Quando, anos atrás, tive a oportunidade de assistir ao filme(um assunto para a panacéia do cinema), não sabia da existência do livro e se não me engano foi numa daquelas crises de insônias de muito tempo atrás. Em geral, nessas crises na maioria das vezes ligamos a TV no exato momento em que o filme já começou dez minutos atrás... portanto , somente nos créditos é que soube que o filme era “baseado num romance de Umberto Eco”.
Um bom tempo depois é que tive a oportunidade de ler o livro. Como reza a lenda “O livro é sempre melhor que o filme”(não há verdade absoluta nisto, mas funciona na maioria quando o livro é bom), mas o filme não era nada mau...então, o que esperar do livro?
Meus caros e caras, caso não tenham lido este livro convido a esta “experiência”. Eco que possui uma cultura formidável (sendo escritor, filósofo, semiólogo, linguista e bibliófilo italiano de fama internacional. É titular da cadeira de Semiótica e diretor da Escola Superior de ciências humanas na Universidade de Bolonha, além de colaborador em diversos periódicos acadêmicos, colunista da revista semanal italiana L'Espresso e professor honoris causa em diversas universidades ao redor do mundo.) nos traz um enredo rico e não obstante fluido. Ou seja, a leitura é instrutiva, é instigante, é por demais prazerosa.
Capturados de início por uma trama de investigação digna de Doyle e seu Sherlock Holmes (Não à toa, o personagem principal é William de Baskerville, numa clara homenagem), conduzidas por um frade franciscano conheceremos as aventuras e descobertas do jovem pupilo de Baskerville, Adso de Melk, além das loucuras dos fanáticos da inquisição sendo como leitores levados pela idade das trevas ao recôndito de seus mistérios, miséria, sacrifícios, sofrimentos, controle e desafios.
Mas, atentem para o fato de que Eco é um filosófo e profundo estudioso em Semiótica. Portanto, em diversos momentos sua hábil manipulação dos signos nos transmite subliminarmente sensações e informações. Em diversos trechos é possível ter uma sensação palpável dos sentimentos do personagem. Basta abrir as portas do intuitivo e adentrar pelos caminhos sutis ou expressos do livro. Além disso, com mais profundidade, estudiosos podem perceber diversas questões filosóficas levantadas no romance.
No romance, Umberto Eco relembra a problemática suscitada pelo nominalismo entre o que é essencial, que parece ser o nome da rosa como nome, em si um conceito, portanto um universal, dessa forma, eterno, imutável, imortal e de sua contraposição a rosa particular, individual no mundo, flor de existência única na realidade, que por acontecer, também é passageira, mortal e transitória.
O próprio nome do livro suscita uma questão que relembra a questão dos universais e dos particulares, que se refere a saber se o nome da rosa é universal ou particular. O quadro da questão pode ser representado de forma tradicional pelo quadrilátero de proposições lógicas. A questão se refere ao juízo que fazemos do nome da rosa: se ele é universal, por exemplo: O nome da rosa é imortal; particular: O nome da rosa é passageiro (mortal) e ainda: Nenhum nome da rosa é imortal ou: Algum nome de rosa é passageiro. Os vértices do quadrilátero seriam formados por esses quatro juízos. Seria algum desses juízos verdadeiro ou falso? Se sim ou não, nisso há alguma contradição? Haveria outras possibilidades, outras incertezas?
Eco sugere no O Nome da Rosa, um ambiente no qual as contradições, oposições, querelas e inquisições, no início do século XIV, justificam ações humanas, as virtudes e os crimes dos personagens, monges copistas de uma abadia cuja maior riqueza é o conhecimento de sua biblioteca. Para os personagens, a discussão do essencial e do particular, do espiritual e da realidade material, do poder secular e da insurreição, dos conceitos e das palavras entranham pelo mundo uma teia de inter-relações das mais conflituosas. A representação, a palavra e o texto escrito passam a ter uma importância vital na organização da abadia beneditina, gestando o microcosmo do narrador.
Sobre o romance em si, sinteticamente “O Nome da Rosa” gira em torno das investigações de uma série de crimes misteriosos, cometidos dentro de uma abadia medieval. Com ares de Sherlock Holmes, o investigador, o frade franciscano William de Baskerville, assessorado pelo noviço Adso de Melk, vai a fundo em suas investigações, apesar da resistência de alguns dos religiosos do local, até que desvenda que as causas do crime estavam ligadas a manutenção de uma biblioteca que mantém em segredo obras apócrifas,obras que não seriam aceitas em consenso pela igreja cristã da Idade Média.
Como disse, mais do que um romance trata-se de uma experiência consciente e subsconciente pelas variabilidades da interpretações de diversos signos.
Não deixem de ler: “O nome da Rosa” é pura panacéia essencial!
E lembrem-se: Quem lê um livro comunga com a alma deste e desta comunhão renova a sua própria!
Fonte de pesquisa: Wikipédia