Panacéia dos Amigos

quarta-feira

"V" de Vingança

 

"V" de vingança. Um das HQs que mais me marcaram como leitor. A experiência de ler isto aos 16 anos...não é fácil de explicar. Um texto extremamente elaborado de mestre Allan Moore com os desenhos precisos e estilizados de David Lloyd me levaram a um patamar novo de leitura. Uma obra na qual eu pensava e repensava. “V” era algo totalmente inesperado. Um anarquista. Eu mal compreendia o que isto significava antes de ler a história. A questão da liberdade, a questão do acesso a cultura, a questão da justiça e sua possível corrupção (Quando lemos o “diálogo” entre “V” e a estátua de Justiça, paramos para pensar muitas vezes).


A obra foi publicada originalmente entre 1982 e 1983 em preto e branco pela editora britânica Warrior, mas não foi concluído. Em 1988, a  DC Comics incentivou Allan Moore e David Lloyd a retomarem a série e a finalizarem com uma edição colorida. A série completa foi republicada nos EUA pelo selo Vertigo da DC e no Reino Unido pela Titan Books. No Brasil, foi publicada em 1989 em cinco edições em cores pela editora Globo e mais tarde pela Via Lettera, em dois volumes em preto e branco; em 2006 teve uma edição especial pela Panini, em volume único, colorido e com material extra.


 “V” é quase mais um manifesto sobre a liberdade sobre o sistema do que uma HQ. Os elementos de HQ estão todos lá, mas é possível explorar mais camadas e destilar críticas sociais que não só avaliam o sistema que nos rege, como também a cada indivíduo dentro do seu “governo” particular. Personagens corrompidos e que se corrompem. Quando a realidade estável cai diante de um cataclisma (no caso nuclear), para aonde seguiria os escombros da sociedade? Para um sistema colaborativo ou totalitário. O caos nos levaria a uma nova visão de relações ou de dominação. Haveria sabedoria após a quase destruição, ou a força seria utilizada para dominar uma maioria em favor de uma minoria?


Uma vez, me disseram que o ser humano é principalmente calcado na “lei da sobrevivência, a lei do mais forte”. Justamente, um dos personagens tenta convencer um conhecido a dominar e controlar as pessoas alegando que “você é como eu, um SOBREVIVENTE!”. É de se perguntar: Como nos portaríamos diante da queda do sistema atual? Como você se portaria? Sobreviveria a todo o custo? Trapacearia, roubaria e seria capaz de matar para sobreviver? È o que acontece com vários personagens principais da trama. Quando cai o sistema, eles se adaptam ao novo e totalitário sistema sem escrúpulos. Concordam com genocídio, e controle de atos e pensamentos! Mesmo a população diante do caos se entrega ao novo sistema. Entregando vizinhos e amigos pessoais as autoridades, porque estes não se encaixam. Uma vez li sobre uma mãe e filha escondidas numa casa quando soldados nazistas invadiram para levá-las para a morte. A filha foi encontrada e levada. A mãe permaneceu em silêncio...


Precisamente, até que ponto os tiranos e seus assessores são os únicos culpados? Num dos pontos mais importantes desta obra questiona-se que o sistema é culpado, mas que cada um de nós que aceitamos e colocamos tais sistemas no poder e em funcionamento somos tão culpados quanto! É um dos momentos mais brilhantes da obra, quando “V” toma a rede estatal de TV e faz um julgamento sobre a própria espécie humana. Fantástico. Além de oferecer uma reflexão constante, a obra é rica em referências culturais na música, teatro, literatura. Algumas eu só pude compreender anos depois, conforme fui adentrando pelos caminhos da cultura. Devo dizer que esta obra nos encoraja nas devidas proporções a empreender esta batalha pela disseminação cultural e comigo não foi diferente. Sua influência foi grande.


Falando propriamente sobre a história ela acontece em um passado alternativo e futurista. Em tal realidade, um partido de Totalitário de extrema direita assume o poder na Inglaterra após uma guerra nuclear. Moore lança mão de similaridades entre o seu partido da “Chama Nórdica” e os regimes fascistas e nazistas ocorridos na Alemanha e Itália. Um tapa na cara oferecido pelo autor que via na sociedade britânica, nos tempos da “dama de ferro” Margaret Tatcher, uma tendência a intolerância. Tais alusões são notáveis devido ao fato do governo ter o controle sobre a mídia, a existência de uma polícia secreta, campos de concentração para minorias raciais e sexuais. Também inspira-se em Hannah Arendt no seu livro "Origens do totalitarismo" de 1951. Observamos ainda um sistema de monitoramento feito por câmeras nos moldes de "1984", de George Orwell, escrito em 1948. A história começa após o fim do conflito político e com os campos de concentração desativados. A população ainda que dominada e infeliz aceita a situação, até que surge "V" — um Anarquista que veste uma máscara estilizada de Guy Fawkes e é possuidor de uma vasta gama de habilidades e recursos. Ele então inicia uma elaborada e teatral campanha para derrubar o Estado. No processo, conhece Evey, garota que perdeu os pais durante a guerra. 


