ou
o Villa-Lobos, é imediata. São crianças, adolescentes e jovens com trajes e
"armas" medievais, prontos para simular batalhas históricas.Grego,
latim e 'até inglês' integram formação de líderes dos jogos medievais
Só na cidade existem 16 clãs
(grupos) que praticam o Jogo de Espadas, com origem na Europa e que existe no
Brasil desde a década de 1990.Os adeptos têm estilos de vida ligados à
mitologia, à história medieval e são também aficionados por tecnologia, uma vez
que os "enfrentamentos" são marcados em conversas pela internet e porque
gostam de jogos on-line.
"Quando eles começaram a
chegar, pensei que iam fazer uma festa à fantasia. É engraçado pensar que é um
jogo", diz o aposentado Amarildo Santos, frequentador do Parque da
Juventude, na zona norte, que presenciou um confronto entre os clãs Aço Negro e
Filhos da Noite.Apesar de certo clima belicoso, os guerreiros, muitos
assumidamente nerds, usam lanças, espadas e escudos com proteção de borracha,
para não machucar. Também procuram agir com cordialidade e gentileza com os adversários.
Ser desonesto numa batalha é algo fora de cogitação.
"Todo mundo joga com
respeito e honestidade. Raramente há um toque mais forte e, caso aconteça, o
guerreiro será punido", diz Magnus Griffo, 22, líder do Filhos da Noite. Para
entrar em um clã, é preciso conhecer a história que remete à sua origem. Pode
ser nipônica --por causa dos samurais--, grega, romana, austríaca, entre
outras. Além disso, os candidatos têm de seguir uma rígida norma de comportamento,
que envolve não beber, não fumar, respeitar o líder, ter conhecimento de outras
línguas e estudar permanentemente.
"Não há preconceito nos
clãs. Mulheres costumam ser guerreiras mais habilidosas. Todo mundo é aceito,
desde que seja maior de 12 anos e cumpra as regras", afirma Stephan Klauss
Baldez de Moraes, 22, do Aço
Negro.Para as crianças, é preciso uma autorização por escrito dos responsáveis.
Os clãs também têm códigos de condutas com normas específicas, como cuidados
com o ambiente, obrigação de estudos, ter noções de primeiros socorros.
Os jogadores querem que as
batalhas ganhem unificação de regras para se tornar esporte. Por enquanto é
diversão e chega a reunir cem pessoas nos confrontos de fim de semana..
Fonte: Folhapress por Jairo Marques