Contrapondo-se a atitude da massa, “V” não é complacente. Planeja e executa um plano tão preciso de queda do estado que se assimila a arrumação de peças de dominó: precisão e paciência na elaboração, mas que depois da queda da primeira peça, nada mais pode impedir o movimento. Não à toa, Moore e Lloyd se utilizam desta imagem. Esta precisão foi sintetizada nas palavras de Evey: “Quão sábia foi sua ‘Vendetta’. Quase uma cirurgia. Você não apenas cortou sua carne, você esquartejou suas ideologias!”


“V” prepara o caminho destruindo o sistema. Foi tão violento, porém mais preciso do que ele, por isso foi uma vingança. Uma ironia, já que V foi uma vítima deste sistema. Um experimento que não deu certo. Um Frankenstein que se voltou contra seu criador (provavelmente, mais uma referência implícita). Mas, depois abre o caminho para um mundo melhor...de reconstrução.

“V” é uma obra magnífica. Reflexiva. Não deixem de ler..


Curiosidades:

  • O enredo mostra a ascensão, o auge e a queda de um regime totalitário futurista firmado na Inglaterra.
  • Nas histórias em quadrinhos, o nome do ditador deste regime é "Adam James Susan".
  • No enredo, a bandeira do partido que sustentava o regime totalitário possuía um símbolo com formas geométricas e ângulos retos, tal qual a suástica nazista. Além disto, a bandeira era de cores preta e vermelha, uma inversão das cores utilizadas pelo Partido Nacional Socialista Alemão (Partido Nazista);
  • Existe no enredo uma polícia secreta, chamada em português de Dedos (inglês: fingers). No regime nazista havia também uma polícia secreta, a Gestapo;
  • Há uma forte crítica ao clero no enredo, mostrando escândalos de pedofilia, assassinatos, e busca pelo poder. Além do mais, no enredo, há um acobertamento por parte do clero (provavelmente anglicano) às experiências feitas em seres humanos.

terça-feira

Lendas Americanas - O Rio das Almas Perdidas


Nos dias em que a Espanha dominava a costa oeste um regimento de infantaria foi ordenado a partir de Santa Fé para abrir um caminho de comunicação com a Flórida e levar um baú de ouro para o pagamento dos soldados em St. Augustine.

Durante o inverno, eles ficaram confortavelmente instalados no acampamento de Trinidad, junto com suas esposas e famílias. Mas quando chegou a primavera, as mulheres e outros ficaram, enquanto que as tropas marcharam ao longo do canion de Purgatoire – mas nem chegaram ao seu destino, nem voltaram.

Será que eles tentaram descer as corredeiras de barcos e naufragaram nas águas? Eles foram arrastados para a eternidade por uma inundação? Será que eles perdem as suas provisões e morreram de fome no deserto? Será que os índios se vingaram da brutalidade e egoísmo, matando-os durante a noite ou em uma emboscada? Eles foram mortos por bandidos? Será que eles afundam na areias movediças que transformam o rio em canais subterrâneos?

Talvez ninguém nunca descubra, mas muitos anos depois, um nativo disse a um padre em Santa Fé que o regimento tinha sido cercado por índios, como o regimento de Custer foi em Montana, e os homens foram mortos um po um. Vendo que a fuga era impossível, o coronel – disse então o narrador – mandou enterrar o ouro que ele transportava. Se acredita que milhares de dobrões estão escondidos no cânion, e milhares de dólares foram gastos na procura por eles.

Após semanas se tranformarem em meses e meses em anos, nenhuma palavra se ouviu do regimento desaparecido, e os sacerdotes o charam de “El Rio de Las Animas Perdidas” – o Rio das Almas Perdidas. O eco das águas que caem através do canion é o lamento das tropas. Caçadores franceses suavizaram a sugestão do título espanhol, quando renomearam para Purgatoire, e os “bullwhackers”(1) conduzindo suas caravanas através das planícies mudaram o título francês para o inexpressivo “Picketwire” (2). Mas os latinos mantêm a tradição viva e muitos faziam preces e ainda fazem por todos aqueles que desapareceram misteriosamente no vale de Las Animas.

Notas:

(1) Bullwhacker
A pessoa que conduz caravanas era chamada de bullwhacker. Alguns eram mulheres. Bullwhackers foram assim chamados porque chicoteavam (whack) os touros para que eles andassem. As carroças traziam suprimentos para milhares de mineiros e eram puxados por bois.

(2) Picketwire é uma palavra meio sem sentido, wire é fio, e picket pode significar sentinela ou um poste de uma cerca. O site http://teamvelveeta.tom-purvis.com/2009_04_01_archive.html traz imagens muito boas do cânion Picketwire e dá uma idéia de como o local é solitário e misterioso..

Fonte: Charles M. Skinner. Myths and Legends of Our Own Land, 1896./http://www.legendsofamerica.com/ah-lostsouls.html

segunda-feira

Hong Kong Fú! IÁÁÁÁÁÁÁHHH!!!!



"Quem é o super-herói? O Sargento?...Não. Rosemary a telefonista?...Não. Penry o humilde faxineiro?...Pode ser..."

Imediatamente, ouvimos a música tema de Hong Kong Fú (Phooey)! A introdução já é uma piada, é evidente que o herói é o “humilde faxineiro”, só falta uma máscara! Este desenho me divertia muito. E, como para muitos foi um primeiro contato, totalmente atrapalhado com a mítica oriental e de artes marciais já que o desenho em si era mesmo uma sátira a este tipo de filme. Então, digamos assim, Hong Kong Fú foi o nosso “Jackie Chan Canino”, já que seguia a linha de humor que foi consagrada pelo grande mestre Chan.

 Abertura clássica do desenho!

E como os personagens de Jackie Chan, Hong Kong Fú e seu alter ego Penry eram muito carismáticos. Aliás, todos os coadjuvantes também o eram. Vejam só:


  • Penry: O faxineiro da delegacia, sempre calmo, desastrado e um pouco "desligado" (porém muito cativante!), tenta fazer um ótimo trabalho na limpeza da delegacia, ao mesmo tempo em que oculta sua identidade de Hong Kong Fu. Em um dos episódios trabalha com pintura.

  • Hong Kong Fu: O Poderoso defensor da justiça da cidade, alter ego de Penry, tem muita boa vontade, e é bem atrapalhado em seus salvamentos. Se transforma em Hong Kong Fu, quando entra na gaveta de baixo de um arquivo, e sai na de cima (que por sinal, sempre emperra). Ele anda no seu Fu Móvel (Phooey Mobile), um carro que parece uma quitanda chinesa, e toma a forma de qualquer veículo ao ser tocado um gongo, de bicicleta a helicóptero

  • China (Spot): é o fiel companheiro de Hong Kong Fu, é um gato listrado, que sempre acaba por tirar o herói de suas enrascadas contra os vilões, enquanto ele está a procura do golpe certo no seu livro de Hong Kong Fu (livro que o herói consulta sobre seus golpes), sem ele mesmo ver, dando a ele a sensação de ter sido o herói. China não é uma gata é sim um gato macho

  • Sargento Flint (Sergeant Flint): É o sargento da delegacia de polícia onde Penry trabalha sempre tenta cumprir seus deveres como policial a tempo, mas quando chega aos locais, Hong Kong Fu, já fez o serviço. Ironicamente o Sargento Flint tem certo menosprezo por Penry, mas um grande respeito por Hong Kong Fu.

  • Rosemary: É a telefonista da delegacia de polícia que nutre um "amor" por Hong Kong Fu, é atenciosa com todos, e uma vez ou outra ajuda o Sargento Flint em suas missões.

O desenho, em si, retrata um jovem faxineiro que trabalha na delegacia de polícia, Penry, que sempre ao ouvir os relatos de Rosemary ao Sargento Flint sobre os vários pedidos de socorro na cidade, discretamente, sai de vista e se transforma no "super-magnífico lutador contra o crime", Hong Kong Fu, um especialista de artes marciais, usando um Kimono vermelho e uma máscara sobre os olhos para manter sua identidade secreta, sai a procura dos bandidos e "super-vilões" da cidade, derrotando-os nas mais variadas trapalhadas possíveis.


O que eu nem desconfiava é que a série só teve 16 episódios, mas, como atingiu em cheio o coração do público é constantemente reprisado a décadas o que faz com que muitos, inclusive eu, acreditassem que o seriado possui mais episódios.

Mais uma curiosa informação: Em 2001, foi produzido para o site do Cartoon Network, mais um episódio de Hong Kong Fu (em Flash), Penry estava do mesmo jeito, porém ao se tranformar em Hong Kong Fu, ganhava poderes especiais, e era muito forte, o episódio se chamou "Hong Kong Phooey 2001".


Hong Kong Fú foi um seriado despretensioso e divertido, uma sátira sem ofensa agregando mais fãs ao universo de aventuras com artes marciais. Vale a pena conhecer ou rever..

Fonte de pesquisa: Wikipédia

sexta-feira

Noções Básicas sobre os Chakras!


 

CHAKRAS e NÁDIS - Chakra é a denominação sânscrita dada aos centros de força existentes nos corpos espirituais do homem; também são chamados lótus ou rodas. Quando eles estão inativos assemelham-se a rodas; quando despertam, eles tomam a aparência de uma flor (lótus) aberta, irradiante, colorida pela freqüência da energia das pétalas.


No Mundaka Upanishad define-se o chakra como o local "onde os nádis se encontram como os raios no cubo de uma roda de carruagem". Os centros são formados pelo encontro destas linhas de força (nádis), do mesmo modo que os plexos, no corpo físico, são formados pelo encontro de nervos. 


Existem centros maiores, aqueles que resultam do encontro de um número maior de nádis (21 vezes, segundo Coquet, Les Çakra  L’anatomie occulte de L’homme, Paris, 1982), e os centros menores em que a confluência dos nádis é menor. Entre estes últimos existem 21 formados pelo encontro de 14  nádis e outros bem menores formados pelo cruzamento de sete nádis.



NÁDIS e MERIDIANOS - Os nádis são, portanto, linhas de força que não devem ser confundidas com os nervos do corpo físico, embora estejam em relação com eles, como os chakras estão em relação com os plexos e órgãos do corpo físico. São condutores de energia. Os estudos de Motoyama (Teoria dos Chacras, Ed.Pensamento), indicam que eles podem ser comparados aos meridianos sobre os quais trabalha a acupuntura. Esta é também a opinião de Coquet.


No corpo etérico, denominado também pelos teosofistas de corpo físico invisível, porque nasce com o corpo físico e com ele desaparece, os nádis se apresentam como se fossem milhares de finos filamentos de gás néon, entrecruzando-o em toda sua extensão. 


O número deles difere na literatura hindu, pelo que se atribui um caráter esotérico às quantidades apontadas: 72.000, 550.000, 720.000, etc. Os mais importantes são Sushumna, Ida, Pingala, Gandhara, Hastajihva, Kuku, Sarasvati, Pusha, Sankhini, Payaswini, Varuni, Alambhusha, Vishvodhara, Yasasvíni. Os três primeiros são os mais importantes, sendo que o Sushumna domina a todos os demais.

quinta-feira

Astro B...OPS! O Menino Biônico!


Como as coisas são curiosas! Eu estava decidido a escrever sobre o Astro Boy, anime, que assisti durante os anos 80 e até hoje povoa meu imaginário. Mas, era estranho porque quando relançaram o desenho nos últimos anos eu senti uma estranheza...uma não afinidade que eu considerava fruto da maturidade ou pelos anos em que eu não assisti.
 
Ledo engano. Pesquisando algumas informações técnicas sobre o anime é que vim descobrir que eu nunca  assisti Astro Boy! Está explicado! Eu me confundi, como muitos se confundem! O desenho que fez parte da minha infância foi O MENINO BIÔNICO!
 

A confusão é justificável já que o Menino Biônico foi inspirado em Astro Boy! Eu não sabia! O projeto foi uma co-produção do estúdio de Tezuka com a Toei Animation. Pesquisando sobre o desenho finalmente revi o personagem que me ofereceu muitas aventuras repletas de dinanismo e ao mesmo tempo uma rara sensibilidade.
 
A história é a seguinte: Construído em 2015 (um futuro distante na época em que o desenho foi produzido) por um severo cientista chamado Prof. Yama (Yamanoue) a fim de proteger o Japão e o mundo contra qualquer tipo de ameaça, Jet Marte é um garoto-robô capaz de voar. Dotado de grande força, resistência, coragem, tem um espírito curioso e emotivo. Sua melhor amiga é Milly, uma andróide com um profundo senso de justiça que lhe ensina muito sobre os valores sociais e humanos. 


Agindo também como um conselheiro, temos o criador de Milly, o professor Kawashita, que auxilia na educação do poderoso e ingênuo herói. Kawashita é um feroz antagonista do militarismo de Yamanoue e os dois vivem às farpas, principalmente no tocante à educação de Marte.
 
Atendendo aos pedidos de seu pai, Marte enfrenta de criminosos comuns a supervilões que ameacem a segurança do país. Mesmo com sua força descomunal, ele é incentivado a freqüentar a escola normalmente, o que gera muitas situações divertidas, graças à sua extrema ingenuidade e impulsividade.
 
A vida do pequeno guerreiro, porém, sofre uma reviravolta quando seu pai morre em um acidente. Em seu lugar, entra um ainda mais severo e por vezes insensível diretor no instituto de ciências onde Marte vive. Antes de morrer, porém, o Professor Yama deixara pronto um irmãozinho para Marte: o travesso bebê-robô Mélki (Melch), que só sabe dizer bakaruti (sem tradução). Forte e obviamente desastrado, Mélki é uma atração à parte, engatinhando e causando estragos por onde passa.


Nos anos 80, foi na TV Record que os da minha geração acompanharam as aventuras do garoto cibernético chamado JET MARTE com a série chamada "O MENINO BIÔNICO".  Uma obra de Osamu Tezuka, o pai do moderno mangá e pioneiro dos seriados de animê para a televisão. O animê contava com todo o encantamento, drama e aventura infanto-juvenil típico dos anos 70.  Devo dizer que era uma época em que os roteiros eram levados à sério. Vejam exemplos como a Patrulha Estelar (Yamato)! E o Menino Biônico também misturava o humor e drama com aventuras muito bem escritas considerando o seu público infanto-juvenil. Até hoje, me recordo da aventura em que a cidade enfrentava um vampiro e um combate dramático  aconteceu em que o menino biônico se transforma numa cruz improvisada para com toda uma atmosfera grandiosa vencer o inimigo. A questão não é o fim em si, mas a grandiosidade com que foi retratada a cena, alimentando mitos, histórias e sabor por aventuras em cada um de nós, além de transmitir valores como o bem e o mal, honra, amizade e coragem.


Pesquisando encontrei outras histórias que não me lembrava, por exemplo: A aventura em que uma garota-robô espiã chamada Agnes aproxima-se de Marte a pedido de seu diabólico mestre. Ela, no entanto, apaixona-se pelo herói e trai seu criador, sendo destruída por ele. A cena da morte é de causar pesadelos: para libertar Marte, que estava cativo, ela caminha em chamas rumo ao controle que o libertaria. Morre puxando a alavanca que salva o herói. Tudo em câmera lenta e com um canto gregoriano ao fundo. No final do episódio, Marte olha para o céu, vê o rosto da menina e grita seu nome.
 
Eu não me lembrava, mas depois de ler sobre o episódio tudo retornou a minha mente e, de fato, esta cena final é emocionante. Na verdade, na obra de Osamu existe sempre momentos de profunda força poética e solenidade.


Em outra aventura especial, assistimos quando Marte conhece o agente ciborgue Jam Bond, que o hostiliza quando ambos agem em conjunto. Tudo porque Bond, um humano com partes mecânicas, considerava-se superior a um robô como Marte. Quando foi duramente ferido em ação e sua parte humana foi destruída, o antigo ciborgue tornou-se 100% máquina e aprendeu uma dura lição de humildade.
 
Este animê foi marcante pela força de seus roteiros. Repletos de boas histórias com humor que nos faziam felizes, com aventuras que nos deixavam vidrados, com ternura, emoção e drama que aguçavam nossa sensibilidade nos dando até hoje uma base crítica que utilizamos de diversas maneiras em nosso arcabouço criativo.
 
Quem tiver a oportunidade e encontrar por aí, vale a pena conhecer respeitando sua época e compreendendo sua importância..

Fonte de pesquisa: www.omelete.com.br

quarta-feira

Arma X


Esta HQ é uma das mais relevantes do universo mutante pois trata de parte da origem de Wolverine, o mais amado de todos os X-Men. Ao menos, a parte melhor escrita e desenhada. Tudo obra do mestre britânico Barry Windsor-Smith (roteiro e arte).

Eu sempre me impressiono quando leio esta obra. Trata-se de uma obra prima de narrativa, desenho e roteiro. A fusão destes elementos é perfeita. A narrativa é dinâmica, cada história cessa impactante dando o gancho perfeito de expectativa para a história seguinte. Sendo que cada história tinha sempre 8 páginas, não mais. Isto aconteceu em TODAS elas, demonstrando um perfeito controle de roteiro que, diga-se,  é brilhante. Científico, cruel e emocional. 


A arte de Windsor-Smith é impressionante. Seu estilo fortemente autoral, único, faz com que cada obra se destaque e seja aguardada com ansiedade. 

Seu traço parece rebuscado, confuso (especialmente quando colorido) mas é na verdade particular, sofisticado e na medida que nos acostumamos a ele percebemos a riqueza do estilo e a sua capacidade de detalhes.Interessado desde garoto em belas artes teve contato tanto com as tradições clássicas quanto com as novas tendências que floresciam no meio cultural e artístico dos anos 60. Vale destacar ainda que Barry trazia da infância o interesse pelo trabalho de quadrinhistas americanos como Gil Kane, Carmine Infantino e, especialmente, Jack Kirby. Estes artistas deram a ele uma forte noção de ação e dinamismo nos desenhos, muito mais do que os quadrinhos ingleses da época, que em geral tinham um estilo cartunesco e humorístico.


Na obra Arma X, somos mergulhados na história de Wolverine enquanto esteve ligado à Arma X, um departamento governamental especializado em dominar e doutrinar mutantes. Logan é barbarizado por uma equipe de cientistas cujo temperamento varia de cruel, insensíveis ou simplesmente passivos. Mas, enfim, conhecemos o processo e sofrimento que culminou no esqueleto de adamantium e as garras.


Em momento algum, você verá supervilões ou Wolverine em seu uniforme de X-Men, ou mesmo a presença de qualquer um deles. A história é simples e complexa ao mesmo tempo. Trata-se da crueldade quase nazista de cientistas humanos contra uma cobaia mutante. Simples e cruel.


Ricamente ilustrada, brilhantemente escrita. Este clássico dos quadrinhos é leitura obrigatória..

terça-feira

Lendas Brasileiras - Boi Tatá

Arte de Dean Palma Ivatchkovitch
É um Monstro com olhos de fogo, enormes, de dia é quase cego, à noite vê tudo. Diz a lenda que o Boitatá era uma espécie de cobra e foi o único sobrevivente de um grande dilúvio que cobriu a terra. Para escapar ele entrou num buraco e lá ficou no escuro, assim, seus olhos cresceram.
Desde então anda pelos campos em busca de restos de animais. Algumas vezes, assume a forma de uma cobra com os olhos flamejantes do tamanho de sua cabeça e persegue os viajantes noturnos. Às vezes ele é visto como um facho cintilante de fogo correndo de um lado para outro da mata. No Nordeste do Brasil é chamado de "Cumadre Fulôzinha". Para os índios ele é "Mbaê-Tata", ou Coisa de Fogo, e mora no fundo dos rios.
Dizem ainda que ele é o espírito de gente ruim ou almas penadas, e por onde passa, vai tocando fogo nos campos. Outros dizem que ele protege as matas contra incêndios. A ciência diz que existe um fenômeno chamado Fogo-fátuo, que são os gases inflamáveis que emanam dos pântanos, sepulturas e carcaças de grandes animais mortos, e que visto de longe parecem grandes tochas em movimento.
Nomes comuns: No Sul; Baitatá, Batatá, Bitatá (São Paulo). No Nordeste; Batatão e Biatatá (Bahia). Entre os índios; Mbaê-Tata. Origem Provável: É de origem Indígena. Em 1560, o Padre Anchieta já relatava a presença desse mito. Dizia que entre os índios era a mais temível assombração. Já os negros africanos, também trouxeram o mito de um ser que habitava as águas profundas, e que saía a noite para caçar, seu nome era Biatatá.
É um mito que sofre grandes modificações conforme a região. Em algumas regiões por exemplo, ele é uma espécie de gênio protetor das florestas contra as queimadas. Já em outras, ele é causador dos incêndios na mata. A versão do dilúvio teve origem no Rio Grande o Sul.
Uma versão conta que seus olhos cresceram para melhor se adaptar à escuridão da caverna onde ficou preso após o dilúvio, outra versão, conta que ele, procura restos de animais mortos e come apenas seus olhos, absorvendo a luz e o volume dos mesmos, razão pela qual tem os olhos tão grandes e incandescentes..
Fonte: http://www.arteducacao.pro.br